Índice de Capítulo

    Com os olhos fechados, mãos no queixo, Frida tentava manter a calma, raciocinando sobre toda aquela situação enquanto se via arrastada por aquela ave, que a levava para cima, onde a fumaça ficava mais densa.

    — Já sei!

    Assim que abriu os olhos, viu-se arremessada por aquela ave que deu um salto duplo no vento e mergulhou de boca aberta para a devorar.

    — Foi você quem pediu…

    Quando focou seus olhos brilhantes e semicerrados na cabeça do animal, a cabeça acabou por sumir. Desnorteado, Frida segurou a parte do pescoço por pouco enquanto caia com o animal.

    Concentrada, ergueu sua aura, fazendo aquele pedaço de pedra flutuar.

    Com um pequeno esforço, ela alcançou as costas do animal e montou nele, observando uma pedra peculiar amarelada com rachas no lugar do pescoço, o que confirmou suas teorias.

    — Um mundo tão complexo como esse, com certeza não teria sido criado sem alguma lógica por detrás… Há sempre uma razão para tudo… — Com um sorriso formado nos lábios, Frida avançou em meio a densa poeira, manejando aquela ave sem cabeça até que avistou uma silhueta sendo arrastada por uma águia.

    Pelo jaleco, estava mais do que claro de quem se tratava.

    Ela se aproximou rapidamente da ave, tão veloz que agora ambos andavam na mesma velocidade.

    — Olá.

    Frida acenou para Theresa, que lhe lançou olhos suplicantes, que diziam para a salvar daquele grande infortúnio.

    Quando a ave reconheceu o perigo, tentou se afastar, mas Frida foi ágil e cortou a cabeça dela.

    A ave se viu caindo enquanto tinha as patas cravadas na mulher.

    — Utilize sua aura para estabilizar a ave. Funciona como as rochas flutuantes.

    Theresa assentiu, fornecendo sua pouca energia para aquela criatura sem cabeça, que imediatamente começou a flutuar.

    — Como descobriu isso?

    — Com a cabeça, obviamente. O que mais seria?

    Hum… Interessante.

    Theresa sorriu.

    — Vamos salvar os outros.

    — Vejo que vocês estão bem. Viu, Fred, não houve razão de preocupação.

    Aquelas duas olharam para aqueles dois que estavam montados naquelas aves sem cabeça.

    — Oceano…

    Ela soltou um sorriso de admiração.

    — Bom trabalho, Frida.

    — Se bem entendi… — Fred emitiu, atraindo a atenção de todos. — Para quê servem essas pedras mesmo?

    — Como você diz, se bem entendeu, se não entendeu nada?

    — Frida, alguma ideia?

    Oceano olhou para ela.

    — Sinto muito, mas tenho fortes convicções de que tudo isso está conectado. A superfície, as pedras flutuantes…

    — Pessoal… — Theresa chamou a atenção de todos enquanto arregalava os olhos. — Está faltando o Jarves e o Zernen…

    — O rastro deles desapareceu completamente — disse Oceano. — Com essa névoa que contém densa mana, vai ser difícil detectar eles.

    — O Zernen pode se virar, mas o Jarves não… — Theresa expressou preocupação. — Além de ele possuir pouca mana, ele só tem magia básica.  Precisamos achá-lo logo.

    — E eu me pergunto como a princesinha fez para passar aquela prova — disse Fred, elevando a mão ao rosto. — Ela está mesmo determinada a concluir isso tudo.

    — Não creio. — Frida interveio, indignada. — Se estivesse, estaria colaborando conosco e não estaríamos passando por isso. Egoísmo é o nome disso.

    — Deixemos isso para trás. Não podemos nos prender a isso, Frida. Nossa prioridade é achar aqueles dois, para garantirmos a salvação de mais uma criança — emitiu Oceano.  Ela assentiu, meneando a cabeça.

    — Então, quital explorarmos a superfície? Minha irmã disse que isso tudo podia estar conectado.

    — Não me chame de minha irmã.

    Frida franziu o cenho.

    Ele cobriu o rosto, se encolhendo de medo.

    — É uma boa ideia. Mas vamos nos dividir — Oceano declarou, vagando seus olhos pelos demais. — Enquanto vocês exploram a superfície, eu e ele vamos investigar o céu à procura daqueles dois.

    — Certo.

    Todos assentiram.

    — Mas e se encontramos eles na superfície, como vamos dar sinal? — questionou Frida. — Você mesmo disse que essa névoa dificulta a localização de mana.

    — Bem colocado. É aí que entram as unhas do Fred. Vamos usá-las como ponto de localização — Oceano lançou seus olhos sobre Fred.  — Ficarei com duas de suas unhas. Quando encontrarem um dos dois, você pode quebrar suas unhas remotamente. E caso nós os encontremos, quebraremos as unhas e isso emitirá um sinal para o corpo do Fred.

    — Certo! Bom plano! — disse Fred, lançando duas de suas unhas contra Oceano, que as segurou prontamente.

    — Dito isso, vamos nos dividir.

    Movendo a ave em que estava montado, Oceano voou em direção oposta à dos seus companheiros. Eles desceram a superfície cuidadosamente, avistando rios de lava percorrendo algumas partes daquele solo enegrecido.

    Lhes passava por sua mente perguntas de como o rei dos bandidos havia feito para gerar uma dimensão dessas no subsolo de Hengrancia. Seu poder era tão grande assim? Se assim for, provavelmente não havia ninguém páreo para o derrotar. Então, restava apenas cumprir as provas e deixar essa tarefa para os aventureiros rank S.

    — Desde sempre nunca fomos páreos — finalizou Frida, aterrissando na superfície, mas não tocando o chão. Ela mantinha o animal flutuando a alguns centímetros da terra enquanto vagueava seus olhos por montanhas e névoas passeando pelo ar.

    — Rein trará o mestre para aqui e com certeza acabaremos com isso tudo! — disse Fred, batendo os punhos.

    — Sinto uma mana no fundo — emitiu Frida, subindo um pouco o animal flutuante para que não fosse afetada por um rio de lava. — Tem duas pessoas lá, ao que parece…

    — Devem ser Zernen e Jarves! Então, eles estão bem! — Theresa sorriu, acelerando seu veículo que não tardou a cair no chão, bem perto de um penhasco.

    Theresa arregalou os olhos, lançando suspiros frenéticos. Por pouco ia caindo.

    — Pessoal!!!

    Quando ouviu essa voz, ela se levantou e pôde observar aqueles dois acenando suas mãos.

    — Meredith…

    — Mas cuidado, médica — disse Frida, esticando sua mão.

    Theresa pegou a mão e juntas montaram naquele animal, atravessando o penhasco enquanto contemplavam aquele grande abismo.

    Depois disso, enfim pousaram em terra firme.

    — Pessoal, que bom que estão bem!

    Meredith sorriu enquanto recebia um abraço caloroso de Theresa.

    — Estou feliz por vê-la novamente. Você me deixou bastante preocupada.

    — Desculpa, agi com impulso. Mas agora estou bem!

    Meredith afagou as costas dela com mansidão enquanto encarava os demais.

    — Então quer dizer que nem você conseguiu atravessar isso aqui? — Fred sorriu. — Sinto uma sensação de alívio e desgosto ao mesmo tempo!

    — E os outros? — Jarves perguntou, viajando seus olhos. — Zernen, Oceano… E o teu irmão?

    — Primeiro, que ele não é meu irmão — Frida respondeu friamente. — Segundo que supostamente o Zernen deveria estar com vocês.

    — Precisamos procurá-lo, então!

    — Calma, o Oceano já está fazendo isso — disse Fred, meneando o polegar na direção oposta. — E do lado de onde viemos, não vimos nenhum sinal dele.

    — Parceiro de negócios, onde você se meteu? — murmurou.

    — O mais importante agora, pessoal — Meredith chamou a atenção. — Eu encontrei o portal para sairmos dessa dimensão.

    — Encontrou?

    Frida e Fred ficaram espantados. Suas vozes se fundiram, gerando um uníssono.

    — Onde?!

    — Lá mais para frente, tem uma construção de argola que abriga sete pedras como essas. — Retirou a pedra que estava no seu bolso. — Jarves tem uma, então só nos restam mais cinco.

    — Então, a minha teoria de tudo estar conectado estava certa — Frida sorriu, pegando a pedra de dentro da criatura. — Agora, nos restam quatro.

    — Três.

    — Dois. — Theresa apontou para a criatura, que havia deixado do outro lado da margem.

    — Perfeito! — Meredith sorriu. — As duas restantes devem ser trazidas pelo Oceano e o Zernen!

    A pedido de Theresa, Fred retornou à outra margem para retomar sua criatura que continha a pedra.

    — Nos leve a esse portal — emitiu Frida, montando na criatura, mas ela não estava reagindo. — O quê?

    — Pode ser que, uma vez retirada a pedra, seja impossível de deslocar a criatura — disse Jarves.

    — Que seja. Vamos a pé.

    Quando Frida disso isso, Fred estava chegando montado na antiga criatura de Theresa.

    — A pé.

    Hã?

    Fred indagou.

    — A pé, companheiro! — Jarves bateu nos ombros de Fred, que ficava mais confuso.

    — Depois quer falar de egoísmo, hein, Frida?

    Diante das palavras picantes de Theresa, Frida mordeu os lábios e resmungou.

    ? O que eu perdi?

    — As damas querem andar de moto, digo, de animal — Jarves riu. — Ah, que seja!

    — Você às vezes diz umas palavras fora do comum. Você, por acaso, está bem? — questionou Theresa, o olhando com os olhos franzidos.

    Hahahaha! É claro que estou bem! Por que não? Cada um tem seu tique. Não me forcem a revelar o de vocês… — Jarves murmurou.

    — Vai em frente, então.

    — E-Eu acho melhor não, Theresa, de jeito nenhum!

    Meredith pegou nos ombros de Theresa, tremendo, nervosa, enquanto ficava vermelha como tomate.

    — Meredith?

    — Ei, vocês… — Frida reuniu a atenção de todos.  — Vamos caminhar. Deixem de brincadeiras.

    Meredith assumiu seu semblante de seriedade.

    Ah, afinal, precisamos cumprir essa prova, custa o que custar!

    Dito isso, guiados por Meredith, eles começaram a caminhar, atravessando rios e lagos de lava enquanto saltavam sobre grandes pedras. Algumas vezes, perdiam o equilíbrio e acabavam por cair em cima um do outro.

    Alguns, na verdade, dois deles, apanhavam galos e repreensão por caírem em partes indesejadas, se perguntando o porquê deles sofrerem, sendo que era tudo obra da natureza.

    Até que, depois de tanta caminhada, chegaram no portal onde supostamente encontraram alguém familiar dormindo encostado naquela argola gigante que continha sete buracos não preenchidos.

    — Então, quer dizer que, esse todo tempo… — Jarves semicerrou os olhos, observando aquela boca cheia de baba soltar altos roncos. — A gente se preocupou à toa?

    — Parece digno do Zernen — Meredith sorriu.

    — Ei, acorda!

    Assim que Jarves chutou o traseiro dele, ele acordou desnorteado, olhando para os lados enquanto se perguntava o que estava acontecendo.

    Ah, Jarves, é você… — Zernen começou a rir enquanto se levantava. — Demorou bastante! Fiquei tão cansado de esperar que peguei no sono.

    — Não era suposto você vir me procurar? Eu quase morri, sabia?!

    Hahahaha! Mas está aqui, não está? E também vejo que trouxe a noiva do nosso renda mensal consigo.

    Hã?

    Meredith ergueu uma de suas sobrancelhas, fazendo uma expressão severa.

    — Ei… — Jarves sussurrou algo no ouvido do Zernen, que o deixou com um semblante um tanto quanto apavorado.

    Ah! Sim! Desculpa!

    Meredith suspirou enquanto recebia olhares confusos dos demais.

    — Fred, já avisou o Oceano?

    — Faz tempo! Ele deve estar vindo…

    — Olá! — Oceano acenou atrás dele, causando susto em quase todo mundo, fazendo-os pressionar seu peito. — Ainda bem que conseguimos nos encontrar. Por sorte, eu estava sobrevoando essa área acima.

    — Com todos reunidos, podemos atravessar o portal! — Meredith andou até o portal e colocou uma pedra amarela, que começou a brilhar.

    — Aqui vou eu! — Jarves foi o segundo a colocar sua pedra, que imediatamente começou a brilhar, lançando uma luz que se interligou a outra pedra.

    Frida foi até a argola e tentou saltar para alcançar o buraco acima, mas não conseguiu.

    Contudo, logo se viu carregada por mãos ásperas. Ela se debateu, ordenando para que a soltassem. No entanto, quando seu rosto se encontrou com o de oceano, ela corou e colocou a pedra no buraco.

    — Você podia ter avisado antes… — murmurou.

    — Disse algo? — emitiu oceano, a pousando no chão.

    — O-Obrigada…

    Oceano sorriu, colocando sua pedra.

    — Certo, minha vez!

    Fred colocou uma pedra. Theresa também, totalizando seis pedras.

    Eh, pessoal… — Zernen levantou a mão. — Eu comi a minha pedra…

    — Burro!

    Jarves xingou.

    — Idiota — Theresa acrescentou.

    — Seu inconsequente — Frida finalizou.

    — É que eu estava com fome! O que mais eu iria fazer?

    — Não tem problema — Fred sorriu ardilosamente, cerrando ambos os punhos. — Basta fazê-lo vomitar! Comigo era assim!

    — Não precisa — emitiu oceano, olhando para o companheiro do seu lado. — Vá.

    O irmão falso da Frida retirou uma pedra e caminhou até o portal enquanto resmungava.

    — Se não fosse por mim… — Ele colocou a pedra, finalizando.

    Uma luz dourada abrangeu toda a argola, formando uma pequena esfera no centro, que crescia gradualmente, atraindo os olhos cintilantes de todos.

    — Vamos a isso, então!

    Jarves cerrou os punhos enquanto sorria.

    Todos assentiram, adentrando ao portal, mas mal sabiam eles que o que os esperava era mais aterrador do que as provas anteriores que já haviam passado.

    [Parabéns, vocês passaram da segunda prova! Crianças 2 liberta]

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota