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Capítulo 87 — O Império
A noite avançou sem percalços, e pela primeira vez desde que deixaram Lyberion, o grupo dormiu sem se preocupar com ataques inesperados ou o desconforto do frio e do calor. O interior do CSR era silencioso e acolhedor, os assentos macios e espaçosos pareciam se moldar ao corpo de cada um, proporcionando um descanso digno de um palácio.
Helick despertou primeiro, sentindo o leve balanço do veículo em movimento. A escuridão dentro da cabine era cortada apenas pelo brilho sutil de cristais embutidos nas laterais, emitindo uma luz azulada e suave. Ele ergueu o olhar e viu Cassian esparramado no assento à sua frente, roncando baixo, com um dos braços pendendo para o lado. Nastya dormia recostada na lateral do veículo, a respiração serena. Tály e Marco estavam sentados mais atrás, e Any mantinha sua postura rígida mesmo dormindo, como se seu corpo nunca relaxasse completamente.
Redgar, como esperado, não dormira. Seu olhar estava fixo na paisagem além do vidro, atento a qualquer movimento.
Phill guiava o Corcel Sem Rédeas com destreza, suas mãos firmes no estranho círculo de metal que comandava a máquina. Ao seu lado, Rhyssara observava a estrada à frente, imóvel, como uma sentinela de olhos azuis penetrantes.
Então, o veículo desacelerou.
— Estamos chegando — anunciou Phill, a voz cortando o silêncio matinal.
Helick olhou pela janela e viu as imponentes muralhas de Ossuia surgindo no horizonte. Diferente de Lyberion, cujas fortificações de pedra bruta se erguiam como uma barreira intransponível, Ossuia parecia envolta em uma armadura de metal circular.
O sol nascente dourava as superfícies metálicas e as bandeiras vermelhas imperiais, que tremulavam no topo das torres de observação. No centro de cada estandarte, o símbolo do Império se destacava: um lobrasa de olhar feroz, estampado dentro de um círculo de quatro camadas.
À frente do CSR, a gigantesca fenda no portão central começou a se abrir para os lados, revelando a passagem para o interior da cidade. O veículo avançava sem hesitação, deixando para trás a última extensão de estrada arenosa e adentrando uma via negra, firme e impecavelmente uniforme.
Helick se preparava mentalmente para o que encontraria. As histórias que ouvira e os relatos que lera sobre Ossuia o levavam a imaginar um reino de sangue e morte, onde apenas os mais fortes sobreviviam. No entanto, assim que cruzaram os portões, a visão diante de seus olhos o pegou de surpresa.
Lojas e mercados se alinhavam ao longo da estrada. Algumas vendendo alimentos que o príncipe nunca vira antes. Outras vendendo espadas e armaduras feitas pela forja humana, todas operando em perfeita harmonia. As fachadas eram iluminadas por feixes de luz emanados de esferas de vidro, que não se assemelhavam a velas ou lamparinas tradicionais.
Pessoas caminhavam tranquilamente pelos amplos passeios que margeavam a via, vestindo roupas limpas e bem cuidadas—uma cena bem diferente da que Helick imaginara. Quando o Corcel Sem Rédeas da Imperatriz passava, os habitantes do império paravam, colocando o punho direito sobre o coração e se curvando brevemente, em um gesto de respeito silencioso.
O olhar de Helick logo foi atraído por outros CSR circulando pela cidade. Contudo, ao contrário do luxuoso modelo em que viajavam, esses eram simplificados: meras carcaças de metal sem janelas laterais, abertas na frente, movidas por um coração mecânico que pulsava e expelia fumaça conforme se deslocavam.
Phill, que guiava o Corcel Sem Rédeas, olhou pelo retrovisor e falou com respeito:
— Minha Imperatriz, podemos parar no Departamento de Pesquisa e Estratégia antes de seguirmos para a próxima muralha? Precisamos alimentar o CSR.
Rhyssara assentiu sem hesitar, e Phill virou em uma bifurcação, conduzindo o veículo em direção a uma construção branca de aparência estranha, repleta de amplas janelas de vidro reluzente.
— Posso fazer uma pergunta, Imperatriz? — questionou Helick.
Rhyssara o fitou com seus olhos azuis, aguardando.
— Ouvi dizer que não existem nobres em Ossuia — continuou ele se relembrando das palavras da assassina em seu primeiro encontro. — Mas o lobrasa, o símbolo da extinta família Dadario, está presente em cada flâmula. Por quê?
— Foi uma honraria concedida àqueles que renunciaram ao fútil título de nobreza para se adaptar às leis idealizadas por Edgar — respondeu Rhyssara, sem hesitação. — Então, realmente, em Ossuia, não existem nobres, logo, você entenderá o porquê.
Helick assentiu, absorvendo a resposta. Quando o CSR freou suavemente diante do prédio branco, seu corpo se inclinou levemente para frente com o desacelerar da máquina.
Diante da construção, uma imponente estátua de mármore branco se erguia. Retratava um homem em armadura, um arco e um conjunto de flechas repousando em suas costas. Uma bainha adornava sua cintura, enquanto ambas as mãos seguravam uma espada, a lâmina voltada para o solo diante de si.
O grupo pareceu sentir a desaceleração do veículo e começou a despertar um a um.
Cassian foi o primeiro a se mover, abrindo os olhos lentamente. Piscou algumas vezes, ajustando-se à luz que entrava pelas janelas de vidro polido. Espreguiçou-se, sentindo o conforto do assento almofadado sob seu corpo—uma experiência luxuosa que não esperava encontrar em um veículo militar.
— Já chegamos? — murmurou, coçando um dos olhos.
— Chegamos ao império, mas precisamos abastecer o CSR. O Castelo Negro fica no centro de Ossuia. Ainda teremos mais duas horas de viagem pela frente — explicou Phill. — Dentro das muralhas, a velocidade é limitada.
Os soldados que ainda dormiam começaram a se mover, avaliando o ambiente ao redor.
— Podemos sair? Preciso esticar as pernas um pouco — pediu Marco, a voz ainda carregada de sono.
— Aguarde um momento. Dentro do DPE há um refeitório, onde poderão se alongar e tomar café da manhã — respondeu Phill.
Nastya, ainda sonolenta, passou a mão pelo rosto e olhou ao redor antes de soltar uma pergunta inesperada:
— Essa coisa sobe escadas também?
Rhyssara riu.
— Quem disse que precisamos?
Antes que pudessem questioná-la, um chiado de gás foi ouvido. Uma névoa transparente se dissipou no ar conforme um túnel se revelava abaixo deles.
O CSR voltou a se mover, agora descendo suavemente para dentro do Departamento de Pesquisa e Estratégia.
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