Capítulo 636 - Quebra de hierarquia
E-ele realmente vai matá-la aqui? No meio do Salão da Recepção?! Um dos guardas pensou, chocado.
Mesmo que um Tenente realmente tivesse esse direito e houvesse testemunhas a respeito das transgressões da recepcionista, ainda assim, essa punição parecia exagerada demais.
Normalmente, militares e funcionários civis não se envolviam ativamente e mesmo quando ocorria algum problema entre ambas as partes, o assunto seria deixado para seus respectivos superiores. Ou seja, os Generais e Majores lidavam com os assuntos militares e seus Soldados e o Salão com as questões administrativas dos funcionários civis.
Esta era uma regra tácita, para preservar a hierarquia de cada área e também para manter uma distinção de setores, a fim de impedir que os militares de baixa ou média patente usassem sua influência e força para obter benefícios, como missões rentáveis, informações privilegiadas e uma série de outras coisas que só se poderiam obter do Salão da Recepção.
A recepcionista, pega pela garganta pelo jovem pálido, estava completamente apavorada. Ela nunca imaginou que um mero Tenente realmente ousaria atacá-la em frente a todos naquele lugar. Isso nunca havia acontecido antes!
O guarda estava observando Fernando, sem saber o que fazer. Mas, ao ver a insígnia escrita ‘Zero’ em seu peito, lembrou-se de algo.
Esse é o Tenente do Batalhão Zero? Não pode ser…
Atualmente, mesmo que não se mostrasse muito em público, Fernando era alguém relativamente conhecido na cidade. Tanto por sua atuação grandiosa na batalha de retomada, quanto pelo seu sucesso na defesa dos portões durante o ataque dos Carniçais.
Embora muitas pessoas o vissem com maus olhos, principalmente outros Tenentes e oficiais de alto escalão, ele ainda era muito admirado pela maioria dos Soldados e civis. Afinal, se não fosse pelos feitos do Batalhão Zero na Quinta Divisão, talvez os Leões Dourados tivessem perdido a batalha contra os Orcs e muitos teriam morrido no processo de retirada.
Ao notar de quem se tratava, o olhar de pena e hesitação do guarda mudou imediatamente, enchendo-se de admiração e preocupação.
“T-tenente, por favor, não seja impulsivo. Mesmo que essa pessoa mereça ser punida, é melhor deixar isso nas mãos do Salão. Se me permitir, eu mesmo relatarei isso aos Administradores.”
Ouvindo isso, Fernando ergueu uma sobrancelha, surpreso com a atitude ponderada do homem, entendendo que ele não parecia estar envolvido.
Parece que nem todos aqui estão no bolso daquela mulher.
Quando as outras duas recepcionistas ouviram isso, tiveram uma mudança de expressão. Se sua companheira fosse punida, elas também estariam enrascadas!
“Que porcaria está dizendo? Esse lunático a atacou, é ele quem merece ser punido! É melhor vocês agirem agora ou relataremos isso a senhora Amélia!” Uma delas disse, insatisfeita.
“Isso mesmo! Ele já desrespeitou a senhora Amélia e agora isso. Essa pessoa precisa ser parada!” A outra mulher berrou.
Quando o homem ouviu isso, finalmente entendeu tudo.
Merda, o Tenente do Batalhão Zero está em desacordo com a Administradora Júnior Amélia? pensando nisso, o sujeito imaginou que talvez a própria Amélia tivesse ordenado que as mulheres agissem dessa forma. Então mesmo se ele relatasse pessoalmente o incidente, nenhuma delas seria realmente punida. Isso vai ser mais complicado do que imaginei.
Fernando tinha uma expressão calma, mesmo com toda a confusão a sua volta. Olhando para os rostos desesperados dos guardas, notou que eles próprios não sabiam o que fazer.
Parece que eu coloquei esses caras numa situação difícil. pensou, imaginando se realmente havia exagerado. Ele havia deixado seu sangue ferver por um momento e agido de forma impulsiva novamente.
“Alto lá, solte essa mulher agora mesmo, ou sofrerá as consequências!” Nesse momento, uma voz feminina, cheia de autoridade, gritou. Quando a própria Amélia apareceu, saindo de um dos corredores principais.
Ao lado dela, havia dois homens com olhares fixos no rapaz. Eram Capitães Combatentes encarregados de proteger o Salão.
Vendo a mulher, a expressão de Fernando escureceu, quando ele mudou imediatamente de ideia sobre ter exagerado.
Então realmente era uma armadilha. Essa desgraçada, ela com certeza estava por perto apenas esperando que eu fizesse algo. deduziu, furioso. Afinal, ela simplesmente havia aparecido rapidamente num momento tão oportuno, logo depois dele ter agido contra a recepcionista.
Mas, mesmo tendo certeza de que esse era o caso, sabia que não poderia apenas ter ficado de braços cruzados. Olhando ao redor, viu dezenas de pessoas observando a situação, entre Tenentes, Oficiais e várias outras patentes.
Atualmente ele não era mais apenas Fernando Nobrega, um rapaz comum de dezenove anos, mas também era o Tenente do Batalhão Zero. Alguém que precisava carregar o enorme peso da reputação que ele e seus companheiros haviam conquistado, então não poderia apenas deixar que outras pessoas o humilhassem e saíssem impunes, ou muitos achariam que eles eram alvos fáceis.
De repente, enquanto estava pensativo sobre o que fazer, Fernando notou algo. Um rosto familiar entre a multidão. Isso fez seus olhos apertarem levemente, quando algo veio a sua mente. Então discretamente enviou algumas mensagens pelo seu Cubo Comunicador.
Após isso, não hesitou, quando declarou com uma voz fria:
“Essa mulher insultou a mim publicamente. Estou apenas aplicando o meu direito de puni-la.”
Amélia riu alto, cheia de desdém ao ouvir as palavras do rapaz.
“Direito? Quem você pensa que é para dizer isso?” falou, de forma arrogante. Diferente de antes, quando o rapaz a deixou acuada e a fez urinar em si própria de medo, humilhando-a, agora eles não estavam mais no prédio do Batalhão Zero, mas em seu próprio quintal! “Movam-se, capturem esse insignificante!”
Com a ordem dada, os dois Capitães avançaram a passos lentos, como se não estivessem preocupados com as ações do rapaz pálido. Independente se ele tentasse fugir ou reagir, estavam confiantes em subjugá-lo. Por mais que ele fosse um Tenente Nomeado, a diferença entre ele e um Capitão era enorme.
Com um sorriso jubiloso, a Administradora se regozijou mentalmente.
Esse idiota, ele realmente caiu feito um patinho. Esses militares com cérebro de passarinho são tão fáceis de manipular. Agora você vai pagar pela humilhação que me fez, Tenente Fernando!
Vendo que sua chefe havia chegado, a recepcionista que insultou Fernando, que até então estava apavorada, encheu-se de um misto de alívio e confiança.
Coff! Coff!
“Isso é o que um verme como você ganha por ir contra minha senhora!” falou com dificuldade, mesmo com o forte aperto em sua garganta, ela não aparentava estar com medo. Pelo contrário, estava sorrindo de forma atrevida “Você está acabado, a senhora Amélia vai te destruir, você vai apodrecer atr-”
Crack!
De repente, um estalo foi ouvido, quando a cabeça da mulher inclinou-se levemente para o lado, caindo sobre o próprio peso. Uma expressão estática jazia em sua face agora, mas que ainda continha um sorriso orgulhoso gravado em sua face.
O rapaz pálido, responsável por isso, tinha uma expressão fria em seu rosto. Ele simplesmente havia aumentado o aperto em sua mão um pouco, quebrando instantaneamente o pescoço da recepcionista como se estivesse quebrando o de uma galinha.
Você deveria ter calado a boca enquanto teve a chance. O rapaz pensou, suspirando. Mesmo que não quisesse realmente matá-la, depois de tudo que foi dito e feito, ele seria um tolo se a permitisse viver. Ao mesmo tempo que olhava com um leve toque de amargura para o cadáver em sua mão, não pôde deixar de pensar sobre o que as pessoas diriam a seu respeito depois de matar um membro do Salão da Recepção. Droga, nesse ritmo pode ser que eu realmente acabe herdando o título de Cão Louco de Viktor Yudin… pensou, ao lembrar-se da ameaça que havia feito a Amélia antes.
Após isso, abriu sua palma, soltando o corpo da mulher no chão.
“Você perguntou quem eu sou. Eu sou Fernando, Tenente do Batalhão Zero dos Leões Dourados!” exclamou, com a voz alta.
Quando todos viram isso, ficaram completamente chocados. Mesmo os dois Capitães pararam seus passos, atordoados.
Ele… realmente matou ela! Ele é louco?! Todos no local pensaram ao mesmo tempo.
Com o corpo da recepcionista caído no chão, sem vida, as outras duas cúmplices da armadilha ficaram paralisadas, com rostos totalmente brancos.
Elas haviam recebido uma tarefa simples, provocar o rapaz pálido até que ele explodisse, independente do tipo de insultos ou palavras que precisassem usar. Mesmo que estivessem ferindo a hierarquia da Legião, Amélia havia garantido que nada aconteceria com elas. No entanto, agora, bem em sua frente, sua companheira realmente havia sido morta!
De repente, o rapaz pálido olhou na direção delas, o que fez as duas mulheres sentirem um arrepio frio espalhar-se por seus corpos.
E-ele tá olhando para a gente…? Sem hesitar, uma delas saltou de forma desengonçada sobre o balcão, enquanto tropeçava e caía no processo, levantando-se logo em seguida e correndo desesperadamente para afastar-se dele.
“Socorro, ele é louco, vai me matar!”
Enquanto uma corria e gritava, a outra apenas ficou paralisada no lugar, sem coragem de sequer fugir.
De repente, Fernando moveu o pulso, quando duas Flechas de Fogo miniaturizadas, do tamanho de agulhas, surgiram acima da sua palma.
Ele não poderia estar pensando em… Amélia não poderia acreditar em seus olhos, o rapaz realmente estava atacando suas subordinadas bem na sua frente!
“Parem ele, matem esse lunático!” A mulher gritou, de forma frenética, porém, era tarde demais.
Swish! Swish!
Uma das mini Flechas de Fogo cortou o ar, atravessando de forma limpa a coxa esquerda da mulher que fugiu, derrubando-a. Enquanto a outra atingiu o ombro da recepcionista restante.
“Ah!” As duas gritaram ao mesmo tempo, enquanto um pouco de sangue vazava de seus ferimentos cauterizados.
A mulher que fugiu se arrastou no chão, esperneando-se. Como uma civil, ela simplesmente não estava acostumada à dor. Por outro lado, a que não havia fugido mal conseguiu gritar, quando imediatamente caiu sentada na cadeira, desmaiando devido ao choque.
Isso deve ser suficiente. Fernando pensou, ao ver uma agonizando e outra perdendo a consciência. Mesmo com os ferimentos e dor intensa, ambas certamente não morreriam.
Por mais que tivesse ficado furioso com essas pessoas, o rapaz não era do tipo que gostava de matar de forma desenfreada, ainda mais civis que não poderiam reagir. Então ele apenas havia posto fim à vida da que havia o insultado de forma mais grave, enquanto as outras tinham sido feridas, como punição. Isso deveria ser o suficiente para que nunca mais se atrevessem a agir dessa forma pelo resto de suas vidas.
Todos os Oficiais, Cabos e Tenentes ao redor ficaram chocados com a situação, mas não se moveram. Afinal, muitos haviam visto o desenrolar da situação e sabiam que o rapaz não estava errado. Porém, também nunca imaginaram que ele iria a tal extremo.
É melhor não se envolver. pensaram enquanto observavam a situação com alguma distância.
Ao longe, os dois Capitães Combatentes simplesmente não conseguiram reagir a tempo, não imaginando que o rapaz pálido realmente agiria de uma forma tão louca.
Porém, agora que ele havia feito isso, ambos sabiam que não precisariam hesitar mais. Mesmo que o rapaz fosse um Tenente Nomeado, ele havia cruzado a linha ao matar e ferir pessoas bem na sua frente. Logo sacaram suas espadas, avançando em sua direção, com a intenção de matá-lo.
Fernando não fugiu, mas moveu o pulso, quando sacou sua espada Formek, firmando-a com ambas as mãos, enfrentando a ameaça que se aproximava de frente. Mesmo que ele não tivesse muitas chances contra dois Capitães Combatentes, era muito mais arriscado dar as costas.
“Morra!” Um dos homens gritou, quando varreu com sua espada, com a intenção de partir o rapaz pálido ao meio. Ao lado, o outro Capitão Combatente seguiu de perto, pronto para fazer seu movimento caso o alvo desviasse ou defendesse. Simplesmente não queriam permitir qualquer oportunidade de sobrevivência ao rapaz.
Apesar da morte iminente bem diante de seus olhos, a expressão do jovem Tenente não mudou, pelo contrário, havia um ar de calma e frieza em sua face.
Ting!
Quando a lâmina do Capitão estava há apenas meio metro de distância, um som agudo soou, quando outra espada parou o ataque.
“O quê?!” O Capitão Combatente exclamou, quando viu um homem caucasiano, com cicatrizes no rosto, parando seu ataque.
“É melhor esquecer sobre tocar nesse cara. Pelo menos não enquanto eu estiver aqui.” O sujeito exclamou, com uma voz aparentemente irritada.

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