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Capítulo 99 — Exotraje
A poeira ainda dançava no ar quando um som mecânico ecoou pela arena. Entre os escombros, Kroask se moveu. Seu corpo estava parcialmente afundado na parede da arena, mas, ao contrário do que a plateia esperava, ele não estava inconsciente.
Com um estalo metálico, ele forçou o braço para fora das rachaduras e se ergueu, deixando pedaços de pedra caírem ao seu redor. Sua armadura estava danificada, a lateral do torso amassada e algumas luzes azuis piscando de maneira instável, mas ainda funcional.
Ele cuspiu um pouco de sangue e limpou a boca com as costas da mão enluvada. Então, sorriu.
— Brinquedo é? — murmurou, a voz rouca carregada de ironia. — Esse foi seu famoso punho de ferro sônico? Esperava um pouco mais.
Morgan, que observava de braços cruzados, soltou um suspiro exagerado.
— Vai insistir nisso, Kros? Você sabe que não vai durar muito mais tempo.
— Ah, é?
Um som hidráulico soou, e algo deslizou pela nuca da armadura de Kroask. Um capacete negro e liso se encaixou sobre sua cabeça em um único movimento, e então, uma tela translúcida surgiu sobre sua visão.
No visor, símbolos e dados começaram a se organizar em alta velocidade. O sistema escaneou Morgan de cima a baixo, e então, uma linha de texto apareceu no visor:
“Estilo de combate analisado.”
Os olhos de Morgan se estreitaram levemente.
Kroask flexionou os dedos, e então disparou.
O chão tremeu sob a força de seu impulso enquanto ele avançava, mais rápido do que antes.
Morgan, no entanto, já sabia o que fazer. Ele desapareceu no último instante, contornando o ataque e se reposicionando atrás de Kroask, pronto para revidar com um golpe sônico.
Mas antes que pudesse sequer erguer o punho, Kroask já estava lá.
CRACK!
Um golpe brutal atingiu Morgan na lateral das costelas, jogando-o para o lado antes que ele pudesse reagir. O impacto foi como uma marreta esmagando sua carne, e uma dor lancinante percorreu seu corpo.
A plateia prendeu a respiração.
Morgan conseguiu se estabilizar no ar, girando o corpo para amortecer o impacto no chão. Mas assim que tocou a areia, Kroask já estava sobre ele novamente.
— Mas o que foi isso? — indagou Morgan, surpreso.
Kroask não respondeu. Ele simplesmente atacou.
O braço direito da armadura brilhou, e seu punho disparou contra Morgan como um pistão hidráulico.
Morgan tentou desviar, mas, antes mesmo de se mover, Kroask já havia recalibrado sua posição.
BAK!
Dessa vez, o impacto atingiu seu abdômen.
A potência foi tão grande que uma onda de choque estourou ao redor do ponto de contato, rachando o solo da arena. Morgan foi lançado para trás como um boneco de pano, deslizando pela areia enquanto uma nuvem de poeira subia ao seu redor.
Ele rangeu os dentes.
Algo estava errado. Kroask estava prevendo seus movimentos.
Morgan se ergueu, pressionando o estômago com um dos braços, o gosto metálico de sangue surgindo na boca. Mas antes que pudesse ter um segundo para entender o que estava acontecendo, Kroask já estava novamente em cima dele.
BANG!
Um soco atingiu seu ombro.
CRACK!
Outro golpe atingiu seu flanco.
BOOM!
O último soco explodiu contra seu peito, enterrando Morgan na areia.
O corpo de Morgan tremulou sob o impacto. Ele sentiu o ar escapar de seus pulmões, uma dor aguda percorrendo suas costelas. Quando tentou se mover, Kroask já estava ao seu lado, ajoelhado, pressionando a mão contra seu pescoço.
Morgan arfou, a visão escurecendo por um instante.
A plateia ficou em choque.
Pela primeira vez, Morgan estava sendo superado.
A arena explodiu em gritos e murmúrios frenéticos, mas ninguém reagiu com mais empolgação do que Hermes.
— MAS O QUE É ISSO QUE ESTAMOS VENDO??? — sua voz ecoou pelo coliseu, eletrizando ainda mais a multidão. — ESSE TAL DE KROASK DESENVOLVEU UM EQUIPAMENTO CAPAZ DE RIVALIZAR COM UM MEMBRO DA ELITE DO IMPÉRIO??? SE ISSO FOR REAL, MEUS AMIGOS, O DESFECHO DESSA LUTA POUCO IMPORTA! OS FIGURÕES DO CASTELO NEGRO COM CERTEZA VÃO QUERER ESSA TECNOLOGIA!!!
Os gritos do público aumentaram, misturando-se à narração inflamável de Hermes. “Kroask! Kroask!” O nome dele era bradado como um hino de batalha, como se ele fosse a grande revolução que ninguém esperava.
Kroask, ainda com a mão pressionando a garganta de Morgan, sentiu o impacto das palavras de Hermes. Seu coração acelerou. Eles estavam reconhecendo seu trabalho. Pela primeira vez, ele não era apenas um Órfão, um rejeitado.
Ele abriu a boca para falar, mas hesitou. Algo estava errado.
— Você… não…? — murmurou, percebendo tarde demais.
Morgan não estava mais sob seu domínio.
Antes que pudesse reagir, um frio cortante percorreu sua espinha. Morgan estava atrás dele.
A sensação pesada de um canhão de impacto — o Demolidor — apontado contra sua nuca fez Kroask congelar.
— Foi uma boa luta. Me surpreendeu muito. — A voz de Morgan soou calma, sem vestígios de exaustão ou desespero. Apenas certeza. Superioridade. — Se renda. Não há necessidade de continuar danificando seu equipamento.
A multidão da plateia prendeu o fôlego.
Kroask gargalhou, uma risada carregada de ironia e revolta que ecoou pela arena.
— ACHA QUE PRECISO DE SUA PENA?
Com um movimento veloz, girou sobre os calcanhares, tentando acertar Morgan mais uma vez. Mas o adversário já havia se movido, desviando com a mesma facilidade irritante de sempre.
— Não temos por que continuar com isso. O objetivo dessa luta já foi concluído. — A voz de Morgan era fria, desprovida de qualquer emoção.
Kroask sentiu a raiva crescer dentro de si como uma labareda incontrolável. Seus punhos cerraram, os motores de sua armadura rangeram em resposta.
— Eu não te entendo, Morg! — rugiu, as palavras saindo misturadas com o gosto amargo da frustração. — Você me abandona, desaparece durante cinco anos cumprindo ordens de execução da sua imperatriz. Mata inúmeras pessoas que eram contra o seu império, algumas que nós já chamamos de amigos! Vira um maldito cão do Império… e agora vem aqui querendo dar uma de bom moço? Qual é a sua?!
Morgan suspirou. Não de cansaço, não de exasperação, mas como se estivesse entediado.
— Bom moço? — repetiu, balançando a cabeça. — Não. Eu não sou um bom moço.
Kroask cerrou os dentes ao ouvir a resposta, mas não interrompeu.
— Eu estava ocupado fazendo minhas obrigações pelo Império nesses anos, mas nunca deixei de saber sobre você, meu amigo de infância.
O peito de Kroask se contraiu por um instante.
— Mas não foi por causa da nossa amizade — continuou Morgan, impassível. — Não confunda. Eu sempre soube que você tinha talento para invenções, para criação de sistemas complexos com tecnologia. Eu apenas te monitorei para entender como sua inteligência podia ser útil para minha imperatriz.
A raiva de Kroask atingiu o limite.
— E hoje pus isso à prova — finalizou Morgan. — Nada mais que isso.
A fúria explodiu em Kroask como um trovão. Ele rugiu e avançou mais uma vez, seu punho metálico rasgando o ar em direção ao rosto de Morgan. Mas antes que pudesse alcançar seu alvo, Morgan já não estava lá.
Rápido demais.
O visor da armadura piscou, alarmes internos detectando que o alvo havia desaparecido de sua zona de detecção. E então, em um piscar de olhos, Morgan estava atrás dele.
— Acabou.
A palavra mal foi ouvida antes que o impacto viesse.
Um golpe. Simples, direto, avassalador.
O punho de Morgan colidiu contra o abdômen de Kroask, e tudo se despedaçou. A armadura rachou como vidro frágil. O metal retorceu, painéis se romperam, faíscas saltaram no ar. A potência do golpe não apenas destruiu o traje como lançou Kroask para trás com força esmagadora, fazendo-o colidir brutalmente contra a parede da arena.
O corpo dele deslizou para o chão, deixando um rastro de destroços. A armadura entrou em pane, as luzes azuis se apagando uma a uma.
Dessa vez, Kroask não se levantou.
O silêncio durou apenas um segundo antes de Hermes explodir em euforia:
— MAS O QUE ACABAMOS DE PRESENCIAR?! MORGAN ACABA DE ENCERRAR ESSA LUTA COM UM ÚNICO GOLPE DEMOLIDOR!!!
O rugido da plateia sacudiu o coliseu. Gritos de empolgação, assobios, aplausos ensurdecedores.
Hermes ergueu os braços, seu tom triunfante ecoando pelo local:
— O VENCEDOR É MORGAN, A MÃO DO IMPÉRIO!!!
Morgan, no entanto, não comemorou. Apenas se virou, caminhando em direção ao portão que levava à Cidade dos Corajosos, como se a luta não tivesse sido nada além de mais uma tarefa cumprida.
Atrás dele, Kroask permanecia caído, sua respiração pesada, seus punhos cerrados em derrota.
O rugido da multidão ainda sacudia o coliseu quando Morgan virou as costas para Kroask e começou a caminhar em direção à saída. Seus passos eram firmes, controlados, como se a luta já tivesse sido esquecida no instante em que terminou.
Na sala de preparação, os desafiantes observavam a cena em silêncio. Alguns pareciam surpresos, outros assustados. O impacto da batalha ainda reverberava no ar, e a poeira mal havia assentado antes que as vozes começassem a se erguer em murmúrios contidos.
Aquela havia sido a maior batalha já travada na Areja dos Corajosos.
Cassian cruzou os braços, os olhos fixos na arena.
— Ele é bom… — resmungou, sem esconder a admiração contida.
Tály, ao lado dele, soltou uma risada curta, ainda vibrando com a adrenalina da luta.
— Bom? Ele é incrível! O jeito que ele dava aqueles golpes! Não era só força, tinha técnica naquilo!
Helick, porém, não reagiu de imediato. Seu olhar se desviou discretamente para Rhyssara, que observava a cena sem qualquer traço de surpresa.
A Imperatriz percebeu o olhar do príncipe e se aproximou com um leve sorriso enigmático.
— Sei o que está pensando — disse ela, sua voz baixa, mas cheia de significado. — Agora você entende o quão perigoso pode ter sido vir para um reino que por gerações foi rival ao seu.
Helick não respondeu, apenas continuou a encarar os olhos azuis da Imperatriz.
Rhyssara continuou:
— Mas simplesmente não há com o que se preocupar. Teremos inimigos em comum por bastante tempo. Até lá, não se preocupe com isso.
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