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    Vinte minutos depois, os membros do Esquadrão Zero estavam parados, reunidos. Em torno do local, havia dezenas de corpos de Lobos Prateados caídos.

    No geral, todos haviam matado pelo menos um ou dois inimigos sem dificuldades. Fernando, que ficou o tempo todo no centro da formação, não interferiu na batalha.

    O resultado foi extremamente satisfatório a seu ver. Levando em conta que cada um deles tinha atributos comparados a soldados de elite, não era surpreendente terem vencido.

    O maior problema que imaginou que haveria, seria pessoas ainda hesitantes em matar, mas acabou por não acontecer. Mesmo as mais sensíveis, mataram os lobos sem sequer piscar.

    Era de se imaginar que, depois de matar pessoas, matar animais já não era algo tão difícil e doloroso.

    “Guardem os corpos nas Pulseiras, vamos continuar.” Fernando ordenou com uma expressão calma.

    No momento, chegar ao local da missão era prioridade. Se algum inimigo chegasse antes, seria difícil retomar a mina. Limpar os animais e separar a pilhagem poderia ficar para depois.

    Depois de tudo pronto, o grupo seguiu em frente. Caminhando pelas planícies escuras, os membros do Esquadrão Zero observavam todo e qualquer perigo a seu redor, sempre que possível, desviando de áreas com muitos animais e bestas.

    “Estamos próximos, a partir daqui devemos rumar para oeste.” Simon falou.

    Como não poderiam sair diretamente pelo portão Oeste, pois o QG da Décima Terceira queria encobrir qualquer coisa que levasse a mina de cobre, só restava fazerem um longo trajeto.

    Depois de correrem por cerca de três horas, algumas pessoas já estavam mostrando sinais de cansaço. Principalmente as arqueiras que receberam runas com Agilidade no lugar de Físico. Vendo isso, Fernando resolveu fazer uma pausa, era fundamental que todos estivessem em condições de lutar no momento em que chegassem.

    “Vamos fazer uma pausa de vinte minutos, façam o que tiverem pra fazer e descansem nesse tempo.”

    Alguns suspiraram aliviados, mesmo que o bônus de atributos ajudasse na resistência, era difícil manter um ritmo acelerado como esse.

    “Líder, eu vou dar uma volta e checar o entorno.” Theodora disse, sumindo em meio a escuridão.

    Fernando sempre se surpreendia com isso. Parecia ser algum tipo de habilidade inata dela, algo semelhante aos Passos Tirânicos, mas muito mais profundo.

    O grupo se sentou no chão e começou a comer, beber e descansar, alguns até saindo para fazer suas necessidades. Era algo estranho no começo, mas nesse ponto ninguém se importava mais.

    Enquanto o grupo conversava e descansava, Karol chegou ao lado de Fernando e sentou-se, recostando sua cabeça nele.

    “Você tá bem?” Karol perguntou.

    “Como assim?”

    “Desde que saímos de Vento Amarelo, você parece pensativo.”

    Fernando ficou surpreso com essas palavras. De alguma forma, Karol parecia sempre entender o que ele sentia ou pensava.

    “Não é nada demais…”

    Paft!

    Karol deu um soco no ombro de Fernando, deixando-o sem reação.

    “Odeio quando você mente pra mim.”

    “Isso…”

    Ao ver o rosto irritado de Karol, Fernando suspirou desamparado.

    “Eu só acho que as coisas estão estranhas. Para o Capitão Viktor nos mandar para uma missão importante como essa… Em primeiro lugar, por que as patentes superiores não podem sair da cidade? Isso por si só já é estranho, ele também não parecia tão calmo. Sinto que tem algo acontecendo.” 

    Karol ouviu todas as preocupações com uma expressão calma.

    “Acho que você devia esquecer tudo isso.”

    Fernando fez uma expressão questionadora depois de ouvir essas palavras;

    Então Karol se aproximou, encostando seu rosto no dele.

    “Você está sempre tenso e com essa cara pensativa. Esqueça tudo aquilo que está fora do seu controle e foque nas coisas importantes que estão na sua frente.” Karol falou, quase cochichando em seu ouvido.

    Vendo Karol falar algo assim, o fez pensar nisso e percebeu que ela estava certa.

    “Acho que você tem razão.”

    “Eu sempre tenho razão.”

    Vendo o rosto presunçoso de Karol, Fernando envolveu seu braço em torno de sua cintura, então fez cócegas na lateral de sua cintura, pelo vão da armadura..

    “Ei! O que vo- Hahahaha, para! Sério! Para! Hahaha!”

    Todos olharam na direção dos dois, então Fernando parou, permanecendo com seu rosto sério, como se nada tivesse acontecido. Karol por outro lado, estava vermelha de vergonha.

    Vendo que o rosto presunçoso dela havia sumido, Fernando sorriu consigo mesmo.

    Depois de descansados, o Esquadrão Zero partiu, seu objetivo era alcançar a mina antes do amanhecer.

    Apesar de encontrar algumas bestas ao longo do caminho, eles haviam conseguido evitar os grupos maiores e passaram silenciosamente pelo território de outros animais.

    Seguindo com um ritmo constante, eles saíram das planícies do noroeste e estavam próximos ao local indicado.

    “O local marcado no mapa fica na encosta da montanha, vamos ter que entrar na floresta.” Simon disse, apontando para uma determinada direção.

    “Vamos seguir em frente.” Fernando respondeu, ele queria chegar à mina antes do amanhecer.

    Adentrando nas matas sob a encosta das montanhas, Fernando sentiu que o clima era levemente diferente das florestas do norte. Mesmo sendo localizações não tão distantes, a fauna e a flora tinham muitas divergências.

    Devido ao Livro de Herbologia que memorizou antes, reconheceu muitas plantas que poderiam ser colhidas. Porém, como era um livro de iniciantes, só conseguia reconhecer plantas que valiam algumas moedas de bronze. Nada digno de fazê-lo parar para colher.

    Apesar disso, pôde dizer que havia uma diferença em ambas as regiões graças a esses conhecimentos.

    Meia hora depois, eles estavam no entorno da região marcada no mapa.

    “É por aqui…” Simon disse, olhando em volta.

    Todos olharam no entorno, em busca de algum local que indicasse ser uma mina. Nesse momento, os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, o que os ajudou a investigar o lugar.

    “Talvez seja aquilo?” Lina disse, apontando para um barranco pouco visível. 

    Ao investigarem o barranco, perceberam que ele descia em um declive de três metros, abaixo havia um buraco incrustado diretamente na rocha da montanha. Devido à vegetação, era difícil encontrar este lugar à primeira vista.

    O grupo rapidamente desceu, checando a entrada, mal cabia duas pessoas lado a lado.

    “Nós viemos tão longe por causa desse buraco numa pedra?” Emily disse, num tom de desgosto.

    “Pode parecer idiota, mas é de minas como essas que a maioria das Guarnições custeia suas operações.” Remir falou, mostrando que sabia um pouco a respeito.

    “O que? Como algo assim poderia custear toda uma guarnição?” Emily perguntou num tom de suspeita.

    “Eu soube que uma mina de bronze rende pelo menos 5.000 moedas de prata todos os meses.” Remir falou, ao se recordar dos boatos que ouviu.

    “Bem pessoal, acho que precisamos investigar la dentro… E se por acaso, tipo, sem querer, encontrarmos algo valioso, todo mundo de bico fechado, ok?” Emily falou, se preparando para entrar, mas foi impedida por Fernando.

    “O que? Me deixa ser rica!”

    Fernando balançou a cabeça.

    “Eu e Simon vamos dar uma olhada, o restante de vocês formem um perímetro, se algum inimigo aparecer, me chamem! Theodora, você cuida das coisas aqui fora.”

    “Entendido, líder.” Theodora respondeu.

    Sem hesitar, Fernando entrou na mina. Apesar de caber duas pessoas lado a lado, ele e Simon entraram um por vez. Era importante ter espaço para se movimentar caso encontrassem algo perigoso.

    Olhando em volta, as paredes pareciam ser feitas de pedra sólida, a altura do teto era apenas um pouco maior que a de um homem adulto. Apenas poucos segundos depois de entrar, Fernando parou e, ao se abaixar, notou um minério incrustado no chão.

    “É cobre bruto.” Simon disse.

    Fernando assentiu, então sem pensar muito, guardou em sua Pulseira de Armazenamento. Viktor não disse nada sobre eles não poderem guardar algumas coisas para si.

    Ao longo do caminho, recolheu mais alguns fragmentos de cobre, mas logo desistiu. Seria necessário recolher centenas desses fragmentos para equivaler a uma única moeda de prata. Sentiu que não valia o esforço, ainda mais quando um inimigo poderia atacar a qualquer momento.

    Após caminhar por cerca de cinco minutos, o caminho parecia se tornar cada vez mais largo, onde antes cabiam duas pessoas lado a lado, agora cabiam pelo menos três.

    Conforme avançaram, a luminosidade diminuiu para praticamente zero. Mesmo com a Visão Escura ativa, era difícil de enxergar.

    “Zazaziza.”

    Um barulho começou a soar nas profundidades da mina. Fernando e Simon rapidamente pararam seus passos.

    Ambos se entreolharam, sem saber o que era a causa do som. Só restava adentrar mais fundo, eles precisavam saber se a mina era segura, afinal, se inimigos externos atacassem, seria complicado se abrigar se houvesse perigos desconhecidos.

    Conforme avançavam, o som ficava mais alto.

    “Zazazizazi!”

    Após dois minutos, a mina que se alargava conforme se aprofundaram, tinha uma altura de mais de três metros do teto ao chão e cabia cerca de cinco pessoas lado a lado. 

    De repente, ambos pararam seus passos, a frente o ‘corredor’ sumiu e um longo espaço aberto surgiu.

    Fernando se abaixou e indicou que Simon fizesse o mesmo.

    Se arrastando pelo chão, puderam ouvir o som ficando cada vez mais alto. Foi então, que quando chegaram à borda final do corredor, viram uma figura sinistra pairando no centro da caverna ampla. 

    Por incrível que pareça, a criatura estava flutuando a um metro do chão. Ela era como uma bola verde, com diversos tentáculos em seu corpo. O mais bizarro era o enorme olho que cobria mais da metade da parte superior de seu corpo, o olho mexia-se ocasionalmente e a grande boca que ficava logo abaixo, parecia murmurar algo incompreensível. Olhando mais de perto, Fernando viu que os tentáculos também eram estranhos, haviam pequenos olhos na ponta de cada um!

    Só de ver aquela coisa, o enojava e causava calafrios em seu corpo.

    “Aquilo… É um Beholder!” Simon cochichou, com um olhar espantado.

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