Índice de Capítulo

    Região do Bosque

    Enquanto tinham os seus olhos no céu, fitando aqueles cetros desaparecendo, repentinamente o chão começou a estremecer, um vento aterrador começou a balançar as árvores de um lado e, quando menos esperavam, rachaduras profundas emergiram, iniciando uma divisão territorial.

    — Precisamos sair daqui imediatamente!

    — disse Theresa e, Sond confirmou, balançando a cabeça positivamente.

    Iniciaram sua corrida, saltando rachaduras enquanto um cubo daqueles que havia pegado o cetro lhes vinha ao encontro. Deram um sorriso, pois a ajuda estava próxima, no entanto… Uma rachadura cortante abriu uma fenda abismal, que separou os dois, mesmo estando a pequenos centímetros.

    Theresa foi jogada de traseiro e, quando deu por si, Sond estava com a mão fixada em um galho que lhe amparava de cair naquele abismo logo abaixo de si.

    Assim que Theresa se levantou, arregalou os olhos e tentou trazer Sond de volta. O cubo estava estacionado a alguns metros mais adiante e o obstáculo para chegar ali era um profundo buraco que se estendia horizontalmente a uma árvore frondosa.

    E no meio disso, um ambiente enevoado causado por uma profunda destruição havia se formado, obstruindo a visão tanto de quem olhava de cima, como de quem estava de baixo.

    — Sond! Espera! Eu vou te ajudar!

    Sond balançou a cabeça negativamente.

    — Não… Você já deve ter percebido que esse lugar está se desfazendo, se você não se apressar…

    — Mas eu não posso te deixar aqui! — Theresa tentou esticar sua mão, mas Sond estava a alguns metros para que sua mão alcançasse, apenas uma corda bem resiliente o poderia salvar naquele momento. E as lianas estavam na árvore que delimitava o penhasco.

    — Espere! — Theresa saiu correndo. Doía lhe saber que, mesmo com o retorno de magia, não podia usar o Golem, porque o mesmo não lhe respondia, ademais, seu tamanho possivelmente atrapalharia.

    No entanto, enquanto corria, Theresa acabou ficando com o pé encravado, dando um grito que chamou a atenção do Sond, que se encontrava a centímetros da queda, pois aquele galho estava prestes a se quebrar.

    Então, entoou sua última melodia que fez com que o corpo de Theresa dançasse, se movendo contra sua vontade para aquela árvore que também parecia cair. Assim, Theresa, com o pé machucado, em agonia, dançou a árvore que acabou por cair, facilitando sua travessia. No meio do caminho, acabou tomando para si uma liana, ainda assim continuando a dançar.

    — Para! Já estou segura!

    Assim que ouviu isso, Sond parou de entoar e então, rapidamente, Theresa correu com a corda e, quando a lançou contra ele, o galho quebrou-se e a corda não mais o alcançou.

    — Eu desisto — emitiu Sond antes que fosse completamente engolido pelo abismo, seu corpo ganhando um tom brilhante e se desfazendo em purpurinas que se extinguia nas profundezas.

    — Sond!!!!

    Com lágrimas nos olhos, Theresa bradou. Mas não podia fazer mais nada, se não honrar o sacrifício de Sond e correr ao cubo que estava a metros. Teve que saltar muitas rachaduras e por pouco não entrava dentro, já que uma rachadura que havia afetado um dos pés, quase lhe derrubando.

    Com uma ferida aberta, ela estava assentada. Assim que entrou, aquele espaço desabou e o cubo começou a voar em direção ao céu em meio àquela névoa de destruição.


    Região da Savana

    — Caramba, o que é isso? O chão tá desabando! — Jarves corria sem parar daquelas rachaduras que o perseguiam, abrindo erosão a cada metro próximo dele. Saltava e se esquivava, sendo quase esmagado por um pedregulho que caiu e levantou uma enxurrada de poeira.

    Lá, mais adiante, ele viu um cubo descer em seu socorro, o que o fez apressar ainda mais os seus passos. Um pouco adiante, encontrou Frida no que parecia estar correndo, a passos de tartaruga.

    — Você chama isso de correr?

    — Quer que eu faça o quê? Se você acabou com minha mana!

    — Vem! — Jarves se agachou. — Sobe!

    — Não sei se confio…

    — Deixa de brincadeira, Frida! — Jarves falou tão severo, que Frida em sua quietude, apressou-se e subiu, calçando seus pés na cintura dele e entrelaçando as suas mãos ao pescoço.

    — Que coisa macia é essa que eu estou sentindo?

    As bochechas de Jarves ficaram rubras ao sentir dois objetos redondos pairarem sobre suas costas.

    — Eu sabia, eu deveria descer! Me solta!

    — Estou brincando!

    — Eu juro que, quando isso terminar, você me paga!

    Com essa ameaça em mente, Jarves começou a correr enquanto carregava Frida consigo, desviando de alguns caminhos bloqueados por rochas e tendo que atravessar uma encosta íngreme que havia se formado em rápida velocidade, dando um salto que o colocou em cima, se assentando naquele rochedo.

    Mas depois se deparou, abaixo, com uma montanha de pedras irregulares, algumas pontiagudas, que haviam se formado ao longo do trajeto, que levava ao cubo projetado do Oceano.

    Então, com um sorriso, deu um salto, que ao pousar fez seus pés se contorcerem de dor, mas ainda assim, continuou a correr enquanto se esquivava das pedras que o poderiam fazer escorregar e das pontiagudas que o poderiam ferir.

    Só que…

    Um tremor se abateu, uma rajada dividiu horizontalmente o caminho em que se encontravam e Jarves esteve a um passo de sua queda para o abismo, a sua atrás, mas quando escorregou em uma pedrinha, acabou indo contra o lugar de onde já havia escapado.

    Neste meio tempo, Frida tomou uma decisão. Descolando seus braços e pernas do Jarves, no meio de sua gritaria, usou de toda sua força para chutar com seus dois pés Jarves até a superfície enquanto dava um sorriso.

    — Eu sabia que não deveria confiar em você!

    — Frida… Frida! — Jarves nem sequer conseguia virar, apenas gritava enquanto se via traçando uma trajetória curvilínea até a superfície pedregosa.

    — Então é assim que acaba? Eh… — Foi fechando os olhos enquanto esticava os braços para o Jarves, que não parava de gritar enquanto, depois de assente, lhe esticava os braços. — Deem o seu melhor e vençam! Eu desisto!

    Assim, os olhos de Jarves foram tomados pelo brilho que emanava do corpo de Frida, que logo se desfez em purpurinas, desaparecendo naquele abismo.

    Com lágrimas nos olhos, Jarves cerrou os lábios e, relutantemente, avançou contra o cubo enquanto gritava: — Rei dos bandidos, você me paga!

    Logo, adentrando ao quadrado e sendo levado ao céu enquanto suspirava ofegante com uma expressão contorcida de profunda tristeza, seus olhos pairaram no abismo que havia engolido sua amiga e que agora se expandia por todo aquele espaço.


    Região desértica

    — Parece que é o nosso fim — murmurou o irmão da Frida. Nesta altura, depois de tanto correrem para fugir das rachaduras, eles acabaram sendo pegos.

    Agora estavam presos em um pedregulho, um ponto no meio de uma argola profunda que dava acesso à superfície. A cada momento, ia se desfazendo e a distância para que pulassem era impossível, além de não ter nenhuma mobilidade para o impulso.

    — Foi uma boa luta — Meredith disse, tentando não olhar para o abismo enquanto se encostava cada vez nele. — Minhas dúvidas sobre você desapareceram. Por isso, peço imensas desculpas.

    — Quê isso? Não precisa. — Ele se achegou mais a Meredith, vendo que a destruição estava chegando bem próximo às suas pernas. — Sua desconfiada foi justa, afinal eu ainda faço parte do reino do rei dos bandidos.

    — Ainda faz?

    — Mas quero deixar de fazer. Assim que isso tudo acabar, vou dar um jeito na minha vida.

    — Hum, faça isso. — Meredith deu um sorriso amistoso.

    — No três, a gente desiste, não é?

    Assim que o irmão da Frida disse isso, Meredith balançou a cabeça positivamente enquanto interiormente rezava para que os demais se dessem bem e continuassem essa jornada por ela.

    — Três… Dois…

    Antes de chegarem no um, puderam contemplar um cubo que veio em direção a eles em alta velocidade para sua alegria e, antes que o pináculo em que estavam desmoronasse de vez, foram capturados. O cubo saiu voando, enquanto eles soltavam suspiros de alívio.

    — Essa foi por pouco… — emitiu Meredith, elevando a mão ao peito.

    — De fato, que magia mais poderosa é essa… A do Oceano.

    — De fato.

    Assim, desapareceram em na névoa de poeira, que havia se formado em meio ao rastro de destruição.


    Região da praia

    Enquanto isso, Fred, carregando Zernen nas mãos, corria contra as ondas do mar que, como um tsunami, ameaçavam o engolir. Mesmo tendo atravessado a região esverdeada, a perseguição não cessou, ele teve que continuar a correr até ter seus passos travados quando tropeçou em algumas raízes, havendo caído e derrubado o Zernen desacordado. Tentou se recompor, mas arregalou os olhos quando avistou aquelas águas devoradoras. Naquele impasse, dava apenas tempo para ele correr sozinho.

    A escolha era óbvia, perecer com o Zernen. Não podia deixá-lo naquele estado ferido em que não podia sequer desistir, e ele também tinha medo de desistir e acabar o deixando para trás. Então fazia de tudo para tentá-lo acordar e assim ambos desistirem. Seus balanços, seus tapas não resultavam, ele estava num estado profundo de coma.

    — Por favor, não… — Arregalou os olhos profundamente enquanto rezava aos céus por ajuda, e foi atendido.

    Um cubo os capturou segundos antes da água, em sua rota curvilínea, atingi-los, alguns dos salpicos deslizando pela superfície daquele cubo.

    O cubo subiu ao alto e Fred pôde contemplar a devastação de todo aquele território.

    — Caramba…

    O cubo foi voando até pousar numa região cujo verde era denso. Enquanto pairava no lago seco, que agora trazia consigo um portal, Fred podia observar seus companheiros que acabavam de chegar assim como ele. Desceram dos cubos para a superfície, todos cansados.

    Oceano estava em frente ao portal, enquanto o tremor não parava de soar. Já se via o tsunami chegando e o abismo que engolia aquele espaço mais perto para devastar aquela área.

    — Não há mais tempo! Todos estão aqui, não é?!

    Oceano mal conseguia ver direito os que estavam e os que não estavam, pois o cansaço pesava sobre os seus olhos e, aliado a isso, depositava uma das mãos na testa, pois aquele ponto estava ardente de dor.

    — Frida se foi…

    — Sond também…

    Ao ouvir isso, todos ficaram boquiabertos e descrentes. Oceano nada mais disse que: — Vamos entrar. Isso está prestes a romper.

    — Oceano… — Fred murmurou num tom miúdo, uma dor latente por haver perdido dois do seu companheiro atravessou seu corpo. Nesta altura, Theresa estava amparando Zernen com sua magia de cura, curando suas feridas, enquanto marchava acompanhado do Fred, que o segurava.

    — Antes de desistir, Frida disse que deveríamos dar o nosso melhor! Então vamos a isso! — Limpando suas lágrimas nos olhos, Jarves rumou ao portal que não parava de girar.

    — Eu juro que os vingarei! — disse Meredith avançando.

    — Calma, pessoal. Não é como se estivessem mortos — disse o irmão da Frida com um sorriso tenso.

    — É, ainda assim, eles vão fazer falta. E não sabemos em que lugar estão agora…

    Depois que Meredith disse essas palavras, um silêncio formou-se enquanto atravessavam o portal, rumo à sexta e penúltima prova. Assim que o Oceano que ficou por último entrou, o tsunami e o abismo desfizeram aquela toda dimensão e pela primeira vez não se ouviu a voz que os congratulava por salvarem mais uma criança, era um silêncio tenebroso que se formou até a sexta prova.

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