Índice de Capítulo

    Todo o corpo de Fernando congelou, quando viu aquele rosto bem ao seu lado, encarando-o profundamente. Era uma face feminina e delicada, com orelhas levemente pontudas como as de um Elfo, mas claramente não era um. Além de ter longos cabelos cor de mel que escorriam por seu ombro.

    O jovem Tenente não sabia o porquê, mas seu corpo parecia estar sem reação, cada fio de cabelo, que até então estava erguido e cheio de tensão, acalmou-se ao ver aquela aparência delicada e elegante. Ele não a via como uma ameaça, mas como algo a ser protegido.

    Não, foco! Reaja! gritou mentalmente, mas era como se ele estivesse hipnotizado e acabou eventualmente soltando sua espada Formek, que caiu no chão, fincando-se no solo sobre o próprio peso.

    Vendo isso, a ‘criatura’ sorriu suavemente. Logo ela puxou o corpo de Fernando, virando-o de frente para ela. Só então ele notou que apenas a cabeça e braços da figura eram visíveis, o restante de seu corpo estava mergulhado no tronco da grande árvore, como se fosse um e o mesmo.

    Mas, ao contrário de suas expectativas, aquilo não o atacou ou tentou matá-lo, mas lentamente começou a sair de dentro da árvore, revelando o restante de seu corpo.

    Ela possuía um corpo feminino extremamente atraente e sedutor, cheio de curvas delineadas, além de uma pele dourada que reluzia frente a pouca luz do sol que atravessava por entre as copas. Mas o que mais fez Fernando ficar chocado foi o fato dela estar completamente sem vestimentas, com seus seios e todo restante expostos.

    A mulher de pele e olhos dourados então colocou uma de suas mãos próximo ao seu rosto, na parte de seu queixo, levantando-o levemente.

    “Me beije.” ordenou, com uma voz melosa e cheia de confiança.

    O jovem pálido tentou virar seu rosto, mas seu corpo se recusou a obedecê-lo, quando se inclinou para frente, tocando seus lábios nos dela.

    Ao sentir o toque contra sua boca, Fernando não sabia o que fazer, mesmo seus pensamentos estavam começando a ficar nublados. Tudo que vinha a sua cabeça era um sentimento intenso de luxúria e atração, assim como um desejo de tirar sua própria roupa e pressionar seu corpo no dela contra aquele tronco.

    O beijo suave se intensificou quando a língua dela tocou a sua, dançando de um lado ao outro, enquanto um sabor doce se espalhava por sua boca. Logo a figura feminina pegou uma das mãos do rapaz e levou até seu seio e com a mão livre, percorreu seu corpo, indo até suas costas e depois até sua cintura, puxando-o para mais perto.

    Assim que ela fez isso, a enorme árvore atrás dela começou a lentamente se abrir, quando uma espécie de cama feita de folhas e flores se mostrou.

    Sentindo aquela maciez em sua palma, enquanto ela lentamente se inclinava para trás, gemendo baixinho, Fernando sentiu como se fosse explodir. Nesse ponto ele não se importava mais com quem ou o que ela era, tudo que sentia é que queria possuí-la ali mesmo e torná-la sua.

    “Venha, vamos devorar um ao outro. Me use como sua mulher até estar satisfeito, então eu…” A criatura falou, com uma voz suave.

    O jovem pálido estava respirando pesadamente, pronto para saltar sobre ela, mas, de repente, algo estalou em sua mente.

    Mulher? pensou, com sua mente, que estava nublada, voltando a si num pico de clareza. Só então lembrou, ele tinha uma mulher, tinha uma esposa! Karol! gritou mentalmente.

    Vendo-o parar de avançar, a criatura olhou para ele em dúvidas.

    “Me possua.” ordenou, com uma voz cheia de carinho.

    Mas o que ocorreu a seguir foi algo que ela não esperava.

    “Não.” Fernando declarou, com uma voz séria, enquanto fazia seu melhor para controlar sua respiração e batimentos cardíacos, tentando se acalmar.

    Ouvindo aquilo, a mulher de pele dourada parecia confusa. Percebendo que ele não iria até o final, ela encostou-se na ‘cama’ de folhas, quando tocou a virilha do rapaz.

    “Por que esta resistindo? Seu corpo viril diz que sim, então por que se nega?” perguntou, com uma voz melosa e um olhar decepcionado.

    O jovem pálido sentiu um arrepio, tanto pelo toque em suas partes, quanto pelo olhar de ‘cachorrinho’ que ela tinha, mas fechou os olhos com força, abrindo-os lentamente.

    “Desculpe, mas eu já tenho uma esposa.”

    Ao ouvir isso, a expressão da mulher mudou, ficando cheia de espanto.

    “Você me nega por que tem uma esposa?” indagou, com uma voz cheia de dúvidas. Então levantou-se novamente, tentando beijá-lo mais uma vez, mas o rapaz virou o rosto, se negando.

    “Eu já disse, eu tenho uma esposa.” reafirmou, com uma voz firme.

    Fernando não sabia como, mas ao lembrar-se de Karol, toda a tensão e excitação começaram a diminuir, quando o calor em seu peito e virilha lentamente adormeceram, sendo substituídos por uma sensação gelada e calmante.

    Nesse ponto, ele voltou finalmente a si, percebendo a situação que estava. Ele não sabia o que essa mulher era ou qual seu objetivo, mas de alguma forma não sentia qualquer ameaça vinda dela e seu corpo também recusava-se a afastar-se, como se ela fosse um ímã natural para ele.

    A mulher dourada levantou-se repentinamente, quando deu a volta em torno dele, olhando-o e admirando-o com curiosidade, enquanto suas mãos deslizavam por seu corpo.

    “Você é engraçado, Humano.” falou, com uma voz doce, quando deu uma leve risadinha. “Tem certeza de que não me quer? Eu prometo lhe entregar mais prazer do que você jamais irá sentir em toda sua vida. Por uma única noite, você será o homem mais feliz do mundo.”

    O jovem pálido a acompanhou pelo canto dos olhos, involuntariamente observando seu corpo nu e suas curvas delicadas.

    Ela tinha uma aparência angelical e mesmo seus passos eram leves e sutis. Um sentimento de calor tentava se reerguer em seu corpo enquanto sentia seu perfume delicado.

    Mesmo que não quisesse, tinha que admitir que o sentimento de luxúria e desejo pelo corpo sensual dela era forte, se ele vacilasse por um único instante, tinha certeza que se jogaria em seus seios. Mas, apesar desse redemoinho latente em seu corpo, tudo foi rapidamente suprimido quando mais uma vez respirou fundo, acalmando-se. Logo a sensação ‘gelada’ pareceu vencer o calor.

    “Eu tenho certeza.” respondeu, com assertividade.

    Vendo que o rapaz parecia resoluto, a mulher dourada tinha uma expressão levemente perplexa, mas logo sorriu, de forma brincalhona.

    “Qual é o seu nome, Humano?” indagou, com curiosidade.

    O jovem Tenente não respondeu imediatamente, mas olhou ao redor, em busca de sua espada. Porém, mesmo após vê-la a apenas um passo dele, cravada no chão, não tentou pegá-la.

    Ele não sabia porque, se era influência dessa criatura ou algum tipo de instinto primitivo, mas não queria atacá-la, ou talvez apenas não fosse capaz.

    “Fernando Nóbrega.” respondeu.

    “N-nobre, Nóbrega? Hahaha! Que engraçado. Eu me chamo Ezella.” falou com uma risada. “Você… é estranho. Ninguém nunca me recusou antes. Você deve realmente gostar dessa sua esposa.”

    O rapaz pálido assentiu, em sinal de reconhecimento.

    “Eu a amo.” declarou, cheio de certeza.

    Ao lembrar de Karol, seu peito se apertou. Mesmo que seu corpo estivesse pedindo por prazer, sua mente se negava a ceder.

    Os olhos cor de mel da mulher dourada o observaram com uma certa profundidade, em silêncio, como se não tivesse certeza do que isso significava

    “Amor?” falou, com uma voz levemente dúbia. Ela já tinha ouvido falar disso antes, mas nunca conseguiu entender.

    Muitos homens falaram que a amavam no passado, ou que amavam outras mulheres, mas no fim, todos terminaram do mesmo jeito, cedendo aos seus caprichos e tendo o mesmo destino.

    Após um breve momento de silêncio, ela olhou para longe, como se notasse algo. 

    “Eu queria conversar mais, mas acho que seus amigos estão te esperando.”

    “Moleque, onde você tá?!” Uma voz alta, mas aparentemente distante, soou.

    Senhor Raul? Fernando pensou.

    “Você deve ir.” Ezella disse, parecendo triste e descontente, então moveu a mão com um gesto suave, quando uma flor branca brotou a partir da grande árvore atrás dela, então arrancou-a e aproximou-se de Fernando, pegando sua mão e colocando-a em sua palma, fechando-a logo em seguida. “Isso é um pedacinho de mim, para que se lembre. Se um dia esse ‘amor’ acabar, venha me ver. Podemos continuar de onde paramos.”

    O jovem Tenente olhou para ela com uma expressão complexa, mas sentiu algo o ‘libertar’ quando deu um passo para trás. Ele olhou uma última vez para a mulher de pele dourada, que sorriu de forma carinhosa, então pegou sua espada Formek, guardando-a em sua Pulseira de Armazenamento e se afastou.

    Fernando não andou muito, quando antes que pudesse perceber, deu de cara com Lerona e Raul.

    “Fernando!” A Capitã gritou, preocupada, quando correu até seu lado, verificando seu corpo, acalmando-se apenas ao ver que não estava ferido.

    “Merda, eu achei que você realmente tinha morrido.” Raul falou, suspirando aliviado. “Onde diabos você estava? Tô te chamando faz um tempão, por que não respondeu?!”

    “Eu…” O rapaz pálido falou lentamente, como se ainda estivesse um pouco atordoado. “Eu estava conversando com a senhorita Ezella.”

    “Ezella? Estamos no meio da floresta. Que merda você está falando?” O sujeito perguntou, com uma carranca.

    Então Fernando olhou para trás, apontando para a grande árvore onde estava um momento antes. Ao pé dela, uma graciosa mulher, de pele e cabelos dourados, estava para em pé, observando-os calmamente.

    Quando os olhares de Fernando, Raul e Lerona pousaram nela, a mulher acenou, sorrindo.

    Ao ver aquilo, as expressões dos dois Capitães mudaram completamente, ficando imediatamente pálidos de medo.

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