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Capítulo 86 — CSR
Horas haviam se passado desde que o grupo partira das Montanhas de Patrock. O sol já cedia espaço para o brilho prateado da lua, e a paisagem ao redor se tornava cada vez mais árida. O solo ressecado rachava em pequenas placas, enquanto o calor do dia ainda pairava no ar, tornando a viagem exaustiva.
Montado em um dos Búfalos Rastreadores, o príncipe herdeiro de Lyberion, Cassian Havilfort, já demonstrava impaciência. A cada poucos minutos, sua voz cortava o silêncio da comitiva com a mesma pergunta:
— Já estamos chegando?
Seu tom infantil e insistente testava a paciência dos demais. Ele passava as mãos pelas bolsas de suprimentos presas à cela, em busca de algo para saciar a sede, mas seu ímpeto já o havia levado a consumir quase tudo o que lhe fora reservado. O suor escorria por seu rosto e encharcava os cabelos castanhos curtos, tornando a viagem ainda mais incômoda.
— Acho que nem com meu ARGUEM eu conseguiria gerar um calor tão insuportável quanto este — resmungou, lançando um olhar para sua espada presa à lateral do corpo.
A lâmina serrilhada, de tom avermelhado, refletia o brilho da lua, revelando os entalhes de águia na guarda e na ponta do cabo — um reflexo de seu poder de invocar chamas.
Tály, uma das soldados encarregadas da escolta real, lançou um olhar exasperado ao príncipe mais velho. Seu cabelo trançado, pesado de suor, colava-se à pele morena iluminada pelo luar.
— Se aquieta logo, Cassian!
O mais jovem dos príncipes, Helick Havilfort, cavalgava ao lado do irmão. Mais paciente e ponderado, ele já esperava pelo pedido que viria em seguida.
— Aí, Helys, faz aquela paradinha de novo.
Helick suspirou, mas esboçou um sorriso discreto. Ele puxou levemente sua espada da bainha azul e branca, deixando que sua lâmina reta e azulada brilhasse à luz da lua. No cabo, os entalhes de um lobo branco e um lobo negro pareciam observá-lo. Ao apertar o punho, um frio agradável espalhou-se pelo ar, cristalizando o calor sufocante e trazendo alívio imediato à comitiva.
Nastya, a jovem jardineira e alquimista enviada para auxiliar o grupo, fechou os olhos, aproveitando a brisa gelada.
— Pela Mãe Terramara, como isso é bom — murmurou, deleitando-se com o frescor da noite.
Helick observou-a por um breve instante, capturado pelo brilho dos olhos verdes da jovem, antes de desviar o olhar.
Mais atrás, Any, a enigmática soldado de pele pálida e cabelos negros longos, aproximou-se um pouco mais do grupo.
— Vejo que nem mesmo você resiste a uma boa refrescada, Any — comentou Marco, um dos soldados da escolta, enquanto passava a mão pelos cabelos curtos e loiros.
Any não respondeu, apenas ergueu o olhar, sua expressão sempre impassível.
Redgar, o último dos soldados, manteve-se à esquerda de Helick, como de costume. Sua postura firme e olhar neutro pouco denunciavam seus pensamentos, mas o alívio proporcionado pela brisa mágica era evidente.
À frente da comitiva, Rhyssara BloodRose, a imperatriz de Ossuia, cavalgava ao lado de Phill, o cocheiro que os havia conduzido desde Lyberion. Em silêncio, ela ergueu o braço esquerdo e fechou o punho, sinalizando para que todos parassem.
— Chegamos ao ponto de encontro.
O grupo reduziu o passo, seus olhares se voltando para a frente. O silêncio da noite parecia mais denso ali, como se algo aguardasse por eles na escuridão.
Então dois clarões como olhos semicerrados se formaram a frente deles.
Dois clarões semicerrados brilharam à frente. Cassian sacou sua espada, a imbuindo de chamas, enquanto o grupo automaticamente se preparava para o combate.
Eis que ele viu uma espécie de carruagem de metal diferente de tudo o que já vira.
O brilho das chamas de Cassian revelou uma estrutura imponente, como uma fera de metal adormecida sob a luz da lua. A carroça — se é que poderia ser chamada assim — não possuía cavalos ou qualquer meio visível de tração. Em vez disso, seu corpo maciço era sustentado por quatro rodas enormes, revestidas de um material negro e rugoso, como couro curtido de alguma besta desconhecida.
A carroceria era feita de um metal escuro e polido, refletindo a luz do fogo em relances dourados e prateados. As laterais daquela coisa tinham pequenos retângulos de vidro, permitindo vislumbrar um interior espaçoso, com assentos de couro tão refinados que pareciam tronos.
— Que tipo de criatura é essa? — murmurou Cassian, sem desviar os olhos da estrutura metálica.
Helick, mais atento aos detalhes, inclinou-se ligeiramente para frente, observando as marcas sutis gravadas no metal escuro. Não havia rebites, parafusos ou qualquer encaixe visível — como se o ferro tivesse sido moldado em uma única peça perfeita, sem o toque de martelos ou forjas comuns.
— Não é uma criatura… — disse Helick, com a voz baixa, quase hesitante. — É uma construção.
Rhyssara desmontou do búfalo rastreador com um movimento fluido e decidido. Sua capa vermelha ondulava suavemente sob a brisa noturna, e seu olhar azul analisava a estrutura com frieza e familiaridade.
— Correto. Isso é um CSR — Corcel Sem Rédeas. Um tipo de carroça que se move sem cavalos. — Ela se aproximou da máquina, os dedos percorrendo a superfície metálica até encontrar um pergaminho preso ao vidro frontal. Seus olhos percorreram a mensagem com rapidez.
— Como imaginei. Eles retornaram a Ossuia assim que sentiram o fluxo de mana do combate em Lyberion. Bom trabalho. Agora, entrem.
O grupo trocou olhares incertos enquanto Phill, sem hesitar, tomou a dianteira ao lado de Rhyssara.
Com um som mecânico seco, as portas traseiras se abriram abruptamente para os lados, revelando um interior amplo, luxuoso e repleto de detalhes que nenhum deles reconhecia.
— O que estão esperando? — A voz impaciente da Imperatriz cortou o silêncio.
Os primeiros a se mover foram Phill e Rhyssara, que entraram no Corcel Sem Rédeas sem hesitação. O restante do grupo, no entanto, permaneceu imóvel por um instante, observando a abertura escancarada da máquina como se fosse a boca de uma fera adormecida.
Cassian trocou um olhar incerto com Helick antes de estufar o peito e subir primeiro. Assim que pisou no interior do CSR, sentiu algo inesperado sob os pés: o chão era firme, mas macio, coberto por um tecido que não reconhecia. Ele passou a mão sobre os assentos largos e bem-acolchoados, franzindo a testa.
— Isso não é couro… O que diabos é esse material? — murmurou, pressionando os dedos contra o estofado.
— Não sei. — Helick respondeu, subindo logo atrás. Seu olhar percorria cada detalhe do interior, das lâminas de vidro negro nas laterais às alavancas e pedais na parte da frente do banco onde Phill se sentara. O espaço era amplo, com assentos dispostos de frente uns para os outros, grandes o bastante para acomodar até dez pessoas confortavelmente.
Nastya foi a próxima a entrar, passando os dedos suavemente pelo metal escuro ao lado da porta antes de se acomodar ao lado de Helick. Marco e Tály subiram logo depois, ambos cautelosos, como se esperassem que a estrutura tomasse vida a qualquer momento.
— Isso é confortável demais. — Tály comentou, afundando um pouco no assento e erguendo as sobrancelhas. — Não parece uma carroça.
— Porque não é. — Any respondeu, sentando-se sem demonstrar desconforto.
O último a entrar foi Redgar. Ele passou pela entrada de um jeito rígido, seus olhos varrendo o espaço com desconfiança. Quando finalmente se sentou, não relaxou os ombros, como se esperasse que o CSR o atacasse a qualquer momento.
Rhyssara observou a hesitação deles com um meio sorriso quase imperceptível.
— Acomodem-se. A viagem será longa, mas muito mais rápida do que esperam.
Com um movimento fluido, Phill puxou uma alavanca à sua frente. O CSR estremeceu levemente, um som profundo ressoando em seu interior, como um trovão contido dentro da máquina.
O ARGUEM de todos brilhou quando cada um se preparava para matar a fera que despertou.
— SE ACALMEM! — Ordenou Rhyssara, sua coroa emanando poder.
Todos se entreolharam em sinal de vergonha e se acomodaram mais uma vez.
Um círculo se projetou de dentro do painel dianteiro e repousou nas mãos de Phill que movia os pés agilmente.
Então, sem cavalos, sem qualquer força visível movendo-o, o Corcel Sem Rédeas começou a avançar.
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