Capítulo 276 – Parando-o ao lançá-lo para cima
Nota do autor: Só passando para informar àqueles que ainda não sabem que estamos comemorando o aniversário da nossa comunidade e site. No meu caso em específico, eu vou tentar manter a publicação diária de 2 capítulos por dia durante essa semana de evento e comemoração… Sempre no nosso horário tradicional e de praxe, às 20:00.
Bom capítulo a todos.
PDV Duque Marvin
Alguns dias depois do início do primeiro trimestre, Marvin, Robert, vários outros Duques, Grão-Duques e o próprio Imperador se encontravam sentados novamente na sala de conferência. As mesmas pessoas que realmente tinham peso no Império, para evitar politicagem. Motivo: Alexander, novamente, é claro.
Deslocado de sua região por ter sido convocado para ir até a Cidade Imperial, sem poder recusar a convocação, ele sentou-se ao lado de Robert e da facção neutra, em um canto, e ficou ouvindo os outros debaterem até que todos chegassem. Desta vez, a situação havia evoluído tanto que as facções sentaram-se em bloco.
Reunindo-se novamente, basicamente pelo mesmo motivo, o conselho de Duques, e acima, começou a se entreolhar com estranheza. Aquilo não era mais só estranho e incomum, nem só desconcertante; estava começando a se tornar preocupante.
— Aquele garoto está se projetando acima do que deveria ser, e isso todos aqui já sabem, de uma forma ou de outra — declarou um Duque da facção imperial, de forma impassível. — A questão agora é saber o que fazer com essa situação, e com ele.
— Vocês querem mesmo abrir essa caixa? Afinal, não há volta, e ele ainda não quebrou nenhuma lei ou regra escrita… — interveio rapidamente um Duque da facção neutra. — Sem falar que, além de aumentar, e muito, a arrecadação da região, ele é singular em sua situação, dado seu suposto, e cada vez mais provável, apoio.
— E o que você espera exatamente que façamos? Dar mais espaço para ele fazer o que quiser? — zombou um duque da facção nobre, claramente infeliz. — Porque todos aqui podem ver como isso está dando muito certo pelo número de vezes que nós nos reunimos só por causa dele.
— E o que exatamente VOCÊ espera que façamos? Ou só vai ficar apontando e dizendo o que não quer sem dar alguma ideia? — indagou o Grão-Duque Yellowin, claramente defendendo o membro da sua facção. — Se vocês querem fazer algo, ao menos apresentem uma boa ideia para o resto de nós.
— Sejamos diretos — respondeu o Duque, agora mais contido. — Vamos pará-lo.
— Impossível, ou no mínimo ineficaz. Aquele garoto tem um espírito inquieto e nós vamos acabar aqui de novo — pronunciou-se Robert. — Se apenas barrarmos suas estruturas, facção, território, associação e seja lá mais o que ele invente, seu foco vai apenas mudar para autodesenvolvimento, e ele vai começar a crescer em poder bruto individual… Sua ideia é algo real ou você apenas quer confrontá-lo por seus próprios interesses financeiros?
Não tendo resposta, afinal o maior problema para ele era mesmo a concorrência de Alexander, pois qualquer um ali ainda poderia esmagá-lo se quisesse, o Duque em questão olhou para sua facção. Mas quem veio em seu socorro foi o Grão-Duque Azure. — As suas palavras fazem sentido, Duque Robert, mas algo realmente deve ser feito. Aquele garoto ousou distribuir títulos de nobreza, nomeando “cavaleiros”.
— Com todo o respeito, Grão-Duque Azure, de tudo que estamos debatendo aqui, esse assunto me parece o menos relevante — contrapôs Robert. — Além de ele ter deixado claro que seus capitães seriam “cavaleiros” de sua facção, não do Império, não lembro de este conselho já ter agido contra quem se autointitulou cavaleiro… ainda mais contra uma “criança”.
— Você quer mesmo prosseguir com essa história de “criança hostilizada por nós” para nos parar? — indagou um Duque da facção nobre, zombeteiramente. — Isso faz tanto sentido, e é tão certo, que sua “criança” está esperneando a cada esquina, fazendo-nos perder tempo.
Foi a vez de Robert não ter uma boa resposta. Afinal, independentemente de qualquer coisa, depois de tudo dito e feito, era verdade que Alexander ainda estava causando turbulência atrás de turbulência, os fazendo gastar o tempo deles.
— Você está muito calado para a pessoa que provavelmente tem mais informações atuais sobre esse garoto, Duque Marvin — comentou o Imperador sugestivamente, ao finalmente se pronunciar. — Há algo que gostaria de compartilhar com o resto de nós?
— Se o senhor me permitir, eu gostaria de não me pronunciar ainda — respondeu Marvin com um semblante conflituoso e sério. — Se possível, gostaria de esperar todas essas… “pormenores” acabarem. Não estou com paciência para isso hoje.
— Então as considere como finalizadas — afirmou o próprio Imperador. — Também não estou com muita paciência para isso hoje.
— Já que o senhor está afirmando isso, não vejo mais motivo para não colocar os meus pontos — ponderou Marvin, ao correr os olhos pelos presentes. — Acho que a situação é, sim, séria. Mas não necessariamente de uma forma ruim… Especialmente se controlarmos a situação sem tomarmos aquele garoto como um inimigo, o que, realmente, não me parece lá muito crível, mediante as atitudes dele.
— Palavras e ideais bem bonitos na teoria. Mas em que você se baseia para alegar isso? — indagou o Grão-Duque Greenin, o mais evidente líder da facção nobre.
— Para falar a verdade, eu até que simpatizo com esse garoto — admitiu Marvin, com sinceridade. — Como todos aqui sabem, mesmo alguns de vocês não gostando de admitir, na minha região, eu sou o mais poderoso do Império da minha geração, graças ao {Coração do Mar} da minha família, e eu me vejo nesse garoto. No entanto, se nos colocarmos no papel, até o eu daquela época fica aquém dele, e acho que é isso que assusta os outros aqui, mesmo que, novamente, não queiram admitir.
Ao cair em um silêncio, no mínimo desconcertante, aquela cúpula se entreolhou de forma constrangedora. A verdade poderia ser a verdade, mas não significava que fosse muito palatável aos egos das potências ali presentes.
— Eu acho que não é para tanto. No entanto, se você acha isso, o que você propõe para resolvermos essa situação? — indagou alguém da facção imperial, por fim, quebrando aquele silêncio constrangedor, sem dar o braço a torcer totalmente.
— Não tenho uma ideia para oferecer sobre o que devemos fazer, apenas minhas informações e ideias sobre o que não devemos fazer — respondeu Marvin, dando de ombros. Ser direto era uma qualidade, e um mal, comum tanto a ele quanto a Alexander, na maior parte do tempo. — Meu principal ponto é: não mexer com o núcleo familiar dele, porque ele vai ficar mesmo transtornado e se tornar uma fera sanguinária… Ou a gente realmente faz algo de forma direta, ou não faz.
— Segundo as informações que minha nora obteve, mesmo não sabendo todas as informações, aquele garoto, Alexander, realmente já quase morreu para proteger a sua mulher. Logo, não duvido que, se chegar a esse ponto, ele jogue tudo ao vento e parta para o tudo ou nada, e aí não vai mais ter saídas fáceis — complementou, de forma extremamente séria e pragmática. — Controlar um homem que não teme sua morte é difícil; e matar ele é jogar uma moeda muito perigosa para cima, ainda mais depois de ele usar “aquela coisa” na sua última Raid.
— De que “coisa” exatamente estamos falando? — perguntou um dos Duques da facção nobre, tendo informações, mas sem saber o que era, de fato, a tal “coisa”.
— Se você não sabe o que é, é porque não tem por que saber — respondeu Marvin, sem se preocupar em dar muita cara à outra parte. — O ponto é: é do interesse do Império e do Imperador realmente começar tal briga? Eu, mais do que ninguém, sei a dor de cabeça que ele pode causar. Mas eu também, mais do que ninguém, sei como ele pode ser útil para os verdadeiros interesses imperiais.
— Elabore mais sobre isso — pediu o Grão-Duque Azure, muito pragmático.
— Simples, ele é extremamente eficiente na maior parte das coisas que se propõe a fazer. O problema é que as coisas que ele se propõe a fazer nem sempre são as que nós queremos que ele faça — explicou Marvin, de forma impassível. — Ele tem acesso a recursos e conhecimentos que nós não temos, e suas inovações atrás de inovações, em especial a última, são a prova disso. Só que, enquanto todos aqui as querem, admitam isso ou não, ele não vai entregar elas, alegando todo tipo de desculpa… Em última instância, nosso grande desentendimento com ele é que ele tem recursos que nós não temos, e se comporta como se fosse um de nós, mesmo não sendo; e essa é a dura verdade com que temos que lidar, e devemos nos focar nisso, simples assim.
Ao voltar a cair em um silêncio sufocante, aquela cúpula se entreolhou novamente, mas desta vez com uma miríade de sentidos em seus olhos. “A verdade poderia ser a verdade”, mas o que exatamente eles não poderiam reivindicar em seu próprio Império?
— Então por que simplesmente não fechamos os olhos para tudo e colocamos mais uma cadeira aqui para ele se sentar junto conosco? — retumbou o Grão-Duque Greenin, claramente indignado. — Você sabe tão bem quanto eu que ele já está se articulando em busca de formar e/ou estender rotas comerciais até a região dele, ao distribuir seus produtos como presente por todo o Império… Ou algum de vocês aqui achou que ele era tão bondoso, ou de coração aberto, para nos enviar seus produtos apenas como uma forma de boa vontade para conosco?
Segurado por seu amigo quando iria responder, Marvin viu Robert se levantar ao forçá-lo a se sentar novamente, e, então, responder: — Digamos que o senhor tem um ponto. No entanto, de que exatamente isso vale? Ainda não respondemos à principal pergunta: o que fazer com ele?… E, quanto a isso, eu tenho uma ideia arriscada, mas que considero boa.
— Prossiga — afiançou o próprio imperador, demonstrando interesse.
— E se nós o pararmos ao lançá-lo para cima? — sugeriu Robert, pragmático, quase com um sorriso maquiavélico no rosto. — Vamos promovê-lo como nunca.
Confusos, o conselho viu o sorriso de Robert crescer e se tornar mais negro a cada palavra que proferia. — Vocês podem não conhecê-lo, mas eu o conheço… Não importa o que joguemos nele, ele sempre vai tentar tirar o máximo de proveito possível disso e depois jogar o resultado de volta pra gente; é quase da natureza dele fazer isso… Mas, se tem algo que ele não quer, e que o deixa transtornado toda vez, é ser promovido na hierarquia nobiliárquica do Império, pois isso o faz se sentir cada vez mais preso a nós.
Entendendo onde Robert queria chegar, um sorriso ainda mais negro floresceu no coração do Imperador, sem que o mesmo transparecesse em seu rosto. — E o que você sugere? Que elevemos um dos Barões a Visconde?
— Brando… Muito leve… Administrável — disse o Duque do Céu Trovejante ao ver que tinha o mínimo de endosso do Imperador, como se colocasse suas frustrações com Alexander para fora naquele momento. — Torne ambas as áreas de proteção dele em viscondados; e o nomeie Cavaleiro honorário, com honraria e vinculação pendente mediante novos grandes feitos. Afinal, ele já controla toda aquela área como seu território mesmo… Se bem o conheço, isso deve nos render ao menos alguns anos com ele voando abaixo do radar e se atendo só ao que tem agora.
Pegos em uma contemplação estranha, mas extremamente realista segundo seus informantes e fontes, o conselho realmente começou a ponderar se aumentar os títulos sob a família de Alexander seria uma boa opção de freio. Algo que pareceria loucura em outras circunstâncias, mas que, nesse contexto, o colocava em xeque constante e o tirava de sua zona de conforto: as entrelinhas entre as linhas do poder imperial e da sua posição/liberdade civil.
O mais louco é que foi assim que começou o arco do primeiro pseudo-nobre da história do Império: Sir Alexander, o homem que “não queria ser rei”.
Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).
Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.
Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, por ventura, haja a publicação de capítulos adicionais.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.