— Vamos! Vamos! Vamos! — Grita um homem com camisa social vermelha sob um colete preto. Armado com um fuzil, sai em disparada, seguido por outros dois homens vestidos iguais ele. Em questão de poucos minutos, os três se encontram a frente da porta designada.

    Quando um dos guardas começa a destrancar a fechadura, Sarah escuta e rapidamente se esconde na lateral do lado da porta perto do trinco, porém, os guardas já sabem de sua movimentação. Estão sendo comunicados pelo homem loiro enquanto olha para uma das pequenas telas enquanto os outros homens da sala começam a se amontoar em volta dele.

    Quando o primeiro guarda abre a porta, ele se joga em um rolamento para dentro. Em seguida se vira apontando o fuzil para a parede onde disseram que a invasora estaria. Para seu espanto, quando ele fixa posição, ela já está flutuando sobre ele com um dos joelhos dobrados indo de encontro a seu rosto. Uma fração de segundo depois, e o guarda cai nocauteado no chão. Sarah cai em um rolamento enquanto pega fuzil.

    Os guardas mal conseguem raciocinar sobre o que exatamente está acontecendo, o fato é que eles se encontram frente a frente com um ser de olhar frio e imóvel, sua pupila contraída foca exatamente neles. O fuzil em suas mãos não treme nem por um instante, uma onda de medo emana de Sarah e atinge os corações dos guardas que encaram aquele olhar predatório que parece querer devorá-los a qualquer momento.

    Por alguns segundos ela não pensa em nada. Só a alta percepção das coisas passa por sua mente. O tamanho da porta, a leve respiração do guarda desmaiado a sua frente, as mãos tremulas dos dois guardas armados na porta enquanto apontam seus fuzis com incerteza em sua direção. O tamanho do quarto e possíveis movimentações, bem como maneiras de escapar dos tiros e contra-atacar.

    Uma quinta respiração surge. Suas mãos antes fixas agora tremem, seu olhar desaba rumo ao chão junto do fuzil. Suas mãos se levantam bem alto. Se levar essa situação adiante, uma menina que já sofreu muito, pode acabar se ferindo ainda mais devido a suas ações. Sarah não se deixa decidir o destino da vida de outra pessoa dessa maneira.

    Sophie que acabou de presenciar toda essa cena, está com seus olhos arregalados e o coração cheio de esperança. Ali na sua frente, está a chance de talvez esse seu destino cruel mudar. Observando os guardas algemarem Sarah, ela cria coragem.

    — Moça! — Sophie segura sua voz por um instante — Mooooça eu quero ver a luz do luar mais uma vez!

    Aquelas palavras roucas, porém, ditas com tanta convicção, alcançam o coração de Sarah, que depois de um breve instante vira seu rosto enquanto é escoltada para fora do quarto. Um sorriso gentil de olhos fechados direcionados para Sophie claramente passam seu recado!

    Descendo a escadaria em direção ao pilar, observava que sua teoria é de fato verdade. A cada lance de escada vem uma letra diferente acompanhada de números. Até chegar no último degrau com a letra A, que na verdade é um pequeno pátio que circunda o pilar.

    O que mais perturba a perturba, é a ideia que em cada uma dessas salas, pode haver uma criança como Sophie. Isso a remoí por dentro, porém não mais que a visão que ela está tendo nesse momento. A suas costas, dois homens estão entrando no quarto A 01 com sorrisos no rosto. Aos olhos dela, se parecem mais demônios em terra do que seres humanos.

    Essa visão a faz ranger os dentes enquanto inspira tremulamente. Nessa situação nada pode fazer. Suas mãos estão algemadas para trás, e os três guardas ao seu redor estão armados. Dois guardas a acompanham atentamente pelos lados, e o terceiro anda a suas costas como sua própria sombra.

    Chegando na base do pilar, uma porta de vidro escuro se abre automaticamente. Ao entrar, Sarah observa um grande balcão circular todo branco no centro de um salão também circular todo branco. Há também mais duas portas iguais àquela por onde entrou, todas distribuídas uniformemente ao decorrer da parede. Dentro do balcão, há 3 mulheres usando vestidos sociais vermelhos, cada uma está virada na direção de uma porta. A que está virada na direção deles é loira e alta, igual uma modelo da nobreza que aparece nos jornais.

    — Capturamos a invasora. Requisito acesso ao andar 5A para levá-la a uma cela. — O guarda que estava a sua direita e agora faz a frente, direciona a palavra para a atendente.

    Ela então pega um telefone fixo todo branco com números vermelhos e disca o número zero.

    — Aqui é da recepção, pegaram a invasora e estão requisitando acesso ao andar 5A — A atendente fala ao telefone e fica em silêncio por alguns segundos. — Entendido! — Então desliga o telefone e direciona sua voz suave e doce para o guarda. — Acesso concedido! E você! O chefe quer te ver.

    — Entendido! — O guarda que tomou a frente, responde meio inseguro.

    Em alguns instantes, três aberturas redondas surgem no teto, e três surgem no chão exatamente abaixo das aberturas no teto. Todas dispostas igualitariamente ao redor do salão.

     Escadas na cor vermelha, descem em espiral do teto enquanto são lentamente estendidas. Após dois minutos de espera, se conectam as aberturas no chão, logo em seguida eles se direcionam até uma das escadas que contém a letra A em vermelho na sua lateral.

    Ao chegar na abertura, Sarah observa que as escadas continuam para baixo. Iguais às que desceram do teto. Um dos guardas sobe enquanto os outros dois a desce a escoltando.

    Enquanto eles descem, ela raciocina que se eles estão descendo para o salão 5A enquanto o guarda vai subir para o 0. Esse prédio é provavelmente numerado ao contrário. Também reparou nas duas câmeras escondidas atrás das outras escadas.

    Após quase um minuto de descida. Chegam num grande salão escuro com chão preto. Um grande pentagrama vermelho, brilha sutil no meio, iluminando um pouco do ambiente. Nas laterais, as paredes são na verdade grades pretas, porém, não dá para se enxergar o que há atrás delas.

    Os guardas começam a levá-la para perto de uma área das grades. Se aproximando, vê que na verdade são celas. Lançando um olhar ao seu redor, uma pequena região em um canto onde as grades são brancas se destaca.

    — Vá pegar a escada! — O guarda que está segurando Sarah, ordena ao outro com uma voz rasgada e grossa.

    Seguindo a ordem, ele retira uma chave de seu bolso que mais parece um grande parafuso e se direciona até as grades brancas. Insere a chave em um canto e a empurra para dentro. O que faz com que uma parte da chave brilhe em um tom avermelhado. Em seguida puxa uma parte das grades que se abre como uma porta. Ao entrar, o guarda bate de leve em um núcleo cravado no teto que ascende e ilumina o local.

     A luz branca também ilumina a região ali próxima. A visão que surge nas grades ao redor por causa dessa luz assombra o olhar de Sarah por um instante. Nas duas grades laterais ao da grade branca, mãos enrugadas e mãos pequenas segurando as barras surgem da escuridão.

    Para cima, olhares iluminados com o reflexo daquela pequena luz surgem em meio as barras, dois pares de olhos a observam diretamente, um acima do outro, separados por alguns metros. Voltando a olhar para a grade branca, dois grandes extintores vermelhos se destacam em meio a vários outros objetos que ela não consegue distinguir.

    A luz se apaga e tudo volta a ser engolido pela fria, porém, não total escuridão. O guarda vem se aproximando com uma escada dobrada em suas mãos na cor branca.

    — Cara. Aquele núcleo é novo e já está falhando — Ele resmunga enquanto passa por eles.

    — Não esquece de avisar a recepcionista depois!

    — Pode deixar chefia! — Em um tom de desânimo ele se aproxima das grades.

    O outro que vigia Sarah, há empurra para frente e também começa a caminhar em direção as grades. Desdobrando a escada, ele a projeta para cima e a apoia em uma área das grades. E escada alcança mais da metade da altura total das barras.

    Ele novamente pega a mesma chave que usou para abrir as grades brancas. Sobe a escada e abre uma porta nas grades lá no alto. O topo da chave novamente volta a brilhar em um tom avermelhado. Uma suave luz surge lá de cima, e em seguida ele desce.

    O guarda que está com Sarah desprende uma das algemas e volta a prendê-la agora com as mãos para frente.

    — Vamos! Suba e entre na cela! — Ele novamente a empurra.

    Conforme vai subindo, percebe que há três andares de celas. O último é onde a escada leva. Terminando a subida, lança um olhar para o fundo da cela, observando a existência de duas argolas de ferro presas à meia altura em uma parede de cimento. Também há correntes que saem das argolas, e nelas existem duas pulseiras de ferro abertas uma em cada corrente.

    O guarda a segue subindo a escada. Depois de entrar, o guarda pede para ela encostar na parede, em seguida tira suas algemas com aquela mesma chave e em seguida prende cada braço dela em uma pulseira. Ele toca em um núcleo no teto e a luz desaparece. Tranca a cela e desce pela escada.

    — Cinco… — Sarah sussurra para si ao ouvir levemente o barulho da botina do guarda pisando no chão de mármore.

    O outro guarda começa a retirar a escada. Enquanto isso, o outro já está indo direto para a escada em espiral.

    — Dez… — Sarah sussurra para si novamente ao ver o vulto do guarda chegando a escada espiral.

    — Ei! Se apresse!

    — Já vou, já vou. — Os dois se retiram daquele salão escuro. Após subirem, a escada se recolhe.

    Tudo que Sarah vê a sua frente é escuridão e um pedaço do pentagrama. Fecha fecha os olhos por alguns segundos enquanto inspira profundamente. — Isso não é um sonho — Ela sussurra para si mesma após soltar o ar acumulado.

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