Índice de Capítulo

    O sol se alça por cima dos anéis que circundam o castelo, e começa a tocar a proa no barco. Aos poucos, todos ali vão despertando. Até os filhos de primeira geração, estão jogados aos trapos pelos cantos da embarcação. Orpheus está espichada por cima de Adão, que por usa vez, está cochilando na forma animal. E uma caneca com algumas gotas de bebida, está repousando a frente de seu focinho.

    Sarah e Shymphony já estão sentadas a mesa, comendo uma espécie de pão que Giuseppe preparou no outro dia.

    — Vocês realmente estão bem? — Geovanni que está sentado à mesa, as indaga após beber um pouco de um líquido verde em um frasco pequeno e comprido. — Tem mais remédio guardado ali no armazém se quiserem.

    — Tu ousas achar que eu, Shymphony! Não aguentaria uma mera noitada de bebidas? — Ela termina sua fala sacando mais uma caneca cheia não se sabe de onde. O que faz Giuseppe ficar boquiaberto.

    — Por incrível que pareça, eu estou bem também. — Sarah o tranquiliza enquanto retira mais uma lasca do pão que é achatado, cumprido, meio branco e amarelado. Crocante e macio ao mesmo tempo. — Uma vez eu preparei uma bebida a partir de batatas, aquilo sim me fez achar que era minha última noite nesse mundo. — Ela termina sua fala já com a boca cheia e mastigando.

    — Pequena, poderia me passar essa sua receita depois? — Pollos que estava praticamente “morto” a instantes. Se senta lentamente no canto do cômodo enquanto já vai aproveitando o momento para aumentar sua coleção de bebidas.

    — Pode deixar, mais tarde, quando minha armadura estiver pronta, eu lhe ensinarei tudo o que sei sobre. — Sarah não perde a oportunidade.

    — Esperta você, gostei! — Shymphony se intromete por um momento. — Aliás, Nova, achei que você fosse mais forte na queda de Braço.

    — Não enche, minha cabeça está doendo! — De barriga para baixo ela está largada aos trapos ao lado de Pollos. Nem se quer faz questão de abrir os olhos.

    Giuseppe vendo a cena dos dois e suas caras, rapidamente se dirige ao armazém.

    — Falando em queda de braço, aquele felino ali me surpreende cada vez mais. — Marcos que acabara de chegar com duas xicaras de café, preparadas por Geovanni, também se junta a conversa.

    — Muito obrigada! — Sarah o agradece por lhe trazer algo que a muito não experimentava.

    — Maldito seja! Como ele consegue ser tão forte assim? — Shymphony resmunga sem direção ao dar uma olhada de canto para o animal que mais parece um tapete esticado no momento. — Mas eu juro que em Atlás, eu serei a melhor! — Ela dá outra boa olhada para seu pequeno escudo. — Conto com você Pollos.

    Ele mal responde, sua cabeça dói tanto que nem consegue abrir os olhos.

    — Mas por que você não participou da “batalha” na noite passada Sarah? — Marcos a indaga após virar um bom gole de café.

    — Sinceramente. Depois que eu a vi tirando a queda de braço com Adão, eu perdi as esperanças. — Ela termina sua fala dando uma boa olhada naquela “poça” d’água jogada no canto do cômodo.

    — Ela e a que tem mais força entre os filhos de primeira geração. — Shymphony parece vagar na mente por um instante.

    — Então ela deve ser a mais forte de todos vocês. — Marcos está deveras curioso com o rankeamento deles.

    O olhar de Shymphony parece mudar por um instante enquanto ela olha para sua caneca.

    — Não… — Ela responde quase que em um tom levemente fúnebre.

    — Ivres… — Tão sorrateira quanto o vento, e suave quanto a água, Sylphie já vai materializando sua forma ali em uma das cadeiras a mesa.

    — Quem é essa? — Marcos a indaga após se recuperar do susto que acabou de levar.

    — Ela é um dos filhos de segunda geração, irmã de Adão e Orpheus. — Sylphie também parece vagar em pensamentos.

    — E como ela era? — Agora as curiosidades partem de Sarah.

    — Branca como o luar. Uma raposa toda branca e delicada. Seus olhos… Cada um era de uma cor. O direito era castanho como a madeira dessa mesa, e o esquerdo de um tom castanho mais suave era circulado por uma cor prata como se a própria lua estivesse por traz brilhando. — Shymphony dá uma descrição detalhada como se a tivesse visto ontem. — Na forma humana dela, era tão bela e serena, que parecia ser inalcançável. E naquele fatídico dia, ela provou que não era só sua beleza que era inalcançável. — Com um tom de voz melancólico ela termina sua descrição.

    — Eu também perdi naquele dia, nem por isso eu fico choramingando pelos cantos sempre que me lembro. — Sylphie termina sua fala jogando um ar úmido e gelado na cara da Shymphony.

    O ar começa a vibrar sutilmente ao redor de Shymphony, Sarah só observa. Já Marcos vai sorrateiramente se levantando da cadeira. As duas se encaram como se fossem travar uma batalha mortal a qualquer momento. Mais uma vez Orpheus aparece do nada, ainda com os olhos fechados e se senta a mesa no lugar de Marcos e entre as duas.

    — Dá para vocês duas pararem? Parecem duas crianças mimadas. A mãe devia ter dado umas boas galhadas em vocês…. — Ela termina sua fala se debruçando sobre a mesa, foi aí que todos perceberam que ela nem acordada está.

    Nesse momento Giuseppe chega ao cômodo com mais de 10 frascos de remédio. O que levanta o ânimo de quase todos ali com suas cabeças doendo.

    — Peixe assado na folha de bananeira, bem temperado. — Essas palavras roçando a orelha de Adão fazem até seu focinho se revirar todo a procura de tal odor. Esperança que logo se esvai após Sarah jogar as vestes dele em sua cabeça.

    — Não precisa ser tão vingativa assim! — Ele logo vai se levantando e se transformando. Rapidamente suas vestes se encaixam em seu corpo.

    Orpheus que está no cômodo, até joga um olhar de canto enquanto finge que ainda está dormindo. Se fosse possível ver, suas bochechas estariam coradas.

    Geovanni, após terminar de lavar a louça, chega no cômodo e se senta, em busca de um bom ar.

    — Geovanni, Obrigado pelo frasco de água. Aquilo sim foi uma bebida de qualidade. — Sylphie o agradece sem perder tempo.

    — Eu também sou muito grato meu amigo, estou me sentindo bem melhor agora. — Marcos não perde a deixa para também o cumprimentá-lo.

    — Realmente deve ser uma água bem diferenciada. Faz tempo que não via minha irmã capotada daquele jeito. — Shymphony não perde espaço de fala.

    — Fico feliz que vocês tenham apreciado. — Geovanni fica sem jeito enquanto fala e olha para algum canto onde não tenha ninguém.

    — Bom, eu preciso ir. Tenho que reencontrar Apollo e Pietro, eles estão fazendo novos tuneis no subsolo e fiquei de ajudá-los. Tenham um bom dia! — E com essa despedida ela suavemente se vai levitando junto com as brisas da manhã que as correntezas trazem.

    Pollos e Nova após beberem um pouco do remédio, rapidamente vão se retirando. Marcos segue o mesmo embalo e vai em busca de novos recrutas. Giuseppe o acompanha, enquanto Geovanni decidi dar mais um pulo no mercado antes de partirem. Orpheus oferece ajuda a ele, pois também tem negócios por lá.

    — Sarah, tive uma ideia. Por que a gente não treina? — Shymphony a convida enquanto observa Orpheus e Geovanni sumirem após a ponte.

    — Treinamento de combate? — Sarah se junta a ela na borda do convés.

    — Vai ser bom desenferrujar um pouco, faz muito tempo que não tenho um parceiro de treino. — Ela joga um olhar sorrateiro de canto para Adão que vem se aproximando.

    — Se você me permitir, gostaria de se juntar a vocês. — Ele logo vai aproveitando a oportunidade. — Fiquei muito tempo estagnado. Tenho uma reputação a preservar em Atlás.

    — Bom mesmo! Quando eu vencer você, não quero ouvir desculpas! É bom estar no seu melhor. — Ela solta palavras ao vento enquanto observa a correnteza seguir seu fluxo.

    — Bom, se é assim. Só me resta dar o meu melhor. — Sarah consente com a proposta, e logo um sentimento começa a tomar conta do seu coração. O fazendo até bater mais rápido.

    — Vamos até Atlas então. Aproveitar que a arena ainda está vazia. Nas próximas semanas e meses, seres de todos os cantos começam a chegar e a usá-la para treinar também. Aquilo fica um caos, e eu não quero mostrar minhas habilidades a mais ninguém. — Shymphony termina sua fala já se dirigindo para o porto.

    — Guardar suas habilidades para o momento decisivo é um fator muito importante que decide batalhas. — Adão a acompanha rapidamente. Sarah observa estranhamente aqueles dois se dando bem como ainda não tinha visto. Após um rápido pique até o cômodo principal e pegar sua mochila. Ela acelera suas passadas até encontrá-los já na escada. Assim eles seguem para o local que ela tanto quis conhecer.

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