Índice de Capítulo

    A noite havia começado a cair quando Alexander se recuperou da transformação. Felizmente, a maior parte do desgaste dele era apenas física e ele foi capaz de continuar lendo ao custo prolongar um pouco seu estado de enfraquecimento…

    Estender seu estado enfraquecido acabou valendo muito a pena. O conhecimento de herbalismo1 se provou altamente aplicável no fortalecimento do corpo e até da mente em alguns casos. Mas estes efeitos não são amplamente divulgados devido à raridade dos ingredientes necessários para alcançar efeitos significativos.

    Após se aprofundar na leitura, Alexander chegou ao primeiro problema sério do herbalismo: as proporções… As medições para cada finalidade tinham que estar nas proporções corretas para maximizar os resultados, e os livros dele abrangiam apenas algumas reações e proporções mais básicas.

    A aparência, as propriedades e a forma de trabalhar com cada tipo de erva eram conhecimentos raros e específicos que Alexander teve que comprar um almanaque exclusivo para obter. Sem falar nas fórmulas com proporções e métodos de preparo que, como era de se esperar, são muito bem guardadas pelos seus criadores e/ou detentores, bem como extremamente caras.

    Algumas fórmulas eram tão boas e lucrativas que eram facilmente consideradas tesouros de família e só eram transmitidas de geração em geração. Portanto, essas geralmente só apareceriam em leilões quando a família detentora de uma delas não tivesse qualquer sucessor ou estivesse precisando urgentemente de dinheiro.

    Por mais infeliz que fosse essa lógica, Alexander pelo menos ainda podia contar com as proporções e métodos para aumentar o efeito herbal disponíveis nos livros e receitas que havia comprado para estudar, se basear e se aprimorar.

    Ao se aprofundar nesse conhecimento, ele percebeu que por mais alto que fosse o auge do herbalismo e das suas profissões derivadas, como boticário2 e alquimista, alguns princípios simples ainda permaneciam, por exemplo: ao trabalhar com uma erva com energia de fogo, não se deve utilizar ervas com energia de água para equilibrá-la, pois na maioria dos casos elas serão antagônicas. A melhor escolha para “domar” a energia de fogo é usar ervas que contenham algum tipo de energia fria em conjunto com ervas energéticas suplementares, para compensar a possível perda de energia/potência herbal durante o processo.

    A herbologia, assim como a alquimia, a forja, os encantamentos e as formações, resumia-se, em algum nível, a grandes processos de tentativa e erro para ajustar os seus recursos na melhor proporção possível para um propósito. O que é uma forma simpática e lúdica de dizer que essas áreas são grandes buracos negros de dinheiro, tempo e recursos. 

    Mas embora essas áreas sejam esses grandes buracos, sempre há quem continue lutando e persistindo nesses caminhos vendendo os seus produtos em lojas de sucesso. É assim que os trabalhadores destes ramos conseguem arcar com este modelo de vida e, em alguns casos, até acumular enormes riquezas.

    Alexander sabia que esta realidade ainda estava muito longe dele no momento atual. O seu desejo por esse tipo de conhecimento estava muito mais focada em tentar aproveitar ao máximo os recursos que ele já tinha e iria obter.

    Durante sua leitura, ele descobriu uma ótima maneira de amplificar os efeitos das melhorias corporais, principalmente para aqueles que não tinham o aprimoramento (Harmonia Corporal). Mas mesmo tendo comprado uma boa quantidade de ervas na loja da Lua Negra da Cidade Lester, ele ainda não tinha o ingrediente principal.

    O ingrediente que faltava é relativamente raro perto de qualquer cidade, dadas as demandas que desencadeiam missões de coleta. Mas como Alexander estava na Floresta Estelar, e se aprofundando nela, se tivesse um pouco de sorte, poderia acabar encontrando alguns, bem como outros ingredientes raros…

    Ao recuperar-se da sua fraqueza, Alexander deixou a leitura de lado e foi ver o que os outros estavam fazendo. Mas a cena que encontrou foi Ocean e Pequeno Preto descansando, para se recuperarem mais rápido, enquanto Diana cozinhava uma grande quantidade de comida sob os olhares ansiosos de Anna e Storm.

    — Quer a minha ajuda em alguma coisa, Diana? — perguntou Alexander.

    — Estou bem. Já está quase tudo feito — respondeu Diana. — Mas você deveria ir descansar para se recuperar mais rápido.

    — Obrigado pela preocupação, mas já me recuperei — respondeu ele.

    — Tudo bem então. Você pode me ajudar cortando o que vou precisar e me dando quando eu pedir — disse ela. — Mas deixe alguns pedaços maiores para que Ocean e o Pequeno Preto sintam textura na comida.

    — Não tem problema — concordou Alexander antes de começar a ajudá-la. E com eles trabalhando juntos, o processo ficou mais rápido e em pouco tempo a comida já estava perfumando o ar, o que lhes rendeu 2 novos e ansiosos espectadores.

    — Acabei de perceber que é melhor pararmos, Diana — apontou Alexander.

    — Por que? — perguntou ela sem entender.

    — 1º: Acredito que Pequeno Preto preferirá sua carne ainda menos cozida do que a do Ocean, pois ele provavelmente está acostumado a comer carne crua. 2º: O cheiro — explicou ele. — Não deve haver monstros fortes por aqui, mas é bom evitar esse risco enquanto não estamos nas nossas melhores condições.

    — Tudo bem — concordou Diana. — Só vou cozinhar uma pequena parte um pouco mais, pois não acho que Storm conseguirá comer a carne se eu não fizer isso.

    — Verdade — ponderou Alexander. — Obrigado por ser atenciosa e lembrar disso.

    Assim que a comida ficou pronta, Anna, Pequeno Preto e Storm a atacaram, comeram e gostaram, mas o consumo de mantimentos do grupo também aumentou muito com a adição dos novos integrantes.

    Como o grupo tinha algum tempo antes de dormir depois que todos terminaram de comer, Alexander aproveitou esse tempo livre para fazer algumas coisas. — (Você se sente diferente, Storm?)

    — (Forte… Mais forte) — respondeu Storm.

    — Diana, poderia me fazer alguns favores? — perguntou Alexander ao ouvi-lo.

    — Claro — respondeu ela. — O que você precisa?

    — O primeiro é um pouco inconveniente. Eu preciso que sejam feitas 2 refeições por enquanto, uma para o nosso grupo como um todo e outra especificamente para Storm — explicou Alexander. — Não quero que ele coma carne de criaturas acima da 1ª evolução, nem mesmo que beba o caldo que foi energizado por elas.

    — Ok? — concordou ela. — Mas por que ele tem que comer uma comida diferente?

    — Eu quero postergar a evolução dele o máximo possível para fortalecê-lo antes dela… — explicou Alexander. — Mas mesmo uma pequena quantidade da carne que comemos tem uma energia tão abundante que o forçará a subir de nível, como acabou de acontecer.

    *Ding! *

    [Seu familiar (Storm) subiu de nível.]

    — Entendi — assentiu Diana.

    — O segundo favor é que você ensine Anna como sentir e controlar melhor a sua energia e mana. Ela ainda não parece saber fazer isso muito bem… — apontou Alexander antes de admitir uma falha: — Preciso que você ensine isso a ela, pois não sou muito bom com esse conceito, já que eu simplesmente passei a senti-las em um dado momento.

    — Tudo bem — respondeu Diana. — Vai ser divertido brincar com a Anna.

    Empolgada com o segundo pedido, Diana imediatamente criou uma conexão mental com Anna e começou a explicar-lhe o que Alexander lhe pediu para fazer. Isso, por sua vez, deixou Anna muito animada e enérgica, o que era no mínimo compreensível, pois ela era uma jovem criatura ávida por novas experiências.

    Ao ver que tudo ia bem, Alexander voltou a estudar os livros de Herbalismo, pois no momento tinha à sua disposição uma das raras criaturas fortes o suficiente para resistir bem a efeitos adversos, mas jovem o suficiente para receber benefícios…

    Não era como se Alexander estivesse tentando testar algum tipo de veneno que afetaria Anna. Ele apenas usaria o feedback dela para ajustar as proporções das fórmulas, o que, na pior das hipóteses, deixaria um gosto ruim na boca dela.

    Além de gerar benefícios para ambos, com Alexander ganhando experiência e Anna ganhando uma grande variedade e quantidade de tônicos sem correr riscos, até porque ele não era louco o suficiente para provocar a ira dos pais dela enquanto caminhava em direção a eles, Storm ainda poderia entrar nos beneficiados se o seu mestre obtivesse experiência o suficiente para ajustar as medidas para ele.

    Esta situação era melhor do que pegar 2 coelhos com uma cajadada só, ela era beneficiar 10 asas de uma só vez…

    A manhã do dia seguinte foi tranquila. E com Alexander de volta à sua melhor forma, assim como Ocean e Pequeno preto muito melhores, o grupo começou a se mover em direção ao interior da Floresta Estelar.

    Não se podia afirmar que os familiares caninos do grupo estavam totalmente bem. Mas como a taxa de recuperação deles era bem alta, eles já estavam bem o suficiente para se moverem sem qualquer dificuldade, dor ou desconforto.

    Por mais óbvio que fosse, o grupo não estava só se aventurando na floresta sem direção. Segundo Anna, seu pai lhe disse para seguir na direção de certas estrelas caso se perdesse, que era exatamente a direção em que eles estavam indo.

    Pequeno preto, que era o que melhor conhecia a área, também afirmou que havia criaturas muito fortes naquela direção, embora ele mesmo ainda não tivesse forças para ir muito mais fundo e ver com os próprios olhos o que realmente havia no final do caminho, a área central Floresta Estelar…

    O deslocamento do grupo foi lento devido aos grandes membros do grupo não estarem nas melhores condições, o que os obrigou a desviar de inúmeras árvores. Mas esta também foi uma boa oportunidade, já que Alexander foi capaz de testar as suas fórmulas de recuperação neles.

    Quando ele começou a se familiarizar com o processo de produção de um boticário, as coisas começaram a fluir melhor, pois sua memória era muito boa. E como ele tinha algumas referências dos livros avançados que leu e bastante tempo para ajustar alguns pequenos detalhes, o processo foi ainda mais tranquilo…

    Após cobrir Ocean e Pequeno Preto com suas poções e pomadas de recuperação, Alexander passou a se concentrar em fazer tônicos para fortalecer o corpo, o que levou mais 2 dias ajustando a receita para obter bons resultados.

    Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).

    Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.

    Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

    1. Herbalismo ou fitoterapia é o estudo e a utilização de plantas e ervas para fins medicinais ou como suplemento alimentar. Muitas plantas sintetizam substâncias úteis para a manutenção da saúde em humanos e animais. As ervas têm sido historicamente importantes para a cura e são avaliadas por suas qualidades medicinais, sabor e aromas1. Existem diferentes categorias de ervas:
      Culinárias: Utilizadas na cozinha para dar sabor, incluindo salsinha, cebolinha, tomilho, manjerona, hortelã e manjericão.
      Aromáticas: Têm cheiro agradável e podem ser usadas para perfumar roupas ou produzir perfumes. Exemplos incluem hortelã, manjerona, alecrim e manjericão.
      Medicinais: Usadas pelo seu potencial curativo, mas devem ser usadas com cuidado.
      Ornamentais: Têm flores e folhagens coloridas, como tomilho, hortelã e lavanda1.
      O herbalismo é uma forma de conhecimento que estuda os efeitos das ervas medicinais no corpo humano, tanto para tratar enfermidades quanto para complementar a alimentação2É uma abordagem holística que considera o cultivo, ciclos da natureza, colheita e até mesmo o campo energético e vibracional das plantas ↩︎
    2. A profissão de boticário remonta à Idade Média e início da Idade Moderna. Os boticários eram os farmacêuticos da época, responsáveis por preparar e vender medicamentos. O termo “boticário” deriva de “botica”, que era uma loja onde diversos produtos eram comercializados. Antes disso, as drogas não eram vendidas em estabelecimentos fixos. Com o tempo, os boticários adquiriram maior técnica no preparo de remédios. Curioso, não é? 🌿12 ↩︎

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