Índice de Capítulo

    Quando ele foi preso com Algemas Ardot, sentiu todo seu corpo fraco e letárgico, pois um dos efeitos desse material era o de suprimir e bagunçar a circulação do Mana, impedindo que Magos pudessem usar Magia e até mesmo os Usuários de Habilidades seriam suprimidos, já que o mana em sua carne e sangue não poderia ser facilmente controlado. De certa forma, era como impedir que o sangue oxigenasse, então por mais forte que o Físico de alguém fosse, sem poder respirar, não conseguiria usar os músculos de seu corpo em seu máximo potencial.

    Todavia, pouco tempo depois, Fernando notou algo estranho, suas forças, pouco a pouco, estavam retornando. Ele poderia claramente sentir a circulação do seu Mana, que havia sido suprimido, voltando a circular em suas Veias de Mana. Era como se seu Mana e seu próprio corpo estivessem lentamente se adaptando a interferência das Algemas Ardot, o que era surreal, já que mesmo Generais teriam dificuldade de usar mana nessa situação.

    Isso é devido aos efeitos da Aptidão Absoluta? perguntou-se, chocado. Ou talvez tenha relação com a mudança do meu Mana devido à Pedra?

    Várias dúvidas passavam pela cabeça do rapaz. Não importa qual explicação fosse, ele desconfiava que aquilo estava longe de ser algo normal.

    Encarando o jovem pálido que parecia pensativo, a expressão de Alastor mudou, percebendo que o rapaz sequer parecia estar o levando a sério.

    “Já que você quer lutar pela sua vida, é melhor fazer isso direito!”

    Mesmo com o punho quebrado, avançou furiosamente com seu enorme corpo.

    Vendo isso, Fernando não se moveu, mas levantou os punhos, pronto para enfrentá-lo.

    Swish! Bam!

    O sujeito enorme acertou um soco, que o rapaz pálido defendeu com o braço. O impacto foi tão forte que sentiu todo seu corpo tremer e a área atingida parecia dormente. Mas não recuou, vendo o recuo no balanço de Alastor soube que era uma abertura, usando a grade em suas costas como alicerce, se impulsionou com o pé esquerdo, golpeando para frente.

    Bang!

    O soco de Fernando atingiu o queixo do gigante com um forte ímpeto, fazendo seu rosto girar e algum sangue escapar de seus lábios, mas o homem parecia feito de metal, pois ainda assim não cambaleou, devolvendo imediatamente o golpe, com o jovem pálido fazendo o mesmo.

    Bam! Bam!

    Ambos, trocaram socos rapidamente, ignorando qualquer defesa.

    Enquanto o gigante mal se movia ao ser atingindo, ainda sentia muita dor, por outro lado, Fernando mesmo cambaleando a cada golpe, não caia e revidava.

    Alastor, que inicialmente só planejava fazer um trabalho aparentemente simples e até se sentiu mal por ter que tirar a vida de alguém jovem e inocente, rapidamente teve uma mudança de perspectiva.

    Quem é essa criança? Por que ele é tão forte? perguntou-se perplexo, mas, ao mesmo tempo, um sorriso involuntário surgiu em seu rosto quando sentiu seu sangue ferver.

    Sendo alguém tão grande e forte, era raro encontrar alguém em tenra idade que aguentasse um de seus socos dessa forma, muito menos vários seguidos.

    Mesmo sendo jogado de um lado ao outro pelos golpes do homem, Fernando não desistiu, devolvendo o ataque na mesma moeda.

    Bam! Bang! Bam!

    Os dois homens trocaram socos e chutes, mesmo com a incrível diferença de altura, o rapaz às vezes o golpeava na cabeça quando via uma oportunidade ou pisava em seus pés para atrapalhar sua movimentação, mas seu foco era ferir os braços, mãos e joelho do sujeito. Contanto que ele pudesse ferir essas áreas, reduziria e muito a vantagens do sujeito.

    O gigante, que estava tentando manter a distância ao se aproveitar de seu longo alcance, percebeu rapidamente a estratégia adotada pelo jovem e tentou não depender muito de seus socos, mas logo desistiu. Era um verdadeiro desafio dar chutes em um ambiente tão estreito sendo tão alto, além de que ele não era bom nisso e quando tentou desferir uma joelhada, viu o rapaz mirar em sua virilha, fazendo-o inconscientemente recolher seu chute.

    Merdinha sorrateiro! reclamou mentalmente. Apesar de ter a vantagem, o garoto usava qualquer brecha que pudesse para feri-lo, não se preocupando com os métodos ou meios.

    Mudando de tática, Alastor avançou novamente, ignorando qualquer ataque do rapaz e tentando suprimi-lo com socos incessantes, contanto que ele pudesse encurralá-lo no canto e derrubá-lo, teria a oportunidade de agarrá-lo.

    O jovem Tenente obviamente sabia que não poderia deixar ser pego, numa luta no chão ele não teria a mínima chance. Sabendo disso, fez seu melhor para desviar dos socos, enquanto se movia de um lado ao outro, sempre prestando atenção no ambiente ao redor da pequena cela para não tropeçar, já que conforme lutavam, a cama, o vaso sanitário e várias outras coisas estavam sendo destruídas.

    No entanto, quando menos esperava, o gigante chutou alguns detritos no chão, que voaram em direção ao seu rosto, obrigando-o a se defender com a mão e antes que pudesse reagir, Alastor já estava bem diante dele, segurando seu braço.

    Os olhos estoicos e sérios do homem estavam fixos nele, quando o puxou para mais perto, usando sua mão livre para tentar agarrar seu pescoço.

    Bam! Bam!

    O jovem Tenente deu dois socos rápidos em sua costela esquerda, numa tentativa de obrigá-lo a soltá-lo, mas o gigante cerrou os dentes, aguentando firmemente o impacto e insistindo em estrangulá-lo.

    Logo Fernando se jogou para trás, tentando desesperadamente impedir que seu pescoço fosse pego. No entanto, vendo que não tinha escapatória com seu braço direito sendo segurado, fez o mesmo, agarrando o livre do homem que tentava chegar ao seu pescoço.

    Em poucos instantes ambos estavam numa disputa de força, com Alastor ficando com o rosto vermelho, enquanto empurrava todo seu peso para frente, ao mesmo tempo, que o jovem pálido estava completamente suado, tentando empurrá-lo de volta. Então, num movimento desesperado, parou subitamente de tentar afastá-lo, deixando que o homem caísse para frente e usou a inércia para girar seu corpo.

    Bang!

    O enorme gigante foi arremessado ao chão, o jovem Tenente então aproveitou a oportunidade para saltar nas costas do sujeito, usando seus dois braços para desferir um mata-leão.

    O homem esguio, que ainda estava com o rosto encharcado de sangue e com dificuldades de respirar, resistiu, usando seus longos braços para segurar os do garoto e impedir o sufocamento. Devido a um único descuido, o sujeito havia terminado numa situação ruim.

    “Você disse que era um pouco incômodo, mas não iria doer, certo?!!” Fernando exclamou irritado, enquanto segurava firmemente o pescoço do homem, tentando apagá-lo.

    Sentindo-se sufocado, Alastor sabia que não adiantaria chacoalhar seu corpo, então enquanto usava sua mão entre os braços do rapaz para tentar se desvincilhar, levantou-se.

    O jovem também não ficou parado, com seu rosto próximo ao pescoço do homem, enquanto o estrangulava, não hesitou, quando o mordeu, cravando seus dentes firmemente na pele dele.

    “Ah! Você é um maldito cão?!” Alastor gritou, enquanto terminava de se levantar, então usou seu enorme corpo para se atirar em direção as grades e paredes.

    Fernando não se importou com os insultos, numa situação como essa ele não estava preocupado com honra ou orgulho, ele só se importava em sobreviver.

    Bam! Bang!

    Numa das colisões, o rapaz pálido bateu fortemente com a cabeça na parede e sentiu sua visão ficar turva, parando de morder. Vendo que foi efetivo, o sujeito gigante se jogou para trás contra as grades mais uma vez, ferindo seu oponente, depois se jogou ao chão.

    Bam!

    O jovem pálido sentiu o ar sair de seus pulmões, afrouxando seu aperto no homem que finalmente teve um instante de tranquilidade para respirar.

    Ambos respiraram pesadamente, com cada um indo para um lado, parecendo atordoados e letárgicos, completamente encharcados de suor e sangue.

    O prisioneiro que estava ao lado, que inicialmente estava com medo de olhar, não resistiu a curiosidade ao ouvir tanto barulho e virou-se, espiando. Quando viu o pequeno rapaz e o gigante lutando ferozmente como dois animais ensandecidos, ficou completamente perplexo.

    Apesar de todo o cansaço, os dois logo se levantaram, encarando silenciosamente um ao outro.

    Mesmo respirando pesadamente, Alastor deu um passo a frente, socando. E agora sem muita estamina, Fernando não se preocupou em se defender, quando avançou, atacando de volta, de baixo para cima.

    Bam! Swish!

    Ao ser acertado mais uma vez no rosto e cuspir um bocado de sangue, o jovem Tenente sentiu sua visão nadar por um momento e antes que pudesse reagir, Alastor enviou um chute frontal em seu peito, jogando-o contra as barras de metal.

    Merda, se isso continuar, eu tô ferrado… pensou, ao sentir que algumas costelas haviam se quebrado e mesmo seu nariz estava numa posição estranha, além disso, seus punhos estavam doloridos, seu rosto ensanguentado e seus braços e pernas roxos devido aos golpes do sujeito enorme.

    Olhando para fora, mesmo após todo esse barulho e comoção, não havia sinal de nenhum guarda, o que o fez sorrir ironicamente, sabendo que só podia depender de si mesmo.

    A sua frente, Alastor, apesar de estar um pouco melhor, também tinha um olho inchado e sangue vazava sem parar de seu nariz, mas mesmo assim, havia um sorriso estranho e brutal em seu rosto, como se estivesse gostando daquela situação, de toda essa luta.

    Esse desgraçado lunático. Fernando xingou mentalmente, sem perceber que ele próprio também estava sorrindo.

    Novamente, nenhum dos homens disse nada, simplesmente atacaram mutualmente, como se fosse algo natural.

    Sabendo que não conseguia mais lidar com os golpes do gigante, Fernando usou seu tamanho menor para evadir do primeiro golpe, abaixando sua cabeça, então atingiu o homem na região das costelas, movendo-se rapidamente para o seu lado.

    Mas mesmo sendo enorme, Alastor não era lento, acompanhando com seu jogo de pés os movimentos astutos do jovem pálido.

    Conforme trocavam golpes incessantemente, sangue respingou de um lado ao outro enquanto ambos arfavavam. Numa luta sem Magias ou Habilidades, tudo se tratava de força, técnica e resistência.

    No entanto, quanto mais Fernando lutava, cada vez mais sentia seu corpo tornando-se mais leve.

    Crack!

    De repente, quando estava se preparando para receber outro golpe de Alastor, sentiu algo estalar. As Algemas Ardot em seus punhos estavam rachando!

    Quando Fernando viu isso, ficou chocado, mas, ao mesmo tempo, um leve sorriso surgiu em seu rosto.

    Está acabado. Alastor pensou, ao ver o garoto parar de se mover e preparou-se para acabar com aquilo. Contudo, antes que pudesse fazê-lo, o rapaz desapareceu a sua frente.

    BOOM!

    O gigante não sabia o que havia acontecido, antes que pudesse entender, seu rosto estava colado ao chão sujo da cela, então sentiu uma dor aguda, quando alguém puxou seu braço com força.

    “Essa foi uma boa luta, mas desculpe, eu tive que trapacear.” O jovem pálido falou, enquanto colocava seu peso no joelho e empurrava o sujeito contra o chão.

    Eu perdi?! Alastor pensou, sem entender como isso era possível. Ele tentou usar seu braço livre para se levantar, mas quando o fez sentiu uma força tremenda o empurrando de volta para o chão. Eu estou perdendo em força!

    Ele havia lutado com o jovem Tenente e sabia que ele não era fraco, mas a força que estava sentindo agora era muito maior!

    “Não torne isso difícil…” Fernando falou com alguma ironia em sua voz, usando a mesma frase que Alastor havia usado anteriormente. O que fez o gigante se sentir insultado. 

    Isso claramente era algo que apenas o mais forte poderia dizer.

    “Você perdeu, não quero matá-lo, mas se insistir, não me importo de acabar com isso.” Ao dizer até aí, sua mão se moveu até a parte de trás de seu pescoço, apertando-o firmemente, como uma águia que havia capturado sua presa. “Agora eu tenho algumas perguntas e é melhor que responda sinceramente.”

    Inicialmente Alastor pensou em tentar se libertar, mesmo que isso custasse sua vida, mas logo desistiu, sentindo que ele só estaria se humilhando ainda mais.

    Ele já havia perdido para uma criança, se ele ainda agisse como um mal perdedor, que orgulho ainda lhe restaria?

    “Entendi, vou responder tudo que quiser. Esse é seu direito.”

    Na cela ao lado, o prisioneiro que assistia tudo, estava com a boca aberta, incrédulo. Alastor, o Sobrevivente, havia sido derrotado!

    Pouco tempo depois, Dimitri e dois guardas chegaram e ao fazê-lo ficaram perplexos.

    Na cela, um homem gigante estava ajoelhado de forma submissa no chão, completamente ensaguentado.

    A sua frente, um jovem pálido estava confortavelmente sentado no banco de pedra com as pernas cruzadas.

    Ao ver as pessoas do lado de fora, ele sorriu.

    “General Dimitri, você demorou.”

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