Índice de Capítulo

    Enquanto caminhava pela rua, Nikolas ria sem parar, despertando a atenção da vizinhança e de algumas pessoas que por ali passavam. Alguns sussurram palavras como: “Será que ficou louco de vez?” Outros, porém, ainda,” Chamem um soldado para que o prendam!”

    — Estão olhando o quê?

    Nikolas varreu os olhos por aquelas pessoas.

    — Querem ser mortos, é?

    As palavras, que antes eram exprimidas em forma de sussurro, ganharam proporções maiores. Gritos de insatisfação infestavam o ar ao redor do Nikolas, som que irritava seus ouvidos.

    “Quem você acha que é, seu imundo?!”

    “Vai se tratar!”

    “Ficou louco?!”

    Diferente das outras vezes que ficava triste quando recebia essas palavras, Nikolas aumentou ainda mais o som de sua risada.

    — Isso mesmo, tirem tudo o que têm em seus corações, seus falsos! — Nikolas fez a mão crescer e se tornar volumosa. — Eu vou acabar com a raça de todos vocês, seres inferiores!

    — Eu disse, ele enlouqueceu. Chamem os soldados!

    — Não, eu mesmo vou dar uma lição nesse garoto e colocá-lo no lugar!

    — Espera, não faça isso! — gritou um dos moradores ao seu vizinho, que saltava da varanda da sua casa com os punhos cerrados.

    — Sabe que eu sempre tive vontade de bater em você, velho? Eu me lembro muito bem de como você tratou o meu irmão mal um dia desses. Acho que está na hora de dar o troco.

    Hum, uma simples criança contra um aventureiro rank F, acha que pode alguma coisa?

    — Você se gaba disso, mas está estagnado nessa posição há anos. Não só, você irá morrer nessa posição sem nunca entender o que é estar em um plano superior como estou agora!

    — Sua língua o levará ao Hades! Magia de terra! Soco demolidor!

    Seu braço foi revestido de terra enquanto ele avançava contra o Nikolas.

    Ah, muito inferior. — Nikolas apenas esticou o braço rapidamente, destruindo o punho revestido de terra e acertando aquele homem no rosto. Ele caiu no chão e Nikolas caminhou até ele com o semblante cheio de ódio. Ele elevou sua mão gigantesca ao ar para esmagar aquele homem que estava deitado.

    Escudo de terra! Escudo de terra!

    Um escudo quadrado foi gerado.

    — Muito fraco! — Nikolas desceu o punho e quebrou o escudo de terra, batendo no rosto daquele homem. — Agora é o seu fim!

    — Por favor… — O homem mal conseguia falar. Estava em um estado lastimável. Sangue fluía de suas narinas e percorria sua face desfigurada.

    — Ei, você!

    Nikolas se virou, observando aqueles dois rostos familiares. O magrinho que possuía um cabelo carmesim com corte de galo e o cara de batata com os cabelos rebeldes.

    Ah, vocês vieram? Ainda bem que vocês vieram! Assim, me poupa trabalho! Já ia procurá-los agora mesmo!

    — Olha, hahahahah, que coisa, né? Nós também estávamos te procurando, Nik! Na verdade, o Gar quer ver você agora!

    — É, ele soube que você foi demitido e tá uma ferra porque já não vai poder extorquir dinheiro de você!

    — Dito isso, nos acompanhe, Nik!

    As veias espreitaram as extremidades da testa do Nikolas. Toda sua aura sombria foi direcionada àqueles dois que até então ainda não haviam se dado conta do que estava acontecendo com ele.

    — Farei questão de levar seus cadáveres ao Gar, então não se preocupem — disse enquanto caminhava.

    — Quanta ousadia a dele, não acha?

    — Parece que o Nik quer resistir, assim é bom. Na verdade, eu até estou afim de aplicar uma nova tortura que aprendi com o Gar.

    Em alta velocidade, Nikolas já se encontrava no meio deles. Ele sorriu enquanto segurava os ombros dos dois.

    “Quando ele chegou aqui…?”

    Os dois reviram os olhos arregalados.

    “Esse cara… Como ele ficou tão forte assim?”

    — Então vocês devem estar se perguntando como fiquei tão forte assim?

    A voz do Nikolas, semelhante a um trovão, fez com que os dois ficassem ainda mais apavorados. Num ato instintivo, tentaram mover um centímetro de seus braços contra aquele jovem, no entanto, Nikolas reagiu muita mais rápido do que eles e fez crescer as mãos que seguravam os ombros de ambos.

    Com um peso daqueles, eles acabaram por afundar como se a terra os estivesse engolindo.

    Seus braços agora estavam presos e não podiam fazer nada. Com os dois punhos, Nikolas agachou-se e começou a socar aqueles dois. Nos poucos segundos que tinham para respirar, suplicavam para que ele parasse, mas Nikolas continuava socando com um sorriso sádico.

    Muitos dos espectadores que estavam ali clamavam para que ele parasse porque iria acabar matando aqueles homens, mas Nikolas se fazia de surdo aos seus clamores, ignorando-os completamente.

    Até que…

    — Nikolas! Nikolas, pare!

    Ele ouviu a voz do seu irmão.

    Nikolas parou de socar aqueles dois já inconscientes e direcionou os olhos ao irmão.

    — Pare, Nikolas! Por favor, pare!

    Nikolas apenas se levantou e começou a caminhar.

    — Vá para casa, Handares.

    — Para onde você vai, Nikolas? Nikolas, volte aqui!

    Mas seu irmão continuou caminhando ao seu encontro. Contudo, em questão de segundos, Nikolas desapareceu da sua vista como se tivesse teletransportado.

    A droga que ele havia ingerido não parava de mexer com todo seu corpo, alterando muitas coisas. E não se sabia o que mais poderia acontecer com o corpo do Nikolas dali por diante.

    Os passos velozes de Nikolas o levaram ao lugar onde trabalhava para um acerto de contas com o seu ex-chefe.

    Quando chegou no portão, Nikolas reduziu os passos. Assim que entrou, seu chefe, que estava por ali, veio logo o receber com um leve sorriso.

    — O que você quer aqui, garoto? Por acaso, mudou de ideia e veio levar o seu dinheiro? Já vou avisando que não estou mais dando, o prazo acabou.

    — Acontece que quem decide agora só eu.

    — O que? Ficou louco?

    Nikolas ficou gigante de repente, tão alto quanto um poste.

    O chefe subiu os seus olhos para alcançar aquele jovem.

    — O-O que aconteceu consigo?

    — Me dê o dinheiro agora!

    Nikolas voltou a ficar na mesma estatura. O sorriso no seu rosto evidenciava uma nova descoberta do que seu corpo poderia fazer.

    Seu chefe havia ficado tão boquiaberta, que palavras lhe fugiam a boca.

    — Vamos, estou a espera! Não me faça perder mais tempo.

    — Não acha que só porque estranhamente você acabou ganhando um novo poder que pode vir aqui na minha propriedade e tentar me intimidar, Nikolas. Isso eu não aceito!

    — E o que você vai fazer?

    O chefe assobiou.

    — Pessoal, parece que tem alguém querendo apanhar hoje! — E começou a bater o punho na palma.

    Opa! Eu já estava com vontade de descontar o meu estresse em alguém!

    — Então o inútil ganhou coragem?

    — Nikolas, o fracassado e o fraco, cobrando briga? O mundo já pode acabar! Hahahaha!

    — Verdade, quando penso que já vi tudo, me aparece essa.

    — Parece que esse inútil pensa que só porque ganhou um poderizinho aqui pode vir querer oprimir os mais fortes! Hahahaha!

    O chefe riu.

    — Francamente… — Nikolas o acompanhou na risada. — Seres inferiores que pensam que podem algo contra uma entendida suprema são tão engraçados. Bem, no fim são meros mortais que não podem alcançar a compreensão suprema.

    — Do que você está falando? Por acaso ficou louco das ideias?

    Em contrapartida, os homens já haviam se reunido ao redor do Nikolas. Todos com sorrisos maliciosos enquanto batiam os punhos nas palmas de suas mãos. Outros, ainda, lambiam os lábios como se estivessem diante de uma refeição a ser degustada.

    — Bem, acabem com eles. Vou tomar um chá bem gostoso! — O chefe deu costas ao Nikolas e acenou o braço para os seus trabalhadores. — Então, espero que quando eu tiver voltado, não tenha sobrado nada dele. Ninguém vai querer saber de um inútil mesmo—

    — Ajoelhe-se!

    Dois braços saíram dos ombros Nikolas e colocaram uma grande força sobre os ombros do chefe. Em instantes, ele caiu de joelhos.

    Os trabalhadores ao redor ficaram espantados com tamanha demostração de força.

    — Maldito!!!

    — O que pensa que está fazendo?!

    Os trabalhadores atacaram Nikolas, no entanto, múltiplos braços saíram de tudo quanto é quanto de seu corpo e seguraram cada um.

    — Eu nunca recebi nada de bom nessa vida, mas agora… — Ele direcionou os olhos as nuvens do céu que passavam lentamente, refletindo a luz dourada do sol. — Sinto-me como se fosse o homem mais agraciado do universo. É como se houvesse uma inversão de valores, tal como a noite muda para o dia…

    Os trabalhadores tentavam se desprender com todas suas forças, mas não conseguiam, apenas faziam com que os braços os apertasse ainda mais.

    — Do que é feito isso?

    — Como esse garoto ganhou isso tudo de poder da noite para o dia?

    Nikolas olhou para eles e disse:

    — Isso! Isso! Um dia essa minha situação tinha que mudar, afinal tudo está sujeito a mudanças! — Depois voltou os olhos ao céu. — Pai, mãe e irmão, vocês estavam certos, os humilhados um dia seriam exaltados! Hahahahah!

    — Não brinque conosco! Magia de braços! Braços gigantes!

    O homem explodiu o braço que o segurava, arremessando sangue para tudo quanto é quanto. Agora livre, preparava os punhos para combater Nikolas.

    Alguns deles mal conseguiam usar sua magia. Apenas três deles, que tinham magia que lhes conferia força física, é que conseguiram se desprender daqueles braços.

    — Garoto… — O chefe, que até então estava de joelhos, levantou-se e disse enquanto limpava o sangue da sua boca. — Agora, você me irritou!

    Do nada, quando os três mais fortes tentaram atacar Nikolas, seu corpo estranhamente cresceu novamente, o deixando ainda mais gigante do que estava.

    “Será que o meu corpo tem reagido quanto ao nível de perigo, de acordo com os meus poderes?” Era o que passava na cabeça do Nikolas. “Bem, tanto faz, devo apenas aproveitar isso. Com o corpo que tenho agora, só capaz de pisoteá-los a todos!”

    — Olha só essas formiguinhas diante de mim. — Seus olhos desceram por cada face. — Meros mortais como são. — Ele levantou um dos pés. — Perfeito!

    — Vamos atacar, pessoal! Ele pode até ser crescido, mas não é nada! — dizia o chefe.

    Em contrapartida, seus trabalhadores ficaram tão apavorados que saíram correndo dali com o rabo entre as pernas.

    — Maldito! Magia ferro! — Metais saíram de toda parte do corpo do chefe. — Arrmesso de metais! — Os metais voaram contra o corpo do Nikolas, mas de tão pequenos que eram não apareciam fazer dano.

    — E agora, quem tem uma magia inferior e inútil?

    Nikolas dizia isso enquanto seu pé descia.

    O chefe arregalou os olhos.

    Mas quando estava prestes a ser pisoteado, o corpo Nikolas voltou ao normal instantaneamente.

    Tse! — Nikolas estalou a língua. — Mas ainda tenho os braços ao menos!

    — Parece que o seu poder é inseguro! Agora quero ver…

    — Calado! — O punho de Nikolas vôo contra a barriga do chefe. Ele foi arremessado, escorregando e caindo no chão.

    No meio da poeira que havia se levantado, Nikolas sentiu o coração pulsar mais rápido do que o normal. Quando tentou esticar os braços, eles só esticavam até alguns centímetros.

    — Será que o efeito está passando? Nesse caso, preciso me apressar e levar o dinheiro daqui.

    Nikolas pegou os ferros sobre o chão com os seus quatro braços e começou a caminhar em direção ao chefe caído. Nesta altura, só haviam sobrado os dois ali.

    — Prepare-se! — Nikolas usou sua velocidade para chegar perto do chefe, que se levantava. — Para morrer…

    O chefe tossiu e não hesitou em lançar vários ferros contra aquele jovem, mas Nikolas usou um dos braços para se defender e arremessou os ferros em suas demais mãos contra os braços e os pés do chefe, roubando um alto gemido de sua boca.

    — Bem, agora devo finalizá-lo.

    Com o último ferro em mãos, ele estava prestes a arremessar contra o peito do chefe que clamava de dor.

    — Não, por favor! Eu te dou o dinheiro, mas não me mate! Não faz isso, Nikolas! Nós somos amigos, não somos?!

    — Assim como o mundo não teve misericórdia de mim, assim também não terei misericórdia de você. Se tivesse me tratado bem ao menos uma vez, quem sabe eu pensasse te poupar… Mas você sempre lançou aquele sorriso falso para cima de mim. No fim, chefe, foi você que cavou sua própria cova.

    — Não! Me perdoa!

    — Adeus…

    Quando Nikolas estava prestes a espetar o ferro, uma voz gritou por si.

    — Não faça isso, por favor!!!

    Era seu irmão mais uma vez.

    Ao seu lado estavam algumas pessoas.

    — Até quando você vai continuar me atrapalhando, Handares?

    — Nikolas Zhael Marcatt, o senhor está preso por desordem pública, tentativa de assassinato e tentativa de roubo!

    Eram soldados trajados de armaduras prateadas. E tinham espadas e cordas em mãos.

    — O que…?

    — Não tente resistir! Tudo que disser pode ser usado contra você!

    — Desculpa, irmão, mas você me obrigou a tomar essa medida severa.

    Os soldados avançaram em direção a Nikolas enquanto o chefe sorria de satisfação, o que atiçava a raiva de Nikolas cada vez mais.

    “Eu não posso ser preso, não no meu momento mais brilhante.” Nikolas cerrou os punhos e até tentou revidar contra os soldados e fugir dali, mas nada saía. Seus poderes haviam se esgotado. ” O que?”

    — É tudo culpa sua, não é?

    Os soldados juntaram os braços do Nikolas e os amarraram com aquelas cordas fortes.

    — Maldito sejas, Handares! Mil vezes maldito! Eu estava tentando fazer algo para o nosso bem e você veio me impedir! Handaressss!

    Nikolas se debatia contra os soldados.
    Seu irmão apenas lamentava enquanto deitava lágrimas.

    — Sinto muito, mas é para o seu bem.

    — HANDARESSS!

    Nikolas foi preso.

    E desde aquele dia, ele nunca mais foi o mesmo. Agora se sentia traído por tudo e por todos. Por detrás daquela cela escura e sombria, maquinava uma grande vingança contra o mundo.

    Jurou que assim que saísse, o mundo provaria das chamas da sua irá.

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