Capítulo 567 - Encontro estranho
Vendo isso, Ilgner finalmente teve certeza de sua teoria.
Assim como eu imaginei, eles não estão mais ensandecidos como antes… Carniçais em seu estado normal são trapaceiros e covardes. Contanto que eu não mostre fraqueza e retalie de volta, eles vão desistir de mim. pensou, enquanto continuava os encarando com seus olhos vermelhos.
Apesar de ter matado muitos, ele havia usado uma série de Habilidades de forma consecutiva e seu mana logo estaria no fim e com isso, muitas das suas Habilidades que aumentavam seu tempo de reação, força e agilidade, acabariam. Ilgner sabia que quando isso acontecesse, os Carniçais ficariam atiçados a continuar a caçá-lo, por isso estava determinado a intimidá-los enquanto podia.
“Vamos, venham! Vocês não querem um pedaço de mim, um pedaço do Titã Louco?! Hahaha!” gritou, encarando-as. “Você ai, o que acha? Seus amigos parecem um bando de galinhas assustadas, isso não te deixa envergonhado?” falou, olhando para a cabeça do Carniçal presa ao seu ombro, ainda o mordendo, mesmo após a morte.
Alguns dos Carniçais começaram a se aproximar sorrateiramente por trás, mas Ilgner rapidamente se virava em sua direção ao notá-los, fazendo-os recuar. Eram como hienas famintas e oportunistas, procurando por uma abertura.
Merda, meu mana está acabando… Se esses desgraçados me dessem ao menos alguns segundos para beber uma poção… Sempre que o sujeito loiro tentava largar um de seus machados para pegar uma Poção de Mana, os Carniçais viam isso como uma fraqueza e davam um passo para frente, por isso ele não se atreveu a largar suas armas.
Enquanto ambos os lados estavam nesse estranho impasse, Ilgner ouviu algo com sua audição apurada.
Tac! Tac! Tac!
Eram sons de inúmeros passos rápidos e estavam se aproximando em alta velocidade. Ao ouvir isso, sorriu ironicamente.
Mais Carniçais? pensou, acreditando que seu fim havia finalmente chegado, mas ao ouvir com cuidado, percebeu que pareciam diferentes. Eram passos mais leves e difíceis de ouvir, completamente diferentes do jeito descuidado e atrapalhado que as Criaturas das Trevas se moviam. Pode ser que…
Antes que pensasse mais a respeito, uma mensagem chegou em seu Cubo.
“Subtenente Ilgner, é bom revê-lo vivo e bem.” Uma voz suave e gentil soou na comunicação. “Aqui é a Oficial Karol e viemos ajudá-lo!”
Bam! Bam! Bam!
Como se fossem feitos de manteiga, inúmeros Carniçais foram atropelados, quando vários homens e mulheres, empunhando lanças, alabardas e outras armas de polo, chegaram, montados em enormes Lobos Prateados.
Observando essa cena inesperada, Ilgner ficou em choque por um momento, mas então sorriu, ao lembrar-se de que Fernando havia prometido enviar ajuda.
Você nunca me desaponta, Tenente Fernando. pensou.
“É bom ouvir sua voz, Oficial!” Ilgner respondeu na comunicação, com uma leve risada, quando avançou, se emaranhando na batalha e usando todo o mana restante.
Swish! Bam!
Uma mulher com longos cabelos ruivos varreu com sua lança, explodindo a cabeça de um Carniçal após o outro, os atraindo com sua Magia de Luz, que deixava rastros luminosos por onde ela e “seu” lobo negro passavam.
Logo atrás dela, Karol, Anane e muitos outros seguiram o exemplo, massacrando todos os inimigos em seu caminho.
O bando de Carniçais assustou-se, com a maioria se dispersando, enquanto outros avançaram, tentando pegar alguns dos Cavaleiros e Lobos Prateados. Aproveitando-se disso, a cavalaria não lhes deu chance, cortando o grupo pelo centro e aniquilando-os.
“Que estranho, está muito mais fácil do que antes. Parece que estão mais fracos…” Karol comentou, na comunicação.
Lerona, que estava a frente, não parecia surpresa com isso.
“Não é que estejam mais fracos, apenas estão agindo como normalmente agem. Na verdade, os Carniçais que enfrentamos antes é que estavam anormais.” explicou.
Isso surpreendeu um pouco Karol, que não entendeu exatamente o que ela queria dizer com isso, já que nunca havia visto ou ouvido falar de um Carniçal antes daquela noite. Mas como a Capitã demonstrou tanta experiência e sabedoria, apenas assentiu, confiando em suas palavras.
Parece que os Generais finalmente estão agindo… Lerona concluiu.
Depois de uma luta curta, a maioria dos Carniçais foram mortos, enquanto um pequeno número debandou, fugindo em direção à floresta.
“Estão escapando!” Um Soldado na montaria alertou.
Karol e alguns outros queriam persegui-los, mas Lerona os impediu, colocando sua lança na frente deles.
“Aquele agora é o território dos Orcs, não devemos entrar lá. Além disso, não sabemos o que podemos encontrar e cavalarias são fracas na mata densa.” aconselhou.
Ouvindo isso, Karol parou, pensativa, então acenou com a cabeça.
“Vamos parar aqui, procurem sobreviventes e se mantenham atentos.” ordenou. Após dizer isso, a mulher desmontou de seu Lobo branco, caminhando em direção a Ilgner, que estava rodeado de cadáveres. Anane e Lerona também desceram, acompanhando-a.
“Subtenente Ilgner!” Karol chamou.
Então o sujeito loiro, que estava olhando para os inúmeros cadáveres no chão, virou-se em sua direção.
“Oficial Karol. Parece que você salvou minha pele hoje.” O homem falou sorridente.
Quando o sujeito se virou, tanto Karol quanto Lerona e Anane ficaram surpresos, ao verem uma daquelas coisas grudada em seu ombro.
“O que é… Isso?” A garota perguntou, um pouco enojada, ao perceber que o cadáver estava agarrado a ele.
“Oh, isso. É meu novo amigo, seu nome é… Espera, como você se chama mesmo?” perguntou, olhando para a coisa. “Ah, Fred, o nome dele é Fred! Ilgner e Fred, amigos inseparáveis, pode acreditar, esse cara aqui não me larga de jeito nenhum!”
Karol e Lerona se entreolharam. A mulher ruiva a olhou como se perguntasse ‘esse cara bate bem da cabeça?’, enquanto o olhar de Karol dizia, ‘não me pergunte, não faço ideia’.
Será que ele finalmente enlouqueceu de vez? Karol se perguntou, preocupada.
“O quê? Por que estão me olhando assim? É só uma piada, uma piada! Hahaha!” Ilgner falou, andando, enquanto o corpo da coisa se arrastava atrás dele.
Karol soltou uma leve risada educada, enquanto Anane permanecia com um rosto calmo, e Lerona ainda o olhava estranhamente.
“Vocês não pensaram que eu realmente tinha ficado amigo de um Carniçal morto, né?” perguntou, rindo.
“Não, é claro que não…” A Oficial respondeu, sem jeito.
Pouco tempo depois, as tropas do Pelotão Dama de Prata verificaram toda a área. Com exceção daqueles que haviam se abrigado dentro do posto avançado, não havia mais sobreviventes e apenas fragmentos e partes dos corpos dos outros podia ser encontrado, espalhados por toda a área.
Isso é terrível… Karol pensou, olhando para os restos mortais com um olhar triste. Isso a lembrou de quando entraram em Garância pela primeira vez, algo que ainda lhe causava pesadelos a noite.
“Subtenente, você está vivo!” O Cabo Keny gritou, ao vê-lo andando normalmente após remover Fred de seu ombro com a ajuda de alguns Soldados.
“Oh, você ainda tá vivo também?” O sujeito loiro perguntou de volta, com um leve sorriso.
“Subtenente… Eu sempre te achei um desgraçado maluco e psicótico que ama nos fazer sofrer em treinos desumanos, mas você realmente me comoveu ao se sacrificar por nós.” Keny disse, com um olhar cheio de lágrimas.
“Ei, quem disse que eu tava me sacrificando? Sou muito egoísta para fazer algo assim!” Ilgner o repreendeu.
Vendo o sujeito preocupado em negar a parte do ‘sacrifício’, mas não se dando ao trabalho de negar a parte do ‘maluco psicótico’, deixou alguns dos Soldados ao redor preocupados.
“Só saí sozinho porque eu sabia que ia sobreviver. Eu te falei para não se preocupar tanto. Ilgner, o Grande, não morre tão fácil!!”
Uma pessoa tão estranha assim é realmente um Subtenente? Lerona perguntou-se, sem entender. Não me admira aquele garoto também não bater bem da cabeça considerando que ele tem um louco desses o acompanhando… refletiu, ao lembrar-se de Fernando.
Crack! Crack!
Apesar de incomodada com o homem loiro, a mulher voltou sua atenção para a floresta próxima. Vários dos Carniçais que haviam fugido antes os observavam com seus olhos verdes. Além disso, mais e mais olhos pareciam surgir na escuridão, indicando que mais deles foram atraídos pela luta de antes.
“Vamos para o próximo ponto, esse lugar não é seguro.” Lerona disse.
Karol e os demais sentiram um arrepio ao verem aquilo, era como uma cena de filme de terror.
“Essas coisas não vão nos seguir? Talvez devêssemos acabar com elas agora.” Um Soldado comentou, com algum temor em sua voz.
Contudo, a mulher ruiva balançou a cabeça.
“Eles não virão atrás de nós, estão esperando para comer os corpos dos Carniçais mortos.”
Ouvindo isso, a maioria deles se sentiu mais tranquila com a situação. Rapidamente o grupo montou em seus Lobos, com os sobreviventes juntando-se a eles.
Mesmo que alguns estivessem assustados com os animais, seu medo em relação às Criaturas das Trevas era muito maior e rapidamente montaram junto a alguns dos cavaleiros.
Antes de partir, a Oficial ordenou que o máximo de restos mortais Humanos espalhados, bem como Pulseiras e Equipamentos fossem recuperados. Mesmo que não pudessem recuperar as outras partes de seus corpos que haviam sido consumidos, não queria deixar o restante ali, para que fossem devorados por esses seres monstruosos.
Após fazer isso, a cavalaria rapidamente partiu, deixando para trás o posto avançado vazio.
…
Em outro posto avançado, Fernando estava ajoelhado, olhando para os inúmeros corpos espalhados por todos os lados, com muitos deles irreconhecíveis, divididos em várias partes.
“Tem certeza que é esse o local, Mestre?” Brakas perguntou, observando o jovem, que estava em silêncio.
O jovem Tenente não respondeu imediatamente, mas pegou do chão o que parecia ser uma braçadeira de um Cabo, e nela estava escrito ‘Zero’. O pedaço de pano estava manchado de sangue e rasgado.
Fernando apertou aquilo com força, cheio de raiva.
“Talvez alguns tenham escapado Mestre, podemos procurar pela área…’ Brakas sugeriu a contragosto, tentando confortá-lo, mas o Beholder realmente não tinha a mínima vontade de fazer isso.
O rapaz pálido balançou a cabeça, em negação.
“Vamos, não há nada aqui.” disse, com um sentimento ruim em seu peito. “Mesmo se Noah, Ronald e os outros tiverem escapado desse massacre, é improvável que ainda estejam vivos.”
Carniçais, Orcs e agora até mesmo Nômades Sombrios. Não importa o quanto Fernando pensasse sobre isso, não sentia que havia alguma chance de estarem vivos. Claramente a maioria dos que estavam naquele acampamento haviam sido mortos.
“Tudo bem, Mestre.” Brakas disse, quando o pegou com seu tentáculo, preparando-se para voar. Entretanto, nesse momento, o Baiholder sentiu algo na floresta. “Saia.” ordenou, com sua voz envelhecida.
Fernando ficou surpreso com as suas palavras repentinas e olhou na direção em que ele estava focado. Ao fazer isso, viu uma pessoa estranha, usando um capuz negro, saindo lentamente da mata.
“Quão raro, encontrar um Beholder tão longe do Norte. O que o traz até aqui, caro Sábio?” A figura perguntou, de forma respeitosa.
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