Capítulo 048 – Gargalo

Mesmo com essa conquista nos primeiros dias, Alexander não diminuiu o ritmo, muito pelo contrário, ele se esforçou ainda mais ao ver que seu treino estava gerando bons frutos.

Depois de uma semana e meia treinando incansavelmente nas aulas práticas da academia e nas masmorras, Alexander conseguiu melhorar ainda mais. A sua melhora foi tão grande que ele conseguiu aumentar a sua proficiência com a habilidade |Maestria com Lanças|, que passou a aumentar o seu dano em 10%, e adquiriu uma nova habilidade.

* Ding! *

[|Maestria com Lanças (Iniciante)| subiu de nível para |Maestria com Lanças (Intermediário)|]

* Ding! *

[Você desenvolveu a habilidade de proficiência |Estocada|]

[|Estocada|: Desfere um ataque imbuído de energia perfurante que aumenta a penetração em 1-5% e o dano em 5-10%. Custo: 10 de energia.]

Alexander ficou bem satisfeito com a habilidade |Estocada| que obteve quando finalmente conseguiu combinar o movimento de estocada com as habilidades |Controle de Energia| e |Maestria com Lanças| de forma harmoniosa. 

Ao analisar a estrutura dessa habilidade, ou como imaginava que seria sua estrutura, para tentar entendê-la melhor, ele se inspirou e decidiu usá-la como referência para tentar criar novas habilidades. Uma inspiração que se provou frutífera, pois no último dia da segunda semana de treinamento ele obteve uma habilidade de proficiência relacionada à lança voltada para ataques amplos.

* Ding! *

[Você desenvolveu a habilidade de proficiência |Varrer|]

[|Varrer|: Desfere um golpe em arco imbuído com energia cortante, ou contundente, se o usuário assim desejar, que aumenta o dano em 5-10%. Custo: 20 de energia.]

Alexander melhorou consideravelmente sua |Maestria com Lanças| para apenas duas semanas, mas essa não foi a única proficiência dele que melhorou. O uso constante da sua energia corporal, {Ki}; sua afinidade energética inerente aos {Goblins Dual-Core}; e os treinamentos que realizava toda noite para melhorar seu controle de energia e mana, melhoraram a habilidade |Controle de Energia|.

* Ding! *

[|Controle de energia (Auge)| subiu de nível para |Controle de energia (MAX)|

O que mais o surpreendeu nessas semanas de treinamento não foi o quanto ele melhorou, mas o fato do seu desenvolvimento parecer risível em comparação ao de Diana. Ela até parecia ter se tornado outra pessoa.

Tempo de reação; Compreensão de como se comportar em combate; Controle sobre mana; Capacidade de lançar feitiços; e Assertividade. Todos esses pontos dela, entre outros, deram saltos gigantescos quando comparados a quando Alexander a conheceu.

A única coisa que ainda poderia ser apontada como ponto fraco dela era seu arsenal de feitiços, pois mesmo com todas as melhorias, ela ainda estava atrás dos demais estudantes por não conhecer bons feitiços ou boas técnicas.

O mais engraçado de toda essa mudança foi que ela só aparecia quando eles estavam em combate. Porque toda vez que entrava em combate como suporte dele, Diana ficava mais assertiva em suas ações. Mas assim que o combate terminava, ela voltava a ser tímida, como um filhote de gato guerreiro, ou melhor, cão negro guerreiro.

Presenciar a transformação pela qual Diana passou durante aquelas semanas fez Alexander repensar a decisão de se envolver com ela: — Talvez eu não devesse ter interferido na vida dela.

— T-, tem alguma coisa no meu rosto, Alexander? — perguntou Diana, com o rosto extremamente vermelho por vê-lo a observando.

A pergunta dela o tirou de seus pensamentos e ele se viu olhando para ela enquanto caminhavam.

— Não tem nada no seu rosto — garantiu Alexander. — Eu estava pensando em algo sobre você e acabei me distraindo… Me desculpe.

— So-, so-, so-, sobre mim? — perguntou Diana, com o rosto ainda mais vermelho, se é que isso era possível.

— Sim — admitiu ele. — Estava pensando que você deveria manter um baixo rendimento na academia.

Assim que viu a expressão séria no rosto dele, o rubor no rosto dela começou a desaparecer e foi substituído por apreensão.

— Por que? — perguntou ela, bem confusa.

— As academias de combate são ótimos lugares para aqueles que ingressam nelas se desenvolverem — pontuou Alexander. — Mas o que você acha que o império ganha em troca de mantê-las?… Eu já te adianto que não é pela enorme quantidade de dinheiro que devem ganhar todos os anos durante o período de inscrição, pois ela não cobriria os custos.

Diana estava pronta para dar outra resposta, mas a guardou para si mesma enquanto seu rosto ficava cada vez mais incerto. — Ouvi dizer que era para melhorar a vida das pessoas e a segurança do Império.

— Não está errado — respondeu Alexander. — Mas não é toda a verdade.

— Simplificando, as academias nada mais são do que enormes armadilhas para atrair e captar talentos — disse ele, teorizando alguns pontos que não estavam muito longe da verdade. — Provavelmente, é por isso que exigem que as pessoas demonstrem potencial antes de receberem qualquer coisa.

— (…) — Não sabendo exatamente como responder às palavras dele, ela optou por permanecer em silêncio e ouvir o que ele tinha a dizer.

— O que estou dizendo para você fazer é extrair o máximo que puder e atrair o mínimo de atenção possível — explicou Alexander. — Desta forma você poderá ter uma vida relativamente pacífica no futuro.

Diana não entendeu totalmente todos os pontos e implicações, mas entendeu o suficiente para ver o cerne da questão.

— Mas e você, Alexander? — perguntou ela, lembrando-se da arma que ele havia recebido da academia. — Não é você quem corre mais perigo?

— Na verdade não — respondeu Alexander sem hesitação. — Nossas situações são muito diferentes, principalmente em três pontos principais.

— O mais contundente deles é que já existem vários guerreiros e magos dentro do império. Eles não precisam correr atrás de um aluno como eu — começou a explicar ele. — Mas você, por outro lado, é um suporte de cura. Quem não quer mais uma pessoa que no futuro poderá, literalmente, salvar sua vida?

Ao ouvir isso, Diana ficou ainda mais preocupada — Mas não está com medo?

— Não devo ter nenhum problema com isso por enquanto — respondeu Alexander. — Eles devem estar apenas me observando no momento. Até porque ainda existe a segunda grande diferença entre as nossas situações.

— Meu desenvolvimento, necessariamente, me torna mais destrutivo — explicou. — Em outras palavras, quanto mais eu me desenvolver, mais poder terei para me defender e retaliar contra algo, ou alguém, que me oprime.

Ao ver Diana parecendo um pouco perdida enquanto pensava, ele deu-lhe alguns conselhos: — Não pense muito em coisas nas quais não temos como intervir, porque isso lhe fará mais mal do que bem. Se concentre só em absorver o máximo possível das aulas, pois a exposição será baixa e os professores da academia são todos de primeira linha.

Esse conselho a acalmou. E embora fosse mais fácil falar do que fazer, ela decidiu tentar segui-lo.

Após finalizar a última missão que realizaram, Alexander se despediu dela e voltou para casa com Ocean. — Essas semanas deram bons frutos, mas também estagnaram o meu ganho de pontos de crescimento e atributo livre, bem como o de XP… Tenho que conciliar ao menos duas dessas coisas.

Depois de uma noite de muita deliberação, Alexander formulou o esboço de um plano. Mas para que seu plano desse certo, ele precisaria da autorização de Lucas, professor responsável por sua turma, para se ausentar da academia por algum tempo sem perder a vaga por evasão.

Na aula prática de combate do dia seguinte, Alexander começou a sentir que não estava melhorando no uso da lança. Mesmo depois de passar metade da aula treinando, ele não sentiu que havia melhorado qualquer milímetro.

Sem entender por que isso estava acontecendo, Alexander admitiu a derrota e pediu ajuda a Lucas.

— É difícil dizer só ouvindo o seu relatório. Será melhor se eu souber o que está acontecendo na prática — explicou Lucas, sinalizando para ele atacá-lo.

Alexander entendeu o que Lucas quis dizer e atacou usando cerca de 80% de sua capacidade base. Porque mesmo que fosse para aumentar sua proficiência em |Maestria com Lanças|, ele não estava disposto a revelar seu limite.

Lucas obviamente percebeu que Alexander não estava usando tudo o que tinha, mas também não o pressionou muito, pois seu objetivo era apenas ajudá-lo, não descobrir os seus limites.

Após 10 minutos de combate simulado, Lucas entendeu o problema e o empurrou para trás, encerrando a luta. — Você melhorou muito em apenas 2 semanas, mas a forma como você está usando sua arma ainda apresenta alguns problemas… O principal deles é que você parece não ter entendido que a lança é uma arma de opressão.

— Arma de opressão? — perguntou Alexander.

— Armas de opressão são aquelas que conseguem oprimir de alguma forma adversários de nível semelhante — explicou Lucas. — Os representantes mais conhecidos são: A grande marreta de guerra, que oprime o inimigo ao garantir que ele não sairá ileso de seus golpes, mesmo que ele se defenda; A grande espada pesada, que oprime o inimigo ao garantir que seus golpes não podem ser aparados por nenhuma arma; e a lança, que oprime o inimigo ao colocá-lo sob pressão constante.

— Esse é o seu problema atual — apontou ele. — Você está usando a mobilidade e o alcance da lança para obter pequenas vantagens em combate. Mas a verdadeira força da lança está em dominar seu oponente.

— O seu oponente deve sempre sentir que não importa o movimento que ele faça, seja avançando, recuando ou desviando para um lado, a ponta de sua lança ainda o atingirá — concluiu.

A instrução foi manter o adversário sob constante pressão para controlar o fluxo da luta e Alexander entendeu isso. Mas fazer isso na prática é muito mais difícil do que na teoria.

Para isso, ele teria que estar sempre pronto para estocar, varrer, avançar e recuar, o que exigiria muito poder mental, pois só assim seus oponentes se sentiriam sobrecarregados independente do movimento que fizessem.

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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.