Capítulo 170 – PDVs I
PDV Lucas
— Temo ter que lhe dar notícias ruins, professor — avisou Lucas, recesso.
— Você não conseguiu encontrá-lo depois de todo esse tempo? — reclamou seu professor, o diretor Robert.
— Na verdade eu consegui encontrá-lo… — informou Lucas. — Mas ele fugiu.
— O que? Você o deixou fugir? — reclamou ainda mais duramente o diretor.
— Não foi minha culpa, professor — rapidamente explicou Lucas. — Como eu iria imaginar que ele se tornou tão forte em tão pouco tempo?
— E o quão forte ele ficou? — perguntou o diretor, com sentimentos mistos.
— Ele pode lançar novos feitiços… Um deles até foi capaz de controlar o clima da Cidade Martelo de Ferro — respondeu Lucas. — Mas como o feitiço não tinha poder ofensivo em si, acredito que era Tier III.
— Tem certeza? Ele conseguiu usar um feitiço Tier III? — quis confirmar o diretor.
— Sim. Mas não é só isso — continuou Lucas. — A força física dele agora é tão grande que, mesmo com o apoio da minha mana, eu não sei se consigo rivalizar com ele nessa área.
— Entendo… — disse o diretor ao considerar suas opções. — Então eu permito que use todo seu poder para capturá-lo… Ou mesmo assim você acha que não vai conseguir capturá-lo?
— Vou ser sincero com o senhor, acho que não consigo pará-lo se não lutar para matar — admitiu Lucas. — Se não lutar para matar, quem pode acabar morto sou eu.
— Hmm? — questionou o diretor por não entender o que ele quis dizer.
— Ele tem uma segunda afinidade… E descobri isso da pior maneira — informou Lucas. — Além disso, ele ainda tem dois familiares de 3ª evolução em seu grupo, e a energia dele em combate é muito semelhante à energia dracônica.
— … — Diretor Robert. — Vá atrás dele e me passe a localização. Ele é ainda mais valioso agora.
— Não posso — disse Lucas. — Quando ele estava tentando fugir da cidade, após me jogar longe com sua força, eu lancei a |Fúria do Céu| nele.
— Você o que? — esbravejou o diretor com raiva. — Ficou louco?
— Eu não enlouqueci, professor. A maior parte da energia do feitiço iria apenas paralisá-lo — explicou Lucas. — Mas o ponto importante é que ele, de alguma forma, conseguiu mandar meu feitiço de volta com o dobro do poder misturando-o com mana de luz, o que me deixou indefeso e sem condições de lutar, que por sua vez me fez ser capturado pelas potências desta cidade.
— Elas só me permitiram entrar em contato com o senhor através da guilda dos aventureiros para que os danos à cidade sejam pagos — concluiu Lucas.
— … — Diretor Robert.
PDV Jayce e John
— Desculpe senhor, mas não temos mais bebidas assim — disse a atendente.
— Como não tem mais cerveja ou vinho? Essa já é a sétima taberna que eu entro hoje, e ainda é de manhã — reclamou o candidato a cliente.
— Nós realmente lamentamos, mas todo o nosso estoque acabou — explicou a atendente. — Nós já fizemos um pedido urgente por mais, mas ainda vai levar um tempo até o próximo carregamento chegar.
— E vocês acham que são uma taberna? Qual taberna não tem bebida para vender? — disse o suposto cliente. — Vou procurar uma taberna de verdade.
— … — Jayce.
— … — John.
— O que acha? — Jayce.
— Esse é o quinto que vem procurar por bebida reclamando que outros lugares também estão sem estoque… Acho que só sobraram as bebidas caras — disse John.
— Maldito moleque — reclamou Jayce. — Ele comprou toda a bebida da cidade?
— Provavelmente — suspirou John — Já o viu hesitar alguma vez na hora de pagar?
— Maldito moleque rico. E agora, o que vamos fazer? — perguntou Jayce.
— Tirar uns dias de folga e saborear o presente que ele deixou? — sugeriu John.
— Tinha esquecido o presente… Que garoto coração de ouro — elogiou Jayce.
PDV Lucas
— Acabamos de receber novas notícias sobre ele, professor — informou Lucas, já um homem livre, ao entrar no escritório do diretor Robert.
— Já? — surpreendeu-se o diretor. — Não se passaram nem 2 dias inteiros desde o “incidente” da Cidade Martelo de Ferro.
— É exatamente o contrário, professor. A surpresa é que não fomos informados ontem… — disse Lucas um tanto sombriamente. — Supostamente, ele “atacou” o posto de controle do reduto da espada do nosso fundador e a “roubou”.
— Ele o quê? — desacreditou o diretor Robert. — Você está me dizendo que ele sacou a espada que o fundador usou para lutar contra o ||Imperador das Bestas||? A mesma que supostamente ninguém, especialmente fora da família imperial, conseguiu sequer mover da pedra, e a reivindicou para si?
— A própria… A ilha flutuante até desceu para seu local de origem. — confirmou Lucas. — Aparentemente, algumas pessoas já estão tentando distorcer a história. Mas, pelo que relatam os nossos informantes, um grupo de guardas imperiais até tentou capturá-lo, só que acabou caindo em uma armadilha que envolvia o Elemental na nascente do rio. O próprio Alexander não feriu seriamente ninguém.
— E o que isso importa agora? — esbravejou o diretor, fazendo jus ao seu título de ||Céu Trovejante||, distorcendo o céu acima da Cidade Gêmea apenas com sua mudança de humor. — Encontre-o. Não importa o custo, apenas encontre-o.
PDV Ariel
Aquele mês foi cheio de altos e baixos para Ariel. Ela começou tendo que fugir com Helena para evitar que fossem mortas. Mas apesar das suas múltiplas tentativas, parecia que elas acabariam morrendo em um lugar desconhecido e sozinhas.
O surpreendente foi que depois de tanta luta, sofrimento e angústia, como que por intervenção divina, uma energia desceu sobre todos na área, proporcionando-lhes a oportunidade de escapar daquele destino cruel.
Como elas não tinham para onde fugir, Ariel puxou Helena e seguiu em direção à fonte de energia, pois não parecia haver como a situação piorar considerando a situação delas naquele momento.
Enquanto a dupla fugia, ela acabou sendo atingida nas costas ao proteger Helena. Mas a sorte que parecia tê-las abandonado voltou a lhes sorrir no momento em que mais precisavam, pois conseguiram chegar à fonte da energia.
Felizmente, a energia veio de um casal que passava por ali naquele momento com seus grandes familiares.
O casal até parecia ser bem próximo, mas suas diferenças eram gritantes.
Mesmo tendo sido atacada quando tentou ajudá-las, a Demi parecia a personificação da compaixão. Mas, em contraste, o dragonewt distorceu-se em puro ódio e parecia ter se tornado a personificação da fúria.
Ele e o familiar da Demi investiram floresta adentro, derrubando tudo no caminho, para caçar os perseguidores delas, pois eles atacaram a Demi. E enquanto gritos de dor iam emergindo da floresta, a Demi se apresentou como Diana e começou a curá-las enquanto era protegida bem de perto por um grande lobo, como se não precisasse se preocupar com sua segurança ou com a dos que estavam na floresta.
Aparentemente, ela estava certa. Pois quando eles retornaram, o dragonewt estava completamente ileso e o familiar dela só havia sofrido danos muito leves. Mas o preocupante é que ambos emanavam uma raiva tão intensa que até as pessoas mais comuns a sentiriam sem precisar olhar para eles.
Felizmente para a dupla que foi salva, graças à intervenção de Diana, eles foram se acalmando até ficarem calmos e cessarem suas hostilidades contra elas.
Parecia que ela tinha algum poder mágico sobre os dois. Apenas a mera presença dela parecia acalmá-los, enquanto qualquer ataque dirigido a ela os transformava com o mais puro ódio.
Ainda através da intervenção de Diana, o dragonewt se prontificou a ajudá-las por um tempo. E assim elas puderam descansar e seguir viagem sob a proteção deles.
Enquanto viajavam juntos, Ariel conseguiu descobrir duas coisas relacionadas a eles. A primeira foi que o dragonewt, chamado Alexander, parecia ser o líder; e a segunda era que, apesar disso, Diana ainda poderia escolher a maioria das coisas, se assim desejasse.
Vistos de longe, eles eram tão simples que pareciam ser um casal bem comum. Mas qualquer membro do grupo deles era completamente anormal.
Com o passar do tempo, Ariel foi notando que Alexander era normalmente muito razoável. Diana até lhe disse que ele só enlouquecia de raiva quando algo a ameaçava, e que, apesar da sua personalidade meio duvidosa, ele era bem inteligente e muito confiável na maioria das situações.
Outra coisa que ela descobriu com o tempo é que ele é um mago, e um acima da média. Ele até conseguiu criar um novo feitiço em uma condição tão adversa quanto cruzar uma floresta… Se não fosse pela sua personalidade, ele seria incrível.
Quando o grupo chegou a uma cidade chamada Cidade da Fênix, Ariel percebeu que seu entendimento sobre o casal ainda era superficial. Eles pareciam relaxados e despreocupados, mas eram aventureiros rank ouro, e a aventura que ele contou ao mestre da guilda daquela cidade os tornou insondáveis.
A situação tornou-se ainda mais irreal quando eles chegaram à Cidade Martelo de Ferro e uma sucessão de eventos incomuns começou a acontecer.
Esta sucessão de eventos abrangeu desde a descoberta da riqueza monstruosa deles e a evolução quase inconcebivelmente rápida do seu familiar, até a descoberta de que Alexander tinha força suficiente para enfrentar um dos estudantes de um dos pilares do Império Vermilion…
— Quem são eles?… Quem exatamente é Alexander? — perguntou-se Ariel.
PDV Robert ||Céu Trovejante||
Apenas 2 dias após o incidente, Robert, com a sua gigantesca rede de informações, conseguiu rastrear a direção de Alexander, e em 3 dias já sabia seu paradeiro exato.
Como este era um assunto muito sensível e a família imperial não queria fazer alarde no momento, nenhuma sanção clara, como colocar a cabeça dele a prêmio, havia sido tomada, o que permitiu que Robert fosse a primeira potência a encontrá-lo. Mas tal cenário não duraria por muito tempo.
Sabendo que seu tempo era limitado, Robert já estava com tudo organizado para sair quando uma das suas funcionárias de confiança invadiu a sua sala. — Espere um pouco diretor. É um assunto urgente.
— Isso vai ter que esperar. Eu já lhe disse que estou de saída — respondeu Robert, pronto para sair voando pela sua janela.
— Mas é sobre esse assunto — garantiu a funcionária. — Uma carta dele para o senhor.
— Uma carta dele? — estranhou o diretor. — Tem certeza?
— Parece ser autêntica — disse a funcionária. — A mesma foi entregue por Jason Azurre. E, segundo o mesmo, deve ser entregue ao senhor a pedido de Alexander.
Ao pegar rapidamente a carta e ler seu conteúdo, o rosto de Robert ficou nebuloso, mas não tão nebuloso quanto o céu acima da cidade estava ficando. — Maldito garoto problemático!!!
Surpresa com tamanha reação por parte do seu diretor, que geralmente tentava se manter calmo, a funcionária não pôde deixar de se perguntar o que tinha na carta. Mal sabia ela que o conteúdo era bem “simples”:
— Caro diretor Robert, venho por meio desta lhe informar que NÃO me encontro mais em posse da espada, bem como lhe informar que se o senhor está lendo esta carta significa que eu estava certo e Jason Azurre é de fato o portador dessa espada1, pois pedi na minha carta a ele que a entregasse ao senhor caso não pudesse usá-la…
— Lhe informo também que antes de tentar pegar a espada dele e levá-la para o Imperador para acalmar o Império, como o estadista que é, o senhor deve fazer o pequeno teste de pedir a alguém além dele que a segure, especialmente alguém que tenha malícia em relação a ele, e veja o resultado, pois essa coisa me atacou enquanto ainda “dormia”… Quem sabe o que fará agora que está com seu portador.
— Para finalizar, tendo em vista o conteúdo acima, sinto-me na obrigação de reiterar veementemente que não possuo qualquer ascendência Imperial, Real e muito menos como possível segundo portador desta, tendo em vista que, como o senhor bem deve saber devido ao que conhece da minha personalidade, se eu realmente pudesse usá-la, nós já teríamos desaparecido e não seríamos tão facilmente localizados. Obviamente, recorri a um certo método especial para tirá-la.
P.S.: Eu também enviei uma carta para Stella pedindo que ela entregasse uma carta muito parecida com esta para a pessoa mais importante da família dela que estiver na cidade, ou seja, é possível que no exato momento em que o senhor esteja lendo esta carta, toda e qualquer potência da família Azurre esteja indo para sua cidade reivindicar o suposto mérito dele como o portador da espada.
Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).
Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: http://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.
Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguiram normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.
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