Capitulo 34: O poder do Flashback
Por algum motivo, agora eu me sentia capaz de enfrentar aquele cientista maluco, mano a mano. Talvez fosse por conta do flashback que adquiri no sonho, mas eu estava com muita vontade de encher a cara daquele nariz empinado de socos.
Preparei os meus punhos e semicerrei os olhos enquanto o observava de longe. Revirei o olhar, focando no golem de bruços. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo com ele. Ele deveria ser o mais forte aqui, mas agora estava todo despedaçado.
Acho que superestimei demais a criação do Alecrim.
No entanto, ele havia feito o seu melhor, sendo bem mais prestativo que eu.
Mas deixando isso de lado, fiz bem em ter pedido o Sr. Alexodoro para me treinar, se não estaria em maus lençóis se tudo dependesse totalmente do golem. Graças a isso, assim como uma estrela no céu, eu posso brilhar e vingar o meu companheiro caído.
— É hilariante como uma formiguinha como você se imagine derrotando uma águia como eu.
— É só achatar um pouco seu nariz e criar pelos nos rostos que você já vira uma águia por completo! Hahahaha!
— De novo zombando da minha aparência majestosa… Um ser insignificante como você nunca irá compreender eu, um ser no plano superior! — Ele começou a correr com o rosto vermelho de fúria. — Tão pouco deveria ser capaz de me dirigir palavra alguma!
Eu consegui o que queria. Agora, com ele agindo de forma descontrolada, posso iniciar a minha estratégia chamada “como vencer um aventureiro rank B mesmo sendo usuário da magia básica”. Eu havia feito uma questão semelhante ao Sr. Alexodoro e ele respondeu que no meu nível era impossível vencer um aventureiro rank B, ainda que me esforçasse.
“Mas nada te impede de quebrar barreiras, afinal numa batalha vale tudo, até os métodos mais sujos. Afinal, Jarves, esse mundo é injusto.” Foi o que ele disse para mim.
Como um zás, comecei a correr ao redor das casas perfiladas. Eu estava correndo em círculo, havia atingido um semicírculo, só mais um pouco e eu completaria 360 graus.
O cientista parou e começou a olhar para mim, a indagação sobre o que pretendia fazer expressa em seu rosto.
Enquanto corria, eu criava uma poeira que me seguia conforme acelerasse.
“Assim que sentir que alcançou o ponto máximo da adrenalina, faça… ” As palavras do Sr. Alexodoro apareceram na minha mente e, após ter realizado umas sete voltas, enquanto o todo cauteloso analisava o que eu pretendia fazer, fui contra ele com os punhos preparados.
— Acha mesmo que pode me derrotar num combate mano a mano? Vermes como você me irritam bastante!
Ainda possuído pela cólera, o cientista maluco esticou seus dois braços em uma velocidade absurda que criava um som sibilante no vento, mas eu majestosamente me desviava daquele ataque de braços se esticando como se fossem elásticos.
Seus traços se reuniram de irritação enquanto eu me aproximava cada vez mais dele.
Quando próximos, puxei o meu punho para frente. Ele fez suas mãos ficarem gigantes, uma sombra se espalhou pelo meu rosto. Com um sorriso malicioso que enunciava vitória, ele pretendia me abraçar.
Mas quem disse que eu queria socar ele mesmo?
Seus olhos arregalados subiram ao céu quando eu saltei, fazendo ele se abraçar.
“Hã? Um lugar onde a magia básica é melhor de ser usada? Se há um lugar onde a magia básica possui uma taxa de eficácia alta é o vento.”
“Quando as partículas de mana entram em contato com o vento numa altura elevada, elas interagem com a força da gravidade, permitindo que sua aceleração seja duplicada e acerte o oponente com o dobro da força.”
Os olhos arregalados do cientista postos no céu (onde eu voava por microssegundos) contemplaram a pressão de vento lançada pelo meu punho descer contra seu rosto. Seus braços não foram o suficiente rápidos para impedir que o meu golpe o atingisse, a pressão exercida na sua cabeça o fez cair no chão. Seu rosto era enterrado no chão enquanto criava crateras no processo.
Pousei no chão com estilo.
“Mas ainda não acabou… Aventureiros rank B para cima não seriam chamados rank B se perdessem para um único golpe”
Sr. Alexodoro era um grande visionário, estava acontecendo como ele havia dito. O nariz empinado levantava-se com uma expressão de raiva que refletia tonalidade vermelha no seu rosto.
“Prepare seu próximo golpe.” Quando ele se levantou e gritou, dei um soco no vento, desferindo uma rajada que rapidamente o acertou na barriga e o derrubou novamente.
“Não o dê descanso.” Saltei para dar mais um golpe no vento, mas falhei miseravelmente quando sua mão se esticou em rápida velocidade, fazendo um nó na minha perna.
Arregalei os olhos, me vendo ser arremessado contra o chão enquanto o cientista se levantava.
— Chega de brincadeira! Agora eu vou acabar com você!
Minha coluna colidiu contra o chão, soltei enormes quantidades de saliva contra o vento. Quando pensei que terminaria por ali, ele me arremessou novamente, me derrubando no chão com imensa força.
” Eu não vou aguentar mais…”
No último arremesso, uma luz de esperança raiou sobre os meus olhos. Gaia, que havia acordado, direcionava os punhos contra o aventureiro. Ele, inevitavelmente, teve que largar um dos meus pés e concentrar suas mãos agora gigantes no golem volumoso e monstruoso.
— Bobeou, perdeu!
No meio da minha queda, enquanto sangue fluía do meu nariz, lancei um soco de vento contra o cientista enquanto ele segurava os braços do golem com sua mão gigante.
O golpe perfurou a região das costas dele, despedaçando aquele tecido branco. E mesmo diante da dor que o corroía, ele continuou travando força contra o golem. Derrubou-o, enquanto eu tombava sobre o chão, rolando alguns metros.
Meu corpo estava doendo, mas eu tinha que me levantar.
Reuni um pouco de forças e consegui levantar.
Nesse momento, ele socava as faces do golem com os dois punhos, criando crateras na pele marrom do gigante enquanto gritava.
— Como ousa?! Como ousa?!
— Ei!!!
Gritei, atraindo o olhar tenebroso e sombrio do cientista.
— Ah, eu não me esqueci de você. Calma, que eu…
Antes que ele terminasse sua fala, o meu soco já estava a centímetros de arrebentar o rosto dele.
Graças à minha fúria, havia alcançado uma velocidade que competia com a do teletransporte. Se bem que a nossa distância nem era tão grande, mas enfim…
— Escuta aqui, ninguém mexe com o meu parceiro, entendeu?
Enquanto eu dizia essas palavras, o meu punho atravessava o nariz do cientista em câmera lenta.
— Como…?
Afundei o punho tão fundo que a lente dos óculos quebrou-se e o rosto deu uma leve desfigurada. Ele voou horizontalmente em direção a uma parede enquanto vertia sangue pelo nariz.
Suspirei ofegante e acudi o golem.
— Gaia triste, Gaia não comer nada, por isso Gaia não proteger o mestre como deve ser! — Algumas lágrimas se amontoaram naqueles olhos fundos e verdes. Como eu fui tão idiota em não perceber o que estava na minha cara? É claro… Ele não havia comido nada esse todo tempo. Eu era um fracasso como dono.
— Sinto muito, Gaia. É tudo culpa minha.
E o pior era que eu não tinha comida por perto para dar a ele. Golems originalmente comiam gemas para sobreviverem, ou seja, naturalmente eles atacavam outros monstros para sobreviverem em busca daquela pedra preciosa.
— Mestre não se culpar, mestre fazer… — Sua boca se rachou.
— Descanse, Gaia. Não fale mais.
— Malditos! Malditos! MALDITOS!
Estava demorando para o nariz empinado voltar. Encostado na parede, ele retirou uma seringa do jaleco e injetou no pescoço. Um líquido verde desceu por uma de suas veias. Após ter acabado de injetar o líquido no seu corpo, ele deitou aquela seringa enquanto uma fumaça saia de cada buraco que havia no seu corpo. Nariz, boca, etc.
Meus olhos foram tomados por uma névoa branca, mas apesar disso, conseguia vislumbrar uma silhueta volumosa se formando diante de mim.
Aquilo com certeza era um gigante e dos grandes, pois superava Gaia em altura.
Acho que ele tinha 12 metros de altura.
— Agora vocês irão morrer!
Seus passos tão grandes levantavam um estrondo e criavam crateras. Sua caminhada em direção a nós trazia consigo aquela névoa que aos poucos se dissipava. Seus punhos batiam um contra o outro enquanto seus olhos nos fitavam como meros mortais.
— Esmagar!
Nossos olhos se encontraram. Agora, ele não possuía mais os óculos, o que ressalva seus olhos marrom. Bem, o que mais me pressionava eram as suas vestes, elas haviam crescido junto com o corpo. Mas bom, menos mal para os meus olhos.
Imagina a visão horrenda que seria de um gigante pelado com os órgãos a mostra.
“Mas esse não é o momento para pensar nisso, Jarves, agora você precisa arrumar uma maneira de derrotar ele…”
— Que droga! — Ainda que pensasse, a solução estava distante. — Eu não tenho como derrotar aquilo, é demais para mim!
— Gaia ficar mais forte! Gaia ficar mais forte!
Gaia levantou-se todo quebrado, com o pouco de força que ainda lhe restava.
— Gaia, não precisa…
Eu só tinha uma única opção, que era…
” Chegou a hora de usar toda minha magia, já que não tenho muito sobrando mesmo…”
Conjurei uma enorme esfera amarelada de partículas enquanto Gaia ganhava tempo indo confrontar aquele cientista gigante. No entanto, ele não resistiu ao primeiro contato e foi derrubado contra o chão, sendo pisoteado no rosto freneticamente.
Mas o sacrifício do Gaia não havia sido em vão.
Ele me deu tempo para que eu conjurasse uma esfera enorme.
— Ei, você… — Atrai seus olhos grandes para mim. — Receba!!!
Lancei a esfera e caí no chão de fadiga, rezando inutilmente para que o ataque tivesse algum efeito. Com apenas um abanar de sua mão gigante, o cientista desfez aquela esfera, liberando um vento ao redor, que balançou suas vestes e seus cabelos.
— Ha. Ha. Ha. Não é possível… — Dei um sorriso de descrença enquanto observava uma sombra ofuscar as nuvens do céu, era o grande pé do cientista que estava prestes a me esmagar.
Aquela visão me lembrou o dia em que a parede caiu sobre mim.
“Eu sinto muito, Sr. Alexodoro. Parece que nem de forma honrada eu vou morrer… A minha busca pelo fim perfeito para Meredith também termina por aqui.”
“Adeus, mundo cruel.”
Enquanto eu lamentava dramaticamente, uma luz de esperança surgiu e não estou falando da luz do sol que agora sorria para mim. O gigante desapareceu abruptamente da minha presença. Pelo que deu para ver, havia sido arrastado para bem longe pelo chute de uma silhueta feminina.
“Quem será?”
Obtive a minha resposta quando ela pousou no chão e parou de costas para mim. Apesar das vestes de guerreiras, seu cabelo ruivo e corpo eram inconfundíveis.
“Não acredito!”
Tinha que ser ela!
Quando os nossos olhos se encontraram, eu tive a certeza de que a minha heroína havia vindo me resgatar.
— Desculpa a demora, mas não se preocupe, agora que cheguei, vai tudo ficar bem!
Um sorriso se formou nos meus lábios enquanto eu fechava os meus olhos. Agora eu poderia descansar em paz, estava em boas mãos.
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