Dois a três capítulos novos toda semana!
Siga nosso Discord para ver as artes oficiais dos personagens e o mapa do continente!
Capítulo 82 — Palavras Vazias
Uma explosão de chamas turbulentas irrompeu no campo de batalha, colidindo violentamente contra o escudo de sangue de Any.
— Que poder destrutivo foi esse? — murmurou a soldado.
Mesmo sustentando a barreira, seu sangue borbulhava perigosamente, quase evaporando sob o calor intenso. Ela cerrou os dentes, sentindo a tensão no corpo.
— Se eu não estivesse com essa armadura que amplifica minha produção de sangue, minha defesa teria se dissipado antes que eu pudesse restaurá-la a tempo.
Do outro lado, Helick e os demais espectadores observavam atentamente através do turbilhão de chamas.
— Ele conseguiu? — questionou o príncipe, sem desviar os olhos.
Rhyssara, imperturbável, analisava o campo de batalha com precisão.
— Ainda não acabou — disse, com um tom que carregava a certeza de quem já havia testemunhado lutas daquele nível. — A pior parte vem agora.
Quando a fumaça começou a se dissipar, a silhueta de Sanur emergiu. Um escudo avermelhado e translúcido, trincado e em pedaços, ainda o envolvia. Aurevold estava apontado para frente.
“Consegui mudar a postura de ataque para defesa no último instante.” O pensamento passou pela mente do anão enquanto ele respirava fundo.
Cassian, ofegante, não conseguia esconder sua incredulidade. Ele sequer compreendia a extensão total do golpe que havia desferido — um ataque muito além de suas próprias expectativas. Ainda assim, não fora suficiente para derrubar Sanur.
O braço que empunhava o Martelo Dourado estava coberto de queimaduras severas; as placas de metal que antes protegiam a região haviam sido completamente destruídas pela explosão.
Sanur ergueu o olhar para o príncipe e sorriu de lado.
— Vejo que não preciso mais me segurar contra você, príncipe herdeiro.
Assim que as palavras deixaram seus lábios, uma aura violenta, dourada e prateada, começou a contornar seu corpo, pulsando com uma força avassaladora.
— Agora, verá o verdadeiro poder de Drainsang, o Devorador de Mana… e Aurevold, o Criador de Mundos.
Antes que Cassian pudesse reagir, Sanur desapareceu.
— CASSIAN! — gritou Tály, os olhos arregalados.
O príncipe mal teve tempo de processar o aviso antes de sentir uma presença atrás de si. Ele se virou instintivamente, mas foi tarde demais.
Aurevold atingiu seu abdômen com um impacto devastador.
Cassian foi lançado para o teto, a cinco metros de altura. O impacto destruiu parte de sua armadura; placas de metal se soltaram, caindo em pedaços ao solo. Seu corpo latejava, cada respiração era uma agonia. Mas Sanur não lhe deu tempo para se recuperar.
Antes que pudesse pensar em reagir, o anão já estava à sua frente. Drainsang brilhava intensamente enquanto descia em um golpe mortal.
Cassian envolveu sua espada em chamas, tentando aparar o ataque.
O impacto veio como uma onda destruidora. Sua lâmina tremeu sob a pressão esmagadora do martelo prateado. Ele foi arremessado contra o teto, sua visão turvou por um instante.
— Por acaso se esqueceu do poder de Drainsang? — a voz de Sanur carregava um tom de desapontamento.
Mas Cassian não havia esquecido. Sabia que, ao usar sua mana, Drainsang a absorveria, fortalecendo o próximo golpe do anão. Mas se não a utilizasse, simplesmente morreria.
“Ele não está brincando. Se esse golpe me atingisse em cheio, eu estaria morto… Finalmente ele está me levando a sério.”
Sanur avançou sem hesitação. Drainsang brilhou intensamente ao consumir a energia da espada de Cassian. Ao seu lado, Aurevold pulsava em um dourado ameaçador.
O martelo veio com força, agora envolto nas chamas roubadas do príncipe.
Cassian tentou resistir, mas o impacto o atingiu como uma avalanche. Sua armadura absorveu parte do golpe, mas não o suficiente. Ele sentiu as placas se soltarem, o peso da destruição se acumulando sobre seu corpo.
A dor o atingiu como um trovão. Ele sentia que, a qualquer momento, poderia perder a consciência.
Sanur ergueu os martelos para o golpe final.
— Eu avisei, garoto. Eu avisei que tudo o que você dizia… sobre os humanos não serem inferiores, sobre sua força e seu valor… não passavam de palavras vazias.
O golpe veio.
O impacto foi tão brutal que Cassian atravessou a montanha. Seu corpo colidiu contra a rocha, deslocando pedaços maciços enquanto era empurrado para trás. Sua armadura se despedaçava a cada metro percorrido.
Então, de repente, o impacto cessou.
Cassian sentiu o vento contra sua pele. Olhou para baixo… e viu um imenso mar azul. Mas não era o mar.
Era o céu.
Ele havia sido arremessado para fora da montanha. Seu peito e costas estavam nus, a armadura completamente destruída. Apenas suas pernas ainda estavam cobertas pelo metal negro que restara.
E então, começou a cair.
O vento rugia em seus ouvidos. Ele apertou a empunhadura da espada, o único vestígio de proteção que lhe restava.
“Talvez eu consiga amortecer a queda com um golpe de chamas no solo…”
Mas sua ideia foi descartada assim que percebeu algo.
Sanur saltava da cratera, vindo direto em sua direção.
“Ele veio me finalizar? Tsk… aposto que pretende convencer Helys depois de me matar. Pois bem… se eu for morrer, ao menos um braço dele eu levo comigo!”
O anão se aproximava, os martelos erguidos, pronto para o golpe final.
Foi então que Cassian sentiu um arrepio na espinha.
Não era medo.
Era o mesmo aviso que sentia antes de despertar seu ARGUEM… mas desta vez, não dizia para fugir.
Dizia para lutar.
Sanur já estava sobre ele.
E então, uma voz feminina ecoou em sua mente.
“Não temas. Lute sem medo. Não há ninguém além de você e seu oponente. Libere todo o seu poder. Não tema.”
Cassian arregalou os olhos.
Sem a armadura… ele sentia sua mana queimando livremente dentro de si.
“Mesmo me limitando, fui capaz de fazer aquele ataque… Mas agora… e se eu simplesmente liberar tudo? E se eu permitir que cada faísca rebelde dentro de mim se torne um incêndio? O que aconteceria?”
Cassian fechou os olhos por um instante.
Quando os abriu novamente…
… o príncipe sorriu.
Ele decidiu que havia chegado o momento de descobrir.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.