Índice de Capítulo

    Alfie Caiman, que ouviu aquilo, voltou a si, quando entendeu o que o Doutor queria dizer com isso.

    Ele ainda não havia testado por si próprio, mas para ele, que podia analisar aquilo, estava claro o quão funcional eram essas Veias de Mana Artificiais.

    O fluxo e a circulação de Mana seriam e muito melhorados, não só isso, como ele não tinha certeza de que tipo de Mana estranho Fernando estava usando para criar as Veias, mas podia sentir uma energia transbordante vindo do rapaz e se dirigindo ao General.

    Estava claro que pessoas que tivessem essa melhoria, mesmo que fossem quase que completamente inaptas ao Sistema de Magia, Habilidades, Matrizes ou Runas, poderiam facilmente contornar essas deficiências com esse método.

    Atualmente, em Avalon, havia um frágil equilíbrio de poder. Mesmo que a Humanidade tivesse dominado as Terras Centrais do continente com seus números e inteligência, não era como se fossem a raça dominante daquele mundo. Havia certos limites que mesmo o Conselho Superior não se atrevia a ultrapassar e optavam por negociar no lugar de fazer guerra.

    Apesar de deterem grande poder em suas mãos, os Humanos tinham muitas deficiências quanto aos seus corpos e Mana. Com exceção dos Humanos Errantes, que eram abençoados pela Matriz do Mundo, a maioria esmagadora da população, composta de Avalonianos, eram fracos e sem talento.

    Devido a isso, os Elfos, Orcs, Anões, Beholders e as várias outras raças menores, que tinham corpos naturalmente poderosos ou um talento avassalador na Magia, eram os verdadeiros governantes daquele mundo.

    Entretanto, por estarem em constante conflito, a Humanidade pôde usar isso a seu favor e conseguiu seu próprio espaço nesse mundo, criando uma situação onde cada raça estava vigilante sobre a outra e não havia muitas guerras por supremacia entre todos.

    Porém, o que aconteceria se os Humanos conseguissem superar essa deficiência natural e pudessem usar Magia ou Habilidades mais facilmente, criando potências atrás de potências? A resposta para isso era simples, eles obteriam uma completa superioridade bélico-militar.

    Mas conseguir isso não necessariamente significaria que a Humanidade se tornaria a governante de Avalon, muito pelo contrário. Estando numa posição tão favorável, se obtivessem ainda mais vantagem, as outras raças imediatamente voltariam sua atenção para eles.

    Se toda Avalon se unisse para se opor aos Humanos, a posição geográfica privilegiada deles ao centro do continente, rapidamente se tornaria uma desvantagem desastrosa, com ataques vindos de todos os lados. Com isso, o resultado seria um só, seu completo extermínio! 

    Alfie, que estava pensativo sobre as palavras do Doutor, entendeu esse ponto.

    Como alguém que foi vítima da ganância e do jogo de poder das Legiões e do submundo, ele sabia o quão cruéis e ambiciosas elas poderiam ser. Se obtivessem aquilo, certamente não se contentaram em dominar apenas a Região Central.

    Ambos os homens focaram-se em Fernando, com inúmeros pensamentos em suas mentes.

    Zado, Lerona, Lenny e muitos outros, observaram todo o processo, apesar de não conseguirem entender o que estava ocorrendo da mesma forma que os Especialistas em Runas, podiam sentir que algo no ar, em torno de Dimitri, parecia estar mudando.

    De repente, Fernando recolheu sua mão, afastando-se do General.

    “Está feito.” disse, com uma voz calma e cansada.

    Todos olharam com ansiedade para o rapaz pálido e para o General, com alguma expectativa.

    Lentamente, Dimitri abriu os olhos, sentando-se na mesa, então levantou-se. Abrindo e fechando sua mão direita, parecendo estar perdido em seus pensamentos.

    Tziiii!

    Descargas elétricas começaram a saltar de seu corpo, como se ele estivesse explodindo de energia,

    “E-ei o que é isso?!” Leo exclamou, dando um passo para trás, quando um fio de eletricidade o atingiu levemente, deixando sua perna dormente.

    “Cuidado!” Noah gritou, instigando todos a se afastarem.

    Swish!

    Uma enorme onda de energia explodiu a partir do corpo de Dimitri, quando todo seu corpo foi envolto em arcos elétricos, mesmo seus olhos e cabelos estavam piscando com pura eletricidade.

    Com exceção de Zado, que parecia uma montanha imóvel, bem como Lerona, Wedsnagauer e Alfie que se firmaram, todos os membros do Batalhão Zero que estavam próximos do General quase foram enviados voando.

    “Algo assim… Como?” Dimitri falou, aparentemente sem palavras.

    Todo seu corpo estava leve e seu Mana estava respondendo aos seus comandos com extrema agilidade. Mover a energia de um ponto ao outro era quase tão fácil quanto respirar, ele sequer precisava pensar muito a respeito!

    Além disso, ele sentiu que não era apenas o tempo de resposta, algo dentro dele estava diferente. Seu próprio Mana parecia mais denso. Não era uma mudança quantitativa, mas qualitativa!

    “Impressionante!” Zado falou, com seus olhos arregalados, observando Dimitri de perto, com uma excitação crescente em seu peito.

    Inicialmente ele achou que Fernando poderia estar blefando, ou tramando alguma coisa, mas agora, sentindo o Mana de Dimitri, ele tinha certeza, o garoto estava realmente falando a verdade!

    Não era como se o General de cabelos espetados tivesse ficado mais forte ou algo assim, mas Zado conseguia sentir que o fluxo de seu Mana havia mudado.

    Apesar de ser um General em nome, Dimitri, na realidade, em termos de força, era apenas um Major levemente acima da média. Por mais que tivesse uma larga experiência, ele nunca havia verdadeiramente pisado na próxima etapa de poder de um Usuário de Magia.

    No entanto, vendo agora a forma que o sujeito movimentava seu Mana de forma suave, calibrada e quase instantânea, Zado conseguia sentir que isso estava muito mais próximo da sensação que um verdadeiro General emanava.

    Lerona também tinha uma expressão de completo espanto, sem saber o que pensar a respeito. Ela não entendia exatamente o que havia mudado no General, mas podia sentir que algo estava diferente.

    Ondas de energia elétrica bateram nas paredes da sala, sendo rapidamente dispersadas pela Matriz. Caso contrário, o Salão de Garância seria certamente alertado por esse forte distúrbio.

    Logo Dimitri, que estava banhado de eletricidade, acalmou-se, e tudo aquilo diminuiu.

    Cheio de um sentimento de euforia, o velho homem não pôde evitar olhar para Fernando com um olhar completamente diferente de antes.

    Anteriormente ele o via apenas como um gênio de talento monstruoso que talvez chegasse ao nível de um Major e que também era um amuleto da sorte que ele não poderia perder, já que o rapaz seria fundamental para seus objetivos futuros. Mas o velho General havia ficado desconfiado do Tenente depois dele guardar tantos segredos, acreditando que ele poderia ter perdido o interesse em retomar Vento Amarelo, desviando de seu acordo original.

    Entretanto, agora, após ver o tamanho do segredo que ele guardava, não poderia mais o culpar. Na verdade, sentiu que se estivesse em sua posição, definitivamente faria o mesmo!

    “Porra, o que é isso? Esse cara quer nos matar?!” Emily exclamou, irritada, quando ajudou Ronald, que mal havia se acostumado com sua prótese, a ficar de pé.

    “Ei, cuidado com o que fala, ele é um General…” Ronald cochichou, preocupado.

    “Caguei! Um daqueles raios quase me acertou!” A pequena ruiva gritou, com o rosto vermelho.

    Nos entornos, os outros membros do Batalhão Zero começaram a se levantar, com alguns atordoados e confusos.

    O jovem Tenente, que quase havia sido jogado para longe pelo General, rapidamente se recompôs. Vendo a bagunça que Dimitri havia causado, ele suspirou, mas logo sorriu internamente, quando viu o olhar admirado dos dois Generais para ele.

    Indo até o centro da sala, logo levantou sua voz.

    “E então, quem é o próximo?”

    “Huh? Que merda você está falando? Por que ele faria isso?”

    No escritório particular de Herin, o General de barba e cabelos negros estava sentado em sua cadeira, enquanto recebia um relatório de um de seus Capitães de confiança.

    “É como eu disse senhor. Assim como foi ordenado, mantivemos vigilância constante no Batalhão Zero. Não tenho dúvidas, o General Zado, o General Dimitri, a Capitã Lerona e um sujeito não identificado entraram no prédio deles às 23h de ontem, mas até o momento não saíram de lá.” O homem relatou. “Tentamos investigar mais de perto a situação durante a madrugada, mas por algum motivo, eles estão com uma vigilância intensa em torno do local inteiro.”

    A expressão de Herin era escura ao ouvir isso, estava tão nervoso que levou uma das unhas da mão esquerda a boca, roendo-a levemente.

    “Não é estranho que aquele desgraçado do Dimitri vá até seu cão, mas por que o General Zado também foi lá?” perguntou-se, preocupado.

    Após saber que o assassinato do Tenente Fernando na prisão de oficiais havia falhado, o sujeito ficou furioso. Mas, apesar da raiva, não perdeu tempo, rapidamente encobrindo seus rastros.

    Os dois guardas, responsáveis pelo trabalho, acabaram falecendo durante a noite, numa ‘tentativa de fuga’, após serem apreendidos para investigação.

    Herin também tentou dar fim a vida do prisioneiro que deveria ter matado Fernando, mas ficou surpreso ao descobrir que Dimitri havia transferido o homem para um encarceramento privado sob uma de suas tropas, tornando-o inalcançável para ele.

    Saber disso o deixou cheio de raiva e, ao mesmo tempo, temeroso. O fato de Zado ter ido ao Batalhão Zero na noite anterior e mesmo pela manhã não ter saído, poderia indicar que Dimitri e Fernando estavam o denunciando.

    “Droga, droga!” O sujeito gritou, quando moveu a mão, derrubando os vários papéis sobre sua mesa.

    Dentre todos os Generais, Zado era o que ele mais temia e definitivamente não queria ficar em maus termos com o homem.

    O Capitão ficou em silêncio, enquanto via o surto de seu General, sem se atrever a dizer nada.

    “Fique de olho no Batalhão Zero e me informe do que acontecer, não permita que uma única formiga entre ou saia daquele maldito lugar sem que eu seja informado.”

    “Sim, senhor!” O homem assentiu, dando uma saudação e deixando o lugar.

    Sozinho em seu escritório, Herin ficou ainda mais ansioso.

    “Maldição, como um simples Tenente medíocre conseguiu me causar tantos problemas?!” falou, irritado.

    Desde sempre, Herin sempre havia tido uma personalidade forte e, na verdade, esse foi o único motivo que o fez se juntar a facção de Wayne, já que sua personalidade impetuosa havia feito ele ter vários conflitos com Dimas Ortega antes de sua nomeação a General Supremo.

    Como alguém que conhecia muito bem aquela pessoa, ele sabia que o sujeito não era do tipo que deixava velhos desafetos em paz. Então, quando Wayne veio até ele, propondo uma aliança secreta, o homem não havia hesitado em se juntar, já que isso poderia ser uma questão de sobrevivência.

    Além disso, ele acreditava verdadeiramente que Wayne era mais qualificado para se tornar o General Supremo na guerra contra os Orcs do que alguém soberbo e de mente limitada como Dimas.

    Mesmo com alguns contra-tempos, sua influência na facção de Wayne estava tornando-se cada vez maior e mais consolidada. Mas desde que havia conhecido Fernando, sentia que aquele pequeno e minúsculo Tenente vinha o incomodando vez após vez, ao ponto que nessa última reunião da Facção ele conseguiu ameaçar essa posição que havia conquistado com tanto esforço.

    Não só o rapaz havia o humilhado durante a batalha de retomada de Garância, negando seus comandos e até mesmo o desafiando enquanto Comandante Provisório da Quinta Divisão, como havia até mesmo o insultado na frente de todos os outros Generais e Majores durante as modificações das Balistas Explosivas.

    “Aquele pequeno desgraçado, se ele não tivesse se destacado tanto e não tivesse tanta gente o protegendo…”

    Apesar de odiar admitir, Herin sabia que Fernando e o Batalhão Zero haviam realmente conseguido conquistas enormes e sem eles, talvez toda Garância ainda estivesse dominada por Orcs, enquanto as forças da Facção de Wayne incluindo ele mesmo, seriam apenas corpos jazindo sob o solo.

    Todavia, mesmo sabendo disso, seu orgulho não lhe permitia retroceder.

    Tudo bem… Por enquanto não posso encostar diretamente em você, Tenente Fernando, mas não pense que vai sair impune depois de me desafiar! Há muitas outras formas de destruir um pequeno girino como você. O homem pensou consigo mesmo, quando moveu o pulso, tirando um Cubo Comunicador. É hora de cobrar alguns favores.

    Apoie o Projeto Knight of Chaos

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (17 votos)

    Nota