Capítulo 117: O reencontro não tão agradável do Herói e da Heroína
Assim que as cinzas terminaram de percorrer o profundo buraco, elas invadiram a dimensão em que ocorreria a grande batalha entre aqueles dois que trocavam golpes incessantes. Enquanto um usava punhos e escudos feitos de terra para se defender e contra-atacar, o outro usava seu livro como lugar de pouso para se desviar enquanto atacava com os feixes de luz extraídos dos papéis que se desfaziam.
Ao detectar aquele fenômeno, Luvru pensou ser algum tipo de investida surpresa e então buscou se distanciar o máximo que pôde, formando um raio de alguns metros em oposição ao seu oponente.
As cinzas ganharam formato humano enquanto se assentavam no chão pelo efeito da ressaca transmitida pelo que chamavam de maldito aventureiro rank S.
Rei dos bandidos desceu seus olhos sobre eles.
— O que se passa agora?
— Fomos afetados… — murmurou Mu.
— Não sabemos quando vamos nos recuperar disso — disse Zi em agonia.
— Por isso, é melhor fugirmos — dinamizou Cal, compartilhando seu estado atordoado com os seus.
— Droga, droga, droga! Viu o que você fez, Luvru? Como sempre tentando me atrapalhar! — Depois de um suspiro aborrecido, rei dos bandidos colocou a mão na cabeça e soltou um sorriso travesso. — Mas não precisamos fugir, é só acabar com eles e voltar a selar a barreira. Deu muito trabalho recrutar esse bando de distração, sabe?
— Eles estão aqui, aventureiros de outros reinos… Em breve estaremos cercados.
Essa informação sem dúvidas fez o rei dos bandidos se contorcer de raiva.
— Tse! Tudo bem, parece que eles venceram… Vamos nos tirar.
— Você não vai muito longe! Nem que eu tenha que usar todo meu poder, eu vou te parar!
Luvru sacrificou suas páginas no que considerava última investida, já que sua mana se esgotaria depois daquele ataque.
— Toquem! E não se esqueçam dos artefatos…
Assim que o rei dos bandidos disse isso, os gêmeos, em seu pequeno esforço, movimentaram seu instrumento. Quando emitiram um som, enquanto era tomado por cinzas, rei dos bandidos estalou os dedos.
— Que pena que não conseguirei ver sua cara de frustração após isso!
— Pare!
Seu raio de luz apenas foi capaz de remover um dos braços do rei dos bandidos que não havia sido envolvido por cinzas. Enquanto pretendia seguir aquelas cinzas que percorriam o vento sob a capa do seu livro, Luvru contemplou aquela dimensão se desfazer em pedaços.
Um abismo se formava enquanto rochas caíam. Ele se apressou a percorrer aquele buraco, avistando em uma das extremidades adultos acompanhados de crianças. Dali apenas pôde reconhecer Frida que segurava Fred desacordado, e os irmãos da Meredith cujos olhos se iluminaram assim como as outras crianças ao ver aquele livro.
— Mestre Luvru…
Os adultos não ficaram para trás. Ur trouxe sua esposa desacordada para aquela capa. Frida trouxe consigo o suposto bandido e as crianças para a capa, finalizando com Theresa que pousou com o Fred.
Assim, ele flutuou até a superfície enquanto aquela caverna se desfazia, o tremor transbordando para as paredes laterais que desenvolviam rachaduras e deixavam cair predregulhos.
Mas mesmo tendo chegado a superfície do subsolo, quase iam sendo esmagados por uma pedra gigantesca, não fosse a intervenção das páginas que incineraram aquele rochedo.
O lugar onde há pouco era considerado seguro, agora estava sendo rompido por rachaduras e pedregulhos que caiam do teto enquanto um caos se instalava. Os bandidos corriam de um lado para outro em pranto e socorro ao seu rei, que havia lhes abandonados a própria sorte.
— Não, eu não posso voltar para a prisão… Mestre, por que, por que me abandonaste?!
Gar deu um grito de desespero. Havia visto a colônia de cinzas que transportava consigo seu mestre e não pôde fazer nada, se não observar aquela fuga. Caiu de joelhos e cobriu as mãos contra o rosto enquanto se contorcia de raiva e tristeza por tamanha traição de seu mestre.
Enquanto isso, os demais bandidos buscavam ajuda ao sem ajuda do Gar. Seu desejo era que ele os livrasse daquela situação como braço esquerdo do rei dos bandidos.
Ao passo que, no meio daquela toda devastação, Luvru nada podia fazer por eles, já que havia o risco de nem os seus serem salvos. Ele podia ir a superfície naquele momento, mas e se voltasse? Quem garantia que não encontraria todos eles enterrados sobre os rochedos? Ou ainda, que sua mana restante fosse suficiente para mais outro voo?
— Quanta crueldade… — Ele rangiu os dentes. No entanto, ainda assim, conseguiu pensar em uma solução. Usuaria todos os recursos com a pouca mana que lhe restava para destruir os ataques enquanto Rein iria teletransportar um por um. — Rein, é com você!
Rein entendeu o recado, teletransportado em primeiro lugar os que estavam próximos deles, Jarves e Zestas, antes que uma pedra os esmagasse, mas depois de se passarem alguns segundos, ele não voltou.
Sua mana havia acabado possivelmente e para piorar, havia aquele ser de armadura que tentava aniquilar Meredith ao mesmo tempo em que uma chuva de pedregulhos estava caindo rapidamente por todo aquele território, sua luz garantiu a proteção dos que estavam sobre seu domínio, mas não do resto…
— Vai acabar assim?
— Maninha…
As crianças começaram a chorar e os adultos a contorcer seus traços naquele instante em que algo aconteceu.
Uma chuva de aventureiros desceu daquele buraco e acabou com os pedregulhos, bem, os que estiveram ao seu alcance… Alguns deles acabaram acertando os bandidos, resultando em um fim terrível que roubou um último suspiro e lamentos.
Quando executou seu ataque, Belia se viu arremessada por um chute. O homem de cabelos brancos e olhos dourados carregou a ruiva em seu colo enquanto dava um sorriso genuíno.
— Parece que você só se mete em problemas…
Com os olhos entreabertos enquanto abria um sorriso de alívio, Meredith emitiu.
— Lamento que tenhamos que nos encontrar em tais circunstâncias. Da última vez, nem pude agradecê-lo.
— Por enquanto, descanse.
Meredith agradeceu e então fechou os olhos. Enquanto segurava Meredith, o homem mirou seus olhos naquela mulher peculiar que se dirigia a si com garas de gosmas envolvendo suas mãos.
— Não atrapalhe!!!
— Hum, vejamos… — O homem, munido de uma luva negra, estalou os dedos, fazendo alguns dos rochedos que caiam se transformarem em pequenas espadas, que formaram uma defesa no ar contra aquela gosma enquanto ele deitava a ruiva no solo.
— Ela não é derrotada por ataques normais… Vai ter que despedaçar todo seu corpo, se quiser vencer…
— Obrigado pela dica. — O homem deu um sorriso. — Mas se possível, eu queria levá-la viva. Acorrentar!
As espadas flutuantes se juntaram para dar forma a correntes que acorrentaram a Belia enquanto o homem se aproximava, mas ele não esperava que ela fosse escapar daquele domínio apenas se transformando em gosma.
— Por essa eu não esperava… Então quere que dizer que terei que usar isso… — O homem meteu a mão no bolso da sua calça e então, enquanto Belia contra atacava, ele arremessou a corrente que se entrelaçou ao seu corpo, mas dessa vez suas habilidades de gosmas não estavam funcionando. — Artefato que sela habilidades por sete minutos. Tempo suficiente para o meu amigo te interrogar!
O homem virou, encontrando seus colegas, evacuando as demais pessoas para fora daquele recinto através da habilidade de flutuar e voar usada por dois aventureiros de sua equipe. Enquanto um fazia os rochedos flutuarem, o outro carregava os outros com suas asas.
Enquanto isso, mestre dos aventureiros aproveitou aquela chance para retirar os seus dali enquanto aquele espaço estava tomado pelos aventureiros de outros reinos, o que poderia desencadear uma possível guerra entre reinos caso o rei soubesse que haviam intervenientes nessa missão.
Assim que estalou o dedo, um homem magrinho de cabelo afro apareceu perante aquele homem.
— Chamou Helliot?
— Faça o seu trabalho e extraia toda informação da parte dela. Depois disso, podemos… — enquanto falava ao mesmo tempo, em que seu amigo estava prestes a colocar a mão sobre a cabeça daquela mulher, ela desapareceu em uma névoa negra.
— O que vem a ser isso?
— Parece que falhamos em obter informações. Muito esperto…
— Quem?
— A pessoa que fez isso. Seja o rei dos bandidos ou quem quer que seja, frustrou os nossos planos.
— Agora precisamos ver como iremos negociar com o mestre dos aventureiros…
— Não se preocupe, eu faço isso! — Carregando a moça, Helliot pediu que uma das suas companheiras lhe fizesse flutuar para fora. Esticando suas mãos, Helliot começou a flutuar para fora daquele buraco enquanto seus companheiros terminavam o último trabalho de vistoria e evacuação naquele lugar que não tardaria a desabar.
Assim que saiu daquele buraco, viu a alvorada que reluzia sobre rostos conhecidos e desconhecidos, que compreendiam um monte de bandidos dentro de jaulas já preparadas pelo aventureiro que tinha habilidade de materializar ferro e dar forma a objetos metálicos, como sua imaginação bem entendia.
Ao vê-lo em posse da ruiva, Jarves abandonou o chão e deu um sorriso estonteante como se tratasse de uma criança assistindo aos seus desenhos favoritos.
— Sua tia sabe que você está envolvido nisso?
Os olhos do Helliot encontraram o do Luvru, que permanecia sentado junto aos demais.
— Tia… Então, você sabe que sou sobrinho dela?
— Como salvaram os cidadãos de Hengracia e capturaram os bandidos, farei vista grossa desde que deixem o reino.
— Muito obrigado! — Ele entregou a ruiva a Jarves, que inicialmente relutou, mas depois a pegou como todos o estavam olhando estranho.
— Mande cumprimentos para ela… — Helliot se virou enquanto acenava. — Gambibar, vamos!
Assim, o aventureiro deixou aquele espaço e seguiu seu companheiro.
— Espere…
Parou ao som da voz.
— A criatura que você enfrentou…?
— Desapareceu misteriosamente antes que pudesse interrogá-la.
— Entendi.
Dado por satisfeito, Luvru permitiu que Helliot avancasse.
— Avise aos demais que estamos deixando o reino imediatamente.
Gambibar saltou para aquele buraco e depois de minutos retornou com a equipe de aventureiros, todos trazidos pela magia flutuar de uma aventureira.
Então, em rapidez, deixaram aquele lugar enquanto fumaça que saia do interior daquele buraco ofuscava seus últimos rastros.
— Caramba, tenho que admitir que se não fossem por esses moleques, a gente estaria em sérios perigos. Se dependesse de mim, seriam recompensados.
— Como esperado do herói, sempre salvando o dia!
Quando Jarves disse isso quase se arrependendo, recebeu respostas positivas acompanhada de sorrisos.
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