Índice de Capítulo

    — Então até eles são classificados. — Sarah solta sutilmente em voz baixa falas ao vento.

    — Pera, você já viu um arauto? — Pollos quase cospe o que tem na boca enquanto segura sua caneca. Shymphony somente a observa atentamente e impressionada cada vez mais. Nova por sua vez quieta em seu canto, sorri com a cena de um banquete com uma boa conversa, enquanto está com o rosto do lado direito apoiado na palma da mão que por sua vez tem seu cotovelo direito “fincado” sobre a mesa.

    — Pela descrição, deve ser aquela grande serpente que veio junto daquela onda colossal, ela serpenteava e brilhava em um azul claro. Claramente estava faminta, tinha tantos corpos mar abaixo que nem um arauto conseguiu recusar o convite para o banquete. — Sarah termina sua fala voltando a dar uma grande mordida em outra das batatas ali presente.

    — Ual!!! Saiba que você deve ser a segunda pessoa que viu um arauto e viveu para contar a história. — Pollos termina sua fala voltando a beber mais um pouco.

    — O primeiro aventureiro… — Sarah sussurra novamente.

    — Uruk! — Shymphony esbraveja como se tivesse mudado de humor de uma hora para outra.

     — Sim, esse é o nome dele, oque que foi? — Sarah a questiona levemente curiosa.

    — Aquele galanteador de meia tigela. Saiba que Uruk não era um aventureiro como contam as histórias, ele na verdade era um mulherengo, viajou pelos mais distantes lugares desse mundo, não pelo desbravamento. Mas sim para conhecer os mais variados tipos de mulheres que se tem por aí. Seja humana ou não, ele não ligava. — Shymphony encara a fina espuma que se forma sobre o líquido que já está pela metade em sua caneca. —  Bastava ser atraente para seus olhos que ele já ia para cima.

    — Um verdadeiro homem não se importa com aparências. — Pollos solta palavras ao vento já soluçando e ranca um riso de Nova.

    — Não esperava por isso. Os livros dizem que ele era forte, corajoso, e muito astuto. E que fez a primeira versão do que conhecemos como mapa do mundo — Sarah tem em seus olhos o brilho de uma arqueóloga que vislumbra um mapa antigo cheio de mistérios.

    — Ele realmente fez um mapa, e o nomeou com o mesmo nome de nossa mãe em homenagem a ela. — Shymphony deixa palavras ao vento enquanto um leve sorriso logo é interrompido pela caneca que se vira contra sua boca.

    “Isso não é registrado em nenhum livro” Sarah se indaga profundamente enquanto também bebe um gole.

    — Sabiam que ele é o progenitor dos Tritões e Sereias? — Shymphony relembra a última vez que o viu sentado na beira do lago conversando com uma filha de segunda geração. — Iara… Encantadora, e como mulherengo com ele era, logo que a viu se apaixonou. Mas diferente das outras vezes, ele partiu para o mar junto dela. Pelo que ouvi de relatos dos viajantes, existem Sereias e Tritões na costa oeste. — Shymphony vagueia em sua mente, quando se lembra de Iara e de sua fofura quando pequena. Ela amava as cantorias de Shymphony. — “Como será que ela está?”

    — No meu tempo, a costa oeste é uma das mais hostis de todas. Tritões e Serias já não vivem mais juntos depois de uma grande briga interna deles. E existe um nevoeiro gigante por lá, dizem que existe uma masmorra dentro desse nevoeiro que toca o fundo do mar e sobe até onde se pode respirar no céu. Esse e um raro relato de um tritão, mas não se sabe muito mais sobre, só boatos. — Sarah volta a se perder em pensamentos.

    — Pelo menos eles ainda existem, então ela deve estar bem. Já que ela sempre foi muito astuta, porém isso de briga interna… “Será que depois da Morte de Uruk ela voltou a detestar os machos?”  Shymphony volta a se perder em pensamentos.

    — Sarah, quando você se refere ao seu tempo, o que você quer dizer com isso? — Nova direciona sua voz levemente curiosa para ela.

    — Futuro!! — Shymphony salta no meio para responder. — Se acredita nisso??

    — Realmente esse mundo é cheio de loucuras em! — Nova se espanta por um momento, mas logo retoma a compostura. — Me conta como é o Futuro?

    Sarah não perde tempo, cruza suas pernas sobre a cadeira e pega mais uma das batatas e começa a destrinchar palavras ao vento enquanto gesticula. Algumas vezes feliz e outras nem tanto, e assim ela passa vários e vários minutos falando sobre seu tempo enquanto eles se espantam com maravilhas e crueldades.

    — Pequenina, você realmente passou por muita coisa! — Pelo que eu vi você sabe lutar também, esses braços devem bater bem forte. — Pollos tece leves elogios para Sarah, que rapidamente fica toda tímida e envergonhada. Mas logo se solta. — Você não tem interesse em ter uma armadura para usar na arena?

    — É exatamente sobre isso que viemos falar com vocês. — Shymphony salta novamente no meio da conversa.

    — Eu já imaginei a armadura perfeita para você que usa uma adaga como arma. Aliás, deixe me vela depois! — Pollos logo se predispões a dar uma bisbilhotada.

    Sarah rapidamente a tira de sua mochila e a coloca sobre a mesa.

    — Cuidado, uma vez um androide tocou nela, e se queimou todo onde encostou. Mas por algum motivo, eu consigo. — Sarah encara a adaga com o olhar distante novamente.

     — Interessante, nem na minha terra natal eu vi um metal como esse. E você querida? — Pollos tem seu olhar intrigado examinando cada centímetro da adaga.

    — Não, esse tom negro da lâmina, nem aquelas pedras que caíram do céu uma vez tem. — Nova também olha intrigada para a adaga, o instinto de ferreiro começa a borbulhar dentro deles. — Mais um motivo para uma nova jornada.

    — Sim! Imagina quantos metais diferentes devem estar por aí, só esperando para levar umas marteladas! — Ele termina sua fala voltando a postura de antes, enquanto sua mão busca novamente a caneca.

    — Mal posso esperar! — Nova logo também retoma a postura enquanto solta um grande suspiro. — Vou lá buscar outro barril, já volto.

    Sarah novamente não pode deixar de reparar na coloração do cabelo de Nova que sacoleja com suas passadas, mas logo volta seu olhar para adaga.

    — Ela é diferente de tudo que eu sei! — Logo ela pega a adaga em mãos e a ativa sutilmente para não causar espanto. — Sempre que eu faço isso, eu meio que compartilho minha energia com ela. A sensação e de que posso cortar qualquer coisa! Mas se eu me descuidar ela pode acabar sugando toda minha energia.

    Pollos olha abismado para o leve brilho que a adaga emana. Abismado e admirado ao mesmo tempo.

    — Querida corre aqui!!! — Pollos mal se contém novamente.

    — Incrível, é como se a adaga estivesse viva, repare nas leves nuances do brilho, não é constante. — Nova parece saber mais sobre brilho do que metal quando se trata dessa adaga.

    — Realmente! Uma bela arma que você tem pequenina, cuide bem dela, e ela cuidará bem de você! — Ele termina a fala com um belo sorriso enquanto suas mãos já vão logo buscando o barril que acabou de chegar.

    Sarah desativa a adaga, e logo a guarda em sua mochila. Um leve sorriso também desponta de seus lábios, mas logo se lembra do motivo de ter vindo até aqui.

    —  A armadura. Você falou que já imaginou uma perfeita para mim! Doque você precisa para fazê-la? — Sarah mal se contém ao encará-lo.

    — Carvão.

    — Oque??? Você ainda não foi buscar??? — Nova o encara com a face estampada pela indignação.

    — É que eu estou com preguiça de ir até o anel externo. — Ele olha para baixo como se quisesse esconder seu rosto, mas logo retoma o olhar para Sarah — Pode fazer esse favor por mim?

    — Shymphony, você me mostra o caminho? — Sarah lança seu olhar para ela que, inclinada para trás sobre a cadeira, com os dedos das mãos entrelaçados por traz da cabeça enquanto encara o teto em uma longínqua viagem na imaginação. Até um sorriso bobo está tomando conta de sua face.

    Porém ela não escuta, Nova então olha para Pollos com um sorriso bobo.

    — Então Pollos, vamos terminar o “ESCUDO”??

    Como se ela fosse programada para responder ao escutar essa palavra, seu olhar violeta se volta para os dois rapidamente. Inevitavelmente todos ali riem por alguns segundos.

    — Shymmphony!!! Me ajuda a buscar carvão para eles. Aí eles vão poder terminar seu escudo e fazer uma armadura para mim!! ­— Sarah termina sua fala já se levantando.

    — Pode deixar comigo. — Ela se levanta enquanto puxa uma rápida quantia de ar.

    — No mercado nos vamos ♫

    — O carvão buscar ♫

    — Iiaaiiaa oooo ♫

    — Um caminho buscaremos ♫

    — Os peixes levaremos ♫

    — Iiaaiiaa oooo ♫

    Após ouvir a suave cantoria de Shymphony que termina de se levantar, Pollos lança um olhar para Nova, e ambos se levantam enquanto também puxam um canto juntos.

    — Os peixes maiores ♫

    — Vocês levaram ♫

     — Iiaaiiaa oooo ♫

    Eles se viram e começam a andar em direção a cozinha

    — E nós voltaremos ♫

    — Para o aço forjar ♫

    — Iiaaiiaa oooo ♫

    Eles terminam a cantoria já lá na porta, enquanto fazem um último brinde só os dois de mãos dadas.

    Sarah e Shymphony também já estão perto da saído por onde entraram.

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