Capítulo 173 - Brutalidade
O coração de Fernando se apertou ao ouvir o chamado de ajuda.
“O que houve?!” perguntou em direção ao Cubo.
“Hannah e Cintia, elas foram acertadas! As flechas curvaram no ar, tem algum arqueiro que usa magia!” Emily gritou.
Devido a posição íngreme do desfiladeiro e proteção das rochas, nenhuma flecha conseguia acertá-los daquela posição. Porém, contrariando as expectativas, um deles usou algum tipo de magia para conseguir mudar a direção das flechas.
Ao olhar para para baixo rapidamente, Fernando viu um arqueiro em especial usando um grande arco. O homem pegou três flechas e colocou no arco, ao atirar, um brilho verde-azulado foi emitido. As flechas curvaram ao chegar no topo, quase atingindo o grupo novamente.
“Isso é magia de vento, ele está manipulando o ar.” Brakas disse ao seu lado.
Vendo que o homem planejava atirar de novo, Fernando viu que não havia mais tempo.
“Brakas, eu vou descer, quero que me dê cobertura!”
Ouvindo o comando de seu mestre, Brakas concordou.
“Não é um problema, trocar ataques com esses humanos fracos não é grande coisa.” Nesse ponto, os tentáculos que foram cortados por Fernando já haviam se recuperado.
“Mas mestre, mesmo você vai acabar sendo morto se descer de forma descuidada.” Após lutar com Fernando anteriormente, Brakas sabia que ele era alguém focado em magias de ataque. Alguém com esse perfil não teria muitas opções num campo de batalha cheio de inimigos.
“Apenas faça o que eu digo. Eu cuido do resto.”
Ouvindo isso, o Beholder ficou em silêncio. Porém, sua mente estava preocupada, se o humano morresse, ele seria afetado pela quebra forçada do contrato.
Suor frio escorria das costas de Fernando, assim que saltasse seria o foco de todos os inimigos abaixo. Só de pensar nisso seu corpo tremia, apesar disso rangeu os dentes. Se não fizesse algo, o Esquadrão Zero seria exterminado.
“Hah!” Sem pensar em mais nada, Fernando pulou sob a proteção de rochas.
Shaaa!
Enquanto deslizava pelas rochas e terra, dezenas de olhares se focaram nele.
“Um deles pulou! Atirem nele!”
Assim que ouviu os gritos dos soldados, tirou sua espada Lumeris e apontou na direção em que havia mais inimigos.
Imediatamente três Lanças de Fogo surgiram acima de sua cabeça, sem pensar duas vezes as jogou para baixo.
“Cuidado!” Um dos Cabos gritou alarmado.
BOOM! BOOOM! BOOM!
Três explosões soaram, atingindo três locais diferentes do campo de batalha, matando alguns dos oponentes.
Depois disso, Fernando caiu rolando no chão. Mal teve tempo de levantar e dois soldados vieram correndo em sua direção.
Sem pensar muito ativou seu Anel Domus, incrementando todos os seus atributos para o nivel 15. Então avançou, trocando sua espada Lumeris para Formek, cortou em direção ao primeiro inimigo.
Ting! Ploft!
Um dos soldados sequer conseguiu ver o que estava acontecendo, ao olhar para o lado viu seu companheiro correndo com a cabeça decapitada. Mal havia dado alguns passos, antes que seu corpo se desvanecesse sem forças.
“O que?!” Seus olhos se encheram de terror com aquela cena, então viu o jovem pálido com armadura negra olhar em sua direção. Seus olhos frios fizeram sua espinha congelar.
“Monstro maldito!” O homem jogou sua lança em direção ao rapaz e correu na direção oposta, estava claro que não havia como lutar de frente.
Baque! Perfura!
Enquanto corria, algo o atingiu fortemente nas costas. Sem saber o que estava acontecendo, viu seu corpo sendo levantado no ar. Olhando para baixo, viu uma espada negra atravessando seu peito. Ele se debateu por uns instantes, mas logo seus olhos escureceram.
Fernando havia usado seus Passos Tirânicos e alcançado o homem, então fincou sua espada Formek nele.
Swish! Swish!
Uma chuva de flechas voou na sua direção. Rapidamente arrancou Formek do corpo sem vida do homem e o levantou com uma das mãos.
Perfura! Perfura! Perfura!
Os arqueiros ficaram horrorizados ao verem aquela cena, o jovem estava usando o corpo de um de seus companheiros como escudo humano.
“Matem aquele maldito!”
Mais de dez soldados avançaram, os arqueiros mesmo espantados não pararam de atirar.
Nesse momento Fernando franziu a testa, o corpo cheio de flechas que segurava acima da cabeça encharcou seu rosto de sangue. A sua brutalidade espantou a si próprio, ele havia agido quase que instintivamente, sem pensar muito nas suas ações, só agora, vendo todo aquele sangue caindo em seu rosto que se deu conta.
Não é hora para pensar nisso! Mordendo os lábios, ignorou qualquer coisa que sentia, pois sabia que aquelas não eram pessoas boas, não havia motivos para se sentir mal.
Jogando o corpo morto em direção aos inimigos que chegavam, ativou seus Passos Tirânicos, aparecendo próximo a um dos arqueiros.
Swish!
O arqueiro que estava focando em atirar no local em que Emily e os outros estavam sentiu uma dor aguda na garganta. Ao colocar as mãos, sentiu o sangue quente fluindo.
Fernando não parou por muito tempo, assim que matou o arqueiro, as flechas caíram como chuva. Ele não podia ficar parado, ou seria morto.
“Esse maldito é usuário de Habilidades! Cerquem ele, não deixem ele se mover livremente!” O Cabo gritou.
Um dos quatro magos lançou magias de gelo no chão, fazendo o caminho ficar liso e escorregadio.
Ao ver isso, Fernando em pleno movimento desviou e parou abruptamente. Parar seus Passos Tirãnicos dessa forma trouxe uma grande carga ao seu corpo. Mas se continuasse, perderia o controle devido ao chão escorregadio.
Os soldados pouco a pouco começaram a cercá-lo, mesmo pegando um escudo de sua Pulseira de Armazenamento para se proteger, ele começou a se sentir sufocado.
Bang! Boom! Buzzt!
Várias magias começaram a acertar os arqueiros.
Ao ver isso, Fernando suspirou aliviado, Brakas finalmente havia começado a fazer sua parte.
O Beholder no topo estava sem palavras com a força de seu mestre. Quando ambos lutaram, o humano não havia usado aquela velocidade.
Se ele tivesse usado aquela habilidade, ele não teria me matado num instante? Só de pensar nisso, Brakas ficou cheio de medo, então dobrou os ataques.
Fernando finalmente pôde tomar algumas lufadas de ar com o segundos que Brakas havia ganho para ele. Olhando para o desfiladeiro que Emily e os outros estavam, seus olhos se arregalaram, os soldados que escalavam daquele lado já haviam alcançado o topo.
Ele apertou o punho com força, torcendo para que as garotas conseguissem usar seus atributos superiores para sobreviver.
Do lado de Tom e Louisa, os arqueiros não davam trégua, já que muitos ataques fortes haviam vindo dali. Apesar de não correrem risco, também não conseguiam ajudar.
Ting! Bang!
No lado esquerdo, Theodora e seu time haviam se chocado com os mais de 25 soldados. A luta era de quase três para um.
“Olha isso! Tem até duas mulheres! Vamos colocá-las junto com as outras escravas!” Um dos soldados gargalhou. Olhando em direção a Theodora e Karol.
“Matem!” O Cabo com a lança gritou. Os homens avançaram como lunáticos.
Theodora levantou a mão, então Noah, Ugo, Ronald e Lance tomaram a frente do grupo, se chocando com os soldados.
Baque! Bang!
O choque feroz fez vários soldados serem arremessados para o alto. Ugo e Noah em particular pareciam dois tanks, amassando tudo pela frente.
“O-o que está acontecendo?” O Cabo exclamou perplexo, em sua visão eles estavam em maior número e ganhariam facilmente. Porém, vendo a força avassaladora dos inimigos, seus olhos se arregalaram, cada inimigo era tão forte quanto ele próprio!
“Foquem nesses quatro! Eles devem ser o trunfo deles!” Tomando a frente, ele varreu com sua lança em direção a Noah que estava afastando dois outros soldados.
Ting!
Uma lança entrou no caminho, impedindo seu ataque.
“Q-quem?!” Ao olhar para o lado, viu uma garota empunhando uma lança. Seu rosto se contorceu ao perceber que uma simples mulher havia parado seu ataque.
“Morra mulher!”
Karol viu o homem a frente apunhalando sua lança em direção ao seu torço, mas sem dificuldades desviou para o lado e contra atacou, deixando o sujeito estupefato.
Ambos trocaram golpes sem parar, numa luta de lanças o menor dos deslizes significava o fim. Pensando nisso o Cabo começou a suar frio, a mulher era tão forte quanto ele e sua habilidade de esquiva era surpreendente.
Outros soldados viram a situação e vieram ao seu socorro.
“Eu acho que não! Quão covardes vocês são, tentando vencer uma dama com números!” Archie disse, entrando na frente dos soldados.
Swish!
Do outro lado, Theodora era como um peixe no mar, com cada balanço cortaria um soldado.
“Líder, socorro! Essa mulher é…”
Perfura!
O soldado que corria teve sua garganta cortada. Theodora parecia uma sombra, se movendo entre as lutas e matando os inimigos distraídos.
“Sub-Líder, pare de matar meus oponentes! Eu quero me testar!” Leo reclamou.
Enquanto Karol, Noah, Ugo, Lance e Ronald seguravam o Cabo e as tropas da frente, Theodora, Remir, Archie, Leo e Simon avançavam pelas laterais, diminuindo o número de inimigos um a um.
Vendo seus homens sendo mortos aos poucos, o Cabo com a lança começou a suar frio. Nesse ponto ele sabia que a diferença de forças era grande demais,cada um dos inimigos era do nivel de um Cabo de nivel médio ou até superior.
“Recuem! Recuem!”
Karol que enfrentava o Cabo apertou as sobrancelhas com força. Ela havia ouvido Emily pedir por ajuda antes na comunicação.
Fernando deve ter ido ajudá-las… Não podemos deixar esses caras fugirem, se não ele ficará cercado! Com esse pensamento em mente, ela se decidiu. Antes estava focada na defesa já que seu inimigo era forte, mas agora mudou de ideia.
Zim!
Girando sua lança com ambas as mãos, Karol empurrou-a para frente. Com a torção, a lança deslizou sob a lança de seu oponente. Essa era uma técnica que um dos instrutores de Gallia havia ensinado-lhe.
O Cabo inimigo arregalou os olhos ao ver isso, em meio a loucura e medo ele também forçou seu ataque.
Perfura!
Perfura!
Ambos perfuraram suas lanças um no outro. O rosto de Karol estava pálido.
“Karol!” Ronald gritou em pânico.
“Você… Sua maldita.” As palavras mal saiam de sua boca, com a mão esquerda, o Cabo segurou a lança que estava cravada em seu peito cheio de descrença.
Do outro lado, a lança do Cabo acertou firmemente o ombro de Karol. Ela mordeu os lábios com a dor, mas manteve-se firme, olhando nos olhos do homem à sua frente.
O Cabo continuou a olhando, tentando proferir algumas palavras, no fim seus olhos tremeram e ficaram sem vida.
As lágrimas escorreram dos olhos de Karol, não devido a dor, mas por saber que novamente havia tirado uma vida.
“Ah!” Com um grito frustrado, ela puxou a lança com força.
Por favor, não morra, Fernando!
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