Capítulo 370: Relatório de Exploração
Combo 07/100
Sunny levou o resto da noite para compilar todas as informações que reuniu sobre a Costa Esquecida em um relatório sucinto e abrangente. Sabendo o quanto o Professor Julius era apaixonado pela pesquisa do Reino dos Sonhos, Sunny tentou não perder nenhum detalhe importante.
Ele descreveu a geografia e o ambiente da região da melhor maneira possível, incluindo todos os marcos notáveis que visitou ou dos quais ouviu falar, bem como a natureza peculiar do mar escuro e do Labirinto. Ele também descreveu a maioria das Criaturas do Pesadelo que viu, conheceu ou lutou, anotando tudo o que sabia sobre seus poderes, comportamento e fraquezas, escrevendo através das lentes de sua própria experiência sempre que possível.
Quando possível, ele incluía as informações recebidas diretamente do Feitiço, completadas com as descrições das Memórias e Ecos que ele conhecia. Claro, ele forneceu esses textos tanto na língua humana quanto na língua rúnica.
Por último, ele escreveu os resultados de sua exploração e estudos sobre a história da Costa Esquecida, descrevendo detalhadamente cada gravura, cada mosaico e cada mural que viu. Ele também acrescentou suas teorias sobre o que aconteceu com a antiga civilização, bem como suas observações sobre como os antigos povos da Costa Esquecida viviam antes da queda.
…Claro, havia coisas que ele guardava para si mesmo.
Sunny omitiu qualquer coisa que tivesse a ver com o ninho do Repugnante Pássaro Ladrão, Weaver, e a câmara subterrânea sob a catedral em ruínas. Ele não mencionou a Santa de Pedra, primeiro porque queria manter sua existência em segredo e, segundo, porque ela estava ligada ao Desconhecido. Ele também evitou mencionar sua batalha contra os golens de coral e o banimento do mar amaldiçoado, bem como o eventual destino do Terror Carmesim e a destruição do sol artificial e da própria Torre.
Para todos, Sunny havia saído pelo Portal com o resto dos Adormecidos. Ninguém havia prestado atenção ao seu paradeiro naqueles últimos minutos, e ele queria que as coisas continuassem assim. Bem… ninguém, exceto Effie e Cassie, mas ele tinha certeza de que seriam discretos sobre certas coisas.
E mesmo que elas não conseguissem manter a boca fechada, Sunny tinha maneiras de explicar suas ações sem revelar a verdade.
Terminando o relatório, Sunny recostou-se, cansado, nas costas da cadeira e olhou para a tela. Lá, um longo título foi mostrado:
“Relatório de Exploração na Costa Esquecida, por: Desperto Sunless”
‘Acho que isso é bom o suficiente.’
Sunny não tinha ideia de como escrever um trabalho acadêmico… ou um relatório de campo adequado, aliás. Então ele escreveu e estruturou este documento de uma forma que teria sido mais útil para o seu eu mais jovem há um ano, quando ele entrou na Costa Esquecida sem saber nada sobre isso.
Um manual como este teria facilitado muitas coisas.
Com um suspiro, Sunny enviou o relatório ao comunicador, desligou o terminal e levantou-se.
Esticando o corpo cansado, ele balançou um pouco e bocejou. Já se passaram dois dias desde seu retorno ao mundo real, então o cansaço foi se acumulando lentamente. Em breve ele teria que começar a usar os estimulantes que lhe foram fornecidos pela Mestre Jet… mas esse momento ainda não havia chegado.
Sunny afastou-se da mesa, hesitou um pouco e voltou. Pegando vários livros da pilha ordenada, ele os devolveu às prateleiras apropriadas.
Depois que cada livro voltou ao lugar pretendido, ele assentiu com satisfação e finalmente saiu da biblioteca.
‘Que lugar fascinante. Eu gosto de lá…’
Olhando para trás, para o prédio despretensioso, Sunny respirou o ar frio do inverno e lembrou-se da descrição da Máscara de Weaver:
‘Weaver acreditava que o conhecimento era a origem do poder, e por isso sempre se escondeu atrás de inúmeras mentiras…’
O que o Daemon do Destino pensaria sobre este lugar? Afinal, era um palácio de conhecimento.
Sunny lembrou-se das páginas enganosas que apresentavam uma versão lavada e polida da história e sorriu.
‘Sim… mas também é um palácio de mentiras…’
***
Foi estranho retornar ao complexo dos Adormecidos. O edifício baixo e fortificado era muito parecido com o que ele lembrava, só que sobrecarregado por mais neve. Sunny não passava muito tempo aqui, mas aqueles dias antes do solstício de inverno foram alguns dos mais memoráveis de sua vida.
Tanta emoção, tanto medo…
Quem diria que ele não o veria novamente por mais de um ano?
Entrando no salão familiar, ele olhou em volta, meio que esperando ver uma multidão de Adormecidos nervosos. Mas, claro, não havia ninguém por perto — todos já haviam partido para sua primeira aventura no Reino dos Sonhos, e era muito cedo para os Adormecidos do ano seguinte chegarem.
Caminhando pelos corredores vazios, ele chegou aos níveis mais baixos do complexo e se aproximou da sala de aula de Sobrevivência na Natureza, que também servia como escritório do professor Julius. Abrindo a porta, viu a sala espaçosa e decorada com bom gosto onde passara a maior parte de sua curta estadia na Academia. De repente, Sunny foi tomado por uma onda de nostalgia.
‘…Você está louco? Você é jovem demais para sentir nostalgia dos bons e velhos tempos!’
Seu mentor não estava em seu lugar habitual, sentado atrás da ampla mesa de madeira. Em vez disso, o velho estava diante de uma caixa de vidro, estudando o crânio de uma criatura feroz guardada lá dentro e fazendo anotações.
Ele não havia mudado nada. O professor Julius ainda era velho, com cabelos grisalhos bagunçados, olhos distraídos e um par de sobrancelhas espessas que pareciam ter vida própria. Sua postura e expressão estavam cheias de melancolia silenciosa.
… Porém, assim que ouviu alguém entrando na sala de aula, seu rosto mudou, ficando animado e curioso mais uma vez.
Virando-se, o velho olhou confuso para o visitante. Então, seu rosto de repente se iluminou com um sorriso brilhante e contagiante.
“Sunny, meu garoto!”
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