Capítulo 050 – Brutalidade

Após abater um grande número e variedade de criaturas, Alexander finalmente conseguiu liderar seu grupo até a sala do BOSS da masmorra. O que ele não esperava era que Ocean tivesse se tornado tão protetora com Diana a ponto de agir de forma excessiva.

Elas se conheciam há menos de um mês, mas mesmo assim, Ocean protegía Diana com tudo o que tinha, e não era apenas porque Alexander pediu, pois em missões de escolta ela não se comportava assim.

Do outro lado da moeda estava Diana, que era extremamente cuidadosa com Ocean, sempre a curando, agradecendo, elogiando e acariciando.

Alexander suspeitava que isso acontecia porque Ocean sentia a sinceridade dela em relação a ela. Mas, mesmo assim, ele não tinha a menor ideia do quão profundo era o relacionamento delas.

Depois de descansar o suficiente enquanto observava e analisava as duas, Alexander limpou a mente para se concentrar em enfrentar o BOSS da masmorra e entrou na sala.

[{Coelho Chifrudo} – Besta – 2º Evolução]

O BOSS era um coelho enorme de 1,3m de altura, musculoso, com presas afiadas e um chifre de 40-50cm.

Assim que entraram, o coelho atacou com velocidade vertiginosa, superior até a bestas intermediárias da 2ª evolução.

Alexander, experiente, não subestimou o inimigo e correu para detê-lo. Mas, mesmo usando todos os atributos básicos, só evitou ter o braço perfurado graças ao parrying hook de sua lança, que bloqueou o chifre.

Com um golpe preciso, ele arremessou o coelho para longe, ferindo sua cabeça. Apesar do alívio momentâneo, ele alarmou-se: — Não posso subestimar um BOSS de masmorra intermediária, ainda mais sem |Névoa Venenosa|… É melhor terminar isso logo para que não ocorram acidentes.

Determinado, Alexander parou de se conter e deu tudo de si. A mudança mais notável foi o aumento considerável em sua velocidade ao usar totalmente os atributos do seu anel. Mas observadores cuidadosos iriam notar que sua lança começou a pingar um líquido incolor.

A mudança repentina dele deixou o coelho apreensivo, mas não era como se ele pudesse simplesmente se virar e fugir. Sem outra escolha, ele se manteve firme e determinado até o seu amargo fim.

A ausência do familiar som de notificação, que ele sempre recebia ao completar uma nova masmorra, lembrou-o que ele ainda não havia recebido a recompensa pela missão do torneio da classe de combate híbrido. Ele então pediu a Diana que coletasse os itens do baú e foi verificar suas missões para receber essas recompensas.

[Você completou a missão: (Torneio)]

[Você recebeu: (50000 pontos de XP), (1 pontos de crescimento) e (5 pontos de atributo livre)]

Com a adição desses pontos aos que já havia guardado, Alexander decidiu que era hora de aumentar seu poder.

[19 pontos adicionados a Vitalidade] 

[45 pontos adicionados a Força]

[20 pontos adicionados a Defesa]

[40 pontos adicionados a Destreza]

[15 pontos adicionados a Agilidade]

[20 pontos adicionados a Inteligência]

Satisfeito com o saldo do seu dia e com a euforia corporal por finalmente usar os pontos de atributo livre que tinha guardado, Alexander pensou em convidar Diana para comer alguma coisa e comemorar a primeira limpeza de masmorra intermediária deles. Mas quando ele estava prestes a perguntar, algo chamou sua atenção e ele teve que engolir o que tinha a dizer e segurá-la.

Após confirmar o que sua intuição dizia, Alexander voltou-se para Ocean, que também parecia estar ciente disso, e deu seu comando: — Barreira.

Ocean obedeceu imediatamente ao comando dele e começou a reunir a mana necessária para lançar a barreira.

Alexander então virou-se para Diana. — É melhor cobrir bem suas orelhas.

PDV Diana

Diana ficou extremamente confusa com a mudança repentina da situação. Mas antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa a Alexander, uma densa barreira de água os separou.

A confusão dela logo se transformou em um misto de medo, descrença e ansiedade ao ter a impressão de que a imagem borrada dele estava se despindo por trás da espessa camada de água. Porém, para o seu alívio, que não queria acreditar no pior, Alexander não a atacou, mas sim algo que estava na sua frente.

Ainda confusa com tudo isso, Diana pensou ter visto uma névoa se formar e a imagem dele mudar. Mas antes que ela pudesse pensar sobre isso, um grito agudo e agonizante soou em seu ouvido.

Depois disso, Diana começou a ouvir uma série de gritos e o lado externo da barreira começou a ficar vermelho. A única coisa que ela conseguia distinguir com certeza no meio disso tudo era o grito que mais se repetia: — MONSTRO!

Só quando sentiu as suas pernas fraquejarem foi que Diana entendeu por que Alexander disse que era melhor ela cobrir as suas orelhas. Os gritos de dor e sofrimento eram constantes e de partir o coração.

Diana só começou a se acalmar quando os gritos cessaram e uma voz familiar foi ouvida: — Vocês já podem sair. Mas tomem cuidado com a “água vermelha”, pois ela é venenosa.

Quando Diana viu Alexander, ele estava sem camisa e com a calça em trapos, mas ela não teve tempo de pensar em mais nada, pois ele estava coberto de cortes, incluindo um nas costas que chegava até o osso.

— Pode me ajudar? — pediu Alexander. — Limpei as feridas com |Revigorar|, mas o poder de cura deste feitiço não é forte o suficiente para fechar alguns cortes, principalmente o das minhas costas.

Ao acordar de seu torpor, Diana correu até Alexander e tentou se ajoelhar para alcançar seus ferimentos e curá-lo. Mas no meio de seu movimento, Ocean mordeu suas roupas e puxou-a de volta.

— Eu disse para tomar cuidado com a “água vermelha” — disse Alexander ao se levantar de uma poça. — Se você sofresse o menor arranhão ao se ajoelhar, o veneno iria direto para o seu sangue.

Diana sabia que esse aviso era para sua segurança, mas ela não estava com disposição para receber sermões.

Ignorando que Alexander estava falando, Diana pegou as poções de saúde que havia tirado do baú da masmorra e as despejou nas feridas dele antes de usar seu feitiço de cura em conjunto com elas.

Ao vê-la assim, Alexander parou de falar e apenas agradeceu: — Obrigado.

Sob o efeito de cura das [Poções de saúde (Intermediária)] e dos feitiços dela, as feridas dele fecharam o suficiente para que o grupo pudesse retornar à cidade com alguma segurança.

Diana pensou em mil e uma coisas para quebrar o silêncio que perdurava até então, mas foi Alexander quem acabou falando primeiro: — Talvez seja melhor você procurar outra profissão. Emboscadas assim são relativamente comuns na vida dos aventureiros.

— Não precisa se preocupar — respondeu Diana. — Eu estou bem 

— Talvez. Mas você nem viu o que aconteceu — apontou Alexander. — E mesmo que você tivesse visto, não mudaria nada. Existe uma enorme lacuna entre testemunhar uma morte, matar uma pessoa e conseguir conviver com isso.

— Por mais que as pessoas estejam erradas, e as vidas delas sejam frágeis aos seus olhos, o ato de tirar a vida de um semelhante não é algo que deva ser encarado levianamente — explicou Alexander. — Isso pode até degradar e/ou destruir a pessoa de dentro para fora, principalmente pessoas gentis como você.

Diana olhou para Alexander com um olhar complexo por um tempo até que finalmente encontrou coragem para perguntar: — Mas e você?

Alexander encolheu os ombros, mas não se esquivou da pergunta. — Pode-se dizer que eu vim “quebrado” para ESSE MUNDO. Eu não me importo se a pessoa é boa, má, plebeia, nobre, ladrão, santo ou louco, qualquer ameaça em potencial que me atacar, eu irei matar.

Depois de ouvir a verdade de forma tão bruta e direta, Diana não perguntou mais nada e o grupo seguiu caminho para a cidade. Mas durante seu retorno, Alexander fez um pequeno desvio e jogou os corpos sem vida no seu anel em uma masmorra. E assim, os últimos resquícios do massacre sem sobreviventes dele foram “devorados” pela masmorra e seus residentes, como se eles absorvessem a brutalidade dele.

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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.