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    No meio do prédio-base do Batalhão Zero, parte das tropas corriam de um lado ao outro, enquanto outra parte estava treinando combate de curto alcance.

    Swish! Ting!

    Dois Soldados duelavam, movendo suas espadas e escudos com rapidez e agilidade, cada golpe era cheio de rigidez e violência.

    Bam!

    De repente, um deles pisou em falso e o outro não perdeu a oportunidade, empurrando seu escudo para frente e acertando-o em cheio.

    “E-eu não aguento mais…” O Soldado caído disse, completamente ofegante.

    O outro homem, apesar de o ter derrubado, também arfava violentamente. Todo seu corpo tremia e parecia que iria cair de exaustão a qualquer momento.

    Ao longo do campo de treinamento, a cena se repetia por todos os lados, enquanto os Cabos observavam o desenrolar do treino com atenção, intervindo sempre que necessário.

    Em um ponto afastado, observando tudo, Noah franziu a testa, ao ver mais um dos seus homens caindo contra um dos Soldados do Pelotão Valorosos.

    Atualmente, eles estavam fazendo um treino conjunto entre o Primeiro e Segundo Pelotões, em combates simulados de um contra um.

    “Como está indo?” Uma voz soou atrás dele. Era Ronald, que andava com dificuldade, acostumando-se ao seu novo pé de metal, conseguido após seu ferimento contra os Carniçais.

    “Nada bem… Odeio admitir, mas o Pelotão daquele cara é realmente impressionante. Estamos vencendo apenas um combate em cada três.” Noah respondeu, parecendo insatisfeito.

    Fazia alguns dias desde que o novo regime de treinamento havia sido instaurado. Desde então, cada Soldado vinha treinando até seus limites todos os dias, e mesmo as altas patentes, como Cabos, Oficiais, Sargentos e Subtenentes não eram exceções.

    Entretanto, mesmo dentro do Batalhão Zero, havia diferenças que se mostravam cada vez mais evidentes.

    O Pelotão Valorosos, comandado pelo recente promovido Oficial Lenny, vinha demonstrando um avanço significativo com esses treinamentos intensos.

    “Entendo. Mas não se preocupe tanto. Não podemos esquecer que esses caras eram de uma Guilda Mercenária e muitos deles já tinham treinamento desde muitos antes de sequer sabermos o que é Avalon.” Ronald disse, tentando confortar seu amigo. “Uma hora nosso Primeiro Pelotão vai ser o mais forte.”

    Noah olhou para o sujeito com um olhar estranho, então riu.

    “É claro, não poderia ser diferente.” Logo o homem olhou para seu amigo, voltando seu olhar para seu pé. Mesmo que tentasse fazê-lo discretamente, Ronald rapidamente percebeu.

    “Sabe, se você encarar tanto, eu fico sem jeito.” O homem falou.

    “Desculpa. É só que…” Antes que o Oficial pudesse terminar, o Cabo rapidamente o interrompeu.

    “Já falei que não é sua culpa. Se você ficar com essa cara de cachorro morto cada vez que ver minha perna, até eu vou começar a me sentir mal.”

    Ouvindo isso, Noah olhou para seu amigo novamente, então assentiu.

    “Não estou com pena. Só com inveja, já que agora você não precisa mais se preocupar com calos nesse pé ou chulé.”

    Os dois homens se entreolharam, quando caíram na gargalhada.

    Thud! Tum!

    Um som de corneta soou alto.

    “Parece que está na hora.” Noah disse. “Vamos indo.”

    Enquanto o Oficial e o Cabo silenciosamente saiam, assim que ouviram o sinal alto, todas as tropas que estavam treinando intensamente subitamente pararam. Era como se fosse a coisa mais bela que tivessem ouvido em suas vidas, esse era o som de encerramento do treino do dia.

    “Finalmente! Eu sobrevivi de novo!” Um Soldado gritou, caindo de joelhos.

    “Merda, achei que eu realmente ia morrer hoje…”

    “Nós realmente vamos ter que fazer isso todos os dias?”

    Vários comentários desanimados, soaram, um após o outro.

    Desde que o Batalhão Zero havia implementado o novo sistema de treinamento mais rígido e intenso que foi anunciado junto da Sopa Revitalizante, as tropas vinham realizando práticas de combate simulado quase todos os dias, tornando a carga de treino cada vez mais rigorosa.

    Alguns haviam até mesmo cogitado sair do Batalhão devido à rigidez, mas mesmo com os treinos exaustivos e quase desumanos, havia uma única coisa que impedia que os Soldados deixassem o Batalhão e isso era as refeições.

    “Hoje temos Sopa Revitalizante e de acompanhamento temos Carne Assada de Bulai! Para a sobremesa, teremos Pudim de Arambela!” Um membro da Unidade de Logística declarou na entrada do refeitório.

    “Sai da frente!”

    Assim que ouviram isso, os Soldados, que pareciam desanimados e prontos para desmaiar a qualquer momento, instantaneamente receberam uma onda repentina de energia, correndo para o refeitório como se suas vidas dependessem disso.

    Sentados nas mesas, todos estavam ansiosos aguardando a refeição, com saliva na boca. Assim que a Unidade de Logística começou a distribuir os pratos, todos ficaram encantados.

    “Eu realmente detesto o Tenente por impor esses treinos malucos, mas, por outro lado, acho que só alguém como ele serviria carne de primeira como essa para meros soldados como nós.” Um dos homens disse, com aparente felicidade.

    “Esqueça a Carne de Bulai, olha para esse pudim. Soube que Nectar de Arambela só pode ser preparado por cozinheiros profissionais e esse que estamos comendo é delicioso.” Outro sujeito comentou, ao provar o alimento doce.

    Junto ao aumento da carga de treinamento, Fernando também havia implementado uma nova política quanto a alimentação das tropas, comprando comida de primeira qualidade e até mesmo havia contratado três cozinheiros.

    Mesmo que não fossem Chefes de Cozinha renomados, mas apenas cozinheiros comuns que haviam chegado a cidade em busca de trabalho, o fato de ter pessoas especializadas preparando refeições para todo o Batalhão Zero e até mesmo usando ingredientes de boa qualidade, era algo que nenhum Soldado nunca havia ouvido falar antes.

    Alguns dos que estavam planejando abandonar o Batalhão rapidamente mudaram de ideia. Em que outro lugar eles poderiam comer ótimas refeições como essa sem pagar nada? Mesmo que tivessem que sofrer um pouco, sentiam que valia a pena!

    Enquanto os Soldados e parte dos Cabos estavam desfrutando de suas refeições, os membros da cúpula do Batalhão Zero se reuniram na sala de Runas de Wedsnagauer.

    “Hoje é o dia que temos que decidir qual área vamos nos especializar, certo?” Cintia perguntou.

    “Sim, aparentemente o professor de Magia que o Tenente e o General Zado prepararam começa hoje. Gostaria de conhecê-lo primeiro antes de tomar minha decisão.” Ugo respondeu.

    Mesmo que Fernando tivesse aconselhado que todos estudassem um pouco de cada área, ainda era importante que eles decidissem qual seria seu foco. Habilidade, Magia ou Runas, cada uma dessas, era uma área complexa e seria impossível se especializar em todas.

    Nos últimos dias, Ilgner e Lenny vinham dando aulas simples sobre o que eram as Habilidades e passando treinos de condicionamento físico, enquanto Alfie também lecionou o básico sobre Runas. Graças a isso, todos ali finalmente tinham alguma noção de cada área.

    “Eu realmente me interessei por Runas, mas… é tão complexo.” Lance comentou, coçando a cabeça, ao lembrar dos inúmeros símbolos. Não importa o quanto se esforçasse, não conseguia gravar tudo aquilo em sua cabeça.

    “Humph! Vocês precisam se esforçar muito caso queiram chegar aos meus pés.” Emily falou, com o nariz empinado, cheia de orgulho.

    Em relação a um monstro como Fernando, ela não tinha escolha se não abaixar a cabeça em resignação, mas poucos dos membros tinham demonstrado uma capacidade de memorização semelhante a dela.

    Bam!

    Enquanto todos conversavam, a porta foi subitamente aberta, quando um jovem pálido entrou, era o próprio Fernando.

    “Tenente!” Thom e os demais cumprimentaram, o saudando.

    Somente nesse momento, todos perceberam que havia alguém atrás dele. Era um homem relativamente velho, mas que ainda parecia ter uma aparente disposição.

    Alguns rapidamente o reconheceram da Batalha de retomada da cidade, esse era o Major Silvester!

    “Não me diga que… O professor de Magia que o General Zado havia comentado era… um Major!” Noah falou, incrédulo.

    A frente do homem, o próprio Fernando estava sem palavras.

    Naquele dia, mais cedo, ele havia recebido uma mensagem de Zado, informando que um professor de Magia confiável estaria chegando e poderia fazer o Contrato de Sigilo com ele, mas nunca imaginou que seria essa pessoa.

    Atrás dele, o próprio Silvester também parecia atordoado, tanto por ver quase todos os membros de alta patente do Batalhão Zero ali, como pela estranha sala, cheia de Runas nas paredes.

    Que diabos de lugar é esse? Por que tem algo assim embaixo Batalhão Zero? perguntou-se, confuso.

    Zado havia ordenado ao homem que lecionasse aulas de magia para algumas pessoas do Batalhão Zero, mas o General não havia explicado mais nada, apenas indicando que ele fizesse qualquer coisa que o Tenente solicitasse e guardasse segredo absoluto sobre qualquer coisa que visse ou ouvisse naquele lugar.

    Como um Major Combatente que atualmente estava diretamente sob Zado, o sujeito estranhou o pedido do General, pois não parecia com seu modo habitual de agir. Mas o que mais lhe causou estranhamento, foi todo o sigilo envolvido, ao ponto de ter que assinar um contrato para poder entrar naquele lugar.

    Mesmo quando o homem estava tutelando Heitor Sariev em sua missão de Trucidação, ele não havia dado qualquer privilégio ou tratamento especial para o jovem Capitão. Mas no caso de Fernando, Zado havia sido bem claro sobre fazer o possível para ajudá-lo.

    Parando no meio da sala, em meio a todos, o jovem Tenente virou-se.

    “Major Silvester, bem-vindo ao meu Batalhão Zero, é uma honra minha e de todos os meus subordinados poderem receber seus ensinamentos.” O rapaz falou, de forma cortês e educada.

    “Hahaha! O prazer é todo meu, Tenente Fernando. Eu já havia lhe dito que bastava me procurar se precisasse de qualquer coisa, não precisava usar o General Zado como intermediário. Se tivesse falado comigo eu teria te ajudado com isso com prazer, afinal tenho uma grande dívida a ser paga.” O velho homem falou, com um sorriso gentil e amigável.

    Vendo isso, o jovem pálido engoliu em seco, sentindo-se mal.

    O Major Silvester erroneamente acreditava que ele havia usado uma Poção de Cura Avançada para salvar sua vida após ser contaminado pelo Mana Caido do Orc Xamã. Mas, na realidade, ele havia feito Brakas usar métodos alternativos para forçar uma recuperação rápida do mesmo, o que inevitavelmente tinha reduzido seu tempo de vida útil, devido à agressividade da magia Beholder sob o corpo Humano.

    Como era uma situação de urgência na época e difícil de explicar, Fernando havia deliberadamente permitido que esse mal-entendido se prolongasse, mas agora, vendo a felicidade do homem e toda sua gratidão em relação a ele, o fez sentir-se como um verdadeiro trapaceiro sem coração.

    “Parece que são mais pessoas do que imaginei. Deixe-me ver, Cabos, Oficiais, Sargentos, Subtenentes, bem, isso é… um grupo realmente variado.” Silvester falou, ao ver as insígnias dos vários membros do Batalhão Zero ao redor. Claramente não esperando que fossem tantas pessoas e de patentes tão distintas. Além desses, ele também notou dois homens no canto da sala, sendo um deles o Especialista em Runas que havia melhorado as Balistas anteriormente, mas esses não pareciam estar ali para ser ensinados. “Acho que entendi. Como Garância está com o Salão da Recepção em reconstrução, é normal que você procure ajuda externa para ensinar Magia ao seu Batalhão. Sua preocupação com suas tropas é louvável, Tenente.”

    Normalmente, o Salão da Recepção da maioria das cidades tinha uma extensa área de atuação, oferecendo diversos serviços.

    Um destes, era o de disponibilizar professores de Magia para Cabos e acima. Mesmo que fosse um serviço caro, era de alta qualidade e ajudava a maioria daqueles que estavam tentando se envolver no caminho do Sistema de Magia.

    Porém, Garância ainda não dispunha de tais pessoas. A maioria dos Magos acadêmicos preferia lecionar a partir de locais seguros, então nenhum deles se atreveria a vir para uma zona de guerra. Quanto aos poucos corajosos, estes estavam sendo escalonados para auxiliar os exércitos dos Leões Dourados nas linhas de frente e não teriam tempo para ajudar um Salão da Recepção em ruínas como o de Garância.

    Fernando forçou um sorriso ao ouvir o elogio.

    “É o mínimo que posso fazer pelos meus, senhor.”

    “Mas isso vai ser difícil. Se fosse uma ou duas pessoas, eu poderia lentamente estudar a pessoa e guiá-lo no caminho mais adequado. Mas com tantos assim… Isso vai ser difícil.” Silvester falou, levemente preocupado. “Se ao menos o maquinário do Salão não tivesse sido destruído pelos malditos Orcs, eu poderia pedir um ou dois favores e usar um Medidor Elemental.”

    “Medidor Elemental?” O jovem Tenente perguntou, surpreso, nunca tendo ouvido falar do termo.

    “Isso mesmo. É um equipamento usado para medir a disposição natural do seu Mana. Somente com isso é possível ter noção de qual tipo de Magia é mais adequado para cada pessoa. Bem, é normal que você nunca tenha ouvido falar, já que não é Tenente há muito tempo. Além do mais, apenas Oficiais e acima têm o direito de usar um Medidor Elemental e mesmo assim o custo é bem alto, em torno de 50 pontos de Prestígio. Talvez eles consigam comprar um novo, mas isso pode demorar um tempo.”

    Quando todos no local ouviram isso, ficaram estarrecidos. Em conversão direta, 50 pontos de Prestígio eram o mesmo que 50 moedas de prata, o que já era uma fortuna por si só. Mas esses tipos de pontos eram extremamente difíceis de acumular, só podendo ser conseguidos ao adquirir conquistas ou realizar missões.

    “Se o problema for descobrir a disposição elemental dessas crianças, eu posso ajudar com isso.” Wedsnagauer, que estava silenciosamente assistindo o desenrolar da situação, declarou.

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