Capítulo 1011 A Queda de Falcon Scott (29)

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Por um momento ou dois, a mente de Sunny ficou vazia. Ele rastejou de volta, olhando para a figura familiar elevando-se acima dele.

Verne… era Verne. Não havia engano.

… Ou algo vestindo o cadáver de Verne, pelo menos.

Sua sombra era muito mais vasta e terrível do que a sombra de um humano deveria ser.

O olhar vazio do Mestre morto perseguiu Sunny, seu rosto parado e imóvel como uma máscara. Atrás dele, as ondas escuras se agitaram, e mais figuras surgiram da água. Homens, mulheres… dezenas deles, centenas até. Eles marcharam para a frente como um exército de mortos, silenciosos e sem emoção, seus olhos se afogando na escuridão.

Todas as suas sombras estavam erradas.

As pessoas de LO49 que Sunny havia deixado para morrer. Ele reconheceu todos eles, olhando para a superfície ondulante do oceano em horror.

‘O… o Terror…’

Estranhamente, foi a risada desdenhosa da espada amaldiçoada que quebrou sua paralisia.

“Olha, Perdido da Luz… seus pecados vieram para assombrá-lo!” ¹

Sunny estremeceu, voltando a si.

‘Que pecados, seu bastardo? Eu fiz tudo que pude para salvá-los!’

A voz insidiosa riu novamente, então sussurrou, suas palavras sibilantes caindo como gotas de veneno:

“Fraqueza também é pecado, seu verme miserável… é o maior pecado de todos…”

Sunny rosnou, então se levantou e congelou por uma fração de segundo, pensando febrilmente sobre a situação.

Depois de perseguir o Tirano, ele agora estava atrás da cidade. Havia altos penhascos entre o oceano e a muralha norte de Falcon Scott, então nada poderia escapar da costa sem ser despedaçado pelos armamentos defensivos… Ainda, a maioria das forças do Primeiro Exército estavam atualmente concentradas no lado sul da muralha, lutando contra a Nuvem Devoradora.

A fortaleza do porto estava próxima, porém, e defendida por sua própria guarnição. Onda de Sangue e os Despertos da Casa da Noite também estavam lá, protegendo os navios ancorados e supervisionando o carregamento dos refugiados.

Mil cadáveres controlados não iriam fazer um estrago nas defesas do porto. Quanto ao Terror em si…

Assim que esse pensamento passou pela mente de Sunny, ele viu algo que fez seu sangue gelar. Ali, atrás das figuras lentamente avançando dos moradores afogados de LO49, a água negra fervia e borbulhava, liberando ainda mais escravos. Criaturas do Pesadelo… milhares delas… estavam surgindo das ondas, todas se movendo com o mesmo desapego silencioso e angustiante.

Ele deu um passo involuntário para trás, então se preparou e ergueu o Pecado do Consolo.

Os escravos do Terror não podiam ser autorizados a chegar ao porto. Centenas de milhares de refugiados estavam lá no momento, com ainda mais já nos navios. Felizmente, os elevadores que levavam à Falcon Scott estavam vazias, a evacuação parou brevemente por conta da Nuvem Devoradora.

Os defensores da metrópole também avistaram a nova ameaça. Poderosos raios de luz caíram de cima, iluminando a horda silenciosa. Um instante depois, uma saraivada de balas deveria atingi-la…

Mas isso não aconteceu.

Os holofotes se moveram, como se não notassem nada. Em vez de um ataque obliterante de balas pesadas, tudo o que veio foram algumas correntes esporádicas de balas de rifle.

Os armamentos na muralha da fortaleza do porto também estavam silenciosos.

Sunny sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

‘O feitiço…’

Ele não teve a chance de terminar o pensamento.

Verne desapareceu de repente, movendo-se com muito mais velocidade do que ele era capaz como humano. Sunny se moveu, tentando desviar do ataque, mas sua reação foi muito lenta. Um golpe devastador o fez voar para trás, o fôlego completamente arrancado dele. Ele caiu no chão e rolou, sentindo uma dormência fria se espalhando por seu peito.

‘Maldito seja…’

Ele havia se enganado ao avaliar o poder do inimigo com base em quão poderosos os Escravos eram antes de serem vítimas do Terror. O que quer que a criatura tivesse feito a eles… os havia transformado em… era muito mais perigoso do que eles mesmos.

“Você é um tolo negligente, não é?”

Lutando para inalar, Sunny cerrou os dentes. De fato, ele era… ele já sabia que os moradores enfeitiçados eram capazes de mostrar força sobrenatural. Por que os Escravos seriam diferentes? Na verdade, a mudança deles seria maior.

Um Mestre, cerca de cem Despertos, quase mil soldados mundanos, centenas de civis… e milhares e milhares de Criaturas do Pesadelo, todos controlados e transformados pelo Terror.

Com todos aparentemente cegos à sua existência.

A situação não era boa…

Sentindo medo de verdade pela primeira vez em muito tempo, Sunny se forçou a se levantar mais uma vez e olhar para a horda de olhos fundos.

‘Não, nem todos…’

Embora a maioria dos defensores parecesse ignorar os escravos do Terror, alguns ainda estavam atirando com seus rifles. Isso significava que o feitiço da criatura não era absoluto. Com tantos moradores por perto, ele só podia fazer até certo ponto.

Havia uma restrição ao seu poder. O que significava que ele poderia ser derrotado.

Ouviu-se um som de metal raspando contra pedra atrás dele. Olhando para trás, Sunny viu Dale se aproximando, seu escudo erguido e pingando sangue. Seu coração pulou uma batida.

“Dale! Você os vê?!”

O Mestre fortemente blindado virou a cabeça ligeiramente, a escuridão aninhada na fenda de sua viseira. Sua voz soou um pouco abafada:

“O que você está falando?”

O coração de Sunny caiu, mas então, Dale continuou:

“Como eu não perceberia milhares de criaturas rastejando do oceano? Claro, eu as vejo. A questão é: por que os armamentos da parede ainda estão silenciosos?”

Mais e mais Criaturas do Pesadelo emergiram da água, inundando a costa. Sunny encontrou Verne e estremeceu, notando que o Mestre morto também estava olhando para ele.

“É o Terror de LO49! A coisa miserável está mexendo com a mente das pessoas! Precisamos…”

A horda oca parou de se mover de repente. Milhares de cabeças se viraram em uníssono, incontáveis ​​olhos vazios todos encarando um único ponto…

Sunny.

Ele estremeceu.

‘… Acho que ele também me reconheceu.’

A horda avançou.

1. Vou deixar os sussurros dela em itálico agr[↩]