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    A expressão de Fernando era de perplexidade, estando verdadeiramente surpreso pela mulher aparecer ali naquele momento. Apesar disso, instintivamente segurou sua mão, quando foi puxado bruscamente.

    Antes que se desse conta do que havia acontecido, Lerona o ergueu para o alto, voando em direção a Cavalaria de Lobos Prateados que estava próxima. Abaixo deles, um aglomerado de Carniçais se formou, escalando e pulando sobre o que restou do cadáver do maior, que a Capitã havia matado, tentando alcançá-los.

    Vendo aquela cena, Fernando tremeu, sabendo que se tivesse ficado mais um instante ali, teria sido completamente cercado e destroçado. Mesmo que ele por ventura matasse o maior, os menores o devorariam vivo!

    Swish! Perfura! Bam!

    De forma avassaladora, Karol, Anane e o restante dos membros da cavalaria avançaram, esmagando os poucos Carniçais na direção em que Fernando estava. Porém, vendo que ele havia sido resgatado, fizeram uma curva para a direita, contornando o emaranhado de Criaturas das Trevas mais a frente e rumando em direção ao Sargento.

    “Segure minha mão!” Karol gritou em direção a Thom, que estava no caminho.

    Antes ela estava preocupada com seu marido, mas ao ver aquela Capitã aparecendo e o resgatando, seu coração finalmente se acalmou.

    O Sargento ainda estava atordoado com tudo que havia acontecido, mas estendeu rapidamente o braço, que foi agarrado por Karol em alta velocidade, puxando-o para seu lobo branco e o acomodando logo atrás da cela.

    Normalmente seria impossível fazer algo assim naquela velocidade, mas como ambos tinham o atributo Físico extremamente alto, tudo ocorreu sem problemas.

    Ao montar atrás da mulher, o Sargento não sabia onde se apoiar, temendo segurar-se na esposa de seu chefe, fez o melhor que podia ao agarrar-se na pelagem do lobo e na parte de trás da cela, também firmando suas pernas ao redor da montaria.

    Karol e Thom então olharam para o alto, apenas para verem Lerona, suspendendo Fernando, então a Capitã ruiva desceu em alta velocidade, pousando suavemente, de pé sobre o lobo negro do Tenente e soltando-o ao lado. Depois disso, tomou habilmente o controle da montaria. Mesmo nunca tendo montado um Lobo Prateado, a mulher sabia o básico necessário para lidar com montarias.

    Fernando, que havia sido largado logo atrás, caindo de barriga nas costas do lobo, agarrou-se firmemente a pelagem do animal, para não acabar caindo com os solavancos.

    Ela poderia ao menos me soltar com um pouco mais de cuidado? pensou, sentindo-se como um saco de batatas jogado em um caminhão para ser transportado.

    Apesar de pensar isso, o rapaz se sentia verdadeiramente grato, se Lerona não o ajudasse dessa vez, ele sabia que certamente teria se tornado ração de monstros.

    Agora que seu corpo estava relaxando e toda a adrenalina começou a diminuir, ele finalmente percebeu o quão ruim era sua situação. O sangramento em seu pescoço havia parado, mas a ferida ainda estava lá, além disso, os machucados dos ataques em suas costas e ombros pareciam ser bem feios. Se ele não tivesse a Habilidade de Auto Regeneração, que funcionava de forma passiva, sentiu que muito provavelmente já teria morrido pela perda de sangue.

    Mas os ferimentos em seu corpo eram o menor de seus problemas. Fernando sentiu tudo ao seu redor girar, era como se sua cabeça pesasse uma tonelada e em seu cérebro pareciam haver centenas de formigas caminhando. O uso excessivo de várias habilidades e magias, ultrapassando seus limites repetidas vezes, finalmente estavam cobrando o seu preço.

    Lerona usou sua perna esquerda e direita, dando duas batidas nas laterais do lobo negro, incitando-o para que avançasse mais rápido.

    Grrr!

    A criatura ficou irritada, emitindo rosnados baixos ao ver a mulher ruiva o montando e lhe dando comandos, mas sabendo que seu mestre estava logo atrás, não teve escolha senão aceitar a situação.

    Como uma especialista em montarias, a Capitã obviamente percebeu que o animal não estava feliz com ela o guiando e isso a deixou surpresa. Em relação aos Nagalus, que não se importavam com quem os montava e apenas obedeciam comandos, os Lobos Prateados pareciam muito mais inteligentes e leais aos seus cavaleiros. Ela duvidava que conseguiria guiá-lo sem o Tenente ali.

    Que bela montaria! pensou, impressionada ao sentir o vento em seu rosto. Em termos de velocidade, os Lobos Prateados aparentavam ser ainda mais rápidos que as aves Pleiasus, usadas pela Cavalaria Pleiasus. Entretanto, diferente delas, que eram delicadas e vulneráveis a ataques, os lobos eram muito mais resistentes e grandes.

    Nesse momento, Lerona perguntou-se o quão incrível seria se houvesse um pelotão, com cem homens, montando essas coisas, essa seria uma cavalaria verdadeiramente aterradora!

    Assumindo a vanguarda, a mulher varreu com sua lança, quando luzes vermelhas-roxas piscaram, atordoando as Criaturas das Trevas no caminho, que foram imediatamente atraídas pelo chamariz.

    Bang! Swish! Perfura!

    Carne e membros voaram para todos os lados, quando alguns dos Carniçais que se jogaram em sua direção simplesmente foram explodidos em pedaços.

    Logo atrás, tanto Karol, quanto Anane e o restante dos membros do Pelotão Dama de Prata ficaram chocados ao ver tal poder monstruoso. Mesmo que eles pudessem abater algumas das Criaturas das Trevas, na maioria das vezes não conseguiam dar um ataque crítico, apenas as ferindo, sem realizar um golpe fatal, mas frente aos ataques da mulher ruiva, nenhum único sobreviveria!

    Não era apenas uma questão de sorte, mas de puro poder bruto e uma mistura de maestria que mesmo Anane sentiu que não era equiparável. 

    Tendo tanto o Tenente, quanto o Sargento com sua segurança assegurada, a cavalaria mudou novamente de rumo, indo em direção à formação Parede de Espinhos para se reagrupar.

    “Hah!” Lerona gritou, quando empurrou novamente com sua lança, esmagando a cabeça de outro Carniçal. Com a Capitã tomando a dianteira, toda a cavalaria parecia ter uma mudança em sua aura, se tornando muito mais perigosa e agressiva, era como uma ponta de flecha cega que havia sido meticulosamente afiada, se tornando muito mais mortal!

    Mesmo Karol, que deveria ser a líder, não ousou questionar suas ações. Pelo contrário, seus olhos a observaram com atenção, tentando capturar cada um de seus movimentos sublimes e estocadas, que pareciam fluidas e carregavam extremo poder e técnica. Para ela, uma principiante que estava aprendendo a arte da lança, era como observar uma bela pintura sendo feita.

    “Se preparem, abram caminho para a cavalaria!” Do outro lado da formação, Kelly gritou, incitando os lanceiros e Soldados a abrirem passagem.

    Aqueles que estavam com suas lanças e espadas apontando para o alto, esperando Carniçais que saltassem para invadir, apressadamente abriram caminho. Mesmo os escudeiros e lanceiros na formação, abaixaram levemente suas armas e escudos.

    Swish! Swish!

    Com Lerona na frente, seguida por Karol e Anane, os lobos saltaram um após o outro acima dos escudeiros. Em instantes toda a cavalaria havia entrado com segurança na formação e logo atrás os lanceiros e escudeiros tornaram a erguer mais alto suas armas, fechando o caminho para que nenhum inimigo pudesse invadir.

    Os Lobos Prateados correram por alguns metros antes de finalmente conseguirem parar. As tropas rapidamente se aproximaram. Ao verem o estado em que a cavalaria estava, com muitos dos animais feridos e alguns cavaleiros faltando, sabiam que as coisas não haviam ido nada bem. 

    No entanto, a cena mais chocante foi quando os membros do Batalhão Zero viram o estado em que seu líder havia ficado. Uma marca de garra gigante estava em suas costas e ombro, bem como uma ferida terrível aparente em seu pescoço. Além disso, mesmo sendo preta, a parte frontal de sua armadura, que não havia sido tão danificada, estava visivelmente encharcada de seu próprio sangue, que se misturava ao sangue negro dos monstros. O rapaz estava completamente imóvel e de bruços, sobre o lobo negro, atrás de Lerona.

    “O T-tenente, ele não tá morto, está?” Um Soldado questionou, suando frio.

    “Eu não sei, espero que não…” Outro respondeu, igualmente assustado.

    “Calem a boca! A Oficial Karol está aqui!” Uma Soldado sussurrou, para que ficassem quietos, apontando sutilmente com o rosto para a mulher. Ambos os homens imediatamente se calaram ao notarem seu deslize.

    “Fernando!” Karol gritou, quando saltou do seu lobo branco e indo em sua direção, empurrando todos a sua frente, abriu um caminho. Ao ver de perto o estado dele, sua expressão mudou, quando lágrimas encheram em seus olhos “Marido!”

    A mulher queria chorar, mas ao notar os diversos olhares, se conteve, ela não era mais uma simples Cabo. Agora era uma Oficial, alguém que deveria inspirar medo e respeito. Se ela fraquejasse ali, isso baixaria o moral das tropas. Então, engolindo o choro, tocou seu marido, puxando-o de cima do lobo.

    Um Soldado próximo rapidamente foi ajudar, pronto para segurar as pernas do Tenente, mas repentinamente o mesmo se moveu, assustando-o.

    “Eu não tô morto, pelo menos ainda não.” O rapaz, que estava de bruços sobre o lobo negro, declarou, se esforçando para se empurrar para baixo.

    “Fernando, você tá bem?!” Karol perguntou, o ajudando. Quando apressadamente tirou um frasco contendo um líquido vermelho intenso, era uma Poção de Cura Intermediária. “Beba isso, rápido!”

    Vendo a preocupação de sua esposa e sua clara tentativa de disfarçar seu desespero, o rapaz sorriu fracamente, aceitando a poção. Mesmo que ele tivesse sua Magia de Cura e Habilidade de Auto Regeneração, sua mente estava exausta, então seria melhor não depender disso por enquanto.

    Bebendo-a em um único gole, o jovem pálido sentiu imediatamente a poção começando a agir em seu corpo. Desde que tinha aprendido a se curar por conta própria, ele nunca mais havia dependido de Poções de Cura dessa forma.

    “Líder!”

    “Tenente!”

    Nesse momento, Kelly e Emily se aproximaram. Vendo o estado do rapaz, ambas as garotas ficaram surpresas e assustadas.

    Não muito longe, Thom queria dizer algo, mas se conteve. Se não fosse por ele, seu Tenente não teria se arriscado tanto e quase perdido sua vida. Olhando para sua própria mão, o Sargento sentiu que precisava aumentar ainda mais sua força, caso quisesse ser útil.

    “Ajudem, a Subtenente Theodora, ela não está bem!” Um Soldado disse ao longe, chamando a atenção do rapaz que devido ao seu Físico, tinha uma audição afiada, então correu velozmente em sua direção. Ao chegar lá, a mulher estava inconsciente e sangue vazava de seus olhos. 

    “O que aconteceu?!”

    “E-eu não sei, ela só subiu em mim e depois desmaiou, eu realmente não fiz nada…” O lanceiro explicou, assustado. Lembrando-se que ele havia apalpado a mulher antes e sabendo que ambos tinham algum tipo de relacionamento, ficou extremamente nervoso, temendo que o homem acabasse com ele caso soubesse.

    Abaixando-se, Thom tocou a mão de Theodora e sentiu o mana fluindo por seu corpo, o que indicava que ela ainda estava viva. Mesmo que ele ainda não tivesse aprendido muito sobre Magia de Cura, no seu nível de controle conseguia pelo menos fazer uma análise superficial. Ao fazê-lo, o rapaz sentiu algo estranho no corpo da mulher.

    O que é isso?

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