Índice de Capítulo

    — O que está acontecendo com eles? É como se estivessem hipnotizados…

    — É porque estão. Não lembra da história que o Jarves contou, Theresa?

    — Era só isso que me faltava. Os contos virando realidade.

    Theresa pegou em sua cabeça, enquanto observava aqueles três nos braços daquela mulher, que lhes sorria enquanto afagava seus cabelos, lhes cantando uma doce melodia.

    — E agora, o que faremos?

    Antes que Meredith pudesse responder, aquela sereia atraiu sua atenção.

    — Escutem, feiosas… — Ela deu um sorriso travesso enquanto deslizava seus dedos no pescoço dos rapazes encantados, que pareciam cachorros fissurados em ossos. — Não há lugares para vocês aqui, sabem por quê?

    Theresa semicerrou os olhos enquanto Meredith cerrava os punhos, impaciente para acabar com a raça daquela mulher que seduzia calorosamente seus amigos.

    — Porque eu odeio mulheres. Sobre tudo, feias como vocês.

    Os lábios daquela mulher formaram um sorriso ardiloso enquanto seus traços se contorciam de nojo.

    — É mesmo, é?

    Meredith retirou a espada da bainha enquanto franzia as sobrancelhas.

    — Meredith, não caia nas provações dela.

    Theresa tentou amenizar o ambiente, pousando as mãos sobre seus ombros.

    — Estou calma, tão calma que vou fatiar a carne dela em pedaços. — Meredith bateu os pés e nadou em direção à sereia enquanto veias extrapolavam seu rosto. — Na minha terra, sabe o que a gente faz com piranhas como você?

    — Me chamou de piranha?

    — A gente faz picadinho e assa na fogueira!

    Com espada acima dos ombros, Meredith, na rapidez de seus pés, rasgou as águas, que formavam bolhas e dispersão ao seu redor.

    A sereia abriu um sorriso ardiloso, esticando um dos seus braços, que liberou uma montanha de peixes carnívoros, que exibiam dentes afiados e bocas grandes. Seus olhos eram tão separados, que contribuíram para sua feição assombrosa.

    — Turbilhão de cortes!

    Com apenas um balançar, Meredith desferiu milhares de cortes que deixaram aqueles peixes em pedaços, seus estilhaços de carne imbuídos em sangue flutuando pelas águas, enquanto espalhavam um cheiro horrível.

    Contudo, Meredith mal se importou, continuou a nadar.

    No entanto, quando aquela mulher estalou os dedos, os restantes das carnes se reuniram, se juntando grosseiramente para formarem um peixe vermelho gigantesco que parou diante da Meredith enquanto seus milhares de olhos dourados a fitavam, cada centímetro do seu corpo.

    — Turbilhão de cortes!

    Novamente o mesmo ataque, mas dessa vez, não teve efeito. Meredith conseguiu fazer alguns rasgões, que deixavam quantidades exorbitantes de sangue deslizar na superfície de sua pele, mas nada que não fosse regenerado em questão de segundos.

    Ela arregalou os olhos e tentou, tentou e tentou, mas seus cortes não eram profundos o bastante para dividirem o peixe em pedaços, prosseguindo com a regeneração.

    Meredith cerrou os dentes e recuou, reposicionando sua espada para outra tentativa.

    — Feiosa, por que persiste?

    Quando aquela mulher estalou os dedos, o peixe vermelho se afastou.

    — Não percebe que esses homens fogem de você. Você nunca será amada como eu sou. Nunca entenderá o que é ser desejada.

    “Desejada”

    “Amada”

    Essas duas palavras ressoaram na cabeça daquela mulher como uma melodia horrível, lhe lembrando daquele dia, do dia em que descobriu a farsa em que vivia, em que seu coração foi partido em mil pedaços. Sua cabeça começou a doer enquanto uma náusea tomava conta do seu estômago.

    Meredith colocou a mão sobre a cabeça, lançando gritos ao alto enquanto gritava para que aqueles pensamentos abandonassem sua mente o mais rápido possível.

    — Aaaaaah!

    Theresa correu até Meredith com urgência, batendo seus pés naquelas águas.

    — Vocês me amam, não é, rapazes?

    — Sim!

    Um uníssono fluiu de suas bocas, atormentando mais e mais a ruiva.

    Assim que Theresa chegou ali, tocou no ombro da ruiva e pousou sua mão sobre sua cabeça, gerando uma esfera verde que amenizava a dor.

    — Ei, mulher… — Theresa olhou para ela com olhos estreitos. — Por que está fazendo isso? Você é racional, não é? Por que está se submetendo a isso?!

    — Do que você está falando, feiosa?

    — Vai se fazer de idiota, não é?

    — Cansei. Vocês morrem aqui!

    Ela estalou os dedos, fazendo aquele peixe vermelho voar até ela em alta velocidade, com a boca toda aberta.

    — Eu… — Theresa fechou os olhos, colocando a mão no bolso do jaleco, movendo seus lábios para emitir algo. Seu coração estava acelerando e aquele peixe perto. Não obstante, uma voz ressoou, fazendo o peixe parar justo no momento em que estava prestes a devorá-las.

    — Meu amor, pare.

    O irmão da Frida acariciou sua bochecha.

    — Ponha-se no seu lugar. Você não me dá ordens.

    — Isso, elimine as feiosas — Zernen acrescentou.

    — No céu, nas águas e na terra, não devem existir mais mulheres que se oponham à sua majestade. Você é a única digna de amor — Jarves disse, colocando a mulher com um sorriso estampado no rosto.

    — Ouviu isso?

    Ela olhou para o irmão da Frida.

    — Aprende com eles. Sou a única digna de amor aqui.

    — Sim, aprendi. Como desculpa, entoarei uma música. Posso?

    — Pode, mas antes… Hã?

    Quando olhou para a direção de onde deviam estar as mulheres, elas não estavam mais ali.

    — Viu? — Ela deu um tapa nele, que deixou uma marca rosa de coração. — Por sua culpa, aquelas feiosas fugiram daqui! Maldição! — Ela estalou os dedos, atraindo a atenção do peixe. — Vá atrás delas agora e traga suas cabeças para mim, entendeu?

    O peixe acenou e saiu correndo atrás daquelas mulheres.

    — Eu também quero um tapa do amor.— Jarves se aproximou mais da mulher, a deixando corada.

    — Não, dê a mim!

    Zernen colidiu seu ombro contra o de seu rival, o afastando.

    Aqueles dois iniciaram uma briga por aquela mulher. Para colocar fim naquela disputa incessante, ela afagou os cabelos deles e emitiu um som melodioso de seus lábios, que fez seus corações acelerarem.

    — Meu coração tem espaço para todos vocês.

    Enquanto aqueles homens se viam acolhidos por tanto amor e carinho, seus olhos ficaram vermelhos enquanto um sorriso repleto de dentes enormes e afiados como os de um tubarão, que deixavam uma fumaça escapar, se abria.

    — Em breve, seremos uma só carne também.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota