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    Em uma tenda dentro do castelo dos Leões Dourados, Fernando convocou seus cinco Cabos, Ilgner, Theodora, Noah, Gabriel e Tom. Os cinco se reuniram em torno de seu líder, aguardando saber o motivo de sua convocação.

    “O Tenente Raul me disse que amanhã estaremos partindo para o fronte. Acredito que todos vocês sabem o que isso significa.” Fernando disse, seu rosto sério mostrava o quão preocupado estava.

    “Nós sabemos Fernando, estamos prontos.” Noah disse, apesar de ficar um pouco abalado na luta no trem, ele sentiu que tinham feito tudo que podia. Se mesmo assim ele morresse, então só poderia lamentar, pois era seu destino.

    “Já temos notícias sobre aonde seremos designados? Dependendo do local as coisas podem ficar bem feias.” Ilgner falou, como um veterano ele sabia bem como funcionavam as tramas da guerra. Era comum que parte das tropas fosse usada como bucha de canhão, para desgastar e atrasar o inimigo, enquanto as forças reais lançavam ataques cirúrgicos e decisivos.

    Fernando balançou a cabeça em sinal de negação, nem mesmo Raul tinha essa informação, muito menos ele.

    “Conseguiu algo?” disse, em direção a Theodora.

    Ouvindo isso, ela sorriu.

    “Nada muito relevante líder, andei sondando os soldados do castelo e da cidade, a maioria das informações que eles tem é o que vem a público do fronte. A maior parte é referente às dez grandes legiões do Conselho Superior, mas…” falou, fazendo uma pausa e lançando um meio sorriso atraente. “Depois de algum esforço, consegui algo de um Subtenente de uma pequena legião.”

    Depois de ouvir as palavras de Theodora, Tom ficou levemente nervoso.

    “Que tipo de esforço?”

    Theodora e todos os outros olharam para o jovem, um misto de expressões em seus rostos.

    “Eu só, fiquei um pouco curioso.” Tom disse, com o rosto levemente vermelho.

    “Isso é… Segredo.” Theodora respondeu, com um sorriso provocador.

    Vendo isso, Fernando balançou a cabeça. O modo de agir de Tom o lembrou de seu próprio ‘eu’ do passado. Ele conseguiu sentir a aflição do garoto, se estivesse em seu lugar, seu coração seria moído em pó pelas artimanhas de Theodora.

    Noah e Gabriel sorriram ao ver a cena, enquanto Ilgner apenas olhou de forma indiferente. Independente de serem Cabos ou não, todos partilhavam de uma certa camaradagem.

    “Que informação é essa?” Fernando perguntou, quebrando o clima tenso.

    Ouvindo o chamado de seu líder, Theodora parou de brincar e focou-se.

    “Pelo que ouvi, os Leões Dourados estão focados na proteção de três cidades que são o fronte avançado. Belai, Garras do Sul e Estrona, sendo Belai onde a situação está pior. Dizem que a cidade está sitiada desde a noite anterior e pode cair a qualquer momento.”

    Ouvindo isso, Fernando assentiu, se Belai estava prestes a cair, era improvável que fossem mandados para lá. Então isso significava que restavam duas opções, Garras do Sul e Estrona, uma dessas duas cidades seria seu destino. 

    Depois de entender a situação, o coração de Fernando sentiu-se mais à vontade, então sua expressão fria afrouxou-se, ele levantou e olhou nos olhos de cada um ali.

    “Eu quero que todos aqui saibam que eu confio em vocês, da mesma forma que confiaram em mim no passado, colocando suas vidas nas minhas mãos, eu faço o mesmo. Amanhã sairemos por esses portões e eu não sei o que nos espera lá fora, mas saibam que independente do que for, quero que cada um de vocês voltem vivos, entenderam? Assim como eu sou responsável pela vida de cem homens, vocês carregam o fardo de vinte vidas em suas costas… Então não morram!!”

    Vendo o discurso de seu líder, todos ficaram surpresos por um momento, afinal era incomum da parte de Fernando, mas logo sorrisos preencheram seus rostos. Essa estranheza que o jovem emitia, mesmo que parecesse uma rocha sem emoções a maior parte do tempo, eles sabiam que seu coração queimava e ardia. Ele era quem mais se preocupava com a vida de cada um deles.

    “Sim, senhor!” responderam, em uníssono.

    Depois de dizer o que queria, Fernando moveu o pulso, tirando cinco cristais azuis.

    “Essas são Pedras de Comunicação, já estão ligadas ao meu Cubo Comunicador. O Tenente Raul me entregou essa manhã, essas são mais potentes que as que temos, então troquem-nas.”

    “Mas a comunicação fora da cidade não é péssima? Pelo que soube é necessário comunicadores de longa distância para operar fora e mesmo assim eles são bem limitados.” Gabriel disse, como um Cabo experiente, ele tinha um rico conhecimento a respeito.

    Fernando assentiu, esse era o próximo tópico que ele iria falar.

    “O Tenente Raul comentou o mesmo, a comunicação fora do entorno das cidades geralmente é bem limitada, mas os Leões Dourados estabeleceram várias Redes de Comunicação no campo de batalha, a menos que o inimigo destrua esses pontos ou que saiamos da cobertura, poderemos nos comunicar.”

    Quando todos ouviram isso, sentiram-se aliviados. A maior dificuldade de gerir tropas num campo de batalha em constantes mudanças era a comunicação, mesmo aqueles pouco experientes entendiam esse ponto. A falta ou falha na comunicação poderia levar a erros, que levariam consequentemente em mortes. Então saber que tinha uma forma de entrar em contato era algo bom aos seus ouvidos.

    Depois de discutirem mais alguns detalhes, Fernando encerrou a reunião, dispensando todos. Porém, quando Tom estava prestes a sair, foi interrompido.

    “Chefe?” Tom disse, ao sentir o braço em seu ombro.

    “Relativo às informações que Theodora conseguiu…” Ao ouvir isso, a expressão de Tom ficou levemente pálida, como se temesse ouvir a verdade. “Eu dei algumas moedas de prata pra ela.”

    Depois de dizer isso, Fernando saiu, deixando o rapaz atordoado no local. Então ele sorriu, cheio de alívio.

    “Obrigado, chefe.”

    Naquela mesma noite, mais dois exércitos vassalos chegaram ao castelo dos Leões Dourados. Inicialmente todos do exército de Vento Amarelo ficaram felizes em saber que mais tropas de apoio além deles estavam no local, mas ao saberem seus números, ficaram decepcionados. Um dos exércitos tinha meros dois mil soldados, enquanto o outro era ainda pior, com apenas mil homens.

    O que muitos não sabiam é que diferente de Vento Amarelo, que era uma Cidade-Fortaleza, a maioria das cidades comuns não dispunha de uma grande força militar. Principalmente as cidades mais ao centro do continente, estas eram relativamente protegidas, então tinham sérias restrições sobre o tamanho de seus exércitos. A maior parte da população nesse locais tinha foco na agricultura e comércio.

    Pela manhã a quantidade de tropas reunida no castelo e nos entornos era de quase 20 mil homens, era um número verdadeiramente assustador.

    Numa sala de reuniões, o Major Dimitri, General Lenon e todos os Tenentes e Subtenentes vindos de Vento Amarelo estavam reunidos.

    Bam!

    Ícarus bateu fortemente na mesa, fúria estava estampada em seu rosto, mesmo ele, um Tenente conhecido pela sua paciência não pôde suportar o que estava ouvindo.

    “Isso é loucura! Suicidio! Nos mandar quebrar o cerco e garantir Belai? É impossível, pelos relatórios tem mais de vinte mil Orcs e querem que façamos isso com apenas nove mil homens?! Qualquer um sabe que precisamos ter o dobro de números para vencer uma batalha com Orcs, fazer isso com menos de um terço é o mesmo que nos mandar para a morte!” Ícarus gritou, enfurecido.

    Os outros Tenentes, mesmo aqueles mais leais ao Salão da Recepção tinham rostos escuros, eles concordavam completamente com o Tenente Ícarus.

    “A decisão já foi tomada pelo QG de Guerra, estamos partindo em uma hora.” Dimitri disse, com um rosto solene.

    O General Lenon ao seu lado tinha uma expressão complicada, mesmo ele sendo o General responsável pelo castelo de Meridai, carregava pouco poder na tomada de decisões.

    Raul que tinha um rosto indiferente levantou-se.

    “Major, se quer nos mandar para a morte, é melhor explicar a situação, ou receio que o Décimo Terceiro Batalhão não se juntará a você.”

    Ouvindo isso, muitos Tenentes ficaram abismados.

    “Você ousa ameaçar se rebelar? Você está de frente para o Major, Urso Tirânico, saiba seu lugar.” Um dos Tenentes disse, levantando sua espada.

    Raul riu da cena, com um rosto de deboche.

    “Ou o que? Vai querer começar uma luta dentro de Meridai? Hahahah, quero ver se você tem esses culhões.” disse, cruzando os braços.

    Todos franziram a testa com as palavras de Raul, se uma luta ou desavença estourasse dentro das terras do Conselho Superior, toda a legião teria que pagar um pesado preço por isso.

    Além disso, em tempos como esses, outras legiões estariam mais do que felizes em aceitar novas tropas. Se eles se retirassem da legião, ninguem poderia impedi-los dentro da cidade.

    Dimitri não pareceu se zangar com a ameaça de Raul, no lugar disso o observou calmamente.

    “O motivo para termos que ir para Belai é que existe um Cavaleiro do Conselho Superior defendendo a cidade. Se permitirmos que aquele homem morra sem enviarmos ajuda… As consequências serão graves. Mesmo se vocês quiserem desertar e se juntar a outras legiões, quem ousaria aceitá-lo?”

    Quando Raul e as demais pessoas na sala ouviram isso, seus corações pularam uma batida. Um Cavaleiro!

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