Índice de Capítulo

    Como? Por que um maldito Orc Líder está aqui?! Eu não ouvi nada! Apesar de confuso e estarrecido, o Mago das Trevas não hesitou, quando avançou, se jogando para frente, usando seu braço esquerdo, na tentativa de alcançar sua mão no chão que ainda segurava firmemente a esfera. Eu preciso pegá-la de volta!

    Esticando sua mão, estava prestes a alcançá-la, quando algo agarrou sua perna, puxando-o. Era o Orc Líder!

    Bam! Bam!

    O enorme Dobat o ergueu e começou a batê-lo no chão, de um lado ao outro. Agora que não possuía mais o item que ampliava seu poder, o sujeito não era nada frente ao Orc Líder.

    Fernando, que havia sido liberto da palma negra, que desapareceu quando o Necropto perdeu o contato com a esfera, respirou fundo, olhando aquela cena atônito.

    E pensar que eu seria salvo por um Orc depois de tudo… refletiu, achando isso irônico, já que quase foi morto por eles tantas vezes. Se eu não tivesse aberto o portal do Anel de Aprisionamento atrás dele, provavelmente eu…

    Foi a primeira vez que Fernando havia tirado o Orc Líder do Anel de Aprisionamento. Inicialmente ele não gostou de Brakas ter capturado aquela coisa e estar usando-a para seus experimentos, mas agora sentia-se agradecido por permitir que ele mantivesse isso, já que havia acabado por ser um trunfo inesperado.

    Levantando-se com dificuldade, Fernando aproximou-se. Ele não poderia matar o sujeito sem fazer algumas perguntas primeiro.

    O Mago Negro, que estava sendo jogado de um lado ao outro, viu o jovem Humano e uma fúria imensa o atingiu.

    “Você!” Kepler gritou, quando seus olhos ficaram negros. Então ele abriu sua boca e uma estranha e densa névoa negra se espalhou.

    Swish!

    O Orc Líder reagiu rapidamente, soltando-o e o atacou ainda no ar com seu machado, partindo-o ao meio. Ambas as metades de seu corpo foram enviadas em direções diferentes, caindo ao chão, mas mesmo assim a névoa continuou em frente, como se tivesse vida própria.

    “Mestre! Afaste-se!” Brakas disse, correndo em sua direção.

    Mesmo sem entender do que se tratava, Fernando não hesitou, quando se virou, correndo com dificuldades na direção oposta daquilo.

    Nesse momento, finalmente o Beholder chegou ao seu lado, agarrando-o com seu tentáculo e puxando-o para trás, usando seu próprio corpo como escudo. Então um de seus tentáculos moveu-se, criando uma Barreira de Mana a sua frente.

    Crack! Crack!

    A estranha fumaça parecia líquida quando atingiu o escudo e grudou-se a ele, então começou a se mexer, como se estivesse tentando contorná-lo e chegar aos dois do outro lado. Mas Brakas não permitiu que isso ocorresse, quando um dos olhos em seus tentáculos arregalou-se, emitindo um forte brilho.

    Sssss! 

    Um intenso clarão foi emitido por um instante e logo desapareceu e com isso a estranha fumaça, que parecia viva, se contorceu por alguns instantes, evaporando, enquanto emitia um chiado estranho.

    Ao ver aquela coisa desaparecendo, Fernando soltou um longo suspiro de alívio.

    “O que foi isso?” perguntou, perplexo.

    O enorme olho de Brakas estreitou-se.

    “Isso é Corrupção, Mestre.” respondeu brevemente, sem explicar.

    Apesar de não entender completamente, Fernando tinha uma noção aproximada e não perguntou mais, quando olhou para o Mago Negro que estava deitado no chão. Metade de seu corpo, da cintura para baixo, estava num local, e do torso para cima em outro.

    Seja o que for aquilo, parece que este era seu último truque. Agora ele está acabado. Fernando deduziu.

    “N-não, não posso morrer aqui. Meu senhor espera muito de mim.” Kepler murmurou, quando a parte de cima de seu corpo virou-se, tentando se arrastar para longe.

    Vendo aquilo, o jovem Tenente ficou horrorizado.

    Essa coisa, realmente não é mais um Humano. pensou, ao ver como as entranhas espalhadas pelo chão eram secas e não havia sangue em lugar algum.

    “Me solte.” ordenou ao Beholder.

    Brakas hesitou por um instante, mas logo o libertou.

    O rapaz pálido caminhou com dificuldade em direção ao Mago das Trevas, dessa vez muito mais cauteloso do que antes. Devido ao ferimento em seu peito e por exagerar ao usar tantas Magias e Habilidades sem ter se recuperado, sua respiração era ofegante, como se o mesmo estivesse prestes a desmaiar. 

    Parando a um metro de Kepler, ele o olhou com um rosto frio, então virou-se, voltando sua atenção para o Orc Líder, que estava ali parado, como uma estátua e um olhar vazio em seu rosto. Manchas negras cobriam sua pele, retorcendo-se, como se estivessem vivas. Mesmo não reagindo ou fazendo qualquer ruído, o Dobat parecia estar sofrendo.

    Se aquilo tivesse me envolvido… pensou com algum medo persistente, agradecido por Brakas ter reagido tão rapidamente.

    Logo voltou sua atenção para o corpo desmembrado do Mago das Trevas, que continuava usando seu único braço restante para se arrastar. Vendo isso, Fernando suspirou, então ergueu sua espada.

    Kepler olhou para trás, então viu o jovem Humano, que ele desprezava, preparando-se para dar o golpe final.

    “Um Humano que controla um Beholder Ancião e um Orc Líder, afinal quem diabos é você?!” perguntou, mas o jovem Tenente não respondeu, fazendo uma pergunta ao invés disso.

    “Por que atacou Garância? Qual o seu objetivo?”

    O Mago das Trevas fez um careta, exibindo um rosto agressivo.

    “Por acaso preciso de motivos para matar esses malditos insetos das Legiões? Eu mato porque é divertido! Mato porque é o que merecem! Mato porque eles precisam pagar pelo que fizeram!” respondeu, com uma risada estranha, havia um misto de arrependimento, loucura e frustração misturados.

    Fernando apenas o observou com um olhar sério. Ele sabia que em Avalon, o mais fraco sempre seria devorado, por isso poderia deduzir que o sujeito deveria ter tido seus problemas e traumas. No entanto, apesar disso, independente de seu passado ou motivações, não poderia perdoar alguém que matava pessoal a bel-prazer, principalmente alguém que matou seu povo.

    Depois de um breve momento, o Necropto olhou para o rapaz pálido com um olhar mais lúcido.

    “E você, até onde alguém como você acha que pode continuar se escondendo?” perguntou. Estava claro que nenhuma Legião Humana aceitaria alguém se envolvendo com outras raças, logo era fácil de deduzir que o rapaz estava fazendo isso secretamente. Mesmo que ele tivesse, de alguma forma, conseguido o controle de um Beholder Ancião, conhecendo a mentalidade das Legiões, Kepler sabia que era mais provável que vissem isso como uma ameaça do que algo positivo “Quando sua Legião descobrir sobre eles, um Baiholder e um Orc Líder, o que acha que vai acontec-?”

    Swish! Perfura!

    Antes que pudesse terminar de falar, a espada de Fernando o atingiu no rosto, afundando-se em seu crânio e matando-o.

    O jovem Tenente apenas olhou para seu cadáver com um rosto inexpressivo.

    “Eles não vão descobrir.” respondeu.

    A mão do jovem pálido estava tremendo, cheio de raiva. Ele não queria que o sujeito tivesse uma morte tão fácil assim depois de tudo que fez, mas também não poderia permitir que fosse capturado pelos Leões Dourados ao saber de tantos segredos seus. Então, após ver que o sujeito não iria revelar nenhuma informação significativa, o matou sem pestanejar.

    Abaixando-se ao lado do corpo, levantou seu pulso e então arrancou sua Pulseira de Armazenamento, guardando-a, então a substituiu por outra sem identificação que possuía, onde havia apenas alguns corpos de animais e outros itens sem valor algum.

    Após fazer isso, levantou-se, olhando para a esfera negra no chão, que ainda era segurada pela mão do sujeito e pensou em pegá-la.

    “É melhor não fazer isso, Mestre. Se alguém lutou contra ele, certamente deve ter visto esse item e vai sentir falta dele… Além disso, não é algo que vai ser útil para o senhor.” Brakas advertiu. Ele sabia que o rapaz não gostava de deixar nada de valor para trás, mas era muito arriscado levar aquele item.

    Ouvindo isso, Fernando parou, então assentiu. Se os Generais quisessem investigar seus pertencentes, isso seria um grande problema para ele.

    “Entendo.” disse, desistindo de levá-la, então olhou para o Orc Líder. “Essa coisa, ela ainda tem salvação?”

    Brakas olhou para o Orc Líder, analisando-o. Vendo as manchas de Corrupção, ficou pensativo.

    “Pode ser um pouco trabalhoso, mas acredito que posso lidar com isso.”

    Ouvindo a afirmativa, Fernando ficou pensativo, mas balançou a cabeça, em negação.

    “Não, tenho um plano melhor para isso. Faça com que ele esmague a cabeça desse cara e depois me ataque.”

    O Beholder ficou chocado com o pedido inusitado.

    “Perdão, Mestre?” perguntou, confuso, achando que tinha entendido algo errado. Quando estava prestes a dizer mais alguma coisa, o olho do Beholder se arregalou.

    “Mestre, algo está chegando!”

    Ao ouvir isso, o jovem Tenente imediatamente soube do que se tratava, franzindo a testa. Sem hesitar, abriu o portal do Anel de Aprisionamento.

    “Volte por enquanto e faça como eu disse.” ordenou.

    Apesar de hesitante, Brakas fez como solicitado e voou em alta velocidade para dentro, espremendo-se para atravessar com seu enorme corpo. Assim que ele adentrou, o jovem Tenente moveu o dedo onde estava o anel, fazendo o portal desaparecer.

    O Orc Líder ficou apenas parado ali, com um olhar vazio, parecendo estar sofrendo, mas ao receber o comando de Brakas ele deu alguns passos a frente, pisando na cabeça do Mago Negro, partindo-a em pedaços

    Após isso, seus olhos voltaram-se para Fernando, emitindo uma intenção ameaçadora e erguendo seu enorme machado.

    Vendo o Orc o observando, o rapaz sentiu-se estranho.

    Mesmo que eu saiba que aquilo não vai me matar, ainda me deixa ansioso. pensou, incomodado, quando rapidamente recuou alguns metros e ergueu sua espada Formek, em posição de combate. Logo ouviu um som alto vindo de trás.

    Crack! Bam!

    Um sujeito enorme, com mais de dois metros de altura, explodiu da floresta voando, quebrando árvores em seu caminho e pousou violentamente no chão. Era o Major Oliver!

    “M-major?!” Fernando disse, fingindo surpresa.

    Quando Oliver viu o corpo morto do Necropto, assim como o Orc e Fernando no local, ficou completamente surpreso.

    “O que você…” O homem estava prestes a perguntar algo, mas antes que tivesse a chance, viu o Orc Líder avançando em direção ao rapaz, erguendo seu enorme machado.

    Fernando tinha um rosto assustado, quando se virou, fugindo em sua direção.

    “Major, me salve!” gritou, com uma voz cheia de medo.

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