Capítulo 236 – A vida tem um senso de humor bem estranho
Sem muito tempo para pensar, e não ousando usar a asa, que precisaria para voar, como defesa naquele momento, Alexander virou o corpo e desferiu um soco em resposta ao grande punho que vinha em sua direção.
Estando em ligas diferentes, ele grunhiu de dor quando seu braço deslocou, quebrou e até mesmo se torceu em algo estranho. No entanto, aproveitando o impulso do golpe, ele se alçou para cima e começou a fugir voando para longe.
— É melhor manter os olhos fechados e prender a respiração, pois você não quer ver o que está atrás de nós — disse Alexander ao notar que a mulher havia acordado com o movimento brusco, já mergulhando para desviar de uma árvore que passou voando por eles.
Ao esbanjar destreza e maestria física, ele já pisou no chão correndo para manter a velocidade e se alçou novamente para cima em um giro rápido, finalmente vendo o que os perseguia de relance, sem nem mesmo ter tempo de avaliar aquela coisa.
— Maldito |Size| — resmungou Alexander enquanto continuava a se esquivar o melhor que podia e aumentava a distância entre eles. — É por isso que eu não queria me envolver com criaturas de 4ª evolução.
Tal reclamação não era um exagero. |Size| é como os humanos chamam a habilidade característica que a maioria das criaturas adquire ao passar pela 4ª evolução, que lhes permite aumentar muito de tamanho, tornando-se uma ameaça ainda maior. Em outras palavras, a coisa que desferiu um soco quase tão grande quanto ele era o líder da horda de goblins que estava atrás de seus subordinados, ou mesmo dele.
Quando finalmente pareceu sair do alcance da criatura abrindo caminho a cerca de 0,5 km dela, ele, que não foi louco o suficiente para sair correndo da floresta, tentou se localizar, usou |Revigorar| para limpá-los, removendo os odores, e decidiu contornar o caminho pela direção do Reino dos Estados Livres, para não fazer a horda avançar sobre as pequenas vilas.
Conforme ganhava mais distância, não sentia mais a energia do que os perseguia e via que estava escurecendo, Alexander finalmente decidiu fazer uma parada a beira de um lago para tentar se recuperar e verificar a identidade da mulher que salvou.
— Eu sei que você está meio entretida com seus assuntos agora, mas poderia me dizer o seu nome e afiliação? — perguntou ele à mulher que estava esfregando suas coxas e virilha. — Não leve a mal nem nada, é que dessa vez fui chamado para tentar salvar uma pessoa específica.
Incapaz de dizer menos que isso, sabendo da situação em que se encontrava e de como havia se oferecido abertamente como uma qualquer, mas também sabendo que ele poderia muito bem deixá-la ali e ir procurar outra pessoa se ela não fosse o alvo da sua missão de resgate, a jovem mordeu os lábios e, relutantemente, se apresentou: — Eu sou Paoulla Hylan, da companhia Lua Negra.
— Então, acontece que não era ela afinal — suspirou Alexander. — Aqui. É bem difícil cortar o efeito de afrodisíacos fortes, já que não são necessariamente venenos, mas mastigue isso e esfregue um pouco naquele lugar… Isso deve ajudar.
Decidindo que estava na chuva há muito tempo para se importar em ficar apenas mais um pouco molhada, Paoulla deixou a erva de lado e engatinhou até ele, que colocou o braço de volta no lugar com um baixo grunhido. — Isso não seria um desperdício? Eu sei de algo muito melhor que poderia ser feito para aliviar esse efeito… Ou você tem medo demais da minha família para fazer alguma coisa?
— Esse jogo que você quer jogar é muito perigoso, mulher — comentou Alexander, sorrindo estranhamente. — Se serve de alguma coisa para o seu orgulho, você é uma beldade, logo não é você, sou eu. Acabei de ficar noivo… E apesar da minha aparente indiferença, isso é tudo autocontrole, porque se não, eu acabaria deixando você em um estado ainda pior do que todos os goblins que te capturaram juntos.
Instintivamente recuando, sem saber se aquilo era bravata ou não, ela sentiu o seu constrangimento aumentar, mas mesmo assim sua “coceira” era implacável, ainda mais quando o viu tirar a camisa para curar seu braço.
Não tendo outra escolha, ela recorreu à planta que ele lhe deu. No entanto, logo após aplicá-la, a sua cabeça ficou completamente tonta e a última coisa que ela se lembra daquela noite é a impressão dele vindo em sua direção e a aquecendo…
Menos de 2 dias depois, já na Cidade Gêmea, enquanto Robert tranquilizava a sua amiga, ele sentiu alguém violar o espaço da cidade e da academia, acompanhado por outras presenças. No entanto, ele só suspirou aliviado. — Você não precisa mais se preocupar, Pauline. Acredito que um dos meus acabou de voltar com sua neta.
Radiante de felicidade e alívio, a bela mulher madura sorriu enormemente e quase saiu correndo da sala para confirmar se era sua neta. E, assim como Robert havia suposto, era de fato Alexander descendo com a neta dela e outras coisas.
Sensíveis à presença um do outro, mesmo sabendo a direção aproximada do diretor, Alexander ainda escolheu pousar perto de sua família, que saiu para recebê-lo.
Como sabiam por que ele tinha ido até lá, não perguntaram sobre a mulher em um de seus braços, mas ficaram surpresos com as outras coisas. — O que exatamente você pretende fazer com essas criaturas?
— São familiares para o senhor e a dona Ánara — respondeu Alexander, sorrindo, enquanto colocava não só a mulher no chão, mas também uma espécie de cavalo e uma gaiola com uma abelha que parecia de cristal. — O {Volicte de Escamas} é para o senhor, e a {Abelha Cristal} é para dona Ánara… Não se preocupem, já fiz um acordo prévio com eles. Agora, vocês só precisam se vincular a eles.
Enquanto eles processavam aquela situação e a declaração bizarra, Robert chegou com a amiga ao seu lado, que perdeu a compostura e correu para abraçar a neta ao ver que era realmente ela.
Ao finalmente se ver aninhada em braços familiares, Paoulla não conseguiu mais conter as lágrimas e o terror do que havia vivenciado, começando a chorar como uma garotinha, algo que ninguém ali desdenhou ou fez pouco caso.
* Ding! *
[Missão Concluída].
— Diga-me o que você quer como recompensa, jovem — disse Pauline enquanto se virava para Alexander cheia de gratidão, finalmente com sua neta segura em seus braços. — Contanto que esteja ao meu alcance, farei o meu melhor para obtê-lo.
— Como eu ousaria aceitar algo como recompensa da senhora, madame? — inferiu ele educadamente para recusá-la. — Ajudá-la foi um pedido pessoal do meu diretor.
— Ela está certa, Alexander. Isso merece uma boa recompensa — ressaltou Robert, já pensando que este apontava para os bolsos dele. — Mas já que eu fiz o pedido, eu o recompensarei. Diga-me o que você quer e, enquanto estiver ao meu alcance, farei o meu melhor para obtê-lo.
— Admito: se a situação fosse diferente, eu arrancaria o máximo que pudesse dos seus bolsos por me fazer lutar contra uma criatura de 4ª evolução. Mas não dessa vez — respondeu Alexander. — Esse foi um pedido PESSOAL seu. Como eu ousaria pedir recompensas por um pedido pessoal seu?
Lançando olhares complicados para ele, os respectivos pesos pesados em suas áreas se sentiram complicados. Geralmente eram eles que agiam assim.
Ao vê-los se sentindo complicados, Alexander suspirou e deu um passo atrás. — Tudo bem, acho que vocês poderiam me ajudar com algumas coisas, dadas suas posições. Mas só aceitarei se concordarem em usar o meu dinheiro.
— Claro. Se você se sente melhor assim… Diga-nos como podemos ajudá-lo — disse Pauline prontamente com o coração aberto. Ela realmente queria recompensar o salvador de sua neta…
Após ouvir em que ele queria ajuda, pegar o dinheiro dele para ajudá-lo e ir embora, ela não conseguiu evitar de se virar para Robert com uma expressão bem estranha e ponderar: — Quais são as chances de seu garoto ter armado para nos prender em nossas próprias palavras?…
— Baixas, eu acho… — disse Robert, também com uma expressão estranha. — Apesar do que aparenta, ele parece realmente levar relacionamentos a sério… Mas você simplesmente balançou um pedaço de carne muito suculento ao nos amarrar para que ele não mordesse tanto quanto podia, especialmente com ele desembolsando o dinheiro para essas coisas sozinho.
— Capaz, versátil, cheio de potencial, valoriza relacionamentos e, ainda por cima, é implacável em negociações e situações em que vê a chance… Gosto disso — riu Paulline, sorrindo amplamente. — Vamos fazer assim, por que você não me dá esse garoto, Robert?… Em nome da nossa longa amizade… Você nem tem uma filha ou neta perto da idade dele.
— Cai fora. Vá encontrar e/ou nutrir alguém assim por conta própria — cortou-a ele diretamente. — Ele até está noivo da filha de um dos nossos barões.
Ao ouvi-lo, ela sorriu, parecendo se deleitar da reação dele, mas seu rosto e coração continham uma miríade de mistérios que ninguém poderia dizer quais eram.
PDV Paulline (Sim, uns e outros, uma Milf. Mas que o MC não vai pegar)
Assim que a dupla de avó e neta ficaram sozinhas no pátio que Robert havia lhes disponibilizado, Paoulla apertou firmemente seu vestido, mas mesmo assim decidiu contar em detalhes o que havia acontecido quando Alexander a salvou, para que pudessem pensar em contramedidas caso ele começasse a espalhar boatos.
— Não me diga que vocês fizeram mesmo sexo no meio dessa situação! — cortou Paulline, parecendo mais surpresa do que chateada, com a mente já disparando.
— Ele me rejeitou — confessou a neta, meio sem jeito. — Foi assim que aconteceu…
Ao ouvi-la, Paulline ficou com uma expressão estranha, quase sorrindo diante de uma situação tão séria. — A linhagem dracônica é realmente perversa para ele dizer que seria ainda pior do que um grupo de goblins… E pensar que uma pessoa assim ainda seria capaz de rejeitá-la batendo em sua porta tão voluntariamente.
— Vovó… — censurou Paoulla.
— Não se preocupe tanto com isso, criança — tranquilizou-a a avó. — Além de ele ser noivo e saber que não lhe faria bem sair por aí contando histórias assim, pelo que ouvi, ele não faria isso de qualquer maneira, em respeito ao meu amigo.
— Mas é inegável que aquela criança tem um olho muito bom para tê-lo encontrado antes de todo mundo… — acrescentou ela ao pensar em alguém e suspirar. — É uma pena que o chefe da família esteja visando-a e que seu ramo seja incompetente e medroso demais para protegê-la adequadamente.
— “Então, acontece que não era ela afinal”, foi uma das primeiras coisas que ele me disse ao confirmar que era realmente eu o alvo do resgate — comentou Paoulla com uma expressão estranha, pensando em algo após ter ouvido bem quando Alexander pediu para elas repassarem a mensagem de que ele ainda se lembrava que devia à Cristina. — Se ela pedir pela ajuda dele, a senhora acha que ele ajudaria?… Eu o vi fazer algum tipo de trato com uma colmeia de abelhas cristal para exterminar uma colônia de {Vespas Ferrão Perfurante} na 3ª evolução, e ainda fazer a floresta de quintal.
Caindo em contemplação com a pergunta da neta, Paulline lembrou-se do que seu amigo havia lhe dito. — É possível. Mas se ela conseguirá resistir à pressão até um ponto em que ele terá força o suficiente para fazer a diferença já é uma história totalmente diferente… A vida tem um senso de humor bem estranho.
Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).
Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.
Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.