Capítulo 283 – Entre sangue e títulos (Parte III)
Restando apenas os emblemáticos homens que haviam iniciado a disputa, a final começou após um breve período de descanso. E, uma vez recuperados, ambos explodiram em energia, liberando a aura e a força do {Talento} característico da família deles.
Laite e o chamado “atual líder da família” estavam frente a frente. Não apenas por títulos ou poder, mas por uma verdade crua: guerreiros experientes dispostos a colocar tudo em jogo. Naquele ponto, não havia mais espaço para recuar… ou perder.
Ambos pulsavam com uma aura luminosa, porém, a de Laite era mais translúcida, ressoando com a Espada Dual Ilusória, enquanto a do adversário, embora densa e poderosa, era mais enrijecida e desbotada nas pontas, por ser constantemente forçada.
Ao observar o desenrolar daquela situação em silêncio, Alexander parecia absorver cada nuance como um juiz invisível. Obviamente, sem deixar de apontar os seus sentidos para toda a área em volta, garantindo que não houvesse ardis ou algum tipo de trapaça na luta.
— Você envelheceu — disse o líder com um tom sombrio, ativando o |Manto da Luz Incandescente| sobre sua armadura. — Essa espada não esconde seu cansaço.
Ao ouvir aquilo, Laite riu, como se ouvisse um velho conhecido tentando blefar pela milésima vez, e respondeu enquanto ativava uma série de habilidades: — Talvez eu tenha envelhecido… Mas não perdi minha esgrima, nem a capacidade de crescer.
— |Fortalecimento Corporal Mágico|.
— |Impulsionar Força|.
— |Impulsionar Resistência|.
— |Impulsionar Destreza|.
— |Impulsionar Agilidade|.
— |Impulso Cerebral|.
— |Encantar com Luz|.
Os meses a fio de treino que os avôs de Diana passaram com eles não foram em vão. A cada dia, todos eles aprendiam ou se aprimoravam em algo de seu acervo.
Surpreso com a combinação de habilidades energéticas e o encantamento auto incutido na espada, fazendo a aura e o poder de Laite dispararem, o dito líder ficou atônito; e aquilo ainda não era tudo. Laite, por fim, ativou a peculiaridade que o tornava um adversário irritante de lidar em duelos individuais: o |Manto da Miragem|; uma das poucas técnicas Tier III que sua família dominava, que desnorteavam os inimigos com pulsos de luz, induzindo miragens.
Sob os preparativos e o poder deles, o primeiro embate real aconteceu. O impacto das espadas gerou uma onda de energia que lançou massas de ar nos espectadores mais próximos, mesmo a vários metros de distância.
Alguns dos espectadores caíram sentados, outros ergueram barreiras, mas o chão entre os dois combatentes pareceu começar a rachar, fissuras se espalhando como veias pela área de combate.
Tido por muitos como o mais forte da família, ou ao menos um dos mais fortes, o líder ainda se mostrou fisicamente superior e bem poderoso: não apenas provocando queimação com seu manto, mas também lançando Laite para trás com um único golpe.
Ciente de sua desvantagem física, o avô de Diana já havia antecipado que isso aconteceria e disparou um clarão de seu manto antes de ser empurrado, a fim de neutralizar o ímpeto do adversário.
Ao se pegar surpreso, quase assustado, por não ser tão fisicamente superior quanto se achava, o líder não o perseguiu imediatamente e passou a reavaliar Laite, que não só deslizou com graça ao tocar no chão, como também quase não emitiu nenhum som, devido ao |Físico Sobre-Humano| e |Passos Silenciosos| passivos da runa do {Wendigo} que Alexander havia lhe dado junto com a espada e a armadura.
Em poucos minutos, a luta se transformou em uma dança; um verdadeiro rodopio de aço, luz e sombras. Cada golpe era seguido por outro ainda mais rápido, e cada avanço era respondido por uma esquiva fluida… Eles não paravam; nenhum deles cedia. E, mesmo assim, o tempo parecia jogar a favor de Laite.
Não só a passiva de |Auto-Regeneração| da runa do {Wendigo} ajudava muito o avô de Diana, como ele também era um lutador do tipo agilidade; logo, era bem mais proficiente em aparos, esquivas, trocas rápidas e usava movimentos/equipamentos mais leves e menos desgastantes…
Ao contrário de Alexander, que lutava com base em energias mais densas e força bruta, ambos os lutadores se aproximavam mais do que se espera de um cavaleiro: poder bruto, sim, mas também técnica e análise refinadas.
Assim que o primeiro sentiu que havia terminado de medir o outro, o duelo em si verdadeiramente começou; a energia começou a fluir deles em profusão. As suas auras dispararam, e parte da energia e mana em suas armaduras parecia convergir para reforçar o poder da arma deles.
— Eles parecem querer vencer na primeira brecha que acharem, mas assim podem acabar se matando — alertou Alexander com seriedade, mas sem parecer lá muito preocupado. — Idiotas. Tudo isso por tão pouco… Eles ainda não entenderam que os títulos e os papéis estão mortos enquanto as pessoas estão vivas?
Ao ouvi-lo, Diana estava pronta para “sugerir” que ele os parasse, mas sua avó e a bisavó colocaram a mão em cada um dos lados de seus ombros. Uma vez que tal disputa chegara àquele ponto, não havia mais retorno até haver um vencedor.
Uma coisa que Alexander notou, mas não compartilhou, foi que o líder, ainda que equipado com seu novo conjunto, começava a perder o brilho em suas habilidades.
De volta à luta, Laite concentrou sua energia e liberou um poderoso flash, que fez seu adversário ter que proteger os olhos. Porém, quando voltou a abri-los, ele já estava indo em sua direção; ou melhor, eles já estavam indo em sua direção… Não era mais só um. Eram dois Laite.
Assustado, o líder levou meio segundo para entender que o flash vinha da ativação da Espada Dual Ilusória, que, para além do poder da luz, também gerara um clone miragem ilusório das trevas.
Pressionado e sem outra opção, pois não tinha tempo para identificar com certeza qual era o verdadeiro, o líder rugiu em poder, uma marca brilhou em seu braço, sob a armadura, e lançou uma onda de poder gigantesca: — |Onda do Tigre Flamejante|.
Com um único giro, o padrão de combate mudou. Ao invés de confrontar a força do oponente, a habilidade aumentou o poder destrutivo, adicionou o elemento fogo e varreu tudo em seu caminho.
Imediatamente surpreso ao notar que aquele poder era o de uma runa, Alexander admitiu o erro e começou a repensar tudo. Em sua mente, ele tinha uma ideia de quem estava por trás do apoio ao líder para causar problemas para ele, mas tal apoio não tinha capital financeiro nem conexões para conseguir uma runa daquele nível para alguém de fora… Havia alguém mais por trás, fornecendo ainda mais apoio do que ele imaginava…
O incrível na luta foi que, para quem não tinha uma visão aguçada ou uma boa detecção mágica, Laite surgiu pulando sobre o fogo em um golpe descendente. Ambos que corriam lado a lado na frente eram clones ilusórios; o verdadeiro esteve atrás deles o tempo todo.
— Chega de me testar — rosnou o líder, ativando a habilidade final da sua técnica de combate familiar: — |Domínio Incandescente: Resplendor Estelar|.
Conhecendo bem as técnicas da sua família, e sabendo que aquela em específico era uma enorme bola de luz, um verdadeiro domínio incandescente, Laite parou até de respirar, explodindo em energia e poder mágico, desencadeando a técnica de combate |Fervor| para expulsar o poder adversário e se proteger como podia. E então desceu com uma forte ferocidade, em poder máximo, usando uma técnica que Alexander havia obtido, mas que era perfeita para ele: — |Fissura Arcana|.
Sob o efeito daquela técnica Tier III, a lâmina dele pareceu se fundir em um fio de luz, cortando e abrindo a habilidade do seu oponente; não só dividindo-a ao meio, como também rompendo o controle do adversário sobre ela. Tudo isso enquanto ainda disparava um corte mágico por entre o ataque inimigo.
A |Fissura Arcana| não consiste em sobrepujar e/ou destroçar o ataque inimigo, mas sim em fendê-lo e transpassá-lo em um único golpe; não apenas atravessando o ataque adversário sem confrontar seu poder total, ou detoná-lo, como também desferindo um poderoso contra-ataque através dele.
Pego de surpresa por aquela técnica mágica totalmente nova, e sofrendo com a reação adversa de ter seu fluxo mágico com o feitiço cortado, o “líder”, sem meios de se esquivar com eficiência, tentou recuar. Mas já era tarde.
O movimento de Laite foi singular. Como um raio no vácuo que já havia escolhido seu destino.
O resultado final não foi violento, foi sutil. Quase uma sentença silenciosa.
Uma única linha de poder. Uma única fissura.
Para a surpresa de todos, ou quase todos, assim que a luta foi decidida, Alexander, como se já esperasse por aquele resultado, brilhou em sua posição e ascendeu à frente do agora ex-líder da família com |O Mundo é um Rio|, defletindo o ataque para longe com puro poder bruto e força física. — Eu disse sem mortes, não algo como “sem ferimentos sérios”, mas vocês entenderam o meu ponto.
O silêncio tomou conta do ambiente, pois ninguém esperava aquele resultado, dadas as animosidades de antes. Porém, em meio ao silêncio que tomou conta da arena, Laite encarou o ex-líder sem arrogância. — Você pode se levantar no futuro. Mas hoje, é o meu ramo que liderará e protegerá esta família.
O ex-líder derrotado ainda pensou em argumentar, mas logo se resignou e foi embora ao perceber que não havia muito o que dizer. Ele havia perdido; esse era o fato.
— Aí está o seu vencedor… Isso encerra a disputa — disse Alexander, ao olhar para Diana e sua bisavó, e então virar-se para os outros membros da família. — Agora vem a parte mais difícil: vocês crescerem e se desenvolverem juntos, sem se matarem.
O peso do legado da família LittleLight foi redistribuído com êxito, mas os olhos atentos de Alexander ainda olhavam além… para as sombras que se moviam no Protetorado. Pois seu inimigo, o verdadeiro inimigo, esse ainda não havia mostrado o rosto; apenas um pouco das suas cores e poder aquisitivo…
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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, porventura, haja a publicação de capítulos adicionais.
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