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    Um corredor curvado para a direita se apresenta após a porta. Do lado esquerdo desse corredor, uma fileira de pedestais desponta do chão e sobem até metade da altura do local. No topo deles, em cada um existe uma bola semicircular dourada, com sua abertura voltada para o lado direito do corredor. E de dentro dessa abertura, um feixe branco e suave de luz surgi, indo em direção ao outro lado do corredor, e some entre as prateleiras que se revelam então. Tão altas que pode se dizer que tocam o teto, e descem até chegar ao chão.

    — Por favor, fecha a porta para mim? —  Shymphony lança um sutil pedido enquanto da alguns passos à frente.

    Sarah então se vira e agarra em cada lado da porta e começa a empurrá-la até se encostarem uma na outra, cessando assim o ar úmido que adentrava o local até então. Shymphony joga um rápido olhar de canto para Sarah enquanto ela finaliza o pedido, logo retoma as passadas.

    Então Sarah se vira para Shymphony e conforme começa a caminhar em sua direção, lança olhares para o lado direito adentrando entre as prateleiras que se revelam contendo uma infinidade de livros e pergaminhos. Seus olhos mal acreditam no que veem enquanto observa cada detalhe. Bem no meio, entre as prateleiras, existe um outro pedestal com uma pedra arredondada que reflete a luz que vem do pedestal de fora. Iluminando assim vários livros, alguns reluzem em dourado, prateado, outros parecem ter algumas coisas encrustadas neles que brilham das mais variadas cores, a fazendo se lembrar do que viu no pedestal na montanha.

    Shymphony se vira adentrando entre duas prateleiras, Sarah não demora em acompanhá-la. As duas atravessam o corredor e chegam até o outro lado. Sarah repara que o mesmo esquema de pedestais se repete, só que agora ao contrário. Shymphony virar à esquerda e após mais algumas prateleiras, ela faz uma pausa.

    — Sabe. Eu realmente não sei o que te mostrar. —  Ela se vira na direção de Sarah com um olhar baixo e uma careta de indecisão enquanto coça suavemente seu cabelo na nuca.

    —  Eu realmente amo livros. Mas… Mais do que isso, estou atrás de respostas. — Sarah lança seu olhar distante ao chão.

    — Venha, me pergunte! —  Shymphony a chama enquanto vai encostando em uma das prateleiras e virada para a parede curvada do corredor.

    — … — Sarah caminha também encosta de frente para ela.

    As duas olham para o chão por um instante enquanto são iluminadas suavemente pela claridade dos feixes de luz ao lado.

    — Do lugar que eu vim, existe uma cidade com esse mesmo nome. Porém, lá ela é governada por androides e não humanos. Em que ano estamos? — Sarah lança seu olhar em direção a face atenta de Shymphony.

    —   750. — Seu olhar meio perdido entre Sarah e a parede as costas dela. Joga a resposta com timidez.

    As pupilas de Sarah se dilatam por um momento e logo retornam ao normal.

    —  Então é isso…

    — Oque?

    —  Passado… Estou no passado!

    —  Como assim?

    —  Um dia eu estava no meio do oceano e fui tragada por uma espécie de tornado. Quando eu acordei, estava aqui nesse tempo.

    — … — Shymphony serra seus olhos e enruga a testa na vertical entre as sobrancelhas. 

    Sarah ao observá-la dá um leve suspiro relaxando os ombros.

    — Eu venho do ano 2019.

    O olhar se Shymphony se arregala enquanto sua pupila se dilata e sua boca se abre um pouco.

    — Do futuro!

    Sarah só consente com a cabeça enquanto seu olhar observa a face de empolgação dela.

    — E como?  — Shymphony se interrompe por um momento — Androides… O que é isso? —  Seu olhar logo se transforma e sua face volta ao chão com olhar distante.

    —  São parecidos com seres humanos, mas são muito mais fortes que um humano comum. Alguns são mais altos. — Seu olhar também se torna distante jogado para o teto entre prateleiras — E por dentro, no lugar de veias e nervos eles tem fios e tubos. O sangue azul deles é o que mais o diferenciam.

    —  E eles governam Atlântis nesse tempo? —  Algumas lagrimas despencam da face de Shymphony.

    Sarah a observa ficar um pouco trêmula enquanto as gotas respingam no chão.

    —  Não só Atlântis. Tem uma mon…

    — Você deve ter passado por tanta coisa! — Palavras mais roucas que o comum surge de Shymphony.

    As pupilas de Sarah ficam trêmulas nesse momento, e sem seu consentimento, seus olhos se embaçam e sua boca se contorce. Então ela abaixa a cabeça enquanto aquele velho e incomodo sentimento retorna.

    Quente, aconchegante, suave e firme ao mesmo tempo. Trazendo consigo um sentimento de paz e pertencimento quase indescritível. Um abraço surge envolvendo Sarah por completo.

    — Nem mesmo a mais imponente estrela

    Pode se privar do toque suave da escuridão

    Nem mesmo as imperatrizes absolutas do Universo

    Podem fugir do sentimento de solidão

    E mesmo em meio a infinitas existências

    Elas insistem em retornar a brilhar

    Pois a existência delas dá sentido a tudo

    Inclusive ao mais belo luar — A voz serena de Shymphony ecoa por Sarah até atingir o âmago de sua existência.

    Seus braços firmes se apertam intensamente. Shymphony com seu queixo sobre o ombro direito de Sarah repousa sutilmente. E por vários minutos silenciosos, elas ficam ali, sentindo a reciprocidade pairando no ar.

    — Tem alguém melhor do que eu para responder suas perguntas. Eu acho pelo menos. Quer conhecê-la? — Shymphony termina sua fala já liberando um pouco de espaço entre as duas.

    Sarah se afasta um pouco dela para poder olhar eu seus olhos. Então acena positivamente com a cabeça enquanto passa o dedo polegar direito de cima a baixo do lado do rosto de Shymphony. Que por sua vez retribui com um suave sorriso e um beijo na testa de Sarah que fica levemente corada por um momento.

    Então as duas começam a caminhar novamente entre as prateleiras até chegar à mesma porta de metal. Após saírem dali e começarem a caminhar em direção ao centro do palácio lá no alto. Shymphony começa a contar a história da cidade que em sua maior parte Sarah já leu no livro. Porém, escuta atentamente aquela voz rouca ecoar entre as duas. Ela também lança algumas perguntas de curiosidade, sobre coisas que viu e outras que não. Shymphony vai respondendo todas elas sem pestanejar.

    Quando chegam no centro do palácio, em um salão todo decorado com tapeçaria escarlate e feita de tijolos cinzas. Sarah pausa por um momento deixando Shymphony caminhar um pouco a sós.

    — Sabe. Eu não vi mais nenhum.

    —  Nenhum? — Shymphony se volta para Sarah.

    — Segunda geração, igual Adão.

    — Oque?? Você conhece aquele arruaceiro? — Com uma leve face de espanto ela retoma.

    Sarah solta um leve riso em forma de ar enquanto sacoleja o ombro.

    — É sério!! Foi ele que trouxe aqui?? — Ela lança seu olhar perfurante no fundo da alma de Sarah que só consente com a cabeça meio sem jeito.

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