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    O homem loiro fez uma expressão indignada ao ouvir isso.

    “Como assim você nunca ouviu falar de mim? Ilgner, o bravo, alguns também me chama de o Titã Louco!” O homem disse, batendo no peito. Seu cabelo loiro encaracolado balançou conforme se movimentava e gesticulava. 

    Fernando ficou impressionado, se não fosse o nariz gigante em seu rosto ele poderia ter sido facilmente um modelo ou artista famoso na Terra.

    “Nada disso me interessa. O que você quer vindo até aqui?”

    O homem loiro parou de falar de si mesmo ao ouvir isso.

    “Bem, que seja então. Na verdade, estou nesse lugar desde antes de vocês chegarem.” Ilgner falou, com uma expressão casual.

    Apesar da fala calma do mesmo, todos ficaram surpresos com isso. Principalmente Theodora e Fernando, afinal ela havia saído para investigar os arredores e não encontrou rastros ou indicações de pessoas no entorno.

    Fernando confiava muito nas habilidades de Theodora, então essa informação foi um choque muito grande.

    Esse cara… Se o que diz for verdade, então qual a força dele? 

    Para conseguir se ocultar de uma Medusa que carrega o sangue de Elfos Negros, o individuo deveria ser muito habilidoso. Pensando até ai, ficou cauteloso com o sujeito.

    “Então, quais suas intenções?” Fernando perguntou com uma expressão fria. Theodora e os outros entenderam a intenção dele e se colocaram a postos.

    O homem loiro olhou em volta, mas sua expressão confiante nunca sumiu do rosto.

    “Hehe, Ilgner, o bravo, sempre deixa as pessoas cautelosas, não vou culpá-los. Minha presença é realmente poderosa! Mas não se preocupem, não tenho intenções de prejudicá-los.”

    Fernando ouviu isso, mas manteve-se em silêncio, aguardando que o mesmo dissesse suas intenções.

    “Muito bem, vou falar do porquê eu estava aqui e porque vim falar com vocês.” A expressão do homem loiro mudou ao dizer isso.

    “Há meses venho rastreando os movimentos de uma certa Guilda, alguns dias atrás descobri que eles estavam planejando uma operação em larga escala. Depois de capturar alguns deles descobri onde seria e seu objetivo.” Ilgner explicou num tom calmo.

    Fernando manteve uma expressão séria, ele não fazia ideia do que era uma ‘Guilda’, mas vendo a forma com que o sujeito falava, parecia ser um grupo de pessoas. Ao parar para pensar, lembrou-se que Kalfas havia mencionado algo do tipo.

    Se não me engano, Guilda são grupos de pessoas, quase como organizações independentes das Legiões… pensou consigo mesmo, tentando se lembrar de tudo que ouviu a respeito.

    “Então, qual o objetivo deles?”

    “Heh, não é óbvio? Esse lugar.” Ilgner falou, apontando para a mina atrás de Fernando e dos outros.

    “Só vim aqui dizer para que vocês saiam desse lugar, seria uma pena ver um grupo de garotos como vocês sendo mortos.”

    Ouvindo isso, Fernando franziu a testa.

    “Presumindo que o que você diz é verdade, por que você estaria rastreando essas pessoas?”

    Ao ouvir isso, o homem loiro, pela primeira vez, fez uma expressão de desgosto.

    “Essa Guida se chama Guilda Massacre, são basicamente mercenários malditos. Seu nome não é apenas enfeite, eles costumam massacrar qualquer um que fique no caminho de sua missão. Na verdade… Eles matam até mesmo por diversão e prazer.” Ilgner tinha uma expressão escura ao dizer até aí.

    “Eu também já fui membro de uma Guilda, uma pequena Guilda chamada Guarda-Chuvas, nome engraçado, né? Foi nossa líder quem pensou nele, pois acolhiamos os rejeitados pelas Legiões… Éramos como o guarda-chuva, protegendo as pessoas que não tinham para onde ir das intempéries desse mundo sujo.”

    Fernando tinha uma expressão complicada ao ouvir até ai, ainda não havia ouvido o fim da história, mas já imaginava o final.

    “Tinhamos pouco mais de cinquenta pessoas na Guilda Guarda-Chuvas. Fomos contratados por fazendeiros locais de uma cidade mais ao Sul, o objetivo era simplesmente proteger e afastar bandidos que roubavam e saqueavam a região. No fim, eles chegaram, a Guilda Massacre. Todas as outras guildas contratadas fugiram ao saberem quem estava atacando, apenas nós ficamos. Fizemos o possível para evacuar os moradores, mas no fim, sucumbimos aos seus números.” O homem loiro tinha uma expressão de tristeza.

    “A líder sacrificou-se para garantir um caminho de fuga para alguns de nós, no final apenas eu e mais dez sobrevivemos. Ironicamente todos eles abandonaram a guilda após esse incidente…” Ilgner riu consigo mesmo ao dizer a última parte, uma risada cheia de tristeza.

    “Você perguntou o motivo de eu rastreá-los, e é esse. Eu caço e mato esses malditos sempre que posso. Mas não pense que sou louco, só ataco quando vejo uma oportunidade, hahaha.”

    Fernando franziu a testa ao ouvir tudo isso. Não sabia se o que o homem loiro disse era verdade ou não, mas se fosse, significava que eles estavam encrencados.

    “Quais os números deles e sua força geral?” perguntou num tom calmo.

    Ilgner ficou surpreso ao ouvir isso.

    “Ei garoto, eu abri meu coração aqui e contei minha história, tudo para convencê-los a ir embora. Vocês não estão pensando em enfrentá-los, certo?”

    Fernando não respondeu, mas manteve-se com um rosto inexpressivo. Olhando para os membros do seu esquadrão, vendo alguns com rosto ansiosos e outros hesitantes, sabia que ninguém queria lutar. Apesar disso, todos sabiam que não havia escolha, se não fizessem isso, o Esquadrão Zero não teria lugar para voltar. Mesmo Gallia não poderia protegê-los se falharem nessa missão.

    Vendo o rosto sereno do jovem à sua frente, Ilgner franziu a testa.

    “Vocês realmente pretendem morrer aqui? Apenas para enriquecer sua legião?? Acham que vale a pena? Que vão ser recompensados? Vocês são idiotas!” disse com desprezo.

    “Não é como se tivéssemos escolha… Apenas diga seus números e força geral.” Fernando insistiu.

    Viktor Yudin havia sido claro quanto a essa missão, eles não podiam falhar. Além disso, se recuassem agora, o Esquadrão Lazuli seria pego de surpresa e talvez até exterminados.

    Vendo que o garoto à sua frente não planejava recuar, Ilgner suspirou consigo mesmo.

    “Ouça, eles enviaram um Pelotão completo, ou seja, cem pessoas. Você disse que era um Cabo, certo? Eles têm cinco Esquadrões, então tem pelo menos cinco pessoas com força igual a sua. Além disso, existem dois caras do nível Subtenente liderando essas tropas.”

    Ao ouvir isso, todos ficaram boquiabertos. O inimigo tinha mais de cinco vezes seus numeros e ainda haviam dois Subtenentes. Parecia irreal enfrentá-los.

    Ao contrário dos outros, Fernando tinha outras coisas em mente.

    Então Guildas usam um sistema militar parecido com o das Legiões…

    “Ei garoto, você esta me escutando?” Ilgner perguntou, vendo que o rapaz mantinha-se calmo.

    Fernando olhou nos olhos do homem loiro com cabelos encaracolados e rabo de cavalo. Nesse ponto, ele já não era o garoto tímido e ingênuo que havia sido no passado e sabia julgar as pessoas. 

    Do seu ponto de vista, o homem chamado Ilgner estava dizendo a verdade. Não só seu julgamento pessoal apontava para isso, até mesmo seguindo um raciocínio lógico chegou a essa conclusão. Não havia benefício em se mostrar e se colocar em risco apenas para enganá-los e fazê-los partir, afinal seria fácil descobrir a verdade. 

    Por seus instintos o sujeito queria realmente ajudá-los e isso o surpreendeu até certo ponto. Não só isso, ele até sentiu um pouco de pena pela guilda da qual o mesmo veio. A ideia de proteger os fracos era realmente linda, mas se não havia força para sustentá-la, era apenas um sonho vazio. Mesmo tendo apenas dezoito anos, Fernando sabia bem disso.

    Pessoas como esse cara, devem ser raras nesse mundo… pensou, lamentando-se consigo mesmo.

    “Você disse que a Guilda Massacre são como mercenários, então eles foram contratados por alguém para tomar o controle dessa mina. Você sabe quem é o contratante?” perguntou, sentindo que seria bom saber quem estava por trás dos inimigos.

    “E de que adianta saber isso? Vocês não estão me ouvindo? Vão todos morrer se ficarem! Eu Ilgner perdi meu tempo vindo até aqui.” o homem loiro disse, se preparando para ir embora.

    Nesse momento, uma espada verde entrou em seu caminho.

    “O líder não disse que você poderia partir.” Theodora falou, apontando sua espada Céleres para o mesmo.

    “Hahaha, se eu Ilgner quiser partir, ninguém pode me impedir!” Após dizer isso, os olhos do homem brilharam num tom incomum de vermelho.

    Vendo isso, a expressão de Fernando mudou. Não sabia o que era aquilo, mas sentiu uma pressão pesada.

    O homem loiro levantou a mão, correndo como um trovão em direção a Theodora, visando socar seu estômago.

    Todos foram pegos desprevenidos por aquilo, aquela velocidade era simplesmente absurda!

    Os olhos de Theodora tinham uma pitada de medo e pânico, mas só durou um instante. Como uma Medusa, ela ja havia sido emboscada muitas vezes, então sua experiência entrou em ação.

    Jogando o torso para trás, ela desviou do soco do homem, então girou a base de seu corpo, visando acertar uma joelhada em seu rosto. Mas para sua surpresa, o sujeito parecia ter previsto isso e segurou sua perna. Não desistindo, ela socou com sua mão direita numa velocidade absurda, mas o homem reagiu tão rápido quanto.

    Como?? Ela pensou consigo mesma, depois de melhorar seus atributos e se equipar com itens com runas, sua Agilidade já era de 15 pontos, mas esse homem a sua frente não parecia nenhum um pouco mais lento!

    Ilgner empurrou a perna de Theodora e se preparou para acertar seu estômago.

    Boom!

    Ele ouviu um som estrondoso à sua esquerda, então alguém agarrou seu braço com força. Ao olhar para o lado, viu o jovem Cabo, deixando-o surpreso. O que o surpreendeu não foi o fato dele ter segurado seu braço, mas que não conseguia puxá-lo de volta!

    Fernando também estava chocado, quando viu o brilho vermelho nos olhos do homem, sabia que ele não era normal. Atualmente ele estava com seu Anel Domus ativado, elevando seu Físico para o nível 15, mas mal conseguia contê-lo. Não só isso, sentiu que o sujeito estava pegando leve.

    Se ele quisesse ferir Theodora poderia ter feito… A força que usou naquele soco foi muito menor do que agora.

    Ilgner também estava confuso, ele já havia se surpreendido com a garota de antes, mas o jovem pálido segurando seu braço parecia ser ainda mais formidável.

    Essa não é a força que um mero Cabo deveria ter… Quem são essas pessoas?

    Enquanto ambos se encaravam, Fernando afrouxou o aperto e o libertou.

    “Você disse que eles são seus inimigos, então eu tenho uma proposta.” O jovem Cabo falou, com um leve sorriso.

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