Capítulo 179 - Um lugar para chamar de casa
Segurando a Pulseira de Armazenamento que continha as outras 100 pulseiras dentro, Fernando se sentiu ansioso.
Primeiro focou sua mente dentro, então passou de uma em uma retirando as moedas. O montante que cada uma continha o impressionou. Até mesmo os soldados rasos tinham cerca de 100 a 250 moedas de prata, isso era muito mais do que os homens de Bob William´s tinham.
Ao pensar com cuidado, Fernando logo entendeu. Com os saques constantes, assassinatos e roubos, esses homens obviamente conseguiriam mais do que um soldado que trabalhava fazendo missões e com salário fixo.
Pensando sobre todo o sangue derramado para obter essas moedas de prata e bronze, se sentiu mal. Ele finalmente entendeu o significado do termo “dinheiro sujo”. Porém, apesar de se sentir assim, sabia que não poderia se dar ao luxo de abrir mão desse montante.
No total, as Pulseiras de Armazenamentos dos soldados e Cabos tinham uma incrível soma de 18.830 moedas de prata. Somente o dinheiro das tropas rasas já era superior ao que obteve antes de Bob William´s e suas tropas.
Ao pegar as duas últimas pulseiras ficou hesitante, eram as dos dois Subtenentes mortos. Depois de pensar um pouco, checou seu conteúdo. Ao analisá-lo, se surpreendeu, numa havia 4.720 e na outra 8.150 moedas de prata.
Era um valor muito maior do que o de Subtenentes comuns, mas ainda não se equiparava ao que encontrou na pulseira de Bob William´s. Isso fez Fernando se questionar sobre quão perversas as ações desse sujeito foram, para conseguir mais dinheiro do que esse bando de ladrões e assassinos.
Somando todo o dinheiro, haviam 31.700 moedas. E isso não era tudo, além do dinheiro haviam poções, equipamentos, livros e uma série de coisas que ele não fazia ideia do que eram. Mas uma coisa tinha certeza, diferente de antes, agora poderiam vender os equipamentos saqueados. Afinal, a Guilda Massacre havia abertamente tentado tomar uma mina no território de Vento Amarelo, não havia porque esconder esses acontecimentos.
Checando sua própria Pulseira, viu que ainda restavam 7.390 moedas, somando ao que obteve agora suas finanças chegaram a incríveis 39.090 moedas.
Tanto dinheiro… Fernando ficou sem palavras, sem saber sequer como gastar tudo isso. Afinal, todos os membros do Esquadrão Zero já haviam atingido o limite de melhorias com as Poções Incrementadoras Fauser.
Balançando a cabeça, resolveu deixar o assunto de lado, ele decidiria quando retornassem a cidade.
O esquadrão começou a retornar à base da montanha, na localização da mina de cobre. Os 15 prisioneiros e 35 civis resgatados seguiram junto.
Observando os soldados da Guilda Massacre, com suas mãos amarradas por correntes, alguns ocasionalmente lançavam olhares para os membros do Esquadrão Zero. Seus olhos cruéis e sinistros deixavam claro o que estavam pensando.
Fernando franziu a testa ao ver isso, pensando o que aconteceria se fosse eles a perder a batalha. Só de lembrar do que eles fizeram com a vila, sabia que seu destino e dos outros seria trágico.
Nesse momento, uma ideia bizarra veio à sua mente.
E se eu testar aquilo com eles? Esses homens são uma escória de assassinos, não tem porque eu me conter.
Depois de decidir, foi em direção aos prisioneiros. Vendo seu líder fazendo isso, os membros do Esquadrão Zero pararam e observaram, curiosos sobre o que estava tentando fazer.
Logo todo o comboio de pessoas parou também, todos observando o jovem Cabo.
Os homens da Guilda Massacre, apesar de serem prisioneiros, tinham olhares arrogantes.
“Você, você, você, você e você, venham comigo.” Fernando disse, escolhendo cinco dos homens, eram todos os que tinham mostrado as expressões que mais o enojou.
“Q-que? O que você quer?” Um dos homens questionou.
Bam!
Leo socou o homem na cabeça, fazendo-o cair de joelhos.
“Se dissermos para você fazer algo, você faz! Outra palavra ou reclamação e eu acabo com você!”
Depois de saber da morte de Hannah, Leo havia chorado em agonia e tristeza, mas logo a tristeza que tinha se tornou raiva, uma raiva focada nos sobreviventes da Guilda Massacre.
Se não fosse por Fernando dizer que precisava dessas pessoas vivas, ele já teria os matado, um por um.
Depois de serem ameaçados, os homens não ousaram questionar, então seguiram o jovem Cabo.
Vendo Fernando levar os homens para a floresta, Karol franziu a testa.
Depois de caminhar por algum tempo, Fernando parou, os cinco prisioneiros pararam logo atrás, se entreolhando.
“Por que nos trouxe até aqui? O que você quer?!” Um dos sujeitos perguntou, cheio de medo.
“Você vai nos matar? Somos prisioneiros de guerra, temos nossos direitos!” Um dos homens gritou.
Ao ouvir isso, Fernando se surpreendeu, mas logo um sorriso se formou em seu rosto, seguido por um riso seco e curto.
“Vocês mataram homens, mulheres e crianças inocentes, vocês acham mesmo que vermes como vocês merecem algum direito?”
Vendo o olhar frio e gelado do jovem pálido, os cinco homens tremeram. Antes eles presenciaram em primeira mão a crueldade e força absurda desse rapaz, o medo invadiu suas mentes.
“Por favor, não nos mate! Só fizemos conforme nos ordenaram, não temos culpa alguma!” Um dos homens disse, quase chorando.
“Sim, se formos contra as ordens da Guilda, seremos mortos, não há escolha.” Outro completou.
Fernando manteve uma expressão impassível, enquanto ouvia os sujeitos implorando.
“Então vocês matam, estupram e saqueiam porque foram ordenados?”
“S-sim… Isso mesmo, é como dizem, em Roma, faça como os romanos. Fazer isso não significa que querí-“
Boom!
“Gahh!”
Fernando socou o homem, não suportando mais ouvir tantas mentiras descabidas. Seu coração estava cheio de ódio só de pensar nas atrocidades que essas pessoas cometeram. Se pudesse, ele realmente queria matá-los de uma vez.
Ignorando os lamentos e súplicas dos sujeitos assustados, Fernando moveu o dedo que estava com o Anel de Aprisionamento. Logo uma criatura com um grande olho surgiu.
“B-beholder!!!” Um dos homens gritou em pânico.
Brakas que surgiu, olhou em volta. Vendo apenas Fernando e os cinco homens com correntes em meio a mata.
“Mestre, precisa de mim para algo?”
“Vou colocar esses vermes no Anel de Aprisionamento, cuide deles e garanta que estejam em bom estado.”
Ao ouvir que teria que compartilhar o espaço do anel com um bando de humanos imundos, Brakas se sentiu irritado, mas não ousava falar.
“Sim senhor.”
Apontando o dedo para Brakas e os cinco homens, todos foram sugados para o anel.
“Bem, agora como vou explicar isso…”
Fernando havia decidido usar os cinco homens para testar algumas coisas, mas não queria que outros soubessem disso. Então pensou em algo, logo retirou uma carcaça de uma besta morta e banhou suas mãos com sangue. Depois de fazer isso, voltou para junto dos demais.
Ao ver Fernando retornando sozinho, muitas pessoas tinham expressões variadas.
“Fernando, onde estão os prisioneiros?” Karol perguntou, com um rosto apreensivo.
Não só ela, mas as pessoas salvas também pareciam muito interessadas, principalmente Valéria.
Fernando não respondeu, mantendo um rosto inexpressivo. Então levantou as mãos, que pingavam com um sangue vermelho brilhante. Vendo aquilo, todos ficaram perplexos.
“Decidi que não precisamos de tantos prisioneiros.”
Depois de dizer isso, tirou uma toalha de sua pulseira e começou a limpar as mãos.
A expressão de Karol era de alguem que não acreditava no que havia acabado de ouvir. Fernando se sentiu mal em ter que mentir para ela, mas acreditava que era necessário.
Já o restante dos membros do Esquadrão Zero tinham um mix de emoções, alguns pareciam não se importar, outros como Léo pareciam satisfeitos, enquanto alguns ficaram assustados com as ações de seu líder.
Valéria e alguns dos sobreviventes do vilarejo ficaram contentes com isso, para eles, essas pessoas precisavam morrer e pagar por seus pecados.
Já os prisioneiros restantes, todos estavam horrorizados, cheios de medo.
Depois dessa interrupção, Fernando ordenou que continuassem. No percurso de volta à mina, nenhum dos membros da Guilda Massacre ousou sequer levantar a cabeça, muito menos lançar olhares ameaçadores como antes, temendo que o líder do grupo decidisse novamente que ‘não precisava de tantos prisioneiros’.
De volta a mina, todos finalmente relaxaram, eles haviam ido para uma batalha contra numerosos inimigos, mas retornaram triunfantes, a sensação de sobreviver mais um vez era gratificante.
Logo o Esquadrão Zero, com o auxílio dos civis, começou a montar um acampamento.
Sentado ao lado de uma árvore, Fernando fechou os olhos e descansou sua mente e corpo. Então, de repente falou.
“O que pretende fazer agora?”
Como se respondesse a sua pergunta, uma figura surgiu em meio a mata.
“Quem sabe? Finalmente consegui causar um dano significativo a eles, estou satisfeito.” A pessoa que respondeu foi Ilgner.
Abrindo os olhos, Fernando olhou para o homem loiro com nariz grande. Então jogou uma Pulseira de Armazenamento.
“O que é isso?” perguntou, confuso.
“Sua parte, você ajudou a vencer a Guilda Massacre, é justo que tenha uma parte dos ganhos.”
Ilgner ficou surpreso ao ouvir isso, mas caiu em meio a gargalhadas.
“Ilgner, o bravo, não precisa de esmolas, Cabo Fernando.” respondeu, jogando de volta a pulseira.
Fernando sorriu ao ver isso, então levantou-se, caminhando até o homem loiro.
“Então deixe-me oferecer algo melhor que algumas moedas de prata.”
Ilgner ficou confuso ao ouvir isso.
“E o que seria?”
Fernando olhou o sujeito nos olhos, com uma expressão firme, então estendeu a mão direita.
“Um lugar para chamar de casa.”
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