Capítulo 82: Lendas
Pelos mais diversos cantos de Atlântis, em algum momento quase todos param para apreciar aquela formação única de cores no céu desta manhã.
Sejam os ferreiros a beira da cachoeira. Adão andando pelo mercado com Marcos, ou até mesmo Apollo e Pietro que tiraram a manhã de folga para fazer companhia para sua irmã caçula. O arco de cores reflete nitidamente no fundo do olhar de Shymphony.
— Realmente, um belo dia para apreciar o céu. — Pietro, sentado a beira da arena e encostado no muro, tem seu olhar lançado para cima, enquanto as gotículas de água despencam sobre sua pele, oque a deixa toda lamacenta.
— Fazia tempo que não via um desses. Hoje deve ser um dia especial. — Apollo, sentado um pouco ao lado dele, também aprecia tal cena. Fumaça emana de seu corpo e sobe enquanto vai sendo dissipada pelo ar. Seu olhar é a única coisa que ainda permanece em chamas. Sua pele no momento tem um aspecto de carvão apagada. E até algumas cinzas se acumulam em algumas partes, mas logo caem devido a chuva que lava a pele dele.
Shymphony, está em pé no meio da arena. De olhos fechados e cabeça baixa. Deixa de contemplar, para refletir sobre algumas coisas que aconteceram. A luta com Adão vem em mente. Que logo é sobreposto pela luta contra Sarah, que a faz fechar o punho direito, agora despido de seu habitual escudo.
Seu coração até acelera a frequência por um momento, mas logo se acalma. Logo ela escuta passos se aproximando em meio a areia molhada. Oque a faz relaxar a mão e os ombros.
— Te observando de longe, e agora de perto. Percebo que algo lhe assola irmã. — Apollo desfere palavras em um tom calmo.
Pietro que chegou junto, só a observa sem dizer nada.
— Eu sei que nesta arena, não devemos nos segurar. Mas ontem… Eu senti minha vida em perigo pela primeira vez em séculos. E eu quase perdi o controle. — Com olhar voltado para a areia e as gotículas que caem e fazem algumas pequenas deformações nela. Shymphony se solta em palavras.
— Adão tá tão forte assim? — Pietro a questiona com uma expressão estranheza. — Ele sempre teve muita predisposição para o combate. Mas tanto assim?
— Aquele gato folgado, está da mesma forma do dia que partiu. Não evoluiu nada. — Ela levanta o olhar, e o volta para um pouco acima da linha da arquibancada, buscando observar algumas nuvens que se movem por lá.
— Sylphie mencionou algo sobre uma amiga nova dele. — Apollo com a mão no queixo, tenta vislumbrar com ela se parece.
— Sarah. Não esperava que aquilo fosse acontecer. — Shymphony termina sua fala voltando seu olhara para seu pulso direito.
— Você perdeu seu escudo? — Pietro logo a questiona após observar para onde ia seu olhar.
— Eu fui displicente, e paguei o preço. Vocês sabem como Atlás é! — Ela se vira para eles enquanto fala. — Sabe oque mais me da medo? O fato dela nunca ter treinado de verdade como nós, e ter se igualado por um momento.
— Talvez ela seja uma daqueles humanos que se intitulam nobres. Já lutei com um uma vez, e ele se saiu melhor do que eu imaginava. — Apollo lembra de um guerreiro que andava descalço e empunhava uma espécie de picareta.
— Pelos relatos dela, de quando ela veio, esses nobres se segregaram do resto dos humanos, inclusive dela. — Ela se senta na aria de pernas cruzadas. O que soa como um convite que os dois não recusa.
— Quando? — Apollo volta a indagar, agora com uma expressão confusa estampada em sua face.
— Segundo o que contou. Ela veio do futuro por alguma espécie de vórtice no oceano. Não fica claro como. Mas ela não me parece o tipo de pessoa que mente. — Shymphony volta sua face para eles enquanto fala.
A água que caía, agora cessa enquanto o sol encontra um espaço entre as nuvens para se fazer notado bem ali no meio da arena, sobre eles. Não demora para as rachaduras no corpo de Apollo começarem a cintilar em vermelho escarlate. Pietro observa as rachaduras que começa a surgir por sua pele.
— Eu nunca me canso de apreciar vocês. — Com sorriso no rosto, ela só os observa se adaptarem al clima.
— Futuro? Tenho tantas perguntas sobre. — Pietro solta questionamentos ao ar.
— Acho melhor não a incomodar com isso. Eu senti que ela sofreu muito em seu tempo. Talvez isso explique aquela aura dela. — Agora é ela que coloca a mão no queixo.
— Independente. Nos apresente a ela mais tarde. É sempre bom conhecer uma pessoa nova. Ainda mais sendo tão peculiar como aparenta. — Apollo solta os braços para trás para se apoiar na aria enquanto inclina o corpo pegar um pouco mais de sol.
— Quando ela se sentir melhor, eu vou. Podem ficar tranquilos.
— Falando em aura. Enquanto escavamos, eu decidi ir um pouco mais fundo com os tuneis. Mas chegou em um ponto que eu me senti desencorajado de continuar. Tem uma aura mais sombria naquele lugar. Será que tem algum demônio por lá? — Pietro até pode sentir um arrepio na espinha.
— Já te falei que é a pressão de ir muito fundo tão rápido. Ela nos desnorteia e faz recuar. — Apollo sem se mover explana para o ar.
— Em minha terra natal. Existe uma lenda que fala sobre demônios. — Ela rapidamente captura a atenção de Pietro, e faz até Apollo se ajeitar para ouvir. — Ela diz que na terra dos Deuses. Anjos e demônios, travam uma batalha atemporal. Eles vêm de debaixo da terra por tuneis e cavernas. E os anjos construíram cidades e fortalezas para detê-los de escaparem e destruírem o mundo.
— Só de pensar no frio de lá, isso sim me da medo. — Apollo pula no meio da fala para se expressar enquanto imita um sentimento de frio com os braços cruzados.
— Esse é o maior motivo disso ser só uma lenda. Lá é tão frio, que ninguém nunca ousou atravessar Ragnarok. — Ela continua sua história. O olhar fissurado de Pietro não perde uma só palavra. — Mas é aquilo. Nunca se sabe. Pode ser só uma lenda, ou realmente existam demônios debaixo da terra. Prontos para sair e destruir tudo. — Ela termina lançando um olhar sorrateiro para Pietro, enquanto levanta a sobrancelha.
— Está oficialmente encerrado a escavação daquele túnel. Eu to fora! — Pietro até esboça por um momento a expressão de medo enquanto desvia o olhar.
Pietro e Shymphony caem na gargalhada enquanto observam a reação dele.
— Isso, riam. Mas eu não serei o culpado de destruir o mundo. — Pietro até se levanta enquanto lança olhares de desaprovação para ambos.
— É só uma lenda boba. Apollo também se levanta enquanto vai parando de rir.
— Será? — Shymphony deixa uma dúvida no ar.
— Nossa mãe teria nos falado de algo assim, se realmente existisse. Pode ficar tranquila. — Apollo termina a fala já centrado novamente e voltado para o túnel de acesso.
— É verdade. E mesmo que existissem, acho que nós daríamos conta de alguns chifrinhos que cambaleiam por buracos. — Shymphony volta a demonstrar a mesma determinação de sempre. Até coloca sua mão na busca do escudo. Mas só encontra um pulso vazio.
— Eu preciso treinar mais. Se eu tiver que enfrentar algo assim um dia. Preciso estar preparado. — Pietro tenta se animar.
— Treina comigo? — Shymphony instantaneamente o convida.
— Interessante. — Apollo até para a caminhada para se incluir.
— Por que não? — Pietro até demonstra um pouco de confiança.
Uma hora depois.
— Rezem para nunca encontrar os chifrinhos por ai! — Shymphony está caminhando em direção ao túnel que agora está pegando fogo por fora. Tem terra, pedras amontoadas e jogadas para todo lado. O muro todo marcado de carvão e a arena toda cheia de buracos e crateras. E em uma delas se encontra os corpos esticados dos dois, mais pro lado de lá do que de cá.
— Não esqueçam de arrumar essa bagunça toda.
— Se loco, não compensa. — Pietro exclama ao ar.
— Não compensa. — Apollo concorda com ele.
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