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    — Eles devem ter chegado antes do amanhecer, em meio a neblina. — Sarah os observa ali de cima, enquanto busca uma explicação lógica. — Contei dez deles no navio. — Com rápidos olhares para o lado, tenta analisar o cenário como um todo. — Sete navios de cada lado. — O astro rei que aponta no horizonte, reluz no olhar dela e de Adão.

    — Caramba, se fosse só uns três navios eu até daria conta, mas são muitos — Adão fala baixo enquanto busca retomar o foco.

    — Vamos esperar o anoitecer! — Sarah fala com convicção enquanto olha atentamente para o convés embaixo.

    Adão olha novamente para Sarah e repara em algo que nunca tinha visto antes em seu olhar. Ele se pergunta quem é a fera ali.

    Algumas horas depois, um homem com um chapéu comprido e marrom coberto de escamas que brilham desde um tom esverdeado até um tom rosa dependendo do angulo que se olha, aparece saindo dos aposentos de Marcos.

    — AAAAHAHAHAHA!!!! Então você vai fazer o papel de durão eeeeiimmm!?!?! — Ele é encorpado, mais pra gordo que musculoso. Alto, por volta de um metro e oitenta. Barba grande e negra, pele bronzeada. Ele tem uma Garrucha na mão direita, e uma Cimitarra na cintura, presa em um cinto vermelho. Suas vestes são todas negras exceto seu sapato marrom escuro e o chapéu. — Tragam ele até aqui!…. Vamos ver até onde essa coragem sobrevive! — Sua voz grossa e rouca é a única que se ouve no ambiente. Fora isso só o som do mar batendo nos cascos e alguns risos vindo dos outros navios.

    Sim Capitão John!!! — Um capanga que veste roupas cinzas e esfarrapadas, sapatos tão encardidos que mal dá para saber a cor, e uma bandana na cabeça que é coberta de escamas vermelhas. Atente a ordem e volta correndo para a cabine.

    Logo em seguida Marcos aparece saindo de seus aposentos. Ele está sangrando na testa. O olho esquerdo está fechado devido ao inchaço de alguma pancada. Com as mãos amarradas para trás, caminha para frente enquanto um capanga forte e moreno, usando uma regata toda rasgada, e uma bandana coberta de escamas cinzas. Vem o empurrando até perto dos homens amarrados no mastro principal.

    Um barulho forte ecoa e nada mais se ouve naquele momento. Um tiro foi disparado, e o mesmo homem que outrora se embebedou a beira da fogueira morre ali, na frente de Marcos.

    — Emmm??? Cadêê aquela determinação toda??? — John fala enquanto olha na face estarrecida de Marcos. Então ele aponta sua arma para outro homem — Quantos mais precisam morrer??

    Marcos faz um silêncio absoluto. Sua face muda para a de alguém com raiva. Ele abaixa a cabeça enquanto olha para o convés. Após um instante, acaba observando um fio negro caído bem ali na sua frente. Sua expressão muda prontamente, e ele recompõem a compostura, enquanto volta seu olhar para o pirata.

    —Bom. Já que é assim, não me resta escolha a não ser continuar. — John está prestes a atirar novamente.

    ­— Espere! Eu vou dar o que você quer!! — Marcos enfim sucumbi. O capitão pirata solta um sorriso e ambos começam a caminhar de volta para os aposentos. Tudo que se ouve são seus passos e as ondas que batem cada vez mais fortes nos cascos dos navios. Algumas risadas ao fundo quebram o silêncio novamente.

    — Tragam mais rum para todos!! AAAAHAHAHAHA!!!! — A risada de John só sessa com uma leve tosse.

    Assim como o dia passa, as ondas também vêm e vão. Os mais experientes tanto nesse navio como nos outros, olham para elas com preocupação. O que eles temem não sãos as ondas em si, e sim o que sucede elas. Torcem para que não aumentem. Após vários minutos, até os mais alegres percebem o chacoalhar dos navios, eles gelam e engolem seco, deixando o próprio rum de lado. Alguns se aproximam da borda para olhar mais de perto seus temores.

    Nos outros navios os homens fazem o mesmo. E lá no último da direita, quando um pirata mais jovem bota a cara na borda lateral contrário ao dos outros navios, e leva um jato d’água na cara. E depois vem outro jato, e mais um. Gotas salgadas começam a despencar no convés. Os piratas olham um para a cara do outro, todos ali já sabem o que fazer. Uma correria se inicia, os homens ali começam a recolher tudo do lado de fora e levar para dentro, outros começam a recolher as velas.

    — Eeeeeeiiii, o o oque q q vocês estatatam fafafafazeeendo??? — Um pirata do navio do lado percebe a movimentação e grita em busca de respostas. Sua bandana coberta de escamas brancas como a neve reluz em tons levemente alaranjados com o despedir do astro rei.

    — Vem tempestade aiiii!!!! — Um dos piratas grita em resposta enquanto agarra um barril de rum como se fosse a sua vida.

    Então ele se aproxima do convés e dá uma boa olhada na água batendo no casco, as ondas que se vê só não são mais fortes porque o navio do lado está quebrando-as, mesmo assim elas chegam na metade da altura do casco. Ele arregala os olhos, e estarrecido olha para o horizonte, lá no fundo bem no horizonte, seus olhos aguçados vislumbram o medo personificado em fúria da natureza.

    Ele rapidamente corre para o meio do convés e sobe em um barril.

    — Tetetetetetetetempeeeeeessstaaaaaadeeeeee!!!!!! — Eke grita desesperado enquanto aponta seu dedo para o horizonte.

    Todos ali param. Alguns já estão na borda averiguando suas suspeitas. Mas quando todos olham para a direção apontada, é como se olhassem diretamente na face do próprio Iâmur.

    Uma correria se inicia aqui também. E a mensagem vai sendo passada de navio em navio, até chegar no último da esquerda. Todos começam a se preparar para um dia daqueles. E provavelmente uma noite daquelas. A escuridão enfim toma conta do ambiente, assim como a coragem dos piratas. Nem os mais ousados tentam enfrentar essa calamidade.

    No navio de Marcos, isso também se repete, porém, os homens amarrados no mastro são largados ali aos cuidados dos braços amorosos daquela da tempestade.

    Sarah e Adão lá do alto, somente observam por enquanto. Eles também avistam a tempestade chegando cada vez mais perto. As ondas fazem o navio chacoalhar mais e mais. E ali onde eles estão, a situação só piora. Os dois se equilibram firmemente para não serem jogados para fora. Então, as primeiras gotas despencam. Grossas que se fazem sentir com clareza o impacto na pele.  Mais alguns segundos e as nuvens terminam de engolir até onde a vista alcança. Ondas tão surreais, que sobem e descem, fazem todos ali ter a certeza de que logo irão vislumbrar as profundezas acompanhados de tritões e sereias.

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