Capítulo 054 – Cidade Martelo de Ferro
Por que está me dando isso? — perguntou Stella com um olhar complicado enquanto gesticulava em direção a Diana. — Eu pensei que o daria para ela.
— Eu não me importaria de dar para ela também. Mas ela AINDA não tem os recursos necessários para aproveitar ao máximo esse material — explicou Alexander. — Então por que não ajudar você e ficar do lado bom da sua família?
O jeito simples e despreocupado de agir e falar de Alexander sempre deixava Stella um pouco confusa com sua imprevisibilidade, pois ela não sabia dizer se ele estava falando sério ou brincando com as palavras. E como se não bastasse, ele também começou a provocar as pessoas.
Quando todos se decidiram e comeram suas folhas, a noite já havia caído completamente. Mas eles não podiam simplesmente dormir enquanto havia um grupo que poderia tentar emboscá-los por vingança.
— Você pode levar Diana com você? —perguntou Alexander a Stella.
Ao ouvir o pedido de Alexander, Stella virou-se para olhar para ele e pareceu entender seu plano. — Sem problemas. Mas você tem certeza de que seu lobo consegue acompanhar nossos cavalos com você nas costas?
Ao ouvir a resposta dela, Alexander apenas riu. — Não quero menosprezar sua montaria, mas a pergunta certa seria se seu cavalo consegue acompanhá-la.
— Woolf! — pronunciou-se Ocean com entusiasmo, como se confirmasse as palavras de Alexander.
Essa sequência de acontecimentos deixou Stella surpresa. Era a primeira vez que ela via um familiar de 1ª evolução com tal inteligência.
Sua surpresa rapidamente se transformou em um desejo de tê-la para si, mas Alexander rapidamente a tirou de seu devaneio: — Recomendo que você não siga com essa linha de pensamento.
— Hum? — perguntou Stella, confusa por ter sido “acordada” de repente.
— Criaturas selvagens são muito sensíveis às intenções negativas — explicou Alexander. — Por isso é tão complicado ter e/ou manter um familiar.
— Mesmo que você realmente não queira levá-la e isso tenha sido apenas um pensamento “Inocente”, Ocean sentiu a cobiça que você emanou e não está nada feliz com isso — avisou Alexander.
Ao ouvir o aviso de Alexander, Stella voltou-se para Ocean. Mas assim que o fez, ela se arrependeu dessa decisão, pois a loba estava com os olhos fixos nela e não parecia nada feliz.
Como conseguia compreender ambos os lados, mais do que qualquer outro, Alexander acalmou Ocean por um tempo, e só depois o grupo seguiu viagem.
Uma loba comum definitivamente iria perder para um cavalo de viajante em resistência ao carregar alguém. Felizmente, Ocean não era uma loba comum, ela era uma besta mágica no auge da 1ª evolução… Não havia como ela perder.
Ao avançar mesmo durante a noite, o grupo conseguiu encurtar bastante o tempo de viagem e chegou à Cidade Martelo de Ferro na manhã seguinte. E assim, uma viagem que normalmente levaria 1 dia de viagem “normal”, ou 2 dias na carruagem de um comerciante, levou menos de 1 dia em horas corridas, que, no caso do mundo Aurora, eram 33 horas.
Quando chegaram na cidade, todos estavam cansados, menos Alexander, que tinha muito mais energia que todos os outros, e não precisou gastar quase nada graças à ajuda de Ocean. Mas mesmo não estando fisicamente cansado, o cansaço mental persistia, pois ficar acordado a noite toda não era agradável e muito menos revigorante.
Alexander então estipulou que o primeiro objetivo de cada um deles era encontrar um lugar para descansar, e o segundo era se reunir na manhã seguinte na porta da filial local da guilda dos aventureiros.
Como todos na equipe estavam cansados demais para quererem discordar, eles simplesmente concordaram e foram procurar um lugar para dormir.
Alexander e Diana fizeram a escolha óbvia de alugar na Guilda. Mas antes que Diana pudesse ir para o seu quarto, Alexander pediu a ela que ficasse com Ocean e saiu depois de lhe dar algum dinheiro para as despesas de Ocean.
Antes de deixar a Guilda, Alexander parou para obter informações. E depois de perguntar um pouco, ele conseguiu descobrir a localização da associação dos ferreiros, e que essa cidade tinha um total de 15 masmorras em seu entorno: 6 iniciantes, 5 intermediárias e 4 avançadas.
De acordo com alguns relatos, foi a masmorra avançada mais distante da cidade que gerou a debandada que atacou a Cidade da Fênix.
Após pensar um pouco, Alexander deixou as masmorras de lado por um tempo por um tempo e foi até a associação dos ferreiros em busca do irmão de Jayce, John.
Alexander não precisou de muito esforço para localizá-lo, pois bastou perguntar na recepção da associação dos ferreiros. O único problema era a necessidade de um bom motivo para conhecê-lo pessoalmente, ou seja, cabia a ele considerar uma possível carta de Jayce como um bom motivo para comparecer.
Sem outra escolha, Alexander mostrou a carta endereçada a John. — Diga a ele que vim a pedido de Jayce e que tenho uma carta dele para ele.
Vendo que Alexander não estava disposto a entregar-lhe a carta, a recepcionista não insistiu. Ela apenas pediu a um de seus colegas que ocupasse seu lugar e foi entregar a mensagem pessoalmente.
— Parece que o irmão do Jayce tem mesmo algum prestígio por aqui — analisou Alexander enquanto observava as pessoas e coisas ao seu redor.
Não demorou muito para a recepcionista voltar, mas dessa vez ela estava acompanhada por um anão robusto.
Assim que chegou na frente de Alexander, o anão lançou-lhe um olhar muito severo. — Espero que você não esteja mentindo quando diz que tem algo do meu irmão para me dar. Eu não gosto de perder tempo.
— Não estou mentindo. Aqui está a carta que ele lhe enviou — disse Alexander enquanto lhe mostrava a carta. — Mas poderíamos conversar sobre esse e outros assuntos em um lugar mais privado?
John olhou para Alexander por algum tempo antes de pegar a carta, mas assim que a pegou, ele se virou e deixou apenas uma instrução: — Me siga.
Depois de Alexander seguir John por alguns corredores, eles finalmente chegaram a uma sala luxuosa com 2 lindos sofás, um de frente para o outro.
Ao ver John sentar em um dos sofás para abrir o pacote que Jayce lhe enviou, Alexander se sentiu à vontade para sentar no outro e esperar até terminar de ler as cartas que tirou do pacote.
— Do que você precisa, garoto? — perguntou John, parecendo bastante feliz com o conteúdo das cartas.
— Um pouco de tudo — respondeu Alexander. — Tenho alguns itens que quero vender. Mas também quero comprar e encomendar outros.
— Então você veio ao lugar certo — assegurou John.
— Vamos ver quais itens você tem para vender — disse John entusiasmado. Mas ao olhar para os itens que Alexander removeu, seu sorriso ficou torto.
— Posso imaginar mais ou menos o que você está pensando e lhe garanto que não os roubei — garantiu Alexander. — Eu os consegui legitimamente ao lidar com um grupo de bandidos. Não tenho envolvimento com roubos ou ladrões.
Alexander não estava mentindo, os itens que ele mostrou vieram da caixa que ele obteve no dia em que salvou a carruagem de Cristina. Sua atitude duvidosa de não devolver a caixa pode ser condenada por alguns, mas não foi ele quem atacou a caravana da Lua Negra e fez com que eles perdessem a caixa.
John não ficou surpreso ou duvidou da história de Alexander, pois ela era bastante comum, havia até grupos cujo objetivo era caçar bandidos para ficar com seus tesouros. O que realmente surpreendeu John foi a quantidade e a qualidade dos itens, pois eles valiam uma fortuna.
O mais suspeito de toda essa história era o fato de Alexander querer vendê-los para a associação dos ferreiros e não em um leilão, onde ele teria uma margem de lucro maior.
— Se a história é realmente como você conta, por que você está vendendo para a associação dos ferreiros e não em leilão? — sondou John.
— Que melhor lugar para vender itens usados para forjar equipamentos de alta qualidade do que uma associação de ferreiros? — rebateu Alexander.
John ficou surpreso ao ver que Alexander conhecia o uso ideal para os itens. Uma pessoa normal pensaria que eles eram apenas valiosos, mas a verdade é que esses itens passaram por diversos procedimentos que os tornaram perfeitos para o forjamento de equipamentos.
— Seu raciocínio parece lógico, mas não responde a minha pergunta, pois os itens ainda seriam mais valorizados em um leilão — insistiu John.
— Me pegou — admitiu Alexander — Eu tenho mesmo segundas intenções.
— Quero encomendar algumas coisas, mas o valor que me cobrariam pelos detalhes seria exorbitante — explicou Alexander antes de mostrar um esboço de seu pedido. — É por isso que estou tentando criar um bom relacionamento com a associação dos ferreiros, mesmo que isso reduza meu lucro.
Ao olhar para o esboço dos itens e as descrições que os acompanhavam, o rosto de John ficou sombrio, especialmente porque a última parte da descrição cada item vinha com a mesma nota: “por favor, corrija os erros conceituais do meu desenho, mas não mude muito sua forma”.
— É possível fazer isso? — perguntou Alexander, com um tom de voz inocente.
Ouvir Alexander mudar seu tom de voz para tentar fazer parecer que não estava pedindo muito deixou John bem irritado, porque ele estava pedindo muito.
Se aceitasse tal pedido, John teria que gastar muito tempo corrigindo todos os erros e melhorar os designs de cada item, sem alterá-los muito, para garantir que estivessem perfeitamente equilibrados.
Se não fosse pelo pedido do irmão, John já teria colocado Alexander para correr da sua associação por lhe fazer uma proposta tão imoral.
Depois de um último suspiro, John se rendeu: — É possível. Mas além do custo ser elevado, a associação não tem condições de conseguir todos esses núcleos.
Alexander temia que ele alegasse exatamente isso, pois sabia que seu pedido era “um pouco” exagerado. Felizmente ele ainda tinha um “plano B”. — Temia que você dissesse justamente isso… Mas também não é como se tudo estivesse perdido. Eu conheço alguém que talvez possa me ajudar a obtê-los.
— Que bom — ironizou John, sem muita empolgação ao saber que aquela loucura ainda continuaria.
A pior parte era que ele ainda teria que fazer tal pedido com uma margem de lucro muito baixa em nome do irmão.
Após eles acertarem os últimos detalhes, Alexander deu a John uma réplica de madeira com o tamanho que ele queria para sua lança, e John deu a Alexander 12 pequenas moedas de diamante negro, que foi o valor que sobrou da venda após ser deduzido o custo da entrada dos seus pedidos.
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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.