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Capítulo 88 — Departamento de Pesquisa e Estratégia
O Corcel Sem Rédeas começou sua descida pelo túnel estreito, seus mecanismos internos emitindo um zumbido constante conforme a gravidade parecia puxá-los para baixo. Diferente do que os príncipes, os soldados e Nastya estavam acostumados, o ambiente não era iluminado por velas ou lamparinas de chama amarelada. Em vez disso, uma luz branca e homogênea preenchia todo o espaço, sem tremores ou sombras oscilantes, vinda de estranhos quadrados embutidos no teto liso de metal.
A estrutura do túnel era impecavelmente simétrica, com paredes reforçadas que refletiam a luminosidade em um brilho frio e uniforme. O CSR movia-se com suavidade, sem solavancos ou oscilações bruscas, como se estivesse deslizando sobre trilhos invisíveis. Os sons abafados dos mecanismos internos se misturavam ao leve ruído de algo que vibrava nas paredes, como se uma energia pulsasse por dentro delas.
Após alguns instantes de descida, o túnel se alargou e revelou uma vasta sala subterrânea. Cabos grossos desciam das laterais, conectando-se a estruturas metálicas organizadas em fileiras. No centro do espaço, marcas no solo delimitavam a área onde o CSR deveria parar. Assim que a máquina chegou à posição exata, um leve chiado foi ouvido e o veículo imobilizou-se completamente, como se tivesse se encaixado perfeitamente ao ambiente ao seu redor.
O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo clique metálico de fechos se desprendendo e pelo sutil tremor que percorreu o chão sob seus pés.
Mais um clique foi ouvido, dessa vez vindo das portas seladas do CSR.
— Enquanto o Corcel é alimentado, vamos fazer uma pausa para comermos algo e esticar as pernas. — Chamou Rhyssara abrindo as portas. — Me sigam.
Ela se encaminhou até a parede branca, onde uma porta que se abria para as laterais aguardava. Ao lado, um botão sobressalente a parede foi pressionado pela Imperatriz.
Como um toque de sino a porta se abriu e uma pequena cúpula se mostrou para o grupo.
— Isso é algum tipo de transportador? — Perguntou Helick, seus olhos brilhando com tantas coisas desconhecidas ao seu redor.
— Não, é apenas um mecanismo que sobe e desce por um túnel oco que passa entre os andares do prédio. — Explicou Rhyssara entrando na cúpula que acomodava as nove pessoas tranquilamente. — A inventora o chama de “Elevador”. Foi um dos mais recentes avanços de Ossuia. Coisa simples, mas que já nos poupa de nós matar de subir escadas.
Quando todos se acomodaram dentro do elevador a porta se fechou. Um pequeno tranco para cima fez com que as pessoas que ainda não estavam acostumadas se agarrassem em um batente lateral para não perderem o equilíbrio.
— Ninguém ameaçou sacar o ARGUEM, parabéns, estão evoluindo. — Riu a Imperatriz.
Assim que as portas do elevador se abriram, o grupo deu os primeiros passos para fora, encontrando-se em um corredor amplo e impecável. As paredes lisas e brancas refletiam a luz intensa que vinha do alto, emanando dos mesmos quadrados embutidos no teto que haviam visto no túnel. Diferente da iluminação vacilante das tochas e lamparinas que conheciam, essa luz permanecia constante, sem tremores ou sombras projetadas.
— Que tipo de iluminação é essa? — Helick quebrou o silêncio, os olhos analisando atentamente as estruturas acima. — Não são velas nem óleo queimando…
— Cristais? — sugeriu Cassian, franzindo a testa.
Rhyssara, que caminhava à frente, não olhou para trás ao responder:
— Um sistema eficiente de luz fechada. Diferente do fogo, não oscila e dura por muito tempo. Algo que evita acidentes e mantém os ambientes bem iluminados. Chamamos de “lâmpadas”.
Os príncipes trocaram um olhar intrigado, mas continuaram seguindo-a, observando tudo ao redor.
Em uma das salas à direita, um grupo de pesquisadores observava atentamente um recipiente metálico reforçado, onde um estranho pó negro reluzia sob a luz artificial. Um dos cientistas, protegido por luvas grossas e uma viseira transparente, retirou uma pequena porção do pó com uma pinça e a depositou sobre um pequeno disco de metal.
— Isso já está estável o suficiente? — perguntou uma mulher de cabelos castanhos e laranjas em um degradê natural, a postura levemente encurvada como se sempre estivesse inclinada sobre alguma bancada. Sua pele clara tinha um brilho oleoso sob a luz branca, e os óculos de armação fina ressaltavam seus olhos castanhos claros, sombreados por uma olheira persistente.
— Só há uma maneira de descobrir, doutora Geo — respondeu um dos pesquisadores.
Com movimentos precisos, Geo girou uma pequena engrenagem na lateral do disco. Instantaneamente, o pó negro incendiou-se numa explosão silenciosa, mas intensa, fazendo vibrar a estrutura metálica ao redor. No segundo seguinte, a chama se extinguiu, deixando apenas uma camada de fuligem sobre o metal.
— Tsk. Forte, mas ainda dissipa energia demais. Precisamos estabilizar a queima para concentrar o impacto.
Nastya, que assistia à cena com uma expressão tensa, murmurou em voz baixa:
— Isso é… algum tipo de centro alquímico?
Phill, caminhando ao lado deles, soltou uma risada contida.
— Não. Alquimia é outra coisa. O que fazem aqui segue princípios exatos, sem transmutação ou encantamentos.
Nastya franziu o cenho, claramente tentando processar a diferença, mas decidiu não questionar mais.
Do outro lado do vidro, a doutora ergueu os olhos e percebeu a presença da Imperatriz. Seu semblante iluminou-se por um instante antes que ela corresse até a porta, desviando habilmente de frascos e mesas abarrotadas de equipamentos.
— Rhys! — chamou, sem hesitação. — Fiquei sabendo dos acontecimentos em Lyberion. Eu disse que era um erro não enviar alguns protótipos com os soldados!
Rhyssara suspirou, os olhos se revirando com exasperação.
— Já falei para não me chamar assim diante dos outros, Geo.
A cientista fez um gesto displicente com a mão.
— Ah, foi mal — disse, ajustando os óculos antes de finalmente reparar nos demais. — Quem são eles?
Ela varreu o grupo com um olhar analítico, mas antes que Rhyssara respondesse, Cassian deu um passo à frente, um sorriso afiado nos lábios.
“Rosto bonito. Olhos atentos, mas cansados. Corpo bem proporcionado, ainda que a postura encurvada lhe tire um pouco do charme. Uma figura interessante.” Pensou ele.
— Sou Cassian Havilfort, príncipe herdeiro de Lyberion — disse, inclinando-se levemente em um gesto polido. — Um prazer conhecê-la, Lady Geo.
O brilho de diversão nos olhos dele não passou despercebido por Tály, que rapidamente se posicionou ao lado do príncipe e o empurrou sutilmente para o lado.
— Sou Tály. Esses são Redgar, Marco e Any. Somos responsáveis pela segurança dos príncipes.
Geo voltou-se para Helick, ajeitando os óculos mais uma vez. Seu rosto corou ligeiramente quando finalmente percebeu de quem se tratava.
— Príncipes? Então você deve ser o outro. Desculpe, não conheço muito sobre Lyberion.
Nastya deu um passo à frente antes que Helick pudesse responder, sua expressão impassível, mas os olhos verdes carregando uma irritação discreta.
— Ele é o príncipe prodígio de Lyberion, Helick Havilfort — respondeu, sem desviar o olhar.
— Entendi… — Geo lançou um último olhar a Helick antes de cruzar os braços. — Um prodígio, hein? Sou Geotecna Science. Prazer.
— Se nos der licença, os príncipes precisam descansar — cortaram Tály e Nastya em uníssono, empurrando Helick e Cassian para a frente enquanto entravam em outra sala.
Geo ficou observando a cena com uma sobrancelha arqueada, um sorriso sutil nos lábios.
— Interessante.
Rhyssara apenas suspirou, já antecipando as perguntas que viriam depois.
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