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    Desde o início, Fernando estava analisando o confronto. Na verdade, ele havia incitado os Soldados, bem como Emily e os outros, a se moverem com essa intenção.

    Seu objetivo era entender até que ponto esses supostos Tenentes Nomeados iriam e quais eram suas intenções.

    Pelo ataque da mulher chamada Milani, ficou claro que ela não estava visando nenhum ponto crítico da ruiva, o que sugeria que a mulher não queria um confronto total e foi por esse motivo que ele não agiu.

    O sujeito chamado Gregor inicialmente também estava contido, mas no momento em que Fernando o viu erguer o escudo, sua expressão mudou.

    Apesar de ainda não ser proficiente em Runas e Matrizes, conforme estudava e lia a respeito, conseguia compreender cada vez mais do assunto e agora era capaz de entender as funções mais simples delas.

    A Matriz incrustada no escudo era claramente uma Matriz Simples de Terceiro Nível que focava em melhorar a força de Magias do tipo Magma. O que significava que caso o sujeito a ativasse ali em meio ao Batalhão Zero, causaria um enorme estrago e talvez até mortes.

    Sendo assim, Fernando decidiu que se essa fosse a intenção do homem, ele também não teria por que se conter.

    “Quem é você?!” Gregor perguntou, hesitante. Afinal essa pessoa estava usando Magia de Levitação, então deveria ser no mínimo um Subtenente. Além disso, ele havia descrito com precisão a função de seu escudo e isso o deixou em alerta. Ao olhar com cuidado, rapidamente percebeu a braçadeira dele e chegou a uma conclusão. “Você é o Tenente Fernando?”

    O jovem pálido no alto não respondeu, continuando a olhá-lo friamente.

    Vendo isso, o Tenente do Batalhão Barreira ficou irritado quando moveu o pulso, retirando uma folha de papel.

    “Eu tenho uma autorização do Salão da Recepção para encerrar o recrutamento aberto pelo Batalhão Zero, está assinado pela própria Administradora Júnior Amélia.”

    Ao ouvir isso, a expressão de Fernando mudou levemente.

    Amélia? Parece que o recado anterior não foi suficiente para fazê-la entender. pensou.

    Ele havia dado um aviso à mulher anteriormente, para não mexer com o Batalhão Zero, mas ela deliberadamente estava novamente causando problemas.

    Obviamente, não havia motivos para essa pessoa visar de forma tão proativa eles, exceto se estivesse recebendo ordens de alguém, e se esse fosse o caso, essa pessoa definitivamente seria Herin.

    Notando a falta de reação do rapaz, Gregor continuou, levantando sua voz ainda mais.

    “Então eu ordeno que encerre isso agora mesmo, ou então…”

    “Ou então?” O jovem pálido indagou, o interrompendo, enquanto o olhava de cima, com um olhar frio.

    Esse cara, qual o problema dele? Gregor pensou, ficando ainda mais furioso.

    Nesse momento, Milani, que estava ao lado, interviu.

    “O Batalhão Zero realmente quer enfrentar o Batalhão Barreira e Rosa Negra? É melhor não bancar o maluco, seu moleque!”

    “Hahahaha!” Em respostas às suas palavras, uma série de gargalhadas soaram.

    No momento em que a mulher disse isso, os Cabos ao redor, incluindo Emily, Leo, Lance e mesmo Ugo, caíram na risada, achando sua ameaça engraçada. Até os Soldados, que tentavam seu melhor para se conter, não puderam evitar transparecer sorrisos e risadas abafadas.

    “Lá vamos nós…” Cintia disse ao lado, suspirando.

    Todos estavam rindo, não porque o que ela havia dito não soava de forma ameaçadora o suficiente, mas porque todos ali conheciam bem seu Tenente e sabiam que fazer esse tipo de ameaça apenas provocaria o rapaz pálido a ter uma reação oposta a que eles desejavam.

    Vendo todos rindo, Milani, Gregor, o outro Tenente e mesmo os Soldados de elite que trouxeram, ficaram perplexos.

    O Batalhão Zero realmente só tinha malucos? Eles estavam falando em ser inimigos abertamente de outros dois Batalhões Nomeados, mas todos riram frente a isso!

    Esses fodidos, eles estão brincando conosco?! A Tenente do Batalhão Rosa Negra pensou, frustrada.

    Mesmo os candidatos ao redor estavam confusos com essa situação.

    “Merda, o Batalhão Zero só tem gente corajosa ou doida?” Um candidato perguntou, incrédulo.

    “Eu não sei, mas isso é de certa forma… emocionante.” O outro falou ao lado, assistindo tudo com grande interesse.

    Ver um bando de Cabos tratando Tenentes Nomeados como se não fossem nada era algo que nenhum deles nunca viu ou ouviu falar.

    Nesse momento, Fernando deu de ombros para a comoção.

    “Entenda algo, Tenente Gregor do Batalhão Barreira. Você não tem autoridade sobre mim ou minhas tropas e pelo regimento da Legião, eu também não preciso atender as ordens de uma Administradora Júnior qualquer. Recomendo que pegue seus homens e volte de onde vieram.” falou, com uma entonação calma, mas cheia de autoridade.

    A expressão de Gregor mudou ao ouvir isso.

    Assim como Fernando disse, mesmo que ele e Milani tenham se reunido e tivessem obtido o aval de outros Tenentes e da Administradora Júnior Amélia, pelas regras da Legião, o Batalhão Zero não era obrigado a cumprir suas demandas.

    Normativamente falando, a única forma de obrigá-los era conseguir que um General ou Major desse a ordem direta, ou mesmo o Administrador Principal.

    No entanto, envolver os Generais e Majores em um assunto menor como esse era algo que estava fora de cogitação para o ruivo e Garância atualmente não tinha um Administrador Principal definido. Sendo assim, eles eram os errados nessa situação!

    Ao perceber isso, Gregor ficou envergonhado, o que só intensificou as risadas dos membros do Batalhão Zero, então o homem levantou a mão, apontando para Fernando.

    “Lute comigo, Tenente Fernando!” exclamou, com uma vontade ardente pela batalha.

    Ele sabia que anteriormente havia agido de forma impulsiva. Se ele ferisse ou matasse vários Soldados do Batalhão Zero, poderia até mesmo ser punido pelo General Dimitri. Mas, se desafiasse e derrotasse o Tenente deles, isso iria humilhá-los publicamente e a reputação do Batalhão Zero estaria arruinada, o que seria uma penalização mais do que suficiente e ainda cumpririam seu objetivo. Afinal, grande parte da reputação deles vinha de seus feitos recentes nas últimas batalhas, mas se o rapaz perdesse para outro Tenente Nomeado, mostraria a todos que ele não era realmente grande coisa.

    “Lutar com você?” Fernando perguntou, ainda com os braços cruzados. “Por que eu faria isso?”

    Ao ouvir isso, Gregor sorriu levemente, acreditando que finalmente havia o pego. Se o rapaz recusasse o desafio, seria igualmente ruim para ele próprio.

    “Está com medo? Que tipo de Tenente Nomeado é você? Ou pode ser que saiba que não é qualificado o suficiente para a posição?!” O ruivo disse, com a voz alta, para que todos próximos pudessem ouvir. “Se me vencer, nós iremos nos retirar e entregar um pedido formal de retratação, mas se eu vencer, vocês irão encerrar esse recrutamento e fazer um pedido de desculpas públicas!”

    De certa forma, esse era um jeito rústico de resolver a situação, mas extremamente efetivo. Independente dos argumentos, o lado que ganhasse seria o vitorioso e estaria certo! Seria uma disputa, onde o mais forte é quem teria razão!

    Os candidatos ao redor ficaram chocados com a proposta e também olharam para o jovem pálido levitando. Muitos começaram a cochichar.

    “Será que ele vai aceitar, ou realmente está com medo?”

    “Se for esse o caso, então o Tenente do Batalhão Zero não é nada de mais.”

    Vários comentários soaram um após o outro, mas o jovem Tenente manteve-se indiferente a isso.

    Ele sabia que precisava de mão de obra, mas também não estava interessado em pessoas que se preocupavam só com aparências.

    Em sua visão, gente como essa, eram como moscas, atraídas por uma boa refeição, mas assim que o doce néctar chegasse ao fim, elas rapidamente voariam para longe.

    Vendo o silêncio do rapaz pálido, Gregor concluiu que a situação estava a seu favor e sentiu-se ainda mais confiante.

    “Irá me enfrentar ou não, Tenente Fernando?!” perguntou, de forma desafiadora.

    Nesse momento, a voz gelada do jovem pálido soou.

    “Muito bem, irei aceitar seu desafio.” respondeu calmamente e assim que o fez, Gregor sorriu com satisfação por atingir seus objetivos, mas rapidamente sua expressão mudou com suas próximas palavras. “Porém, só irei lutar com você caso seja capaz de derrotar um dos meus Subtenentes.”

    “O quê? Que tipo de piada é essa?” Milani falou, indignada.

    Tanto ela, quanto o próprio Gregor, eram Tenentes Nomeados. Pessoas que estavam muito além de Tenentes comuns, seja por seu talento ou força.

    Em geral, apenas pessoas que possuíam grandes conquistas conseguiam obter o status de tropa nomeada. Sendo assim, um simples Subtenente jamais teria as qualificações para lutar contra alguém como eles.

    “Essa é a minha única exigência. Você pode até mesmo escolher quem quer enfrentar.” Fernando disse, então descruzou os braços, abrindo-os. “Theodora, Ilgner, à frente.”

    Assim que o rapaz disse isso, um homem loiro e narigudo, bem como uma bela mulher com armadura negra justa, saíram de trás do Esquadrão de Emily.

    A pequena ruiva olhou para os dois, especialmente para a mulher e apesar de não gostar disso, fez um sinal, fazendo suas tropas recuar, abrindo espaço para os Subtenentes.

    O Tenente Gregor olhou para as duas pessoas com um olhar de desgosto.

    “Está tentando me insultar?” perguntou em direção a Fernando. De seu ponto de vista, não havia mérito algum em derrotar um Subtenente aleatório.

    Nesse momento, o rapaz fechou os braços e começou lentamente a descer do alto, até que pousou no chão.

    “De forma alguma. Estou muito sério sobre isso. Inclusive…” falou, movendo o pulso, então várias moedas apareceram em sua palma. “Se conseguir vencer as duas lutas, não só vou encerrar o recrutamento e me desculpar, como pagarei uma compensação de dez moedas de ouro. Mas é claro, se não for capaz de sequer derrotar um dos meus Subtenentes, espero uma compensação de igual valor. Podemos considerar isso como uma aposta entre Tenentes Nomeados.”

    “Está louco?!” Milani falou ao lado, com os olhos arregalados.

    Dez moedas de ouro era um valor que até mesmo Tenentes Nomeados teriam dificuldade de reunir, mas o rapaz estava falando sobre isso de forma tão casual!

    As pessoas ao redor ficaram igualmente incrédulas e mesmo Emily e os outros Cabos ficaram incertos sobre isso.

    Gregor tinha uma expressão estranha no rosto, como se achasse tudo aquilo maluquice.

    “O que foi? Não era você que estava falando algo sobre ter medo?” Fernando completou, com um leve sorriso provocador, enquanto balançava as moedas em sua palma.

    Ao lado, Theodora também riu, entendendo as intenções do rapaz.

    “Líder, não precisa falar assim com esse pobre homem. Olha para a cara dele, deve ser um pobretão que sequer tem meia dúzia de moedas de ouro sobrando. Como ele poderia apostar dez delas?”

    “Ou talvez ele apenas tenha se intimidado com minha presença.” Ilgner falou, de forma zombadora.

    Ouvindo as provocações dos dois Subtenentes, o Tenente do Batalhão Barreira ficou furioso. Logo sua hesitação se foi, na verdade, ele até se encheu de confiança.

    São apenas Subtenentes. Apostar isso apenas significa que vamos ganhar dez moedas de ouro gratuitas! pensou, de forma assertiva. Mas como esse Batalhão recém formado conseguiu esses fundos? 

    Como um Tenente, Gregor sabia que era difícil economizar recursos a esse ponto, afinal um Batalhão comum já gera uma enorme despesa, muito menos um Batalhão Nomeado.

    Talvez isso sejam fundos dados pelo General Dimitri? Esse cara está apostando o dinheiro de um General? Que sujeito maluco! concluiu, chocado com a loucura do jovem Tenente. Se o General soubesse disso, mesmo que ele fosse seu protegido, não deixaria a situação barata.

    Mas, independente de quais eram as intenções ou problemas que ele teria, Gregor sabia que não eram de sua conta. Então apontou o dedo para frente, na direção dos dois Subtenentes.

    “Eu escolho você!” 

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