Capítulo 109: Sétima Prova
— Depressa! Todos para o cubo!
Não havia tempo para questões, mas apenas um rebelde havia ficado, tendo seu corpo transformado em gelo e em seguida destruído quando se desfez em purpurinas enquanto seus companheiros observavam dentro do cubo, que procurava fugir daquela zona de furacões, que transformavam qualquer coisa em um gelo tão duro que se chegava muito, mas muito perto do rank S.
— Zernen… — Meredith arregalou os olhos.
— Calma, ele desistiu a tempo… — Tranquilizou Oceano. — Apesar de seu orgulho de guerreiro, ele soube entender seus limites.
— Se ele tivesse entrado a tempo.
Agora, eles estavam no cume da montanha enquanto contemplavam a chegada daqueles furacões.
— Como venceremos aquilo? — Indagou Meredith.
— Sinto muito pelo que vou dizer, mas vocês precisam se sacrificar para eu poder a derrotar.
— Então isso implica perdemos, não é?
— Infelizmente.
— Se quer dizer que você chegará à última fase, então eu estou disposto a me sacrificar! — disse Fred e Meredith concordou com a cabeça.
— Só me promete que, quando chegar lá, vença e faça com que todos sejam libertos!
— Claro, eu prometo. Agora o plano…
Eles prestaram atenção no que Oceano dizia, uma coisa tão simples quanto eles distraírem a fada e combaterem aqueles furacões a fim de criar uma brecha para que ele pudesse aplicar o seu golpe final, réplica do golpe anterior, que tinha certeza que havia resultado, razão pela qual a fada havia recorrido a essa transformação que havia custado metade das folhas cristalinas.
Ambos balançaram a cabeça negativamente e saíram do cubo para se sacrificarem, mas com um adicional, Oceano havia lhes dado um pouco da sua mana para que conseguissem combater os furacões.
Então desceram para a zona de combate em rápida velocidade, adentrando ao domínio dos furacões, que no primeiro momento tentavam os arrastar com os seus ventos gélidos, mas permaneceram firmes perante os açoites graças às suas habilidades. Meredith havia proporcionado a sua veste um peso do nível A muito próximo ao nível dos furacões, assim como Fred havia feito o mesmo com suas unhas. Suas manas calorosas repeliam constantemente as tentativas dos furacões transformarem seus corpos em esculturas de gelos.
— Ainda tentam resistir, humanos?!
— Claro que sim. Afinal, ninguém aqui quer perder, pois não?
— Maldita raça humana e sua evolução! Eu os odeio da profundeza do meu ser.
— Nesse caso… — Meredith desferiu um turbilhão de cortes que dissipou por alguns instantes parte dos furacões. — O sentimento é mútuo, seu monstro!
— Boa! — Fred deu um sorriso, convocando dois punhos gigantescos feitos de unhas para ajudarem a dispersar aqueles furacões.
Assim que o ambiente ficou favorável, Oceano num zás havia aparecido atrás bem próximo à fada, que arregalou os olhos, virando contra ele. A verdade era que ele havia contornado uma parte daquela região para chegar ali.
O cubo envolveu a fada enquanto Oceano sentia seu corpo sofrendo uma petrificação, ainda que lenta devido à sua mana calorífica que forçava sua resistência. Contudo, aquele congelamento era irreversível, pois não estava apenas congelando o corpo em si, mas sua mana.
Ele cobriu a fada com o seu cubo intangível e, quando saiu dali, tornou tudo sólido. Mas assim que o fez, seu cubo explodiu em estilhaços, o fazendo arregalar os olhos.
Seus companheiros ficaram abismados quando perceberam que seu esforço era inútil e agora ele caia no chão por conta do congelamento nível S que não cessava de percorrer seus membros.
— Sejam esmagados!
Os furacões ficaram mais intensos que agora, o vento tinha o mesmo nível de mana que estava congelando Oceano. Meredith sentiu seu corpo sendo tomado por gelo frio que a congelava de baixo para cima, ao passo que Fred também compartilhava do mesmo fenômeno.
— Desculpa… — Oceano, que estava ali deitado, murmurava em tremores. — Que droga…
— Ainda não acabou… — Fred reuniu um pouco de força e atravessou aquele vento enquanto Meredith ficava ali sem forças para andar. Assim que chegou perto do seu companheiro, impôs sua mão contra o peito. — Esse é o verdadeiro sacrifício!
Fred transferiu praticamente toda a mana que habitava seu corpo para o corpo do seu companheiro, mesmo sabendo que isso lhe poderia levar à morte certa. Ainda assim, continuou enquanto sangue transbordava de suas narinas e orelhas.
— Talvez seja porque meu cérebro esteja latejando, mas eu lembrei… — Fred sussurrou algo no ouvido de Oceano que o fez arregalar os olhos. Depois, com a boca imbuída em sangue enquanto o gelo havia acelerado o processo de petrificação, emitiu as palavras que fizeram seu corpo se desfazer em purpurinas enquanto lágrimas flutuavam dos olhos do Oceano. Pela primeira, havia soltado lágrimas desde muito tempo.
Agora, Oceano sentiu uma poderosa mana infundida, a sua mana rank A, que o elevou ao patamar que tanto almejou chegar, por aquele simplesmente momento… Oceano agora possuía uma mana rank S, tão poderosa que o gelo se desfez rapidamente e então ele pode se levantar.
— Maldito humano! Ainda persiste?!
— Faz parte da humanidade, persistir… — disse Oceano enquanto dava um sorriso, trazendo de volta sua habilidade cubo mágico muito mais forte do que antes. — Agora, se me permite… — Arrastou alguns dos seus cubos que fizeram o papel de absorver aqueles furacões para, no final, se quebrarem em estilhaços de cristais, mas com o seu trabalho feito.
A fada contorceu seus traços de irritação e tornou a descer dos céus furacões que se misturavam com espinhos de gelo, mas Oceano acabou formando um único cubo fortificado, fazendo com que ficasse tão grande que cobriu a fada e a Meredith que estava prestes a parecer ali pelo gelo que havia chegado a sua garganta, mas agora se desfazia em fumaça.
Todo aquele ataque foi contido pela dureza do cubo, acabando por se desfazer.
Mas assim como todos os cubos, aquele não foi exceção, começou a congelar, mas não era tão rápido como das outras vezes devido ao calor que produzia, o que proporcionou tempo ao Oceano para que acabasse com aquela fada.
Com um zás, chegou próxima dela, tendo seu corpo imediatamente transformado em gelo, mas na mesma proporção se desfazendo pelo calor que emanava.
Assim, desferiu um soco no rosto da fada, que se abateu contra a parte frontal do seu cubo, que acabou criando uma rachadura enquanto parte dos cristais desaparecia da árvore.
— Entendi, cada dano grave que você recebe é imediatamente transferido para aquela árvore… Então e se eu… — Quando Oceano quis expandir mais o seu cubo para abranger a árvore, não conseguiu, então teve que partir para o ataque contra a fada. Não ia fazer tanta diferença se ele destruísse ou não a árvore, já que as folhas cristalinas estavam prestes a acabar.
— Múltiplos socos!
Diante daquele ataque massivo, a fada não deixou barato, transformou tudo em gelo, que logo começou a derreter.
— Não… — Oceano chegou próximo à fada sofrendo o congelamento, mas ainda assim, dando um soco que a fez quebrar aquele cubo enquanto ia em direção àquela árvore que acabou por ceder todas suas folhas de cristais. Agora não passava de uma árvore seca.
Oceano desfez aquele cubo que já tinha sido quase todo tomado pelo gelo e então pousou na superfície de neve enquanto observava a fada que se recompunha após criar uma cratera no tronco.
— Você vai pagar por isso!
Quando aquela fada disse isso, sua aura rodeou seu corpo enquanto sua mana não parava de aumentar. Se ela lançasse mais um ataque de congelamento, Oceano não sabia se poderia resistir… Mas ainda assim, depois do sacrifício do seu companheiro, não podia desistir.
Concentrou uma barreira invisível para conter o ataque massivo de partículas lançado contra si. A barreira congelou instantemente, o gelo começando a invadir sua pele tão rápido que nem sua mana calorosa estava conseguindo lhe salvar.
— Faltou o meu sacrifício…
Assim que Meredith impôs sua mão nas costas do oceano, o gelo se desfez para o espanto daquela mulher, enquanto o corpo de Meredith era lentamente tomado pelo gelo por conta da mana calorosa do Oceano que desacelerava o processo.
— Agora é que eu não posso perder mesmo!
Oceano convocou todo seu aparato de cubos para cercarem a fada em seus pontos cardeais. Rapidamente, um congelamento tomou conta deles. No entanto, Oceano fez com que cada um ficasse intangível e se unificasse em um só enquanto a fada rodeava seus olhos confusos por aqueles cubos que a atravessavam.
Oceano deu um sorriso quando viu que o cubo não estava sendo invadido pelo gelo e então esticou sua mão, dizendo:
— Agora que meu calor superou seu gelo, pereça!
Então, uma fumaça calorosa tomou conta do interior do cubo enquanto a fada se debatia tentando quebrar o cubo com seus punhos, mas quando finalmente havia conseguido fazer rachaduras, sua pele começou a se descamar em chamas que fizeram seu corpo evaporar em cinzas.
— Maldita benção da evolução!
Essas últimas palavras deixaram Oceano com uma dúvida, que seu cansaço não lhe permitia raciocinar direito.
Ele caiu contra a neve e deu um grande suspiro. Mas não pôde permanecer o tempo todo ali, porque aquela região começou a se desfazer em rachaduras que atravessavam a neve e ventos que sopravam, derrubando as árvores enquanto o chão se desfazia.
Imediatamente, ele pegou a Meredith com o seu cubo e atravessou o portal que havia se aberto bem próximo à árvore seca.
Assim que adentraram, não encontraram a caverna cheia de portais, pelo contrário, era uma espécie de montanha de escadas de uma pirâmide que levava ao cume que era quadrado. Nas laterais, havia algumas árvores e o precipício estava logo atrás deles, avisando que não havia como recuar se não atravessar as escadas daquela pirâmide.
— Então essa que é a sétima prova? — questionou a Meredith em um murmúrio enquanto ambos ainda estavam dentro do cubo.
— Espero que sim.
Então, Oceano subiu com um cubo até o cume daquela construção que revelava pilares nas laterais que se limitavam a metros do céu e se estendiam por aquele pavimento pedregoso e se delimitava em um trono de pedra, que ficava no centro.
Este continha uma pessoa encapuzada sentada.
— Quem é você? Um monstro?
Meredith fez o questionamento.
— Não…
Quando ele emitiu essa simples palavra enquanto retirava o capuz, Meredith arregalou os olhos com o que viu.
— Eu sou a sétima Prova.
— Você…
Era o irmão da Frida, que dava um sorriso largo.
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