Capítulo 62: De volta ao lar
Após 4 dias de viagem, eles encontram uma ilha pequena e provavelmente inabitada. Juntos de um bote, os piratas são largados a própria sorte, com os corpos de seu Capitão e de outro pirata. Enrolados em um pano, já começam a definhar. O cheiro forte dos cadáveres já incomoda a todos. Logo que chegam a paria, ali mesmo na areia fofa, eles começam a cavar as covas. E aqui nessas águas turquesas, a sensação que fica em todos é de que algo mais aconteceu para que tudo terminasse daquele jeito. Foi o próprio Iâmur? Foi a fúria dos mares? Um milagre? Somente Adão segue em frente com uma certeza em seu coração. Ela é capaz de moldar o seu futuro contra tudo e contra todos.
A viagem a partir de agora, se torna bem desgastante. Porém, com Marcos comandando e orientando, os quatro se desdobram para fazer tudo funcionar.
6 dias se passaram desde então. Marcos diz que estão próximos de encontrar a entrada do rio que vem do Lago da Redenção. Sarah se lembra da explicação que estava sendo feita por Marcos naquela noite sobre a cidade. Então o questiona sobre se pode pegar aquele mapa para ver como é Atlântis. Ele prontamente entrega o mapa e um livro pequeno, porém, grosso e contendo tudo que se precisa saber para ir para lá.
Ela rapidamente o toma para si e procura um canto para se encostar enquanto começa a leitura. Costumes, divisão dos arcos e suas estruturas. Como é o comércio e sua disposição por toda a cidade. Os olhos de Sarah brilham a cada linha passada, porém, o livro não fala sobre a mãe de Adão, sobre os filhos de primeira geração ou segunda. Ela até se questiona levemente. Sua leitura continua por horas, e junto do mapa para complementar, se deleita com novos conhecimentos enquanto já se imagina desbravando toda uma nova civilização. Uma nova cultura. Novas pessoas.
A leitura continua por mais algumas horas até que ela termina todo o livro e o coloca de canto, pronta para se deitar e tirar mais um cochilo. Por mais que tente, o sono só vem depois de quase uma hora deitada olhando para o teto com sua imaginação bem distante.
Após dois dias de viagem em alto mar, eles chegam até a foz do Rio das Lamentações. A partir dali, as velas são recolhidas e o motor a vapor dita ritmo da viagem. Três dias e duas noites subindo o rio sem parar com aquelas poucas pessoas fazendo o navio funcionar, se torna desgastante. Logo eles ancoram em uma margem para um descanso no silêncio da noite, que só é interrompido pelo canto de uma criatura desconhecida que se assemelha ao som do Urutau. Um som que arrepia até a espinha dos mais bravos moradores da pequena floresta que rodeia aqueças águas.
— Dizem que existe algumas tribos de criaturas que ousam morar no deserto. E que elas costumam evitar essa floresta. — Marcos joga palavras misteriosas ao vento enquanto toma um pouco de rum no convés. Todos estão reunidos ali em volta de uma lamparina ao relento. — O que seria capaz de assustar quem vive no meio daquelas monstruosidades que se enterram na areia?
— Como são? As feras das areias? — O cozinheiro lança sua curiosidade no sereno rumo a Marcos, que se prepara para falar quando Adão toma as rédeas.
— Eu as vi pessoalmente no passado. — Adão lança um olhar profundo em direção a chama dentro da lamparina. — Serpentes tão grande que te fazem se sentir um inseto insignificante. De dia, suas cores se misturam com a areia avermelhada, porém de noite, elas fazem questão de se fazerem notadas. Escamas que vão de um preto para um vermelho que brilha igual brasa da cabeça em direção a calda. Enquanto elas passam por você, é possível sentir o odor do veneno que exala de suas presas. Elas não têm olhos, porém, ainda sim conseguem detectar o calor de nossos corpos que contrasta com o deserto durante a noite. — Ele pausa rapidamente e lança um olhar para todos. — Lembrem-se, nunca andem no deserto a noite, será o fim de suas curtas vidas.
Todos ali, ao mesmo tempo que vislumbram a pintura em suas mentes, se tremem de frio enquanto seus corações quase param algumas vezes.
— Isso foi de mais até para mim, vou me deitar. — Marcos lança palavras ao vento enquanto se esgueira para dentro. Giuseppe e Geovanni, não perdem a deixa e se retiram rapidamente do sereno após dar boa noite.
— Eu realmente quero andar em um Gila um dia! — Sarah lança um murmúrio ao vento enquanto se aproxima da borda e lança olhares para a floresta.
— E eu nem falei dos escorpiões e aranhas. — Adão lança seu desanimo em direção a lamparina enquanto começa a se deitar.
— Os Truz-Truz são os mais rápidos do deserto? — Sarah se vira para o convés enquanto se encosta na borda.
— Pelo que eu me lembro, eles ganham até das serpentes, mesmo sendo pequenas. — Adão termina a fala já largado no convés enquanto observa o céu estrelado.
A imaginação de Sarah começa a voar novamente.
Ao amanhecer, a jornada é retomada. Não que ela dure muito, pois logo ali no horizonte alguns navios esfumaçando são avistados. Em seguida, o destino de todos também se faz presente. Conformo o rio se alarga, vai se transformando em um imenso lago, e lá no centro, Atlântis.
Todos se aproximam da proa do navio para deslumbrarem o grande anel externo. Ao lançarem seus olhares mais ao fundo. Um castelo começa a surgir, e no alto, bem no centro, uma luz que erradia como um feixe para o alto, parece conectar o céu e a terra. Aquela luz branca reflete no fundo do olhar de Sarah. — Seja bem-vindo. — Palavras em um tom de voz feminino levemente grosso e ao mesmo tempo suave, ecoa pelo ar e se faz ser ouvido por Sarah que não entende muito bom de início. Então lança um olhar ao seu redor, mas parece que ninguém mais ouviu. Porém, ao enxergar Adão, ela logo compreende, nesse momento, ele está com a mão no centro de seu peito. Seu olhar de serenidade enquanto vislumbra o castelo, emana uma paz quase que incompreensível. Algumas lágrimas que escorrem por seu rosto despencam e somem no ar.
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