Capítulo 108: A fúria da Fada

Dentro do cubo que estava assente bem perto do início da montanha, Meredith pensava em como faria para sair daquele cubo sem o danificar e acabar por deixar Zernen exposto ao frio, mas não precisou pensar mais quando o mesmo começou a acordar.

— Hein… — Começou a se levantar enquanto esfregava os olhos para aquele ambiente nublado, que trazia como companhia um mar de neve. — Estou sonhando?

— Não, você acabou de acordar!

— Até você chegou para ajudar! Cadê o gorila? Temos que enfrentar aquele gorila!

— Gorila? — Meredith levantou uma das sobrancelhas, mas depois se lembrou de que Fred havia mencionado que estava em uma dimensão dessas. — Ah, aquilo… O gorila já foi derrotado, você desmaiou e agora estamos numa nova dimensão.

— Quê? Mas por quê?!

Zernen deu um grande grito de frustração enquanto segurava sua cabeça com ambas as mãos. Depois, encurvou a cabeça, fazendo uma expressão triste.

— Eu perdi a aventura novamente.

— Não fica assim! Porque você já está dentro de uma nova.

— É mesmo, não é?! Mas, eu tenho medo de desmaiar novamente… — Cerrou os punhos enquanto torcia seus traços em frustração. — Eu sempre fui tão fraco assim?

— Não fale isso. — Meredith repousou sua mão no ombro dele em um gesto de conforto.

— Droga, esse deveria ser o meu momento de brilhar… mas tudo que fiz até agora foi ser só um peso morto! Droga!

Bateu o punho contra uma das paredes do cubo, causando uma leve rachadura. Meredith ficou um tanto impressionada com aquela demonstração de força e deu um sorriso.

— Nesse caso, Zernen, eis o momento para você provar que não é um peso morto. Tente não desmaiar dessa vez, quital?

Num abrir e fechar de olhos, Zernen deu um sorriso, lançando seu punho novamente contra aquele cubo, que não resistiu e quebrou em estilhaços.

— Aceito!

— Então vamos nessa!

Fazendo uso dos seus pés, ambos começaram a correr contra a montanha enquanto eram agredidos por aquele frio intenso, que à medida que produziam adrenalina pelo esforço físico, sua aura ficava tão energizada de calor que agora era como se estivessem agasalhados.

Subiram a montanha a passos galopantes, criando um som sibilante derivado de sua velocidade sincrônica. Assim que alcançaram o pináculo da montanha, seus olhos se depararam com um completo campo de batalha, em que Fred e Oceano tentavam sobreviver às investidas massivas das esculturas de gelo, que traziam consigo aparências familiares.

— Ei!!!! — Zernen deu um grito, atraindo atenção de todo mundo para aquele cume. — Como ousam se divertir sozinhos e não me chamarem!

Após dizer isso, pôs-se a deslizar de traseiro enquanto levantava as mãos em um uhuuuuuu, na companhia da Meredith, que escorregava com suas pernas, como se tivesse patins agarrados aos seus pés, quando não passavam de sandálias que afundavam na neve, mas avançavam devido ao peso conferido a elas.

Assim que Zernen pousou na superfície, foi recebido por um dos cubos que a escultura do Oceano mandou. Quando ele lançou o seu icônico soco invisível, o cubo se quebrou em estilhaços, mas quando cada caco tocou sua pele, rapidamente uma petrificação se espalhou por sua pele, transformando-o em uma estátua de gelo.

— Zernen!!

Meredith exclamou enquanto arregalava os olhos, nem havia dado tempo para ele desistir.

Fred e Oceano também moveram seus traços de apreensão enquanto se esquivavam das suas respectivas esculturas de gelo.

— Zernen, você disse que…

Antes que Meredith terminasse suas palavras, um grande boom que espalhou e desfez aqueles estilhaços de gelo ecoou, revelando Zernen em seu macacão enquanto dava um sorriso triunfante.

— Dessa vez não!

Assegurada de que ele ficaria bem, Meredith colocou seus pés para trabalhar e foi em frente à sua escultura de gelo, que aguardava com a espada posicionada. Trazia consigo um sorriso de satisfação, que denotava uma experiência em frente às criações de sua imagem.

— Turbilhão de cortes!

Assim que desferiu esse ataque, viu sua técnica de espada congelar. Rajadas foram congeladas no vento e caíram enquanto sua cópia gélida lançava rajadas de gelos. Quando ela bloqueou com sua espada, um gelo começou a percorrer a superfície metálica até chegar em suas mãos.

Meredith deu um sorriso, fazendo com que sua aura começasse a transmitir um calor, que afugentava aquele gelo da sua mão, a sua espada.

— Parece que fiquei preocupado à toa — disse Oceano, ativando sua habilidade completa, o cubo mágico que reunia todos os cubos de uma só vez. Mas, ao invés de usar cada um deles para elaborar um ataque em conjunto, decidiu fazer uma fusão como havia feito outrora para resistir aos ataques da aranha.

Com o seu cubo fortificado ativo, restava apenas capturar aquelas duas fadinhas, que observavam tudo do céu.

Quando olhou ao redor, apenas encontrou Zernen que não tinha sua imagem refletida em uma figura de gelo.

— Zernen, poderia cuidar deste para mim?!

— É claro!

No entanto, no mesmo momento em que disse isso, uma figura do gelo foi criada contra todas as expetativas do Oceano, que nem por isso cessou. Reduziu seu gigantesco cubo a um mini cubo enquanto preparava seus punhos para enfrentar a escultura do Zernen que vinha contra ele, lançando uma explosão de gelo, que fora destruída com apenas um soco, que transcendeu e golpeou a escultura na barriga de tal forma que acabou se rachando e por fim, se partir.

Satisfeito, Oceano deu um salto e fez seu cubo o amparar enquanto ficava frente a frente com aquelas duas fadinhas, enquanto a batalha que ficava mais intensa acontecia por baixo dos seus pés.

— E aí?

As fadinhas sopraram partículas de gelo, amparadas por uma barreira invisível, que acabou se tornando visível perante o azul do gelo.

Oceano estalou os dedos, fazendo com que a barreira se quebrasse em estilhaços de gelo. No entanto, os cacos logo se concentraram para o atacar. Majestosamente, conseguiu se desviar enquanto tentava atacar as fadinhas com os seus golpes invisíveis, no entanto, não logrou sucesso, já que tudo quanto se aproximava delas se transformava em gelo e era usado para o contra-atacar.

Quando chegou o mais perto possível, ele acabou envolvendo as fadinhas dentro do seu cubo. Como o cubo do Oceano permanecia intangível, seu gelo não conseguia ter ação, por isso elas poderiam ser facilmente envolvidas como outrora fizera.

No entanto, o empecilho estava quando o cubo se tornava sólido, daí tudo começava a se transformar em gelo.

Quando tornou o cubo sólido, mesmo sendo o seu cubo mais forte, não foi exceção. No entanto, isso não foi um incômodo. O que, na verdade, Oceano queria testar era se as fadinhas poderiam resistir à força do atrofiamento causada por seu cubo, já que pela desintegração por mana calorífica estava mais do que claro que terminaria em fracasso.

Oceano abandonou o cubo rapidamente no pequeno instante em que esteve intangível, notando que a estrutura do gelo havia se descolado naquele instante, atravessando o cubo por alguns centímetros.

Quando as fadinhas estalaram o dedo para destruir aquele cubo, não lograram sucesso, apenas a antiga camada havia sido desfeita em cacos enquanto um sorriso se abria no rosto de oceano.

— Esmagar!

Foi tão rápido que Oceano apenas presenciou uma fumaça gélida após seu cubo ter encolhido. Se distanciou rapidamente em caso de qualquer armadilha ao mesmo tempo, em que não conseguia sentir as fadinhas ali. Quando olhou para baixo, seus companheiros já haviam acabado com as esculturas de gelo, seus escombros pairando naquela neve.

Então desceu, voltando a sentir uma presença que o fez arrepiar, vinda daquela árvore cristalina cujas metades dos cristais haviam desaparecido.

— Essa mana…

No mesmo momento, uma fada do tamanho humano acabou saindo daquela árvore, mas com o mesmo aspecto que as gêmeas de antes.

— Parece que esse monstro é mesmo um rank S, consigo sentir isso… — murmurou Fred.

— Já era a hora… — Zernen o punho contra a mão. — Isso está ficando tão bom!

— Eu não sei o que tem de bom, todavia, precisamos unir força para destruir essa coisa!

— Pereçam, humanos!

Quando a fada falou com uma voz imponente, um forte vento começou a soprar enquanto os céus convocavam novas espirais que davam origens a furacões que desciam a superfície.