Índice de Capítulo

    O pai de Marcela chega e as leva para casa de Sarah.

    — Cuidado a noite tudo bem? Ouvi notícias preocupantes na TV. — Ele a deixa dormir na casa da amiga após um último aviso.

    — Tudo bem pai, vou tomar cuidado! Tchau! — Após um rápido beijo no rosto, Marcela joga essas últimas palavras de longe, já entrando pelo portão junto de Sarah.

    Bernardo já está em sua casa esperando o tempo passar, e quanto chega a hora, secretamente ele se junta a elas, e justos, mais junto da Marcela que qualquer coisa, entre conversas, brincadeiras, e até uma leitura coletiva, a tarde vai passando e logo ele precisa ir embora para talvez voltar a noite.

    Júlio chega e assim como Sarah descreveu, ele segue todos os passos até cair na cama. Elas continuam acordadas no quarto de Sarah esperando a volta de Bernardo, que não demora a chegar.

    São quase 23 horas quando isso acontece, ele joga um pequeno pedregulho na porta da sacada do quarto. Ao escutar o som e confirmar sua chegada, elas se apressam a descer e sair pela porta da frente, a deixando cuidadosamente bem encostada.

    Sem se importar com a chuva eles se encontram na calçada, e após uma rápida conversa enquanto andam, decidem andar até o parque que não fica muito longe, mesmo embaixo da chuva. Sarah adverte que eles têm que voltar antes de seu pai volte e a mãe de Bernardo acorde.

    Assim eles seguem o caminho pelas calçadas, com Marcela grudada no braço de Bernardo e Sarah logo ao lado enquanto aproveita cada gota que despenca até alcançar seu corpo.

    Na porta da sacada do quarto dos pais de Sarah, dois olhos monstruosos observam aquela cena com um sorriso macabro em seu rosto, logo ele se afasta da porta adentrando na escuridão.

    Mais cedo, um pouco longe da cidade em uma rodovia.

    O Jipe de Leila se encontra parado bem no início de uma curva acentuada. Um pouco mais a frente, após a curva, uma parte da estrada desabou caindo ribanceira abaixo, muita água está escorrendo do morro acima. Um homem com uma roupa laranja que brilha ao ser atingida pela luz do farol se aproxima do carro.

    — ESTÁ INTERDITADO! VOCÊ TEM QUE VOLTAR AGORA! O RESTANTE DO MORRO ESTÁ PRESTES A CEDER! POR FAVOR! RÁPIDO! — O homem vestido de laranja, grita em meio a chuva, desesperado para que a mulher recue antes que algo pior aconteça.

    Sem muito o que fazer sobre o assunto, ela começa a dar ré, para retornar para sua casa. Aquela é a única rota que a permitiria chegar a tempo no aeroporto. Após alguns segundos dando ré, fragmentos do morro começam a cair na estrada bem próximo de onde o carro estava, quase atingindo o homem de laranja, que decide sair correndo dali.

    Ele se aproxima do carro para pedir novamente que ela retorne.

    Preocupada, até pergunta se está tudo bem com ele, que confirma que sim. Então vira o carro e assim o retorno é dado, a viagem de volta está sendo amarga, mas pelo menos poderá chegar a tempo de tomar um banho e dormir quentinha junto a seu marido.

    Um pouco depois do carro já ter partido, o homem de laranja recebe uma ligação.

    — ALÔ? SIM, SOU EU! — Após alguns segundo de silêncio ele retoma a fala — AINDA BEM QUE VOCÊ AVISOU, A QUASE UMA HORA, UM JIPE QUASE VAI RIBANCEIRA ABAIXO… MUITO OBRIGADO! — O homem de laranja que aparenta trabalhar para uma empresa que administra aquele trecho da rodovia, grita para se fazer ouvido.

    — Não há de que, até mais! — A voz feminina que pronuncia essas palavras encerra a ligação e começa a discar um novo número.

    — Alô? Sim, sou eu, Márcia. Quero oficializar meu desligamento da escola. Estou me mudando hoje mesmo, já instrui o vice sobre os procedimentos. — Após alguns segundos de silêncio — Tudo bem. Obrigada! Até qualquer dia, tchau!

    Suas malas já estão preparadas, o carro está logo ali a sua frente. Um carro branco considerado de luxo para a região. O porta-malas não demora a ser preenchido, e sem olhar para traz ela dá a partida para nunca mais voltar.

    Voltando para Leila.

    Depois de algumas horas na estrada, ela chega ao seu destino, parando em frente à sua casa. Ainda está chovendo muito, e o controle da garagem tinha ficado para trás quando saiu mais cedo. Sem opção, dispara a correr após fechar a porta do carro. Passando pelo pequeno portão e pelo jardim, para ao chegar na porta.

    Logo em seguida coloca sua chave na fechadura, mas percebe que a porta está só encostada, isso acaba provocando uma certa estranheza, pois todos deveriam estar dormindo a essas horas. Sem fazer barulho começa a entrar dando alguns passos pelo pequeno corredor até a sala. Então escuta a voz de seu marido falando com alguém. Curiosa, se aproxima devagar até conseguir vê-lo pelo canto da parede, ele está ao telefone…

    — Sim… Vai ser mais fácil do que pensávamos, eles praticamente se entregaram de bandeja. As duas meninas e o moleque não devem estar muito longe da minha casa, foram em direção ao parque, devem estar ali por perto. — Após alguns segundo de silêncio ouvindo. — Sim, vou descer para lá agora e recepcioná-los quando chegarem, um rosto conhecido deve acalmá-los… ou não, — Um sorriso macabro toma conta de seu rosto por um instante.

    Leila em silêncio só o observa enquanto escuta cada palavra com atenção.

    — Só tomem cuidado com a menina de cabelo preto. Ela é inteligente, e pode tentar escapar de alguma forma… Eles se chamam Bernardo, Marcela e Sarah que é a que citei. Se garantam de usar os N2 com gás do sono que nós fornecemos! — Mais alguns segundos de silêncio. — Provavelmente ela deve estar soterrada de pedras e lama na estrada. — Mais alguns segundos de silêncio — Ok, até logo.

    A cada palavra Leila foi ficando mais assustada, e alguns pensamentos começaram a perturbar sua mente. Sem entender o que está acontecendo, seu coração acelera. Após Júlio entrar no corredor, ela acelera suas passadas de forma sorrateira e sobe até o quarto de sua filha. Para seu espanto não há ninguém ali. Então ela grita.

    — SAARAAAAH!!! SARAH! Cadê você. — Ela procura por todos os cômodos da casa e nada. Desce até o porão atrás de Júlio à procura de respostas, porém o que ela encontra a deixa ainda mais perturbada. Desde então, ela não foi mais vista.

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