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    Assim que saímos do portal, nossos olhos encontraram uma visão abissal. Logo de cara havia uma caverna bizarra em forma do que parecia ser um ogro, com orelhas semelhantes às de borboletas como adornos. Sua boca, que esboçava dois dentes afiados nas extremidades, era a entrada para um abismo a ser desvendado.

    Nas laterais havia uma névoa, que girava de um lado para outro, omitindo o horizonte daquele espaço.

    — Alguém aí! — Minha voz fez eco. Enquanto isso, Oceano havia tomado duas pedras das que estavam espalhadas pelo chão, às jogando em direções opostas. No entanto, nem se ouviu o som de sua queda, o que revelava um penhasco por de trás daquela névoa, nos avisando que havia apenas um único caminho para avançar.

    — Haja cabeça para pensar nisso… — Fred murmurava, ainda carregando o Zernen, enquanto Theresa terminava de pousar sua luz verde sobre ele. — O que será que nos espera?

    — Só sei que a cada fase só tende a pior — emitiu Meredith. E de fato ela tinha razão, pensar no que nos esperaria após cruzar aquela caverna me dava muitos arrepios.

    — E então, o que faremos, Oceano? — Quando Fred questionou, Oceano iniciou a caminhada enquanto emitia ‘avancemos’ com uma das mãos levantadas. Ficamos bem perto um dos outros como Oceano havia nos aconselhado em caso de qualquer eventualidade.

    Cruzando a entrada, numa caminhada mais adiante, um espanto subiu o nosso semblante quando luzes azuis fracas tremeluziam aos nossos olhos. Vinham de pedras preciosas agarradas às paredes e algumas em excesso, ocupando toda uma parede.

    Eram as famosas pedras de mana, maioritariamente encontradas em masmorras.

    — Nossa!

    Fiz o favor de tocar, deslizar meu dedo por aquela superfície áspera. Os olhos de Theresa também ficaram encantados, a fazendo juntar as mãos de admiração.

    — Com isso, finalmente posso alimentar o Gaia!

    — Então a prova dessa vez será em uma masmorra? — Oceano semicerrou os olhos, também passando a mão numa pedra, formando um sorriso calmo. — Bem interessante.

    — Como se tudo o que nós já passamos não fosse considerado como uma masmorra, não é? — Fred deu um sorriso tenso.

    De fato, tudo o que havíamos passados aqui poderia ser considerado como provas de uma masmorra.

    — Que nostalgia… — Meredith deu um sorriso, admirando a pedra de mana. — Espero poder encontrar bons espólios, se isso se tratar de uma masmorra de verdade… — No entanto, de repente, depositou sua mão na boca, muito provavelmente se lembrando das aventuras que tivera com o Faisal.

    — O que se passa, Meredith?

    Theresa, preocupada, impôs sua mão sobre o ombro dela.

    — Não é nada… É só que eu tive lembranças desagradáveis.

    — Ah, aquilo de novo?

    Quando Meredith assentiu com a cabeça, Theresa pousou sua mão sobre suas madeixas, pairando sua luz esverdeada.

    — Se preparem, se isso de fato for uma masmorra, temos um boss a derrotar. E sei que não faz muita diferença do que estivemos a fazer, todavia esse espaço nos é familiar para nós aventureiros, e sabemos que o Boss costuma sempre estar no fim da masmorra.

    — É, o problema é como chegar ao fim… — disse, atraindo os olhos do Oceano.

    — Quanto a isso, não se preocupem. Fred enviará suas unhas por aí e, se elas detectarem uma presença muito maior, Fred com certeza nos avisará.

    Lancei meus olhos para ele, que assentiu com a cabeça.

    — Pode deixar comigo!

    — Nossa, ele consegue fazer isso? — Fiquei fascinado, isso com certeza facilitaria as coisas e as palavras que vieram da sua boca deixaram isso claro.

    — Assim que sua unha detectar tal presença, todos seguiremos o caminho em direção ao boss, deixando de lado os pequenos que só servem para cansar.

    — Mas uma coisa… Você não consegue detectar, mana, por que precisaríamos do Fred?

    Theresa havia levantado um bom ponto, embora Fred tenha se sentido irritado, seus traços se movendo um pouco.

    — Há áreas em que eu não conseguiria detectar e existem monstros que escondem sua verdadeira presença. E as unhas do Fred conseguem desmascarar isso quando entram em contato com a pele dos monstros.

    — Ah, entendi. — Deu um sorriso. — Agora só um favorzinho. Poderiam tirar algumas pedras dessas? Para o Gaia… — Tirou o Golem em miniatura do bolso da calça.

    Agora que notei, Theresa ficava muito diferente sem o seu jaleco.

    Atendendo ao pedido dela, Oceano usou de sua magia para remover os cristais, desferindo golpes que culminaram com a queda daquelas pedras preciosas. Entrei em espanto quando ele comeu um dos cristais, triturando como se não fosse nada.

    — O quê?

    — Cristais de mana podem ser comidos, mas não é aconselhável a quem tem estômago frágil e por vezes não consegue engolir. Quando entram em contato com o corpo, eles podem serem usados como combustível para nossa mana.

    Peguei o cristal de mana, o analisando enquanto engolia em seco. Normalmente não comeria, mas como o assunto era ganhar mana, não podia ficar de frescura.

    Com exceção de Theresa, todo mundo entrou na onda e começou a engolir, o gosto de metal permeando a língua. Não tardou e o meu estômago começou a doer muito, mas muito, que era como se eu fosse rasgá-lo e descobri que não era apenas comigo. Com exceção do Oceano e Theresa, todos ali estavam rangendo os dentes enquanto seguravam suas barrigas, clamando por socorro.

    Ainda bem que tínhamos uma usuária de cura. Theresa passou a mão nos nossos estômagos e eu prometi que nunca mais voltaria a comer uma pedra de mana. Oceano era um monstro a ser estudado, ele e Zernen que faziam esse tipo de coisa e não ficavam paranoicos.

    — Pensei que fosse morrer… — Meredith suspirava encostada em um dos rochedos. — Agora entendo o porquê das pessoas não comerem pedras, mesmo sendo chamadas de pedras de mana.

    — Bem, mas e quital? Conseguem sentir a mana aumentar?

    De fato, havíamos sofrido um grande aumento de mana às custas de uma dor aguda, mas nem isso me faria mudar de ideia sobre não comer pedras. Não são e nunca serão saborosas. Ainda sentia minha garganta doendo pela descida daquele cristal.

    — Dito isso, Fred…

    Fred, dando um sorriso largo, lançou suas unhas, que foram adiante, investigando o lugar que se estendia por aquele breu, um pouco iluminado pelas pedras de mana.

    E nós, colocando os pés para trabalhar, andávamos conforme a posição que Oceano havia estruturado para em caso de alguma emboscada. Ele estava em frente, enquanto Meredith e o irmão da Frida protegiam a retaguarda com espadas que ele havia feito aparecer. E eu, Fred e Theresa estávamos no meio.

    Quanto mais andávamos, mais encontrávamos uma luz no fim do túnel e essa não se comparava à fraquinha vinda das pedras, era, na verdade, uma espiral, não… Mais alguns passos e vimos espirais que lembravam os portais que havíamos atravessado até agora. Eram muitos deles e estavam espalhados por tudo quanto era lugar; no chão, nas paredes e no teto.

    — O que vem ser isso?

    Fiz uma questão que todo mundo se perguntava enquanto eram tomados por um profundo espanto diante daquele mistério.

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