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    O grande exército de 9.000 homens vindos de Vento Amarelo avançou sem problemas, mesmo as bestas ou animais não se atreviam a atacar levianamente. Somente ao anoitecer, quando acamparam próximos a uma floresta que houve incidentes de ataques, mas que foram facilmente resolvidos.

    Fernando e seu Pelotão Zero estavam acampados próximos à mata, assim como em muitos outros pontos, eles tiveram algumas bestas atacando durante a noite.

    Noah estava de pé com um rosto inquieto, ao seu lado meia dúzia de soldados estavam coletando as partes importantes de dezenas de corpos de bestas.

    “Tsk, que azar que eu tive de pegar o primeiro turno…” reclamou, com um rosto amargo.

    “Por que está tão incomodado? É só um bando de animais.” Ronald disse, ao levantar sua espada cravada na carcaça de um Urso de Armadura.

    “Você não ouviu o Fernando? Existe a possibilidade dos Elfos Negros emboscarem esse exército. Já vimos antes como as coisas terminam ao enfrentá-los numa floresta escura. Se eles forem atacar, essa noite é a hora.”

    Ronald balançou a cabeça com um meio sorriso, andando despreocupado, ele achava Noah alguém capaz de liderar, mas sua preocupação excessiva com certas coisas o faziam parecer paranóico às vezes.

    Enquanto o grupo continuava a recolher materiais, três sombras estavam silenciosamente em meio a mata escura.

    “E então?” Um jovem com rosto frio e calmo perguntou.

    “Assim como o líder disse, existem alguns batedores élficos emaranhados nas matas próximas, mas nenhum deles se aproxima ou parece ter intenção de iniciar um conflito.” Uma mulher vestida em negro respondeu, a mulher era Theodora e o jovem tratava-se de Fernando.

    “Você está se preocupando demais, Fernando, para nos fazer ficar de vigia nas sombras enquanto Noah e os outros fazem a segurança do entorno.” Ilgner disse, com um certo mau humor, afinal haviam marchado o dia inteiro e agora estavam acordados até tarde da noite no meio do matagal.

    “Ei loiro narigudo, que tal parar de reclamar e fazer sua parte?” Theodora falou, num tom ameaçador.

    Ilgner ouviu isso e estalou a língua, em sinal de descontentamento.

    “Não tem muito o que fazer, apesar de eu confiar nos demais, nós três temos a maior velocidade e força do pelotão, eu queria me certificar que estaria tudo bem. Mas parece que não temos mais com o que nos preocupar, vamos voltar.” Fernando disse, num tom calmo.

    “Tem certeza, líder?” Theodora perguntou de forma ambígua, como se estivesse sondando-o.

    “Eles não irão atacar, não é vantajoso.” respondeu de forma seca.

    Theodora sorriu ao ouvir isso, como alguem que foi treinada desde a infância pelos Elfos Negros, ela conhecia bem o modos operandis da raça, então desde o inicio sabia que não atacariam. Mas queria que Fernando descobrisse isso por conta própria, somente um líder capaz de entender as intenções do inimigo conseguiria tirar o máximo de proveito do campo de batalha.

    Depois de confirmar que não haveria ataques noturnos, Fernando dispensou Theodora e Ilgner. Na manhã seguinte o exército levantou acampamento e continuou a marchar, assim como ele havia deduzido, os Elfos Negros observaram silenciosamente o exercito deixando a extremidade do território de Vento Amarelo.

    Dum! Dum! Dum!

    Ao som estrondoso dos tambores, as tropas marcharam, era possível avistar vilarejos humanos aqui e acolá, mas a maioria deles estavam completamente desabitados. No terceiro dia finalmente foi possível avistar uma cidade.

    Cidade Lâminas do Norte… Fernando pensou consigo mesmo, era a primeira vez que via aquele lugar, mas já ouviu falar inúmeras vezes. O que ele sabia é que a Primeira Guarnição desta cidade estava envolvida com a Guilda Massacre, só a partir disso já não teve uma boa impressão do lugar.

    As tropas da frente do Salão da Recepção pararam pouco antes da cidade.

    “Vamos descansar aqui por hoje, essas são ordens do alto escalão. Organizem seu pessoal e descansem.” Túlio disse em direção a Fernando e aos outros Oficiais do Décimo Terceiro Pelotão.

    Enquanto preparava-se para organizar o Pelotão Zero para acampar, Nina Baumer entrou na frente de Fernando, o que chamou a atenção de Argos e Marlon.

    “Você gostaria de alguma coisa?” Fernando perguntou, levantando a sobrancelha.

    “Você e seu pelotão ficaram imcubidos de proteger o perímetro na noite passada, mas fiquei curiosa do motivo que fez o próprio Oficial Fernando sair furtivamente no meio da noite. Afinal, suas tropas já estavam cuidando disso.”

    Fernando levantou o rosto, dando um olhar gelado a mulher a sua frente, ele não gostava de pessoas o espionando ou o monitorando.

    “Isso é assunto do meu pelotão, a Oficial Nina deveria cuidar de suas próprias obrigações.”

    A mulher franziu a testa ao ouvir isso.

    “Você quer me dizer como fazer meu trabalho? Eu já fiz uma centena de missões pela Décima Terceira, que qualificações alguém como você, que subiu de cargo bajulando aquela mulher, acha que tem?” Nina disse, quase gritando.

    Crack! Crack!

    Fernando apertou ambos os punhos, causando estalos altos, ele nem conhecia essa mulher, mas ela começou repentinamente a irritá-lo.

    “Ei, ei, todos aqui somos da Décima Terceira, não vamos discutir.” Argos disse, tentando apaziguar a situação.

    “Algum problema aqui, Oficiais? Pensei ter ordenado que cuidassem de seu pessoal.” Túlio gritou, ao perceber a comoção.

    Ao ver que foi chamado a atenção pelo Sargento, Fernando resolveu deixar o assunto de lado.

    Nina Baumer estreitou os olhos ao olhar para o jovem caminhando de forma desinteressada para longe.

    Durante a noite, o Sargento Túlio foi convocado para o acampamento do QG, não só ele como todas as patentes de Sargento ou mais alto. Como Fernando era apenas um Oficial Imediato, nem sequer tinha as qualificações necessárias para participar desse tipo de reunião estratégica.

    Em sua tenda, Fernando estava deitado, ao seu lado Karol estava recostada em seu peito.

    “O que você acha que vai acontecer conosco, Fernando? É tão surreal estar num exército tão grande, só de pensar que tanta gente está indo para uma guerra, é assustador.” Karol disse, ofegante.

    “Eu não sei, também estou um pouco assustado, mas já que não temos como escapar, vamos fazer o nosso melhor para sobreviver a isso.”

    Karol olhou surpresa ao ouvir as palavras de Fernando, seu tom calmo fazia parecer que ele estava apenas consolando-a, então ela sorriu, abraçando-o.

    O que ela não sabia é que Fernando estava sendo sincero, só de pensar em ter que lutar nesta guerra, seu coração disparava num misto de ansiedade, medo e hesitação. Apesar de já ter derramado sangue e visto seu quinhão de matança, nada se comparava ao que estava por vir.

    Não só isso, a responsabilidade de liderar um Pelotão era sufocante, mesmo que na maior parte do tempo seus Cabos e membros originais do Esquadrão Zero o apoiassem, no final ele era o cabeça, aquele que deveria tomar todas as decisões críticas que envolveriam a vida e morte de todos.

    Enquanto estava distraído em meio a pensamentos, passos foram ouvidos do lado de fora da tenda.

    “Senhor, o Sargento Túlio está o convocando.” Um dos soldados do lado de fora disse.

    Fernando arqueou a sobrancelha ao ouvir isso. Era plena noite, por qual motivo ele seria chamado?

    “Fernando…” Karol o olhou com um rosto preocupado.

    “Está tudo bem, vou dar uma olhada.”

    Com a ajuda de Karol, conseguiu vestir sua armadura rapidamente, então se dirigiu até a tenda de reuniões do Batalhão. Ao chegar lá, viu vários pares de olhos o observando. Marlon, Nina e Argos já haviam chegado.

    “Huh! Quanta demora para se aprontar, se fosse um ataque já estaria morto com as calças abaixadas.” Nina disse, num tom debochado.

    Apesar de não dizerem nada, Argos e Marlon pareciam concordar com ela, qualquer convocação de um oficial de maior patente deveria ser atendida de forma imediata, mas Fernando havia levado pelo menos cinco minutos.

    “Bem, já que estão todos aqui, vamos começar.” O Sargento Túlio disse, apesar de não repreender Fernando, ele também havia ficado levemente incomodado, mas como alguém sob Gallia, sabia que a mesma tinha um apreço especial pelo jovem, então deixou o assunto de lado.

    Todos voltaram seus olhares para o Sargento, o mesmo era tão alto que precisava abaixar a cabeça para não tocar no teto da tenda, Fernando deduziu que o mesmo tinha facilmente dois metros de altura. Mesmo ele, com seus cerca de 1,75 de altura, parecia um anão ao lado do homem.

    “Vou ser direto, temos duas horas para levantar acampamento, quero que todos preparem seu pessoal e estejam prontos nesse tempo.” Túlio disse, com um semblante sério.

    “O que?” Todos ficaram surpresos com a ordem.

    “Sargento, se me permite dizer, montamos acampamento a menos de duas horas, ainda é plena noite.” Argos disse, em tom questionador, os demais concordaram.

    “Essa é uma ordem direta do Major Dimitri.” respondeu.

    Fernando tinha uma expressão complicada ao ouvir isso, assim como ele imaginou, Dimitri era o responsável por liderar as tropas de Vento Amarelo.

    “Para sairmos assim do nada, deve ter um motivo importante, é possível sabermos o porquê?” Argos perguntou.

    Túlio assentiu de forma calma.

    “A Cidade das Lâminas do Norte estão nos expulsando.”

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