Capítulo 81 - Trocando de Equipamento

Fernando estava em frente a sua casa, quando ele abriu a porta algo veio em sua direção rapidamente, por um instante Fernando pensou em sacar sua Kilrayzer, mas ao ver do que se tratava congelou.

Karol correu para Fernando e o abraçou.

“Fernando! Eu ouvi que uma batalha tinha começado e que eles queriam levá-lo, estávamos preocupados!” Karol disse com lágrimas nos olhos, atrás dela estavam todos de sua equipe, Ronald, Emily, Noah, Tom, Lance e Kelly. Todos pareciam aflitos.

Vendo isso o coração de Fernando se agitou, sua professora e as pessoas nesta sala eram as únicas em quem ele confiava verdadeiramente, apesar de respeitar Viktor e ser grato a Raul, ele não sentiu que esses dois arriscariam suas vidas por ele, o único apoio que ele tinha nesse mundo violento e perigoso eram eles. Fernando se sentiu verdadeiramente estranho, ele um outrora lobo solitário, agora tinha pessoas para se apoiar, o sentimento era reconfortante e ao mesmo tempo assustador para ele. Só de pensar em perder qualquer uma dessas pessoas, seu coração se apertava, algo que ele só havia sentido pela sua familia até então.

“Me desculpe por preocupá-los. Eu estou bem.” Fernando respondeu com um raro sorriso.

Todos não puderam deixar de se espantar com o sorriso de Fernando, ele raramente sorria e quando o fazia parecia estranho, mas dessa vez seu sorriso parecia tão natural e quente que aqueceu o coração de todos no lugar.

“Fernando…” Karol olhou Fernando nos olhos a poucos centímetros dele.

“Ahem, que tal você explicar o que aconteceu, Fernando?” Emily disse com um rosto levemente vermelho, ela parecia incomodada.

Fernando assentiu e se sentou e contou tudo que havia acontecido.

“Esse tal Jean, que maldito covarde!” Lance disse batendo com o punho na mesa.

“Fernando, o que você acha, ele virá atrás de vingança novamente? Talvez seja melhor você não sair da Guarnição por uns tempos.” Noah disse com um rosto severo.

“Sim eu concordo, não só eu, por hora nenhum de vocês também deve sair, desculpe implica-los nisso.” Fernando disse com um rosto abatido.

“Não se preocupe, por hora estamos focados no treinamento.” Ronald disse mostrando seus bíceps.

“Isso deveria significar alguma coisa? Você ainda parece um frango.” Emily disse em direção a Ronald.

“Olha quem fala, sua baixinha atrevida.” Ronald disse bagunçando o cabelo de Emily.

Enquanto eles brincavam todos não puderam deixar de rir.

Depois de conversarem por mais um tempo, Fernando e os outros acabaram indo dormir.

No outro dia Fernando levantou cedo, ele estava preparando algum café da manhã.

Toc Toc

Uma batida na porta o interrompeu, Fernando olhou seriamente em direção a sala, para alguem vir aqui nesse horário era algo muito incomum, devido a ordem de Viktor raramente os soldados e guardas da Décima Terceira o incomodavam em sua mansão.

Fernando foi até a sala e abriu a porta, um soldado da Guarnição estava parado aguardando.

“Fernando, digo, senhor Fernando.” O homem disse parecendo nervoso.

Fernando não entendeu o porque do comportamento do homem, mas pensou que talvez fosse devido ao fato dele ter causado toda aquela confusão, seria normal os soldados da Décima Terceira guardarem algum rancor dele, afinal ele trouxe problemas para a Guarnição que até então estava em paz.

O que Fernando não sabia é que a situação era o exato oposto do que ele pensava, boatos sobre Fernando matar um Subtenente na luta com as outras três Guarnições já haviam se espalhado na Décima Terceira, mesmo aqueles soldados que estavam fora fazendo missões ou completando tarefas e patrulhas ficaram sabendo do ocorrido, muitos duvidaram a primeiro momento, mas com tantas testemunhas no dia era impossível que a informação fosse falsa, então logo o nome “Recruta Mais Poderoso” foi atribuído por um dos soldados e acabou pegando, muitos membros da Décima Terceira logo começaram a se gabar de terem o Recruta Mais Poderoso em sua Guarnição, a fama de Fernando dentro da Décima Terceira era algo sem precedentes.

“O que você quer?” Fernando perguntou inexpressivamente, suas panquecas estavam no fogo, então Fernando não estava a fim de estender a conversa.

“E-eu, trouxe isso para o senhor!” O soldado disse mostrando uma Pulseira de Armazenamento, parecia a pulseira de Fernando, mas era de cor dourada, enquanto a sua era de cor prata.

“O que é isso?” Fernando perguntou ainda com um rosto inexpressivo.

O soldado congelou ao ver o olhar sem expressão de Fernando.

“É a p-pulseira do Subtenente da Oitava Guarnição que o senhor matou! Todos os itens dele, incluindo as armas e armadura que ele estava vestindo, estão todas aqui, dentro da Pulseira de Armazenamento que ele carregava.” O soldado disse de forma respeitosa e cortez, o que era algo surreal, levando em conta que sua posição militar era acima da de Fernando.

Fernando ficou surpreso com as palavras do homem, ele pensou por um tempo e então aceitou a pulseira.

“Mas por que estou recebendo isso?” Fernando perguntou com um olhar curioso, ele imaginou que os itens dentro da Pulseira de um Subtenente deveriam ser muito valiosos, não fazia sentido darem para ele dessa forma.

“É uma tradição da Décima Terceira que você receba recompensas de acordo com sua contribuição ao final de cada batalha, os responsáveis pelo inventário acharam que era justo você receber isso, ja que foi você quem o matou.” O soldado disse nervosamente, mas com um tom de respeito.

“Entendo.” Fernando achou estranho a forma como o soldado se referia a ele, mas acabou aceitando, afinal seja o que for que havia dentro, deveria ser muito valioso e o que mais ele precisava no momento, eram recursos.

Depois de receber a Pulseira de Armazenamento, Fernando se sentou no sofá perdido em pensamentos. Ele pensou no Subtenente que ele decepou a cabeça, no final era matar ou morrer, mesmo que ambos não tivessem nada um contra o outro.

“Você fica com aquilo que você mata.” Fernando murmurou essas palavras para si mesmo.

Enquanto estava perdido em pensamentos, um cheiro forte atingiu seu nariz.

“Droga! Minhas panquecas!”

…

Kelly desceu pelas escadas após acordar, ao chegar no final dos degraus viu Fernando com um olhar sério, a observando em silêncio. Seus olhos pareciam os de um falcão olhando sua presa, prestes a atacar. Kelly sentiu uma enorme pressão ao ver o olhar frio e feroz de Fernando, Kelly resolveu esperar, mas Fernando continuava a encarando silenciosamente. De repente Kelly se lembrou do dia em que Fernando a viu no banheiro, seu rosto começou a ficar vermelho de tensão e vergonha, ela se sentia uma ovelha prestes a ser devorada pelo lobo, todos estavam dormindo ainda, então eles estavam ali sozinhos e esse olhar junto a esse silêncio mortal fizeram os nervos de Kelly ficarem à flor da pele, não suportando mais, Kelly resolveu falar algo.

“F-fernando???” Kelly falou com algum receio.

“Eh?” Fernando disse meio aturdido.

“Hã?” Kelly respondeu sem entender.

“Oh, Kelly, desculpe, acabei cochilando, você disse alguma coisa?” Fernando perguntou com alguma curiosidade.

Kelly não sabia o que dizer.

“Bem…você estava me olhando com um olhar serio, achei que eu tinha feito algo de errado…” Kelly disse com algum esforço.

Fernando ficou pensativo, e depois entendeu.

“Ah sim, é que adquiri a mania de dormir de olhos abertos quando estou muito cansado, espero que não tenha te assustado.” Fernando disse tentando sorrir, diferente do sorriso que ele deu no dia anterior, o atual parecia estranho, fazendo Kelly ficar ainda mais receosa.

Quem que dorme desse jeito?! Kelly pensou consiga mesmo, mas não se atreveu a dizer.

“Oh, aproveitando que você está aqui Kelly, preciso da sua ajuda.” Fernando disse de forma calma

“A-ajuda com o que?” Kelly perguntou hesitante.

“Acorde os outros, tenho algo a falar antes de vocês saírem para treinar.” Fernando repondeu.

Kelly não sabia do que se tratava, mas fez como Fernando pediu e foi acordar o outros. Logo todos apareceram no topo da escadaria, descendo devagar e cambaleantes de sono.

“Caramba Fernando, eu estava no meu sono de beleza.” Emily reclamou enquanto bocechava.

“O que tão importante para te fazer nos chamar aqui? Ainda não deu o horário de sairmos, eu queria dormir um pouco mais.” Lance disse sonolento.

“Eu chamei vocês aqui por um motivo. Presentes.” Fernando disse sorrindo.

“Presentes?” Todos falaram ao mesmo tempo.

 Fernando moveu o pulso e uma lança de 2 metros apareceu em sua mão.

“Karol, você sempre reclama que sua lança é pesada demais, que tal testar essa?” Fernando disse entregando a lança.

“O que?” Karol não entendeu o que estava acontecendo, ela havia recebido aquele brinco antes e isso era compreensível para ela, já que eles pareciam estar em algum tipo de relação, mas uma lança, era no mínimo estranho. Apesar de hesitante, Karol segurou a lança com sua mão direta, devido ao costume ela colocou bastante força ao levanta-la, mas contra suas expectativas o excesso de força fez ela levantar a lança para o alto.

“Mas o que é isso? Ela é tão leve!” Karol disse chocada, ela balançou a lança para cima e para baixo e sentiu que essa era pelo menos metade do peso da anterior e apesar disso não parecia menos resistente.

“Onde você conseguiu isso Fernando?” Noah perguntou curioso.

A expressão de Fernando mudou um pouco ao ouvir a pergunta, todos perceberam isso. Apesar de hesitante, Fernando acabou dizendo a verdade.

“Então isso é do homem que você matou?” Karol disse com uma expressão triste.

“Não se preocupem com isso, você não teve escolha Fernando.” Ronald disse tentando consolar Fernando, que apenas assentiu em silêncio.

“Enfim, essa lança deve ter algumas propriedades especiais, já que era de um Subtenente, mas eu realmente não faço idéia de como se avalia itens…” Fernando respondeu carrancudo, ele havia lido num livro que sua professora lhe mostrou que para avaliar itens era necessário aprender sobre forja e matrizes.

“O próximo item é seu Noah.” Fernando disse tirando uma armadura negra de dentro da Pulseira, era uma armadura simplória, mas cheia de requinte e parecia resistente, Fernando pensou que como Noah era responsável pela defesa, seria justo dar mais itens de proteção para ele.

Depois disso Fernando tirou itens para cada um deles, ele não sabia porque, mas o antigo dono dessa Pulseira tinha um pequeno arsenal dentro, com diversas armas, infelizmente apesar de ter diversas armas, só havia uma de cada tipo, quando Fernando disse isso, Kelly e Emily se entreolharam, pois sabiam que isso significava que só uma receberia um arco novo, apesar de ser útil, o arco básico que receberam do Salão estava muito desgastado e parecia que quebraria a qualquer momento. Ambas queriam troca-lo.

“Emily pode ficar com ele, ela recebeu o Anel Ágil e a poção, não faria sentido investir tanto nela e não lhe dar uma arma.” Kelly disse sem jeito.

Todos não puderam deixar de sentir um pouco de pena de Kelly, ela sempre cedia os benefícios para Emily, até Emily se sentiu incomodada com isso.

Vendo isso Fernando pensou em algo e retirou outro item.

“Não é um arco, então não sei se vai ser tão útil, mas tem uma besta aqui.” Fernando disse tirando uma besta de quase 1 metro de cumprimento.

Kelly olhou para aquela arma boquiaberta, ela não tinha a menor ideia se conseguiria usar isso, mas acabou aceitando.

“Se você não conseguir usar, iremos te comprar um novo arco quando pudermos ir a cidade.” Karol disse tentando confortar Kelly.

Depois de alguns testes, Kelly mostrou-se desajeitada no manejo da besta, então no fim Emily concordou em troca-lo pelo arco.

No final todos receberam novas armas, Karol uma lança prateada, Emily a besta, Kelly o arco, Ronald acabou escolhendo uma espada mais pesada, antes ele nem teria pensado em pegar tal item, mas depois de ganhar alguma massa muscular ele sentiu que seria mais adequado a seu estilo.

Dos itens restantes, Lance acabou escolhendo uma espécie de protetor de braço que tinha duas garras retráteis, ele achou aquilo incrível, Noah por sua vez além da armadura também recebeu uma espada, por fim Tom escolheu uma pequena faca escura que lhe chamou a atenção, Fenando sabia que o forte de Tom era magia, mas infelizmente não parecia haver nada ali que fosse mágico, ou que incrementasse sua magia, afinal esse tipo de item era raro.Depois de distribuir os itens, Fernando deu a cada um 30 moedas de prata, na Pulseira havia 450 moedas, depois de dar a cada um deles uma parte, havia restado 240 moedas, que Fernando resolveu guardar para emergências.