Índice de Capítulo

    Região do pântano

    Lança para cá, lança para ali, Oceano se esquivava constantemente dos ataques incessantes produzidos pelo homem das cavernas, que continuava firme em seu semblante, uma pujança de um guerreiro de eras passadas a cada golpe.

    Oceano movimentava os braços energizados de aura de um lado para outro, contendo os ataques enquanto recuava. Estava numa posição defensiva devido ao pressionamento excessivo que sofrera.

    Assim que apanhou uma brecha, quando o homem desequilibrou-se no lamaçal, Oceano o chutou na sua cintura com máxima força, o arremessando contra uma das árvores que ficava ao pé do lago, agora imbuído em lama.

    O homem pousou a lança no lamaçal e travou seus pés, numa troca de olhares com seu oponente que se reajustava, formando uma pose ofensiva.

    — Não precisamos chegar a isso. — Ele cerrou os punhos. — Um diálogo poderá resolver isso, não acha?

    — Mim querer você fora daqui!

    Manejando a lança como se estivesse realizando uma espécie de malabarismo, o homem apontou contra o Oceano, uma lâmina tão afiada quanto a ponta de um lápis, enquanto recuava um dos pés para trás.

    “É, parece que esses caras são projetados por determinados comandos” , Oceano pensara, aliado a algumas informações colhidas por parte da Theresa, que o contara da sereia.

    “No entanto, ela também havia dito que com palavras Jarves conseguiu convencer a sereia por poucos instantes.”

    — Você quer…

    Antes que Oceano pudesse verbalizar as mesmas palavras que Jarves havia dito para a sereia, com um zas, o homem estava à sua frente. Ele nada mais fez que se esquivar; para direita, para esquerda, da lança pontiaguda que fazia um zarp no seu ouvido, um corte no vento que ecoara em som sibilante.

    “Por enquanto, vou esquecer isso e vou dar o meu máximo para vencer!”

    Assim que disse isso, Oceano segurou a lança do homem e o deu uma ajoelhada em seu queixo. No entanto, nem por isso ele se deixou abater, retirou a lança das mãos do Oceano, rasgando sua pele violentamente, e se recompôs, dando um salto e assentando-se em um ramo de uma árvore frondosa.

    Mais tarde, se escondeu ali.

    Oceano deu um sorriso travesso, fechando o punho ensanguentado e o recuando, numa pontaria certeira para aquela árvore.

    No entanto, quando estava prestes a atirar, por instinto seus olhos foram direcionados para trás, onde avistou um rosto sinistro, mas tarde demais…

    Recebeu um chute bem forte nas costas e foi arremessado, enquanto seu cérebro tentava processar como aquele homem havia chegado a si tão rapidamente.

    Conseguiu, com sucesso, revirar seu corpo em pleno ar, antes que caísse em pleno lago seco, mas deparou-se com uma série de golpes desferidos no vento, que rasgaram sua pele em pequenos cortes, sangue carmesim saltando e percorrendo cada extensão da sua pele.

    Oceano caiu na poça de água presente no lamaçal do lago seco e ricocheteou por outras poças, como se fosse uma pedra jogada. Suas vestes úmidas agora estavam encharcadas novamente. E seu corpo estava próximo a dois dos corpos de crocodilos sem vida.

    Mas ainda assim, não pôde respirar em paz. Segurando uma liana, o homem apareceu em pleno céu, rodeado por folhas e ramos de árvores, e lançou mais golpes. Como forma de se esquivar, Oceano rebolou de um lado para o outro, os golpes cavando a lama agressivamente, respingos dançando aqui e ali.

    Fez este exercício até o momento em que conseguiu se afastar o suficiente para poder saltar e se recompor. No momento em que fez isso, enquanto estava de pé, o homem estava em frente a ele, com sua lança apontada.

    Oceano deu um sorriso enquanto suspirava com leveza, preparando seus punhos. Ainda tinha energia sobrando, mas não sabia quanto isso duraria… Foi então que, no meio deste impasse, enquanto raciocinava por uma estratégia formidável para acabar com aquele homem, acabou lembrando que, mais adiante, havia uma colônia de flores carnívoras que, segundo Theresa, possuíam veneno.

    “Isso…”

    Oceano acabou adotando essa decisão. Dito isso, passou todas suas energias para os seus pés, apostando tudo numa corrida incessante pela sobrevivência. Se conseguisse que aquele homem caísse na isca, era xeque-mate.

    Assim que o homem, num zas, havia chegado contra seu rosto, sua lança prestes a transpassar seu pescoço, Oceano aproveitou a lama que lhe concedeu velocidade a mais, escorregando com rapidez, a lança cortando acima do seu peito. Depois disso, deu um golpe com o pé no queixo do homem, o arremessando para cima.

    Naquele mesmo instante em que o homem flutuava no vento, ele aproveitou para iniciar sua corrida, deixando rastros de lama para trás, à medida que avançava pelo espaço arborizado.

    Mas…

    Zas!

    Era o que seu ouvido podia captar. Seus olhos reviraram por um instante, avistando um homem correndo com uma lança na mão, a alguns metros de si.

    “Para quem queria me ver fora, é um comportamento incoerente… ”

    Isso só fundamentava ainda mais a tese de que esse cara não passava de uma marionete neste joguinho. Estava tudo programado. Não havia pensamento próprio e seu objetivo estava definido: caçar e abater!

    Após percorrer uns quantos metros, Oceano chegou no lugar onde havia cinzas espalhadas e, como havia previsto, várias flores carnívoras começaram a se formar e as raízes no chão ganhavam vida, se remexendo de um lado para o outro.

    Oceano parou exatamente no centro do problema, estando rodeando de árvores, arbustos e flores carnívoras, cujos caules serpenteavam pelos troncos, enquanto suas bocas; seus lábios tingidos de vermelho, repletos de dentes de espinhos, rosnavam, ávidas por devorar.

    O homem também chegou, rodeando seus olhos por aquele ambiente ofensivo que se formava. Curiosamente, para o Oceano, ele não se importou, ele deu um sorriso malicioso… Ele estava muito à vontade.

    “Não, será que…”

    Foi quase que instantâneo tal percepção. Ele, quem, devia protagonizar a armadilha, acabou caindo. Ao invés de lançar seus espinhos e suas bocas para os dois — o que abriria espaço para ele se esquivar — as plantas optaram por concentrar todo o ataque no Oceano. Ao passo que ele estava encurralado, inclusive pelo próprio homem das cavernas, que manipulava sua lança contra ele.


    Região da praia

    — Rawwww!

    A pressão exercida por zernen pereceu diante do rebatimento perpetrado por aquele monstro que compartilhava semelhanças gritantes com o pterodáctilo da era mesozóica. O rugido absorveu o soco invisível, aumentando seu poderio, enquanto rumava contra aquele rapaz, que acabou dando um sorriso triunfante, juntando seus braços.

    — Hehehe! Hora de comer!

    Ele lambeu os lábios. No entanto, a milésimos do ataque, Fred acabou gritando como forma de o despertar.

    — Não vai funcionar!

    O alerta chegou tarde demais.

    Zernen recebeu aquele golpe, contrariamente ao que pensava, que iria para dentro do seu corpo, no entanto, acabou permanecendo na parte externa e com resultados catastróficos. Pela intensidade, ele foi derrubado, enquanto os efeitos se faziam sentir. Sua pele fora rasgada, milhares de feridas se abriram, acompanhados de inúmeros arranhões.

    Seu cabelo acabou ficando eletrificado, enquanto sua massa cinzenta tentava processar o que lhe havia acontecido. Seus olhos estavam entreabertos, enquanto observava aquele homem naquilo que considerava um pássaro gigante.

    — Tolo arrogante… — murmurou o homem com um nítido sorriso de triunfo. Aos seus olhos, aqueles dois não passavam de cadáveres a segundos de serem finalizados.

    — Zernen!

    Fred deslocou sua cabeça para o lado, contra a dor do seu corpo, olhando-o com olhos arregalados e uma expressão contorcida em profunda preocupação.

    — Droga… Eu deveria ter o atualizado, é claro que ele não saberia… — Ele cerrou os dentes, movendo-os em ligeiro som ruidoso. — Até para isso, você não está prestando, droga.

    — Dito isso…

    Os olhos do Fred foram atraídos aos lábios daquele homem, que teciam palavras de sentença imediata.

    Depois de um bocejo, enquanto as asas de sua besta não cessavam suas batidas, seus olhos novamente pousaram contra os que considerava parasitas.

    — Adeus.

    Quando ele disse isso, seu monstro abriu aquela boca grande, prestes a lançar mais uma vez aquele ataque que havia derrubado Zernen. Um rugido que misturava som e vento, uma investida sem precedentes.

    — Droga, eu preciso fazer alguma coisa.

    Fred tentou levantar-se em desespero, sua cabeça estava passando por uma frenesi, que parecia querer explodir diante de tantas pontadas de dor. Seu corpo enrijecido custava responder, era lento e o ataque não demoraria segundos.

    — Faça alguma coisa!!!

    — Ei!!

    Um grito que deu esperança ao Fred ressoou.

    — Toma essa!!!

    Zernen arremessou um monte de areia contra aquele monstro. Era tanta que se espalhou e alguns grãos voltaram para eles. Mas aquilo era inútil, não faria nenhum dano… Pelo menos, era o que todo mundo ali pensava.

    — Cof! Cof! Cof!

    O pássaro gigante começou a engasgar. A verdade era que no meio daquela toda areia havia uma pedra escondida que rasgou o vento tão rápido que nenhum deles conseguiu perceber, principalmente devido à distração da areia.

    O ataque havia sido impedido.

    — É isso que dá ter boca grande. — Zernen levantou-se, com as vestes todas cobertas de rasgões, mas com um sorriso em meio aos arranhões. — Agora, veja, engasgou, foi?

    O animal, sufocando, começou a perder o controle, se debatendo no vento, enquanto descia em direção ao solo.

    — Caramba… — Com algumas gotas de suor percorrendo seu rosto, Fred mostrava-se espantado com aquela investida surpresa.

    — Soco invisível!

    Zernen mal esperou nenhum dos dois se recompor, começou a lançar uma série de socos, pressões rasgando o vento em rajadas, que culminavam em um único alvo.

    — Covardia… — Estando a língua, enquanto via seu monstro sendo atravessado por aqueles ataques incessantes; feridas se abrindo, o homem preguiça teve que saltar e aterrar no chão. Seu animal foi logo em seguida, provocando uma explosão de poeira e uma cratera do tamanho do seu corpo.

    — Eh, eu ouvi covardia? Não, agora, sim, estamos em pé de igualdade.

    Assim que a poeira baixou, seus olhos se encontraram.

    — Ah, o sangue do meu animal clama… — Ele coçou seu cabelo freneticamente, enquanto encurvava o rosto ligeiramente. — Eu ouvi o quê? Você quer justiça? — Arregalou os olhos, suas pupilas dilatando a cada coçada.

    — Justiça eu vou fazer com sua cara! Soco invisível!

    Zernen não tardou, arremessou mais socos. Aquele homem tentou se desviar, mas era lento demais, tanto que acabou sendo afetado pelos socos, que penetraram suas vestes e espancaram sua pele, abrindo feridas sangrentas. Ele caiu por terra.

    — Caramba, então quer dizer que você não é de nada, seu miserável.

    Zernen foi se aproximando dele, enquanto batia um punho com a palma.

    — Impressionante. — Fred deu um sorriso, colocando-se sentado. — Bom saber que esse cara só dependia desses animais. Assim só nos poupa trabalho.

    — É…

    No entanto, aqueles sorrisos acabaram por sumir quando um tremor acabou por tomar conta daquele espaço em que se encontravam, fazendo até mesmo as ondas das águas chacoalharem.

    — O que vem a ser isso?

    Fred arregalou os olhos numa expectativa de que algo ainda mais aterrador estava prestes a acontecer.

    Zernen colocou os punhos em posição, observando atentamente o corpo daquele homem, que começou a levantar-se do chão. Pelo que dava para ver, ele estava inconsciente.

    — Seu… Soco invisível!!

    Sua pressão cortante sequer chegou a afetar àquele homem, pois dois ossos acabaram se colocando contra.

    — Zernen…

    Com o murmúrio do Fred, Zernen acabou presenciando algo ainda mais horripilante…

    Todos os corpos daqueles animais estavam se desfazendo, se transformando em areia, dando lugar a ossos que se levantavam e projetavam a imagem esquelética dos dinossauros outrora derrotados, inclusive a do pterodáctilo que ergueu-se e bateu suas asas ósseas.

    — Eita… — Zernen tirou um sorriso tenso enquanto arregalava os olhos, mas depois fechou os seus olhos e, com um novo olhar, um sorriso travesso, encarou aquele novo desafio que havia se formado.

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