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    Sentando-se na cama, Fernando olhou para o lado, Karol estava dormindo profundamente. Ao lembrar dos momentos no chuveiro, seu coração disparou, numa mistura de nervosismo e empolgação.

    Ao levantar, caminhou até a janela, então a abriu. Ainda era meio da tarde, os membros do esquadrão, guardas e civis andavam para lá e pra cá, era uma visão animada. 

    Foi então que Fernando percebeu que tudo isso foi construído por ele e pelos outros, pensando nisso e ao observar Karol, enquanto dormia, decidiu-se.

    Eu tenho que ficar mais forte, só me tornando mais forte eu posso proteger todos.

    Enquanto divagava mentalmente, sentiu algo em sua Pulseira de Armazenamento. Era o Cubo Comunicador, havia uma mensagem.

    Autoridade: Cabo Fernando Nobrega, Décima Terceira Guarnição. Vento Amarelo.

    Mensagens recebidas: Nenhuma.

    Ordens QG: O Cabo Fernando Nobrega deve comparecer ao QG.

    Negociações: Nenhuma.

    Rede de mana: Operante.

    Vendo a mensagem, suspirou, finalmente era hora de entregar seu relatório da missão. Olhando para os civis que perambulavam pela área externa da mansão, sentiu uma dor de cabeça chegando.

    De certa forma, Argos não estava errado, ele havia recebido ordens e as ignorou. Além disso, ainda trouxe tantas pessoas de volta para a Décima Terceira. Além dos civis, ainda havia Ilgner, que por si já seria difícil de lidar.

    Balançando a cabeça resolveu deixar esses assuntos para quando chegasse ao QG, então começou a se aprontar.

    Alguns minutos depois, já equipado com sua Armadura Negra Kinfar, desceu as escadas. No sofá, Kelly estava sentada, lendo algo que parecia ser um livro.

    Ao notar Fernando, Kelly rapidamente levantou.

    “L-líder, pensei que você descansaria o restante do dia.”

    Fernando ficou um pouco surpreso, a garota geralmente evitava conversar com ele.

    “Estou indo fazer um relatório no QG, Kelly, traga Ilgner até aqui.”

    “Certo…”

    Por um momento, Fernando teve a impressão de que a menina parecia decepcionada, como se quisesse conversar. Momentos depois, Ilgner chegou.

    “Cabo Fernando, ou melhor, líder, você quer falar comigo?” Ilgner perguntou, de forma relaxada.

    “Vamos ao QG, vou fazer um relatório da missão e quero aproveitar para pedir à minha professora para me ajudar a colocá-la no Esquadrão Zero.”

    Ilgner franziu a testa ligeiramente, finalmente o momento havia chegado. Ele que sempre recusara se juntar a legiões ou guildas, iria entrar em uma.

    Algum tempo depois, Fernando e Ilgner estavam em frente ao escritório do QG. Suspirando consigo mesmo, entrou diretamente.

    “Você não parece muito confiante.” Ilgner zombou.

    Fernando deu de ombros para o comentário sarcástico.

    “Não se preocupe, eles não recusariam Ilgner, o bravo.” Ilgner disse, levando uma mão ao cabelo.

    “…”

    “Cabo Fernando, seja bem vindo. O Capitão Viktor Yudin e os Tenentes o aguardam.” A jovem recepcionista disse, num tom incomumente bajulador.

    Apenas assentindo com a cabeça, entrou diretamente. Como era uma missão dada pelo próprio Capitão da Guarnição, ele não precisava fazer o relatório na recepção.

    Assim que entrou na sala, três pares de olhos voltaram-se em sua direção. Eram Viktor Yudin, Gallia e Ismar. Olhando ao redor, uma figura familiar que sempre estava espreguiçada na cadeira não estava à vista.

    “Bem vindo de volta Fernando. Está procurando pelo Urso Fedido? Ele ainda não voltou.” Gallia falou, com um largo sorriso.

    “Estou de volta professora.” respondeu num tom calmo, mas contente.

    Ismar franziu a testa ao ver a mudança brusca de humor de Gallia, até poucos momentos atrás, ambos estavam discutindo assiduamente. Ao ver o jovem rapaz que era a causa da mudança, seu rosto ficou levemente vermelho de raiva, assim como seus cabelos ruivos.

    Já Viktor Yudin, tinha uma expressão calma, mas parecia relaxada, o oposto das últimas vezes que o viu.

    “Recebemos um relatório preliminar do Cabo Argos, ele alegou que a mina foi assegurada graças a você, Fernando.” Viktor disse, num tom calmo.

    “Humph! Como eu disse, aquele Argos quer apenas enaltecer o garoto!” Ismar disse, bufando.

    Gallia lançou um olhar frio em direção a Ismar, os ânimos entre os dois haviam chegado a níveis críticos.

    “Fernando, que tal dar seu relatório a respeito?” Gallia falou, ignorando as palavras do outro Tenente.

    “Antes disso, quem é esse cara? Eu nunca vi o rosto dele!” Ismar disse, apontando para Ilgner.

    Fernando franziu a testa, sabendo o que estava por vir.

    “Esse é Ilgner, eu o trouxe aqui para registrá-lo sob meu Esquadrão Zero. Ele é de fora de Vento Amarelo.”

    Quando as palavras “de fora de Vento Amarelo” foram ditas, um clima frio tomou conta do lugar.

    Ismar moveu levemente o pulso, então um par de bolinhas metálicas apareceu, sem hesitar jogou em direção ao rosto de Ilgner. Mesmo sendo apenas arremessados com a mão, a velocidade absurda fazia parecer projéteis.

    Fernando mal conseguiu reagir com seu Disparo Neural, mas era impossível defender o ataque que ia em direção a Ilgner.

    Pa! Pa!

    Com um rosto calmo e sorridente, Ilgner apanhou as esferas metálicas com a mão direita. Então as jogou para cima e para baixo, como se fossem simples bolinhas de gude. Todos ficaram surpresos com isso.

    “Eu sabia, o garoto é um traidor! Ele trouxe um espião de fora!” Ismar gritou, apontando para Fernando e Ilgner.

    “Só porque não deixou seu ataque covarde acertá-lo, ele é um espião, Tenente Ismar?” Fernando falou num tom frio, seus olhos gelados mostravam que se pudesse, o atacaria ali mesmo. Ilgner agora era um dos seus subordinados e Ismar havia o atacado bem na sua frente, isso era inaceitável para ele.

    Vendo os ânimos esquentando, Viktor franziu a testa.

    “Cabo Fernando, não esqueça sua posição.”

    Ouvindo o aviso de Viktor, Fernando franziu a testa. Por mais que odiasse o sujeito, ele era um mero Cabo, enquanto Ismar era um Tenente. Se fosse além disso, as consequências não seriam boas.

    “Meu aluno não pode fazer nada, mas eu posso. Esse é o último aviso Ismar.” Gallia falou, seu tom e olhos gelados mostravam que ela não estava brincando.

    Ismar tremeu levemente, Gallia era uma poderosa maga, se a irritasse demais, seria difícil até para Viktor ajudá-lo.

    “Garoto, comece explicando quem é o sujeito com você. Com a força dele, não pode ser alguém simples. É melhor suas palavras fazerem sentido.”

    Gallia franziu a testa, mesmo ela não conseguia dizer algo contra Viktor. 

    Fernando respirou fundo, então sentou-se. Calmamente contou sobre o que aconteceu na mina, sobre a Guilda Massacre, os prisioneiros, sobre o civis e sobre Ilgner, como ele havia sido um aliado fundamental na vitória.

    “Você está dizendo que eliminou um Pelotão inteiro com dois Subtenentes? Você acha que somos palhaços ou que, moleque?!” Ismar exclamou.

    Com um rosto calmo, Fernando moveu o pulso, então vários corpos apareceram ao redor deles, enchendo o pequeno salão. Como ainda estavam preservados, o cheiro de sangue parecia fresco.

    “V-você! Como ousa trazer esse imundice para o QG!”

    Ignorando as palavras do Tenente Ismar, Fernando levantou-se, arrastando um dos corpos, puxou a armadura, mostrando o brasão incrustado, a figura de uma espada atravessando um homem. Aquele era o brasão da Guilda Massacre.

    Viktor levantou-se, olhando mais de perto, então voltou a sentar.

    “De fato, é o brasão da Guilda Massacre. Ainda é difícil de acreditar, então vou mandar meus homens buscar seus prisioneiros e confirmar. Mas por hora vou considerar que sua história é verdadeira. Se você realmente conseguiu defender a mina de tal quantidade de tropas, então suas conquistas são surpreendentes, garoto.”

    “O mais importante aqui é, por que a Primeira Guarnição das Lâminas do Norte contratou a Guilda Massacre para tomar uma de nossas minas? O que eles têm a ganhar com isso?” Gallia falou.

    “Isso é, supondo que o que o pivete disse é verdade.” Ismar disse.

    Meia hora depois, um dos homens de Viktor entrou na sala, disse algo em seu ouvido, então saiu.

    “Meus homens terminaram o interrogatório, o que o Cabo alegou é verdade e já foi comprovado.”

    As palavras de Viktor fizeram Ismar congelar no lugar, enquanto Gallia suspirou aliviada, até ela achava difícil de acreditar.

    Fernando levantou um leve sorriso de deboche, enquanto encarava o Tenente com as pernas cruzadas e o braço apoiado na poltrona.

    Esse merdinha, ele realmente fez isso? Com os métodos de tortura dos homens do Capítão, é impossivel forjar mentiras.

    “Bem, você cumpriu com seu dever, não só garantiu a mina, como a defendeu. Como não podemos mandar Subtenentes para fora da cidade devido a certas circunstâncias, seria difícil reaver a mina se fosse tomada. Você fez um bom trabalho Cabo Fernando.” Viktor disse, num tom solene, mas acompanhado de um sorriso de satisfação.

    Fernando ficou surpreso, era um caso raro Viktor elogiá-lo tão abertamente desde o incidente com a prisão.

    “Eu irei decidir qual será sua recompensa em breve. Por hora você pode ir.” Viktor disse, apontando para a saída.

    Fernando franziu a testa ao ouvir isso, afinal eles não discutiram muitas coisas importantes.

    “E quanto a Ilgner?”

    Viktor o olhou seriamente, então abanou com a mão.

    “Você pode recrutá-lo, eu permito.”

    Ouvindo isso, Fernando levantou um leve sorriso de satisfação, mas então lembrou-se de outro assunto importante.

    “Err…”

    Vendo que Fernando ainda não pretendia sair, a expressão de Viktor começou a mudar.

    “Em relação aos civis, qual o destino deles?”

    “Hah, qual o destino deles? Você acha que nossa guarnição vai desperdiçar recursos com lixo? Obviamente eles vão ser expulsos, não só da Guarnição, como da cidade. Fique contente de não os executarmos.” Ismar disse de forma arrogante.

    Ouvindo isso, os olhos de Fernando focaram no sujeito.

    “Eles são apenas civis, eles tiveram suas casas e famílias destruídas por incompetência de Vento Amarelo, deveríamos pelo menos conseguir um abrigo p-”

    Bam!

    Antes de Fernando terminar, Viktor bateu com a mão na mesa.

    “Nossa Décima Terceira não é uma instituição de caridade, Cabo. Não vamos gastar uma moeda de bronze com o que não nos beneficia.”

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